Crossroads - The Dark Hunters Chronicles escrita por Boneco de Neve, Guiga


Capítulo 2
Observando o outro lado da situação




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Rússia, 7 horas e 45 minutos da noite. Uma noite tipicamente fria havia se estabelecido no lugar. Não havia neve, o que permitia perceber que havia civilização. Poucas pessoas agasalhadas aventuravam-se a caminhar pelas ruas congeladas. Na esquinas, ficavam sentinelas, guardas que se comprometiam a dar alarme sobre um possível ataque do inimigo; quase não havia veículos. Todos esses detalhes somados faziam com que o cenário se parecesse com uma cidade fantasma.

Um hospital estava com quase todo o seu espaço ocupado por soldados, guerrilheiros, e civis feridos e doentes, causando a impressão de que havia muito a ser feito no local. Uma tarefa difícil, pois não existiam profissionais em número suficiente para dar conta do serviço. Ainda assim, eles eram persistentes; e o sentimento de solidariedade era recíproco entre eles.

Estirado em um leito do hospital, o garoto profundamente adormecido era observado pelos olhos atentos do homem que o salvou. Enquanto o observava, o homem refletia sobre os acontecimentos daquela tarde. “Um garoto viajando sozinho no meio do nada? Devia ser mais um refugiado”, pensou. Mas havia um detalhe: o governo americano tinha adotado o método incomum de deixar qualquer pessoa se retirar do continente americano de modo livre e sem represálias. Isso porque o fato de haver uma aparente aprovação de mais de 90% da população do continente despertava confiança. Então, por que havia soldados perseguindo um simples refugiado? E por que o refugiado se sentiria insatisfeito com a América? Muitas pontas soltas estavam presentes na história, e a simples presença do garoto deixava o homem atribulado, com um pressentimento ruim.

Estava mergulhado nesses pensamentos quando o garoto acordou. Então, resolveu saudá-lo:

?????: Ora, ora... Parece que você está vivo afinal.

O garoto o observou, ainda um pouco confuso. Suas últimas lembranças eram de que ele havia matado quatro soldados pouco antes de ser atingido por um tranqüilizante na nuca e ter apagado completamente.

?????: Posso sentir teu temor. Não te preocupes, pois estás em um hospital, bem seguro.

Mesmo ouvindo isso, o garoto mostrou certa desconfiança.

?????: Não és de falar muito? Talvez não tenhas confiança em mim, mas... Espere; provavelmente estás com fome. Trar-lhe-ei um alimento para que comas.

O homem retirou-se, e o garoto resolveu prestar atenção a seu redor: um quarto simples de hospital, com uma cama e alguns aparelhos médicos. Viu que estava vestido com roupas de hospital. Mas onde estariam suas roupas? E sua espada? Sem a sua espada em suas mãos, sentia-se indefeso. Resolveu levantar-se de seu leito para procurar seus pertences, mas percebeu que o homem voltava com comida.

?????: Eis aqui. É possível que isto não seja do nível de seu paladar, mas é rico nutritivamente.

E, postando os pratos e talheres, resolveu se apresentar:

?????: A propósito, perdoe-me por minha atitude descortês, pois não me apresentei de forma devida. Darius Brown é o meu nome.

Para sua surpresa, o garoto finalmente revelou o timbre de sua voz.

!!!!!: É um prazer, Darius Brown. Meu nome é Youth, Youth Nightblade.

Durante a refeição, Darius esperava que o garoto comesse vorazmente em razão de seu aparente apetite. Pelo contrário, o jovem Youth mostrou ter modos de uma pessoa requintada.

Darius: Receberei a visita de um querido amigo que deseja conhecê-lo.

Youth: Tudo bem. Talvez ele queira informações minhas, estou certo?

Darius: Informações?

Youth: Sim. Eu venho da América. Talvez vocês queiram saber detalhes sobre as situações por lá.

Quando soube da nacionalidade de Youth, Darius pressentiu estar conversando com um possível inimigo.

Youth: Na verdade, resolvi sair de lá. Porque não gosto da situação no momento.

Darius: Que dizes?

Youth: Eu quero mudar tudo isso, Darius. Por isso saí de lá em busca de poder e paz.

Darius: Presumo que o que procuras... Não tiveste condições do obtê-lo.

Youth: Definitivamente, não.

Darius: Resolveste, porventura, mudar de opinião em função de terminar a guerra?

Youth: Sim. Eu pretendo acabar com tudo.

A ênfase nessa última frase deixou Darius intrigado.

Darius: (Que pensas este jovem? Não vejo malícia em suas palavras, todavia... Que está ele afirmando em acabar com tudo?)

Terminada a refeição, Youth resolveu acalmar-se e aguardar a chegada do amigo de Darius. Não sentia a necessidade de estar hospitalizado; sentia-se perfeitamente bem.

Youth: Olha, eu queria saber onde estão minhas roupas e minha espada.

