Crossroads - The Dark Hunters Chronicles escrita por Boneco de Neve, Guiga


Capítulo 22
Confiança em xeque




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Um novo ano havia começado, assim como, a todo vapor, as atividades das cidades espalhadas entre as ruínas do Oriente.

Rússia, manhã de 02 de Janeiro de 2101. Num distrito distante havia uma emergência e as autoridades locais tomaram providências para controlar a situação e Reddar, que estava atuando como comandante de uma área próxima, enviou dois de seus guerreiros para ajudar.

Enquanto a missão era cumprida, o líder de Omsk arranjou alguns minutos para tratar assuntos com uma recém chegada que ele havia conhecido na comemoração de Ano Novo. Ele julgava ser importante saber detalhes a respeito da menina, ainda que ela seja conhecida de Youth.

Reddar: Então você é mais uma que foi embora dos Estados Unidos.

Mili: Sim, senhor. Eu saí porque meio que precisava mudar de ares e vim pra cá porque soube que Youth estava aqui.

Reddar: Ah, você é amiga dele?

Mili: Sim, sou.

Reddar: Apenas isso?

Mili: Hã? Er... Bem, acho que eu posso dizer que sou a única amiga dele... Digo... Você sabe...

Percebendo que a menina havia ficado com o rosto corado, Reddar resolveu mudar de assunto.

Reddar: Ahem... Enfim... Você por acaso notou algo suspeito ou incomum quando veio para cá? Percebeu se alguém estava te seguindo ou coisa assim?

Mili: Não, senhor. Modéstia à parte, sou bem discreta.

Reddar: Espero mesmo que sim... Não quero parecer rude, mas é que agora a cautela é ainda mais imprescindível aqui. Youth foi seguido por americanos e ele ainda tinha um rastreador na espada.

Mili: É, mas o Youth... Ele é muito mais visado do que eu. É natural que sejam mais sistemáticos quando se trata dele.

Reddar: É, e fizeram tão bem o serviço que isso acabou por expor a nós também.

Mili: Eu entendo e sinto muito mesmo. Mas eu peço, por favor, que fique tranquilo, pelo menos em relação a mim. A última coisa que eu quero é colocar todos vocês em perigo.

Reddar: Bem... Não me resta muito que fazer, então, por agora, vou te dar o benefício da dúvida. Aguarde lá na recepção, que eu vou pedir Darius para te levar a um apartamento vago.

Mili: Obrigada.

Mili, então, se retirou. Assim que ela se foi, Reddar pegou seu interfone e fez uma chamada.

Reddar: Darius, está aí?

Darius: Sim, meu senhor, estou aqui. Se me permite perguntar, o que achaste dela?

Reddar: Não me pareceu muito autêntica.

Darius: Pensas que ela pode nos ser uma ameaça?

Reddar: Não sei se posso chamá-la exatamente de ameaça. Está mais para fonte de problemas. Ainda mais se for considerar um certo detalhe...

Darius: Que seria?

Reddar: Ela se parece demais com a filha do Senador Valenza.

Darius: Senador Valenza, é? Isso não soa mesmo bom.

Reddar: Realmente... Vou ter que te pedir o favor de ficar de olho nela e no Youth. Pode ser?

Darius: Pois não, meu senhor. Compreendo tua preocupação.

Reddar: Ótimo. Por enquanto, faça ela se acomodar num apartamento livre. E tome o cuidado de providenciar um lugar afastado da residência de Youth.

Darius: Achas que a presença dessa moça pode pôr Youth em risco?

Reddar: A possibilidade existe, mas pra falar a verdade... Ela é muito apegada a Youth, e ele, de certa forma, corresponde. E quando dois jovens apegados vivem perto um do outro... Você sabe...

Darius: Eu sei?

Reddar: ...

Darius estava tão acostumado ao seu puritanismo que levou alguns segundos para entender o que Reddar disse.

Darius: Ah... Sim, sei... Não se preocupe com isso. Arranjarei um lugar do outro lado da cidade.

O outro lado da cidade era um pouco distante, mas isso não teve importância para Reddar. O ruivo sabia que seu amigo só estava sendo irônico.

