Acordamos com o telefone fixo tocando. Me soltei dos braços de Kyle rapidamente, corri até a sala e peguei o telefone.

— Alô?

— Oi Klo, tudo bem aí? – a voz de meu pai parecia ser a mesma de sempre. Despreocupada e calma.

— Tudo e aí? Meredith já chegou?

— Já, nós estávamos conversando, amanhã a tarde nós chegaremos aí tá bom?

— Tá pai. – disse, com voz de quem acabou de acordar.

— Tchau filha, te amo.

— Tchau pai. – respondi seca. Eu não conseguia simplesmente ignorar o que ele estava fazendo.

Voltei para o quarto e contei ao Kyle sobre a conversa minha e de meu pai, e ficamos tentando imaginar o que eles decidiram. Mas uma coisa estava decidida. Eu não ia me separar dele. Descemos para tomar café e vimos que já era 11:30, então decidimos almoçar. Meredith tinha comprado aquelas pizzas de mercado, que vem congeladas, depois é só colocar no forno e esperar um tempo, então nosso almoço obviamente, foi pizza.

Depois, estávamos na sala assistindo TV quando me deu um enjôo enorme e eu corri para o banheiro, vomitando todo o almoço. Kyle veio atrás de mim, preocupado.

— Tudo bem amor? – disse arregalando aqueles lindos olhos verdes.

— Não sei, do nada me deu um enjôo enorme.

— Deita um pouco ali no sofá, eu vou pegar um remédio – ele se virou e foi até a caixa de remédios, e começou a procurar.

Deitei e senti um pequeno alívio, percebi que o enjôo piorava quando eu ficava de pé. Kyle veio com o remédio e um copo de água, tomei o remédio e ele deitou no sofá, atrás de mim, nossos corpos em forma de conchinha, e colocou a mão na minha barriga. Se eu contasse isso a alguém, todos pensariam que eu estava grávida. Mas eu tenho 13 anos, e eu nunca fiz isso na minha vida. Por isso eu elimino essa horrível possibilidade.

De repente ouvimos um barulho. Dessa vez, o meu celular tocava. Kyle se ofereceu para buscá-lo no andar de cima para mim, quando ele voltou eu peguei o celular e rapidamente vi quem era. Savannah. Até esqueci que ela existia. Ela não era minha melhor amiga, muita gente achava ela falsa e manipuladora, mas ela nunca tinha feito nada pra mim, então ela era minha amiga. Não muito próxima, mas era minha amiga.

— Oi Sav. – disse.

— Oi Klo! Tudo bem?

— Tudo e você?

— Bem. Eu fique sabendo que você tem um irmão agora! E que irmão hein amiga! Ele é tão lindo quanto nas fotos do Facebook? – ela disse. Soltei uma gargalhada e respondi.

— É, ele é lindo mesmo. – olhei para ele. Lindo era pouco para aquela perfeição que ele chamava de rosto e para aquela escultura que ele chamava de corpo.

— Me apresenta ele um dia desses! Mas enfim, eu soube de alguém que quer te conhecer! Ele é um ano mais velho, tá interessado em você, você topa? – ela disse animada. Não iria ficar com ninguém pois já estou com o Kyle, mas eu estava morrendo de curiosidade para saber quem era.

— Quem é? – perguntei, mascarando minha curiosidade e mantendo o tom de voz calmo.

— Ele chama Alexander. Eu acho que você já notou ele, ele é bem alto, tem os olhos cor de mel e é bem loirinho. Lindo demais. – disse Savannah. Uma imagem desse menino veio á minha mente, me fazendo lembrar quem era ele. Acho que ela já tinha ficado com ele, porque quando o assunto era o sexo oposto, ela dava em cima de tudo o que respira. Ele era realmente bonito, mas é o Kyle quem eu quero.

Não sei se poderia contar pra ela sobre mim e o Kyle, então eu simplesmente disse:

— Eu sei quem é ele. Não dá a resposta ainda, eu vou pensar e depois eu te falo.

— Tá bom. Pensa com carinho ok? Ele quer muito ficar com você. Ah, preciso te pedir um favor. Posso passar aí só pra pegar a lista de exercícios de férias? Eu não peguei a minha e preciso tirar uma cópia. Eu juro que são 5 minutos.

— Pode vir. – disse, lembrando da lista que eu nem tinha começado. Ah, primeira semana de férias, não vou me preocupar com isso.

— Então tá. Daqui a cinco minutos to aí. Beijo.

— Beijo.

Então expliquei a Kyle quem era, e contei tudo o que ela me disse. Tudo mesmo. Contei que não sabia o que fazer, pois não podia contar para ela sobre nós e também não podia aceitar ficar com aquele Alexander. Então ouvimos a campainha tocar, abri a porta, cumprimentei Savannah que foi entrando e se apresentando ao Kyle. Senti uma pontinha de ciúmes, e lembrei que ela se joga em todo menino que vê pela frente. E isso me incomodava. Parecia uma cadela no cio.

Então fui ao meu quarto para buscar a maldita lista, e quando voltei, Savannah estava tentando chegar mais perto de Kyle, que a cada passo que avançava, ele recuava um. Estava começando a pegar um certo ódio dela. Quando eu disse que ela dava em cima dos meninos, não era brincadeira.

— Savannah, tá aqui a lista. – disse, tentando controlar meu tom de voz.

— Obrigado Klo. – ela chegou mais perto de mim. – que delicinha de irmão, tá comprometido? – me perguntou. Ah, se eu tivesse uma arma.

— Tá. – respondi.

— Que pena, me avisa quando ele estiver disponível?

— Aviso amiga. – dei um sorrisinho, que para ela significava que eu iria arranjar MEU Kyle para ela, mas para mim significava diversão. Coitada. Pensando que eu vou arranjar MEU Kyle para ela. Contive o riso e ela disse que já ia, pois tinha um compromisso. Pensei coisas não muito boas quando ela não especificou o compromisso que ela tinha. Me despedi dela e ela saiu.

— Você fica linda com ciúmes. – disse Kyle, se aproximando.

— Não estou com ciúmes. – menti, mantendo minha cara fechada.

— Tá, então vem aqui. – ele me envolveu em um beijo, não muito longo, mas muito bom.

— Passou o enjôo? – ele perguntou. Tinha até esquecido, até que reparei o copo de água com o qual tomei o remédio.

— Passou, não sei o que aconteceu. – disse. Que tipo de pessoa passa mal uma vez, toma um comprimido e o enjôo passa? Estanho. Beijei ele de novo, porque aquele último beijo deixou um gosto de ‘quero mais’ na minha boca. Ficamos no sofá pelo resto da tarde, trocando carinhos e beijos.

— Queria congelar esse momento, para ele durar para sempre. – disse ele, entre um beijo.

— Eu também. – disse.

— Klo, eu te amo. – foi a primeira vez que ele disse isso. – eu só não tinha dito antes pois não tinha cem por cento de certeza e eu não gosto de ficar falando isso á toa. Eu te amo mesmo, e muito.

Até aquele momento, eu não tinha percebido o quanto eu amava Kyle. Eu sabia que eu gostava muito dele, mas naquela tarde, percebi que eu não só gostava dele, eu amava ele. Demais.

— Também te amo muito meu anjo. – respondi.