Você poderia me perdoar? escrita por Nightshadow, EnilaVK


Capítulo 1
Estranhos


Notas iniciais do capítulo

Como eu já disse, a fic é inteiramente dedicada à minha koi. Espero que goste linda! ♥
Well, feliz dia dos namorados pra todos ~mesmo ñ tendo namorado(a)~ e boa leitura (^-^)/



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Era Réveillon. Mais um ano passava sem nenhuma mudança. O mundo lá fora estava em festa, mas Kouyou não via motivo nenhum para comemorações. Há quase três anos que era a mesma coisa. Passava natal, réveillon, aniversário e todas as datas importantes ali, sentado ao lado daquela cama, cercado de paredes brancas e segurando a mão do moreno, esperando que por algum milagre divino ele acordasse.

Qualquer um que visse o sorriso estampado em seu rosto enquanto contava ao outro como foi seu dia pensaria que era uma pessoa otimista e cheia de esperança, porém se prestassem um pouco mais de atenção poderiam enxergar a tristeza que emanava de seus olhos. Estava perdido. Depois de tanto tempo já não sabia mais o que fazer ou a quem recorrer. Só não queria e não podia desistir. Yuu era importante demais para si e talvez tenha demorado muito pra perceber isso. Ele só queria mais uma chance de mostrar ao moreno que o amava. Só precisava que o outro abrisse os olhos e sorrisse. Que dissesse o quanto era idiota e criticasse qualquer coisa de suas histórias. Precisava que seu Yuu ficasse bem.

Meia noite. Os fogos de artifício eram ouvidos de dentro daquele quarto de hospital. Mais um ano e Yuu ainda dormia. Uma tímida lágrima escorreu pelo rosto de Kouyou. Ele não suportava mais carregar toda aquela dor. Não suportava mais ver Yuu imóvel naquela cama. Não suportava mais as noites mal dormidas pensando se seu amado ficaria bem. Não suportava mais o vazio de seu apartamento. Era um peso grande demais para si, mas ele não podia desistir. Jamais o faria, por isso tratou de enxugar rapidamente aquela lágrima:

— Desculpe, Yuu. – pediu num meio sorriso. Sabia que o moreno odiava vê-lo chorar e não queria deixá-lo triste. – Eu estou bem apesar de tudo, então não se preocupe.

Sorriu observando o rosto adormecido do outro. Ele parecia tão pálido, tão magro, e ainda assim tão calmo. Estava apenas dormindo, como um anjo:

— Mas já está na hora de você acordar, não acha?

Tentava manter o sorriso apenas para não parecer tão frágil diante de Yuu. Por dentro ele estava tão despedaçado que mal poderia se manter em pé. Deixou-se acariciar o rosto do moreno com as costas da mão e não resistiu em depositar um beijo nos lábios fartos de seu amado:

— Eu sinto sua falta, Yuu. Todos os dias. – apoiou a cabeça no ombro do outro. – Preciso de você. Preciso que acorde e volte pra mim.

Ouviu baterem na porta e levantou-se arrumando sua roupa e recompondo-se:

— Entra.

Logo viu o baixinho de jaleco que poderia chamar de amigo adentrar o quarto e colocar-se ao seu lado:

— Ainda acordado, Takashima?

— Hoje é dia de ficar acordado até tarde. Nem adianta querer brigar comigo, Matsumoto-sensei.

O médico sorriu e voltou seu olhar ao paciente. Queria ser capaz de fazer algo mais por eles. Ver o loiro passar cada dia sentado naquela cadeira esperando que o outro acordasse partia seu coração:

— Deveria pelo menos ter ido ver os fogos.

Kouyou desviou o olhar e suas bochechas adquiriram um tom rosado, ficando sem jeito pelo comentário do médico:

— Sabe... – respondeu coçando a cabeça. – De alguma forma os fogos parecem ter perdido o brilho pra mim. Desde que o Yuu está em coma, vê-los não parece mais fazer sentido. O ano novo deveria significar mudanças, mas nada vai mudar pra mim enquanto ele estiver dormindo.

O Matsumoto se aproximou de seu paciente para checar seu pulso. Ele ficava incomodado com aquela situação. Não gostava da maneira como Kouyou parecia ter parado no tempo com Yuu. Claro que entendia os sentimentos do maior, mas não deixava de achar errado que o loiro se sacrificasse daquela forma.

Seguir sua vida não significava abandonar Yuu. Matsumoto não queria que Takashima deixasse de visitá-lo. Nem perto disso. Acreditava que as visitas do maior faziam bem ao seu paciente, mesmo sem ter certeza de que esse poderia ouvi-lo. Mas queria que Kouyou saísse e se divertisse às vezes. O maior só saia de perto do Yuu para ir trabalhar e com muito custo o médico conseguia mandá-lo pra descansar um pouco em casa.