De fato, Reddar começava a achar esquisita a aparição de uma possível parente de um senador americano em Omsk. Ou o regime dos Estados unidos estava sendo ruim, ou ela era uma enviada. Não ter sido possível ver o momento da chegada da menina e as condições em que ela se encontrava impediam Reddar de ter certeza e a perspectiva de possuir uma potencial fonte de problemas por perto era capaz de provocar ao ruivo arrependimento de ter acolhido Youth em primeiro lugar.

Eram onze e meia quando Tyto e Youth voltavam para Omsk. Ambos estavam exaustos, porém satisfeitos com o sucesso da missão.

Tyto: Aqueles caras sabem ser hospitaleiros! Agradeceram nossa ajuda com banho e almoço de graça!

Youth: Pois é. Acho que viver na Rússia não é tão ruim assim.

Tyto: Tá brincando? Tirando as ruínas, esse lugar é um paraíso!

Youth: Tá falando sério, Tyto?

Tyto: Claro! Falo isso pensando nas meninas bonitas daqui, por exemplo.

Youth: Se você diz...

Tyto: Hehe... O que será que Reddar vai nos dar de recompensa pelo nosso sucesso?

Youth: Ele já nos deu. Comida e abrigo. Se bem que não posso fazer uso disso.

Tyto: Como assim?

Youth: Tyto, não posso ficar em Omsk. Preciso seguir meu caminho em breve. Pelo bem de Reddar, Darius e os outros...

Onze e quarenta e cinco da manhã. Após ceder à insistência de Kaze, Reddar resolveu deixá-lo participar de seu almoço solitário. Como uma forma de distração o ruivo ligou o aparelho de televisão sofisticado de seu escritório, fazendo o grande retângulo brilhante aparecer no centro da sala. Logo já estavam prestando atenção a uma reportagem que a princípio, era qualquer.

Repórter: Recentemente, incidentes ambientados em cidades do Oriente têm chamado à atenção de autoridades locais...

Kaze: Oba, sessão desgraça! Vamos ver que temos de ruim hoje.

Reddar: Shhh!

Repórter: Entretanto, foi descoberto que alguns desses incidentes foram provocados de modo que os habitantes superdotados residentes próximos às zonas de perigo conseguissem resolver os problemas sem dificuldade.

Kaze: Heh, que conveniente...

Reddar: Eu diria espantoso.

Repórter: Hoje de manhã, durante um incidente envolvendo a invasão de javalis mutagênicos, as autoridades obtiveram o que elas chamam de "pista chave" para o caso. A imagem do suspeito revela que ele possivelmente trabalha para alguém e há o temor de que isso possa gerar um conflito diplomático.

Kaze: Bem aonde Tyto e Youth foram... Bolas, eu queria ir lá também. Ouvi dizer que só tem gata lá...

Reddar: Ninguém mandou você dormir demais.

A foto de um indivíduo foi mostrada na tela. Reddar quase se engasga quando vê a aparência do sujeito: Olhos aparentemente semicerrados, trajando uma espécie de sobretudo preto.

Repórter: Unidades de busca foram acionadas à procura do suspeito. As autoridades recomendam que, caso a população o veja, denuncie-o imediatamente. Mais informações no noticiário da tarde.

Kaze: Esse cara não me é estranho... Mas não consigo me lembrar de onde eu o vi.

Reddar: Ele me parece familiar também e algo me diz que ele será um grande problema para nós...

Kaze: Vai fazer o quê então?

Reddar: A princípio, reforçar a vigilância. Sinto que Omsk é a próxima cidade onde haverá um... Contratempo como esse.

Kaze: Contratempo, é?

Reddar: É assim que eu costumo chamar esses acontecimentos onde têm vítimas e prejuízos.

Kaze: Sei não... Você tá com cara de que está escondendo algo.

Reddar: Não estou escondendo nada; eu apenas não consigo me concentrar direito com você me encarando desse jeito. Só isso.

Kaze: Hehe... Ah, que é isso, eu sei que você gosta de mim.

Reddar raramente perdia a paciência, mas desta vez a reportagem somada à provocação do Kaze o deixou irritado.

Reddar: O almoço acabou. É hora de trabalhar.

Kaze: Er... Tá. Tem alguma ordem pra mim?

