Narrado por Pedro

Havia uma coisa em Hanna que eu nunca tinha visto em nenhuma outra garota,ela tinha despertado em mim uma coisa que eu achava que nem era capaz de sentir,e apesar de todas as indiretas ela parecia não entender  que não havia “alguma pessoa” e sim que eu estava me referindo a ela,eu poderia ter ser um pouco mais orgulhoso e achar que não é possível se apaixonar por uma garota tão rápido,mas quem eu estou querendo enganar?Seu sotaque espanhol me deixava louco,seu perfume,seus olhos,aqueles olhos que me hipnotizavam,ela me deixavam assim,bobo,não iria negar nenhum tipo de sentimento por ela sabendo que mais cedo ou mais tarde eu iria “descobri-lo” e iria admitir pra Deus e para o mundo,então pra que esconder?Mas Hanna era o tipo de menina que não entendia indiretas,ou não acreditava que tudo o que eu estava falando era pra ela,a música que cantei era pra ela,talvez ela não acreditasse no amor,talvez seja cedo demais,talvez eu esteja ficando maluco por causa desse sentimento.Mas eu iria fazer de tudo pra que ela percebesse que tudo o que eu dizia e sentia era pra ela e por ela,mesmo que demorasse.Deitei na areia e fiquei observando o céu iluminado pelas estrelas,olhei para o lado e ela fazia o mesmo.

-Boa noite.—Disse fazendo-a olhar pra mim e me virando para dormir.

-Sonhe com sua amada.—Ela disse com um tom meio triste em sua voz.

-Não preciso,ela esta bem ao meu lado.—Disse e ela ficou calada,mas pude perceber que um sorriso havia se formado em seu rosto

Acordei e olhei para o lado, Hanna não estava. Me levantei e fui até a beira do mar e fiquei ali por um tempo,depois vi Hanna andando sobre a areia,naquela manha,ou tarde,já que não tenho a mínima idéia das horas,ventava bastante e seus cabelos negros pareciam estar em uma sincronia incrível com o vento,ela estava linda.Assim que me viu sorriu e veio andando em minha direção me desejando “Bom dia” .

-Bom dia.—Respondi sem olhar pra ela.

-Se você tiver com fome... eu andei por ai e peguei algumas frutas.—Ela disse fitando os pés cobertos pela água.

-Ah...tudo bem.

-Vamos entrar?

-Hã?

-Na água!

-Só se eu chegar primeiro!—Sai correndo em direção ao mar gelada enquanto ela tentava me alcançar mas acabou caindo no meio do caminho, me fazendo rir descontroladamente.A água estava ficando funda e quando ela se aproximo ume olhou com uma expressão estranha.

-Que foi?—Perguntei.

-Tem uma coisa que você precisa saber...

-O que?

-Eu não sei nadar.—Ela abaixou a cabeça corando e eu me controlei pra não rir,mas foi impossível.

-Sério?

-Porque não seria?

-Eu te ensino então.

-Nããão! Pareço até uma criança!

-Mas você é! Tem só 15 aninhos!—Ela me olhou com cara de reprovação e comecei a rir.

-Por favor!

-Tá,caraca!—Sorri e puxei-a mais para o fundo e sem querer ficando a milímetros de distancia de seu rosto,ela sorriu envergonhada mas não recuou,eu pensei em beija-la, mas tinha muito medo, vai que ela não sente por mim o mesmo que eu sinto por ela?Bem provável isso.O clima estava estranho,suas bochechas estavam avermelhadas,não muito diferente das minhas que eu já sentia queimar.

Ficamos nos olhando por um tempo em silencio quando eu comecei a explicar “como se fazia” para nadar e ela estava pegando o jeito e posso ate falar que ela tinha aprendido.Algum tempo depois saímos da água e comemos as frutas que ela tinha pego,confessor que não estava tão ruim ficar preso ali,eu não estava sozinho e tinha tudo que eu precisava,bem,quase tudo.Mas eu estava bem,sentia paz,me sentia bem e tinha uma amiga,pela qual eu estava me apaixonando cada dia mais,era isso que importava,não era?Mas mesmo assim eu ainda sentia um certo remorso por ela morar do outro lado do mundo e “se” fomos resgatados ela iria para a Espanha e eu voltaria pra minha vida solitária no Brasil,como se nada tivesse acontecido.Possa ser que isso não aconteça,mas a distancia não seria um problema,seria?Acho que ocupar minha mente com perguntas que não podem ser respondidas por mim não era uma boa forma de passar o tempo.Passei o resto do dia inteiro conversando com Hanna, a conhecendo cada vez mais,brincávamos,jogávamos areia uns nos outros e de vez em quando íamos na água,conversamos tanto naquele dia que pude conhecer muito sobre ela,o que me fez me apaixonar mais do que eu já estava.De rebelde e mimada Hanna não tinha nada,era apenas uma mascara pra esconder sua frustração e fragilidade.O tempo com ela passou tão rápido que quando me dei conta já estava escurecendo e mais um dia naquela ilha estava por vir,e pra falar a verdade eu estava adorando ficar ali com ela,nunca tinha me sentido tão feliz como me sentia ao lado de Hanna.Sentamos na areia ainda conversando e observamos o por-do-sol e o nascer da lua,ok,essa foi a coisa mais patética que disse em toda minha vida.