Era exaustivo e estressante viver apenas dentro de um hospital, angustiado e sozinho. Sim, sozinho, pois as visitas que antes o acompanhavam sempre agora eram raridades por ali. Muito tempo havia se passado afinal. As pessoas deixam de acreditar e param de perder seu tempo visitando um quase cadáver:

— Acredita mesmo que ele vai acordar? – Kouyou questionou ao médico em um sussurro.

— Eu já lhe expliquei, não temos como prever isso. Pode ser que sim, pode ser que não. Pode ser que seja logo ou pode ser que demore.

Kouyou já estava cansado de escutar aquilo. Já havia demorado demais. Ele fora paciente por todo esse tempo, então será que não merecia finalmente a recompensa de ver os olhos do moreno se abrirem? Tanta demora o assustava. O medo de que Yuu nunca acordasse o consumia:

— Mas você disse que quanto mais demorasse menores seriam as chances de ele acordar. – constatou com um olhar distante.

Não foi uma pergunta, mas o Matsumoto achou melhor responder mesmo assim. Se tinha uma coisa que ele jamais faria era enganar o Takashima. Era melhor prepará-lo para que não acabasse sofrendo ainda mais se as coisas não saíssem como gostariam:

— Isso é verdade.

O loiro deixou-se chorar. Não tinha mais vergonha daquelas lágrimas como no começo de tudo, afinal o Matsumoto já havia as visto tantas vezes que já se tornara algo comum:

— Quando você me disse isso eu fiquei tão assustado e mesmo assim... Eu nunca imaginei que passaria de um mês, nem nos meus piores pesadelos, mas passou. Logo os meses se tornaram anos e ainda assim... Por que ele não acorda?

E o médico não saberia o que responder. Não era assim que as coisas funcionavam. Como havia dito, eles não tinham como prever e nem sempre as coisas saíam como o desejado, mas não é como se o Matsumoto já não tivesse explicado isso ao Takashima milhares de vezes. Sabia que o maior não precisava de explicações realmente. Ele só precisava desabafar e o menor estaria ali pra ouvir como sempre esteve durante esses três anos.

Kouyou era grato pelo apoio do menor, que nem o conhecia quando tudo aquilo começou e mesmo assim sempre esteve ali para ajudá-lo, mas preferia não precisar de tal ajuda. Se ao menos Yuu acordasse... Ele não precisaria mais de ninguém pra enxugar aquelas lágrimas insistentes que mesmo quando não escorriam por seus olhos pareciam inundar seu coração.

Lembrava-se ainda da primeira vez que pisara naquele hospital. Do desespero que sentira ao saber do acidente. Ficara tão desolado que inicialmente nem soubera como reagir. Não queria acreditar no que acontecia.

 

FLASH BACK

 

Kouyou permanecia apático em frente à sala de cirurgia. Seu corpo antes apoiado na parede havia aos poucos escorregado pela mesma até que se encontrasse sentado no chão, como permanecia até então. As mãos tremulas se entrelaçavam nervosamente, a pele clara estava ainda mais pálida que o normal e os olhos de coloração chocolate não conseguiam se fixar em nada. Não entendia como aquilo podia ter acontecido. Se ele ao menos tivesse se dado ao trabalho de ir atrás do moreno naquela hora, será que poderia ter evitado tudo aquilo? Ele imaginava que sim e se martirizava por isso:

— Senhor? – uma voz feminina chamou sua atenção.

Os orbes chocolate se ergueram para encarar a enfermeira que o chamava, mas sua expressão continuava vazia. Ainda não tinha conseguido absorver os fatos:

— A cirurgia do seu amigo ainda deve demorar. Não quer tomar um calmante por agora? Vai se sentir melhor.

— Não quero. – respondeu calmamente desviando o olhar da moça. – Obrigado.

Não é como se não precisasse realmente de algo para se acalmar, mas a verdade é que Kouyou não queria se sentir melhor. Ele não se julgava merecedor disso. Yuu não estava bem, então ele também não poderia estar.

A enfermeira fez menção de se afastar e deixar o loiro mais uma vez sozinho e envolto em seus pensamentos, porém acabou optando por ficar ali, agachando-se à frente do rapaz:

— Não quer ir à capela?

Kouyou a encarou curioso. Ele nunca tinha ido a uma capela antes. Não era muito ligado a religião e sempre achou que se Deus realmente existisse devia estar ocupado demais para ficar ouvindo alguém como ele:

— Acha mesmo que adiantaria? – perguntou inseguro, recebendo um sorriso doce e compreensivo da moça a sua frente.