Reddar: Para quê vou dar uma ordem pra você se você não vai segui-la? Faça o que achar melhor! Se eu precisar de você, eu te chamo...

Kaze: Tá. Vou dar um rolezinho então. Quem sabe não arrumo uma gostosa hoje...

Kaze então saiu do local, sorridente como sempre. Mas por trás daquele sorriso, ele escondia uma ponta de preocupação.

Kaze: Eu espero que você não esteja escondendo nada que possa ser vital, vermelhinho...

Alguns minutos depois de Kaze ir embora, o telefone de Reddar toca. Ao reconhecer a voz adolescente do outro lado da linha, o ruivo dispara.

Reddar: Ah, muito bom. Estava mesmo precisando ter uma conversinha com você.

Naquele começo de tarde, Mili deixou seu recém adquirido apartamento e foi procurar Youth. Ela imaginava que o jovem já tinha voltado da missão, mas não houve resposta quando ela bateu na porta. A menina já estava preparada para ir embora, mas foi quando percebeu que a porta do apartamento não estava trancada. Ela então entrou e resolveu aproveitar a oportunidade para fazer uma busca, revirando todos os lugares possíveis do apartamento. Mas a dificuldade de encontrar o que procurava logo a deixou frustrada.

Mili: (Caramba. Tem que estar por aqui... Ou ele o perdeu? Tomara que não...)

Alguns minutos depois, Mili escutou vozes vindas de fora do apartamento, o que a forçou a interromper sua busca. Imediatamente, ela arrumou toda a bagunça que fez numa instante. As vozes lhe eram conhecidas.

Tyto: Sério, você tem sorte, sabia? Várias garotas na rua ficaram te olhando hoje...

Youth: Eu não ligo pra isso. Ter alguém te olhando nem sempre é algo bom...

Youth ia prosseguir com a sua resposta, mas, ao chegar à porta do seu apartamento, percebeu que estava destrancada.

Youth: Ué... Está destrancada...

Tyto: Ah, desculpe; fui eu. Eu achei que voltaríamos bem rápido...

Youth: E o que te levou a achar isso?

Tyto: Sinceramente, não lembro agora. Mas não esquenta, tá? Estamos num lugar seguro e... Hã, Mili?

Os dois adolescentes ficaram surpresos ao se depararem com a menina no apartamento. Sem perder tempo, ela cumprimentou Tyto e avançou em direção a Youth, dando-lhe um abraço apertado.

Mili: Oi, Youth! Desculpe por ter entrado assim, a porta estava destrancada e eu achei que você estava aqui.

Youth: Ah, sim, tudo bem...

Mili: Eu vim aqui pra te chamar pra dar uma voltinha pra gente conversar. Pode ser?

Youth: Pode... Tyto, dê o relatório a Reddar no meu lugar. Eu vou sair.

Tyto: Ah, tá legal. Deixa comigo. Aproveite!

Tyto esboçou uma expressão feliz para os dois antes de sair do apartamento. Porém, quando saiu, Tyto ficou sério e se pôs a pensar. De fato, ele cometeu um descuido ao deixar a porta destrancada, mas encontrar Mili ali foi o que mais o deixou perturbado. Isso o impeliu a conversar com alguém a respeito.

Tyto: E então nós derrubamos uns dezoito javalis gigantes. Um deles quase comeu meu bracelete.

Reddar: Mesmo que tivesse comido, antes isso do que seu braço.

Tyto: Verdade. Vou tomar mais cuidado.

Reddar: Espero que sim. Mais alguma coisa?

Tyto: Aquela confusão toda me deixou mais fedido que os próprios javalis.

Reddar: É, eu notei...

Tyto: Quê?! Mas eu tomei banho lá mesmo!

Reddar: ...

Tyto: Droga... Eu vou tomar outro banho... Er, se o senhor permitir...

Reddar: Ah, claro. Você e Youth fizeram um bom trabalho. Está dispensado.

Tyto: Obrigado... Ah, quase que eu me esqueço. Tenho que falar uma coisa. Eu esqueci a porta do apartamento destrancada hoje de manhã e quando eu cheguei, Mili estava lá. Acho que estava atrás do Youth, mas...

