Crossroads - The Dark Hunters Chronicles escrita por Boneco de Neve, Guiga


Capítulo 34
Rejeitado




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A noite caiu, e Youth não conseguia dormir. Permanecia deitado em seu leito, com a luz apagada. O jovem sentia que não conseguiria se libertar de seus problemas, pois estava preso em um círculo de caos e tormenta. A invasão de Omsk o deixou com um pensamento na cabeça: O quanto a vida dele valia para seu pai atacar uma cidade indefesa para apenas para busca-lo? E quanto aos feridos e mortos deixados na ofensiva? Todos esses sacrifícios eram simplesmente desnecessários no ponto de vista do jovem. Ele sentia que precisava fazer algo. Decidiu que iria deixar Omsk assim que houvesse oportunidade.

O treino de espionagem que Mili recebeu realmente vinha a calhar. Não houve muita dificuldade para contornar a equipe médica do hospital e chegar no quarto de Youth. Ela adentrou o cômodo e se sentou perto do leito do jovem. Como aparentemente ele estava dormindo, ela apenas ficou lá, refletindo silenciosamente.

Youth a viu chegar, mas nada disse. Fazia várias perguntas a si mesmo. Por que ela estava ali? Por que ela se importava tanto, já que ele só atraía problemas. Por que ela não quis voltar com os americanos? Ela simplesmente poderia ter se oferecido como parte de uma trégua.       Mas não. Ela não se foi. Preferiu continuar ali e dedicar seu tempo a ele. Neste caso, era a hora de conversar com ela.

Youth: Você também está com dificuldade para dormir?

Mili: Ah! D-desculpa, eu não sabia que ainda estava acordado. Eu não vou te atrapalhar, sim?

Youth: Pode ficar...

Mili: Não, tudo bem. Eu sei que você não quer companhia no momento e...

Youth: Eu mudei de ideia. Fique.

Ela permaneceu, mas tinha receio de conversar com ele. Depois do que aconteceu, era normal ele estar frustrado e se irritar facilmente. No entanto, Mili acabou por se surpreender.

Youth: Me desculpa por ter te tratado mal mais cedo. Não devia ter feito aquilo.

Mili: Oh... Er... Tudo bem. Você já se sente melhor?

Youth: Eu consigo me curar rápido. Não se preocupe.

Mili: Mas acho que você não consegue se curar aqui.

Ele a observou apontar para o próprio peito. Ela obviamente se referia ao seu coração.

Youth: Isso é uma coisa completamente fora do caso.

Mili: Mas é importante.

Novamente, o silêncio se fez. Era difícil prosseguir uma conversa com tanta coisa delicada em jogo. Mas Mili sabia que as coisas não podiam se manter como estavam. Decidiu que era melhor abrir o jogo.

Mili: Tenho uma coisa para te contar. É muito importante.

 

Era quase uma da manhã. Reddar terminava de resolver os assuntos do dia e Darius se preparava para ir para casa.

Darius: Vou me retirar, Reddar. Desejo a ti uma boa noite.

Reddar não o respondeu de imediato. Ao invés de ir para o quarto, conforme Darius esperava que ele fizesse, o ruivo pegou um agasalho, dando a entender que iria sair.

Darius: Perdoe-me a intromissão, mas pretendes sair?

Reddar: Sim. Yoshimoto disse que eu iria receber uma visita.  Alguém importante com altas relações internacionais. Fui informado que em dez minutos ela chega.

Darius: Queres que eu te acompanhe?

Reddar: Não é necessário. Além do mais, você já fez muito recentemente. Merece e deve descansar.

Os dois se despediram na entrada do edifício e tomaram rumos opostos.

 

Youth: Do que se trata?

Mili não conseguia determinar se foi uma boa ideia abrir a boca naquele momento, mas não podia voltar atrás. Ela atiçou a curiosidade do jovem, que a encarava com a certeza de que ela iria dizer algo bem intrigante.

Mili: Acho que tenho uma ideia das intenções do Presidente. Você sabe que eu tenho a prática de investigar as coisas, certo? Eu estava fazendo uns preparativos quando cheguei a uma sala onde seu pai conversava com Chriass...