— Nunca se sabe quando Deus vai nos atender, mas eu acho que não custa tentar. Mal não vai fazer.

A enfermeira levantou-se e estendeu a mão para Kouyou, que a encarou por um tempo sem ter certeza de que aquilo era mesmo uma boa ideia. Não queria sair dali, o mais perto que podia ficar de Yuu, mas também sabia que não serviria de nenhuma ajuda ao moreno naquele lugar. Acabou por segurar aquela mão e aceitar a ajuda para se levantar, ainda que hesitante.

Ele não saberia o que fazer na capela. Não sabia rezar, mas se tinha algo que pudesse fazer para ajudar Yuu de alguma forma ele faria, não importava como. Não devia ser tão difícil assim. Também não sabia se orações ajudariam em alguma coisa, mas queria acreditar que sim. Perguntava-se se era aquilo que as pessoas chamavam de “fé”. Não saberia dizer ao certo. Não conhecia aquele sentimento, mas de alguma forma sentia que precisaria dele e não queria perdê-lo por nada.

Seguiu a enfermeira até deparar-se com uma grande porta dupla de madeira que parecia não fazer parte do cenário todo branco onde se encontrava. Acima dela uma placa grande com letras delicadas escritas em vermelho: “Capela”. A moça abriu a porta e deu espaço para que o loiro entrasse:

— Vou deixar que fique a vontade. Qualquer novidade sobre a cirurgia eu venho até aqui avisar.

— Obrigado. – a voz rouca era completamente livre de emoção.

Kouyou mais parecia um robô enquanto adentrava o cômodo de tamanho razoável. Ergueu o rosto observando os detalhes do lugar. Era algo diferente para si. Um ambiente deveras aconchegante e muito belo, diga-se de passagem.

A pouca iluminação vinha de velas espalhadas pelo local, as paredes eram revestidas por imagens montadas com pedaços de vidro colorido, o altar continha algumas imagens desconhecidas para si e acima dele uma grande cruz jazia na centro da parede. No meio do salão duas fileiras de bancos compridos, feitos de uma madeira grossa e escura.

O rapaz seguiu timidamente para perto do altar, ajoelhou-se ali e uniu suas mãos como se lembrava de ter visto nos filmes. Ergueu então o rosto e foi ao encarar a imagem do homem preso àquela cruz que as lágrimas finalmente desabaram de seus olhos. Ele ainda não tinha visto Yuu e imaginava se ele estaria tão machucado quanto aquele homem:

— Hei, Deus... – começou a sussurrar enquanto observava aquela imagem. – Me desculpe, mas eu não sei rezar. Mesmo assim, eu tenho um pedido importante a fazer e se possível gostaria que o senhor me escutasse.

Parou sentindo-se idiota por tudo aquilo. Não sabia se estava fazendo certo. Pra ele parecia que estava apenas falando com as paredes, mas não podia desistir ali. Já tinha começado mesmo, então iria até o fim:

— Sabe Deus, eu sei que não sou a melhor pessoa do mundo. Sei que o senhor deve ter coisas mais importantes pra fazer e pessoas mais merecedoras pra atender. Também sei que estou em falta com o senhor e que não tenho o direito de lhe pedir alguma coisa, mas... Isso não é por mim. Se o senhor é mesmo tão bom como dizem, então, por favor, ajude o Yuu.

Abaixou a cabeça até que ficasse apoiada em suas mãos e cerrou os olhos com força. As lágrimas escorriam com intensidade pelo rosto já completamente vermelho e as palavras agora pareciam ter dificuldade em deixar sua garganta:

— Ele não merece... – forçou-se a continuar entre os soluços. – Ele não merece nada disso. O Yuu não é como eu. Ele sempre foi uma pessoa boa, sempre se preocupou em ajudar os outros e nunca decepcionou as pessoas que ama. O errado sou eu, não ele. Deus, por favor, se quiser castigar alguém castigue a mim, não ao Yuu. Ele não fez nada de errado.

O aperto em suas mãos se desfez e deixou-se cair sentado no chão mais uma vez, abraçando o próprio corpo. Já não conseguia falar tamanho o desespero de seu choro. E de que adiantava? Ninguém estava ali para ouvi-lo.

Não saberia dizer por quanto tempo chorou naquela capela. Para ele parecia uma eternidade. Uma angustiante eternidade que foi quebrada pelo som de passos que ecoou por todo o cômodo. Kouyou levantou-se rapidamente e virou-se em direção a porta, encontrando um médico baixinho com ambas as mãos nos bolsos do jaleco vindo em sua direção com uma expressão séria que não lhe agradava em nada:

— O senhor é o acompanhante do Shiroyama-san?