Darius: Irei devolver-te tuas roupas. A lâmina, porém, não a terás de volta. Sinto informar-te.

Youth: Eu compreendo.

Nesse momento, o amigo de Darius chegou.

?????: Olá. Vejo que é esse o rapaz de quem você havia falado Darius. Desculpem-me por deixá-los esperando. Tinha assuntos importantes a tratar.

Youth notou que o recém chegado não estava de muito bom humor.

?????: Bom, acho que podemos conversar agora. Pode me chamar de Reddar.

Youth: Bem, acho que posso começar. Eu sou filho do atual líder dos Estados Unidos da América. Sou um ex-membro do serviço secreto, e fui um dos melhores alunos. Mas mesmo sendo um membro do serviço secreto, não pude obter informações a respeito das estratégias e planos de meus superiores. Apenas sei sobre a situação do continente.

Reddar: Situação?

Youth: Os americanos controlam tudo. Todo o resto do continente americano é usado por eles, ora para fonte de matéria prima e alimentos, ora para convocação de soldados. Estranho é que só falta o povo bater palmas para o que eles fazem. São tratados como escravos sujos, mas eles idolatram seus donos.

Darius: Minha ira se ascende em razão deste fato.

Youth: Eu entendo seu ódio, mas sabem o que dizem: “no amor e na guerra, vale tudo”. Acho que eles fazem isso pela ânsia de ganhar.

Darius: Se, porventura, os homens não fossem tão cheios de sua arrogância... Se, em vez de guerrear, procurassem uma maneira de viver em paz, o povo e o Estado estariam em harmonia.

Youth: Isso prova que eles são sujos. Por isso eu me desliguei deles, não suportei tanta sujeira.

Notando que Darius estava apreensivo, Youth disse:

Youth: Eu sei o que está pensando. Você acha que eu sou um porco imundo. Os capitalistas são assim, sempre estão arrumando um jeito de se dar bem por cima dos outros, de preferência os mais humildes. Eu não suporto gente assim, me causa repugnância pensar que eu estava sendo usado por eles.

Darius: Bravas palavras, porém isso nada significa. Não possuirei confiança em ti apenas ao ouvir isso.

Youth: Eu sei. E a ganância deles chegou a tal ponto que eles aproveitaram o fenômeno de um século atrás para obter vantagem. Eles priorizam capturar as pessoas especiais e usar suas capacidades em busca da vitória.

Darius: Presumo que esta foi a razão de sua perseguição até aqui.

Reddar, até então quieto, tomou a palavra:

Reddar: Já ouvi o suficiente. Amanhã iremos conversar mais a respeito disso. Está ficando tarde, e é melhor irmos descansar. Sugiro que faça o mesmo, Youth.

Youth: Eu vou poder sair do hospital?

Reddar: Infelizmente não. Os doutores pretendem fazer exames em você logo pela manhã. Você sabe, em épocas como essa, todo cuidado é pouco.

Youth: Eu entendo.

Reddar e Darius se levantaram dirigindo-se à porta do quarto.

Reddar: Boa noite.

Youth: Boa noite.

Quando a conversa terminou, eram cerca das 11 e meia da noite. O tempo passa rápido, pensou Youth. Mas ele não conseguia dormir. Além da falta de sono, sua situação atual o atormentava. Teve a impressão de não ter sido recebido amigavelmente pelos dois homens que tinha acabado de conhecer. Estava pensando em ir embora dali, mas sabia que precisava de ajuda para o seu objetivo. Então, resolveu ficar e aguardar o que o futuro reservava para ele. E enfim, com todos esses pensamentos na cabeça, adormeceu.


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Notas finais do capítulo

~BRACK!~
Youth: *Acorda assutado e vê a porta arrebentada* Ah! O que...!
????: Bora, muleque! Acorda que já passou da hora! Tá na hora de comer!
Youth: Q-Quem é você?
????: Pode me chamar de Suposto Aprendiz. E hoje, pra sua felicidade, vou ser seu enfermeiro.
Youth: Suposto Aprendiz? Que raio de nome é esse?
Suposto Aprendiz: A única coisa que você tem de se preocupar é encher esse bucho. Bora, abra essa boca!
Youth: Mas eu não tô com fome.
S.A.: Mas é hora do almoço e você vai comer.
Youth: Hmph... Haja hospitalidade...
S.A.: Hospitalidade aqui tem de sobra. Toma tua bóia aí. *Dá um prato pro Youth*
Youth: Bife de fígado... Hm, legal...
S.A.: Gosta de bife de fígado?
Youth: Gosto.
S.A.: Ah... Agora que lembrei. Esse prato é pra mim.
Youth: Heim?
S.A.: Esse é pra vc. *Troca o prato do Youth*
Youth: Que é isso? Omelete?
S.A.: Sim... De ovos de tubarão.
Youth: Como é?!
S.A.: Bora, come aí!
Youth: Urgh!



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