Reddar manteve um breve silêncio, encarando Tyto por alguns segundos.

Tyto: Er... Eheh... Eu sei. Outro descuido. Desculpe... Não vai se repetir...

Reddar: Tudo bem... Dispensado.

Com isso, Tyto se despediu e foi embora. Enquanto o observava, Reddar pensou brevemente a respeito de admitir refugiados na cidade. Tendo Mili em mente, concluiu que era uma definitivamente não era uma boa ideia.

O fim da tarde chegava, Mili e Youth conversavam sentados num banco de uma praça.

Mili: Reddar foi rápido em conseguir um lugar para eu ficar.

Youth: Para Reddar, isso é fácil. Falando nele, ele falou alguma coisa a mais para você?

Mili: Apenas perguntou algumas coisas sobre mim. Só pra me conhecer.

Youth: Tá...

Youth observava Mili com certa apreensão até então. Porém, ele não conseguiu manter sua apreensão sob controle.

Youth: Fale a verdade, Mili. O que você estava fazendo no meu apartamento?

Mili: Te procurando.

Para o jovem, embora Mili mentisse, ela era transparente como cristal naquele momento.

Youth: Não. Você não estava procurando só a mim. Você estava procurando aquele rastreador de energia caótica. Tenho quase certeza de que esse é um dos seus objetivos aqui. Um que eu garanto que você não vai cumprir.

Ela ignorou o fato de sua intenção ter sido descoberta e aumentou seu tom de voz com Youth.

Mili: O que você fez com o rastreador?!

Youth: Me livrei dele.

Mili: Mas por quê?!

Youth: Por dois motivos. Primeiro, eu achava estranho os americanos estarem sempre no meu rastro, então achei que o rastreador emitia algum sinal. Então eu o desmontei, e vi que eu estava certo. Só não montei de novo porque eu não sabia como...

Mili: Não acredito...

Youth: Segundo, eu descobri que não preciso de rastreador nenhum. Quando eu estiver perto, eu irei simplesmente... Sentir.

Mili ficou sem palavras. O jovem, então, se levantou do banco e lhe falou com serenidade.

Youth: O fato, Mili, é que você está aqui em missão, o que significa que nem em você eu acho uma confidente.

Como cumprimento o jovem tocou sua mão na mão da menina, virou as costas e foi embora. O jovem estava ciente das intenções dela. Já a menina não tinha ciência do que fazer, pelo menos, não naquele momento. Ela havia de tomar uma decisão.


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Notas finais do capítulo

Sessão Birita com Viper!

"Então, senhores, vamos continuar com as bebidas do Tour do mundo de Crossover! Já mostrei pra vocês antes essa maravilhosa birita aqui, a Vodka Mecha Zangief. Foi a primeira vodka que eu provei na vida e dificilmente vou achar uma melhor que essa! Que outra bebida faz os outros cuspirem fogo azul?! Na boa, com isso aqui, eu viro líder da Ordem da Rosa Branca em dois tempos! Hahahahaha!

Agora, qual é a bebida que temos hoje... Er... Peraí... Não acredito... Isso aqui é um programa de bebida alcóolica e vocês vêm aqui pra me fazer mostrar um refrigerante?! Vocês só podem estar de sacanagem! Que porcaria é essa aqui? Guaraná 'Dói-lhe'? Mas que raios... Tem até um mascote no rótulo chorando pela mamãe! Não, isso é brincadeira, né? Quê, querem que eu tome um copo?! Aff... Tenho escolha? Tá, lá vai... ~Glug glug glug~ Hm... Gosto horrível... Ah.... AH! AAAAAAAH! AAAAAAIIIII!!! TÁ DOENDO!!! MINHA LÍNGUA TÁ DOENDO!!! MINHA CABEÇA!!! MINHA BARRIGA!!! TÁ DOENDO TUDO!!! TÁ DOENDO MUITO!!! SOCOOOORROOOO!!! IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIKH!!!"

♫ Dói-lhe! Dói-lhe pra danar! Dói-lhe! (Ai que dor!)
Dói-lhe pra danar! Dói o corpo inteiro! DÓI-LHE! ♫
AHAHAHAHAHAHA!!!



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