— Sim.

O menor retirou uma das mãos do bolso e ergueu-a para cumprimentar o outro:

— Sou Matsumoto Takanori, o médico responsável pelo senhor Shiroyama Yuu.

Kouyou demorou um pouco a lembrar-se de responder ao médico. Estava ainda atordoado com a situação e só queria que o menor dissesse logo o estado de Yuu:

— Takashima Kouyou. – respondeu segurando a mão do médico que o encarou desconfiado.

— Takashima? Não teria algum familiar com quem possamos entrar em contato?

— Não, o Yuu... Ele é órfão. – Mentiu, pois sabia que os pais do moreno não se dariam ao trabalho de ir até ali saber como o filho estava. – Não tem ninguém da família.

O Matsumoto estava hesitante. Precisava de um parente para informar o estado de seu paciente, mas como ele não tinha nenhum teria que procurar uma pessoa próxima o suficiente pra preencher esse papel:

— Qual a sua relação com o Shiroyama-san?

Foi direto ao ponto como sempre fazia. Takanori nunca gostou de enrolações e não perderia tempo com elas:

— Eu... Nós somos... – Kouyou acabou corando com a pergunta. – Eu sou amigo do Yuu. – respondeu por fim. – Ele divide um apartamento comigo e mais dois colegas da faculdade, então somos o mais próximo que ele tem de uma família.

Matsumoto fingiu não entender que eles eram mais do que amigos, até porque aquilo não era importante no momento. Ter que dar aquele tipo de notícia era a pior parte de seu trabalho e também a mais complicada. Bastava olhar para ver que o Takashima não estava bem e Takanori não queria jogar aquela bomba sobre ele sem ter um amigo por perto pra consolá-lo, mas não tinha escolha. Ossos do ofício:

— É melhor se sentar.

Alertou, e o Takashima desabou sobre o banco no mesmo instante. As lágrimas voltando a invadir seus olhos:

— O Yuu... Ele...

O medo nos olhos do mais alto era visível e o Matsumoto tratou de tranqüilizá-lo sobre aquilo:

— Ele está vivo, não se preocupe.

Kouyou suspirou aliviado, mas logo voltou a encarar o médico num nervosismo quase palpável. Pela cara do menor as notícias não eram boas:

— O que ele tem?

Takanori suspirou e então encarou o outro nos olhos. Realmente, ele não gostava de enrolações:

— Eu vou ser direto. O Shiroyama-san está em coma.

Matsumoto continuava falando sobre a situação de seu paciente, mas o Takashima já não escutava. Sua mente havia parado naquela palavra: “coma”. Não conseguia assimilar aquilo. O Yuu... O seu Yuu:

— Por que...? – sussurrou interrompendo o médico.

— Essas coisas acontecem, infelizmente. Não há um motivo.

Não há um motivo? Kouyou jamais se conformaria com aquilo, porém não deu moral a resposta do médico, pois sua pergunta não havia sido feita pra ele:

— Por quê?! – repetiu voltando-se pro altar. – Por que não o ajuda?! POR QUÊ?!

— Takashima-san, se acalme, por favor. – o médico pediu se aproximando do outro e pousando a mão em seu ombro.

Kouyou sequer o escutava. Só conseguia prestar atenção naquela maldita cruz. Aquela farsa que o fizera acreditar que as coisas poderiam dar certo. Que o mundo não era um lugar tão injusto:

— EU NUNCA TE PEDI NADA! – berrou descontrolado. – NUNCA NA MINHA VIDA, EU NUNCA PEDI NADA! COMO PÔDE ME NEGAR ISSO?! COMO PÔDE ABANDONÁ-LO?! ELE SEMPRE ACREDITOU EM VOCÊ!

— Takashima-san...

— DEUS É UM MALDITO MENTIROSO! – gritou por fim se deixando cair de joelhos no chão e abraçando o próprio corpo. – Maldito mentiroso... – resmungava entre o choro. – Por que ele não fez nada?

— Nós humanos não temos como entender o que se passa na mente dele.

— É tudo mentira... Isso de salvação divina, não passa de enganação. Nada disso existe.

— Takashima-san, você não pode perder a fé agora. O Shiroyama-san ainda pode acordar.

— Fé...? Eu não sei o que é isso. Eu não vou ter fé em um Deus que abandona uma pessoa pura como o Yuu.