 

Uma semana antes da chegada de Mili à Rússia. A jovem carregava uma bolsa com algumas roupas pelos corredores da Casa Branca. Um filete de luz escapava através de uma porta e havia sons de conversa lá dentro. A menina achou estranho, pois não é de madrugada que se marca uma reunião.

Pelas vozes, ela identificou Milals, o presidente; seu pai, o senador Richard Valenza e Chriass.

Milals: ... Então, Chriass irá abordá-lo e tentar covencê-lo a voltar.

Richard: Desculpe a minha insistência, senhor... Mas por que justo a minha filha é quem tem a tarefa de tentar convencê-lo antes?

Milals: Youth terá uma oportunidade a mais para se entregar pacificamente dessa forma. Tem que ser a senhorita Micheli por dois motivos. Primeiro, ela foi a única pessoa que conseguiu a confiança de Youth em toda a vida dele; além do mais, se sair como esperado, não irá acontecer nada com ela, pois ele irá proegê-la. E como eu disse, ela terá o resgate apropriado quando tentarmos abordar Youth novamente. Peço pela nossa amizade que confie em minha palavra.

Chriass: E quanto a mim? Não sou superdotado; acha mesmo que terei chance contra Youth se ele resolver atacar?

Milals: Você terá todo o apoio e equipamento fornecido. Estamos desenvolvendo uma arma que vai ser muito útil para você. Além disso, confio no seu treinamento... Afinal, foi o mesmo que meu filho recebeu.

Houve um breve momento de silêncio. Todos pensavam em como toda essa situação iria se desenrolar, pois haviam coisas importantes em jogo. Milals tinha uma fama de taxativo e exigente, algo que beirava à crueldade; por isso, havia um clima tenso no local, algo que até Mili podia sentir de longe. Mas Mili recobrou a concentração ao ouvir Chriass prosseguir.

Chriass: Com todo o respeito, senhor, eu acredito que este plano tenha uma taxa de sucesso questionável. Por isso, eu pergunto o que vai ser se nada disso funcionar.

Milals disse então algo que soou como uma profecia sombria para Mili.

Milals: Então, Youth será rebaixado de alguém importante para apenas um soldado inimigo. E você já aprendeu como lidar com um soldado inimigo.

Chriass: Já entendi... Mas por que fala uma coisa dessas, senhor? Afinal, ele é seu filho e tal...

Milals: Errado, meu jovem Chriass. Youth sequer é meu filho de verdade.

A reunião foi encerrada pouco depois. Richard e Chriass se preparavam para se retirar da sala. Mili aproveitou essa brecha de tempo e se escondeu atrás de uma pilastra. Isso, porém, pouco adiantou, pois Chriass, ao sair, percebeu que estava sendo observado e acabou por avistar a menina. Esta estremeceu, pois tinha receio que ele fizesse alarde. Contudo, em vez disso, Chriass se aproximou e falou-lhe discretamente.

Chriass: Oi, meu anjo. Ainda está arrumando suas coisas?

Mili gelou naquele momento e não soube o que responder. Mas Chriass continuou com o tom amistoso, embora suspeitasse de que ela havia bisbilhotado a reunião.

Chriass: Você deve estar com sono. É melhor ir dormir logo.

Mili: Tudo bem, boa noite...

Ela se retirou, mas após alguns passos, Chriass a chamou pelo nome, o que a fez engolir seco.

Chriass: Por favor, não se preocupe. Nós dois iremos trazer o seu amigo de volta.

O semblante dele era de um sorriso leve. Mas naquele momento, Mili pensou que ele apenas queria passar um pouco de otimismo pra disfarçar a tensão.

 

A pequena aeronave descia verticalmente até o campo de pouso improvisado. Reddar avistou mais uma vez o símbolo da flor de cerejeira estampado na lateral do veículo, mas desta vez ele não se surpreendeu como antes. De fato, era a visita que ele esperava, avisada com boa antecedência pela assessoria do jovem Yoshimoto.

Os motores do jato se desligaram, e a porta de passageiros se abriu. Cercada de seguranças, uma mulher, que aparentava ter uns trinta anos, desceu pelas escadas, e se dirigiu em direção a Reddar.

?????: Alto, cabelo ruivo, boa pinta... Bate com a descrição do senhor Yoshimoto, suponho. Você é Reddar, não?

Reddar: Sim. E você é?

?????: Prazer. Sou Darcy Alayne, enviada do Herdeiro do Império do Grande Japão. Ele pediu vistoria das cidades afetadas pelos ataques dos americanos e me encarregou de fazer a vistoria desta cidade. Perdoe-me a inconveniência da visita.

Reddar: Tudo bem. O prazer é meu. Aliás, preciso de um tempo para arrumar seus aposentos de estadia.

Darcy: Não se preocupe com isso. Eu não pretendo me acomodar imediatamente.

Ela então mostrou seu distintivo para o líder ruivo. Ele era formado por uma pequena flor de cerejeira de ouro, com cada uma de suas vinte e uma pétalas tingidas das mais variadas cores. Haviam tonalidades diferentes, mas definitivamente não haviam sequer duas pétalas com a mesma cor no adorno. Entretanto, o estigma possuía o tom cerúleo, que era igual ao de uma das pétalas. Ao ver esta joia, Reddar compreendeu que Yoshimoto havia mesmo adotado uma postura séria.

Reddar: Já entendi. Ele resolveu mandar seu melhor pessoal para esse serviço. É compreensível.

Darcy: Entretanto, há um motivo especial para eu estar aqui. Assim que eu terminar eu me dirigirei para a Inglaterra para resolver um assunto... Isso se o senhor permitir.

Reddar: Se eu permitir? Não estou entendendo.

Darcy: Eu sei que é estranho, mas o senhor Yoshimoto me informou de uma ideia que ele queria colocar logo em prática. Só que ela envolvia a cooperação do Youth. Por isso, receio que preciso falar com ele.

Reddar sabia que o jovem estava de mau humor, mas, com alguém como Darcy, ele acreditava que não haveria problema.

Reddar: Tudo bem, falaremos com ele amanhã de manhã.

Darcy: Excelente. Isso certamente vai deixar o senhor Yoshimoto contente.

 

No quarto do hospital, a jovem Mili dormia sentada na cadeira ao lado do leito de Youth. Ele, por sua vez, se mantinha pensativo. Como pode ser, ele não ser filho do Presidente? Será que a vida dele foi uma mentira? Por que então Milals demonstrava ter tanto interesse em tê-lo sob controle?

Foi então que ocorreu a ele uma coisa. Mili mencionara sobre as duas oportunidades que o presidente deu a ele. A primeira, na qual Mili sozinha foi tentar convencê-lo. E a segunda quando Chriass veio com um exército. E então as oportunidades se acabaram.

A guerra estava declarada e Youth, o rejeitado, será caçado até a morte.


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Notas finais do capítulo

Enquanto Reddar e Darcy se dirigiam ao edifício, uma música ecoava em volume relativamente baixo por perto.

Darcy: Eu conheço essa música. É o tema de abertura de Changeman. Nossa, isso é velho...
Reddar: Até imagino quem está tocando essa música.

Os dois foram até a janela do quarto de onde vinha a música. Eles se depararam com Kaze fazendo a dancinha do Carlton enquanto ouvia a música, o que deixou os dois com vergonha.

Reddar: Tinha que ser o palhaço do Kaze de novo...
Darcy: Isso deveria ser um insulto aos ancestrais do Grande Japão. Quem é ele, afinal de contas?
Reddar: Não ligue pra ele; é só um idiota. Se der plateia pra ele, vai ser pior. Vamos embora.

Os dois saíram sorrateiramente, mas não antes de ouvir o último ato do espetáculo do sujeito de cabelo espetado.

Kaze: Liga pra mim! Meu coração vai te pegar! Se tu não vem... Eu vou choraaaaaaaaaar! Liga pra mim!

Reddar: *Facepalm* Vamos embora daqui antes que eu perca a minha paciência...
Darcy: Sim, vamos...



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