Nem Takanori nem ninguém poderiam lhe fazer mudar de ideia. Se alguém merecia sofrer um acidente esse alguém era ele e não Yuu. Kouyou não se conformaria. Jamais aceitaria um Deus que deixa alguém como ele impune enquanto castiga um coração puro como o de seu moreno. Não poderia perdoar esse Deus... Mais do que isso, não poderia se perdoar.

.~...~...~...~...~.

 

Mesmo que Takanori insistisse para que Kouyou fosse pra casa o maior não concordava em sair de perto daquela cama por nada. Era o primeiro dia do ano. Uma data especial que ele queria passar com Yuu. O médico acabou por deixá-lo ficar ali.

Kouyou recebeu telefonemas rápidos de amigos desejando um feliz ano novo, alguns poucos se lembrando de desejar que fosse um ano bom para Yuu também. O loiro sorria esperançoso com tais desejos e ao desligar o telefone contava toda a conversa para o moreno. Ficara ali falando com Yuu como sempre fazia até acabar pegando no sono, ainda sentado naquela cadeira e segurando a mão do amado.

Acordou no dia seguinte com a luz do sol que adentrava pela janela batendo em seu rosto. Não havia dormido o bastante e as costas doíam por ter passado tanto tempo na mesma posição naquela cadeira desconfortável. Mesmo assim sorriu ao ver o rosto adormecido do moreno:

— Bom dia, koi.

Ao terminar aquela frase o sorriso do loiro se desfez dando lugar a uma expressão de espanto. Kouyou poderia jurar ter sentido um aperto em sua mão:

— Yuu... – sussurrou o nome do moreno o encarando como se tivesse visto um fantasma.

Estava sem reação por não saber se aquilo seria seu inconsciente brincando consigo, mas quando o moreno moveu os dedos mais uma vez ele teve certeza e seu coração se acelerou de tal forma que pensou que seu peito fosse explodir. Apertou com mais força a mão do outro e sentou-se na cama passando a mão pelo rosto adormecido:

— Vamos, acorda, Yuu. Por favor, abre os olhos.

E como se o outro quisesse atender seu pedido seus olhos se abriram lentamente, ainda que tivessem se fechado em seguida pelo incômodo da luz:

— Matsumoto-sensei!

Kouyou berrou esperando que alguém o ouvisse. Não queria ter que sair dali. Não agora que seu amado finalmente havia despertado. A felicidade era tanta que mal cabia dentro de si. Jamais conseguiria descrevê-la:

— Matsumoto-sensei! – chamou mais uma vez, conseguindo a atenção de uma enfermeira.

— O que aconteceu? – questionou a moça de branco que adentrara o quarto afoita.

— Ele acordou! – Kouyou não continha o sorriso ao dizer aquilo. – O Yuu acordou! – fez questão de repetir.

A enfermeira ficou boquiaberta com a notícia e saiu dali correndo em busca do médico. Kouyou por sua vez voltou-se para o moreno que ainda mantinha os olhos cerrados com certa força. A claridade parecia o incomodar muito mais que o normal:

— Vai ficar tudo bem agora, Yuu.

Kouyou chegava a tremer e as lágrimas escaparam por seus olhos. Depois de tanto tempo derramando lágrimas de tristeza, finalmente ele podia se permitir chorar de alegria. Não podia acreditar que aquele dia havia chegado:

— Vai ficar tudo bem. – disse com um sorriso gigantesco estampado em sua face e acariciando o rosto do moreno.

Yuu voltou a abrir os olhos encarando o outro assustado e depois olhando em volta. Parecia não entender o que acontecia:

— Não se preocupe, Yuu. – falou docemente. – Está tudo bem agora. Eu estou aqui.

O moreno o encarou com um olhar confuso. Seus lábios se abriam, mas ele parecia não conseguir falar. Continuou insistindo mesmo assim e por fim uma voz rouca deixou sua garganta:

— Quem... Quem é você?

O sorriso do loiro morreu naquele instante. Que tipo de brincadeira era aquela? Não tinha graça. Antes que pudesse dizer algo o Matsumoto adentrou o quarto seguido de alguns enfermeiros e ele foi forçado a sair dali. Continuou na porta sem conseguir se mover e com aquelas palavras ecoando em sua mente. Não podia ser verdade... Yuu lhe olhara como se fosse um completo estranho. Ele... Seu Yuu, a pessoa que tanto amava e a quem havia dedicado inteiramente seus últimos três anos. Ele realmente não se lembrava dele?


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Notas finais do capítulo

Espero q estejam gostando... Não se esqueçam de deixar um review, nem q seja pra dizer "estou lendo, continue", onegai ^-^
Próx cap vem no sábado ;)
Até lá (^3^)/