The Secret escrita por Ronnie


Capítulo 27
Capítulo 27




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/232076/chapter/27

A cidade se parecia bastante com uma cidade normal, a não ser pelas pessoas e os dois sois que eu conseguia ver.

 Enquanto ela me puxava, eu observava tudo com cuidado.

 Eu olhei para o céu e ele estava em um tom muito bonito de rosa, havia também ao norte e ao sul dois planetas, ou seja lá o que fosse aquelas duas enormes esferas brilhantes. Não havia prédios ou fábricas, apenas casarões, todas muito bonitas em várias cores. Observei também as criaturas que andavam pelas ruas de pedra, eram homens e mulheres com olhos completamente negros, rosas, vermelhos, azuis, cinza... Lara me dissera que eram Lítidios, eram uma espécie de estudiosos de Alídea. Eles eram os videntes, por assim dizendo. Havia também colônias de pequenos animaizinhos correndo e soltando gritinhos, que parecia ser sua língua. Pessoas como nós – normais- também havia em Alídea, mas não havia muitos.

 -Lara, onde estão os vampiros? – perguntei, curiosa para vê-los. Ela havia me dito que eles eram diferentes do que as histórias vampirescas diziam.

 -Eles ficam em um lugar isolado de Alídea. Estamos no centro, onde todas as criaturas se encontram, mas há muito mais que as que vê, só que são reservadas, como os proêmios. – que mais tarde descobri que eram como anõezinhos de Alídea.

 Demorou um pouco, mas chegamos a uma grande construção, como estágios de futebol, ou sei lá...

 Ela me puxou para uma fila quilométrica, onde encontramos Catherine – emburrada, como sempre. – Peter e Matthew, revirando sua mochila no chão.

 -O que está fazendo Matt? – perguntou Lara enrolando uma mecha de cabelo em seus dedos finos e longos.

 Olhei para os lados e havia várias espécies – se assim eu poderia chamá-las.

 Pessoas altíssimas, baixíssimas, com olhos coloridos, metamorfos, pálidos, com peles coloridas, realmente um lugar diferente e lindo.

 -O preconceito aqui deve ser alto... – pensei alto.

 -Não, aqui não há preconceito... – falou Peter andando alguns passos para frente. A fila andava rápido. – Aqui é mais do tipo, guerra, sabe? – falou ele rindo.

 Arregalei os olhos e tentei me parecer indiferente, apesar de tudo aquilo ser muito novo para mim e eu estar fervilhando com várias perguntas.

 Matthew levantou com alguma coisa nas mãos.

 -O que é isso? – falou Catherine, abrindo as mãos de Matthew com as dela. Irritava-me vê-la tão perto dele e com tanta intimidade e eu não poder nem dar um beijo em sua bochecha.

 Ele abriu a mão e vi cogumelos com bolinhas pretas em sua “cabeça”.

 -Subornar os proêmios? – riu Peter pegando um dos cogumelos e os cheirando. – Boa idéia!

 -Por que vai dar cogumelos a eles? – perguntei confusa, olhando mais atentamente para o cogumelo estranho e diferente de qualquer outro.

 -Arg! – ouvi Catherine bufar, cruzar os braços sobre o peito e virar o rosto.

 Ignorei-a, assim como todos os outros.

 -Proêmios amam cogumelos de Friptômio. – disse Matthew colocando a mochila para trás.

 Eu havia entendido o porquê dos cogumelos, agora... O que era Friptômio?

 Continuei com a cara de pergunta e Peter começou a explicar:

 -Friptômio é uma junção de várias coisas de feiticeiros, dá um gosto maravilhoso e hipnótico. Então, o proêmio que come esse cogumelo fica temporariamente hipnotizado e eles gostam desse efeito, o que é ótimo para nós! – riu ele para os outros, que devolveram o mesmo sorriso.

 -Então todos pagam com esses cogumelos, certo? – eu tinha que saber... Nunca se sabe o que pode acontecer, ainda mais comigo!

 -Você é burra ou o que?! – gritou Catherine, virando-se para mim e depois para o homem pequeno da frente e falando algo com ele.

 -Não, eles são difíceis de achar. É porque Matthew tem uma tia feiticeira que dá para ele. – sorriu Lara olhando Catherine, que estava furiosa.

 Não demorou muito e logo chegou nossa vez de “pagar” a entrada.

 Todos ficaram em silêncio até nossa vez. Lara enrolando suas mechas nos dedos, Catherine resmungando com Peter. Peter revirando os olhos para ela e Matthew concentrado na demora da fila. Mas, em compensação com a Terra, era até rápido demais. Quando eu ia com uns amigos para o Mc’donalds, esperávamos quase vinte minutos com cinco pessoas na nossa frente, ali tinham mais de duzentas e levou o mesmo tempo.

 -Dez pilas, por favor. – ouvi a voz asquerosa e rouca do proêmio. Com o nariz batatudo, gordo que deveria não se agüentar de pé, com vestes verdes, um longo bigode, olhos exprimidos com óculos pequenos apoiados na ponta de seu nariz, com a mão com dedinhos pequenos esticado.

 -Temos algo bem melhor para o senhor. – falou Peter, pegando das mãos de Matthew os cogumelos pintados.

 Ele parecia não querer que vissem que estávamos subornando um proêmio, por isso, talvez, ficasse olhando para os lados, preocupado.

 O proêmio colocou uma das mãozinhas encima da bancada e se esticou para cima, olhando o que Peter tinha nas mãos.

 -Como conseguiram?! – os olhos rubros do proêmio se encheram de brilho e um sorriso, mostrando dentes amarelados e pontudos.

 -Não interessa! Isso paga nossa entrada? – perguntou Catherine se metendo na frente de Peter e Matthew, que antes estavam debruçados por sobre a bancada de mármore.

 -Sim, com certeza! – o homenzinho pegou rapidamente os cogumelos e os colocou em uma bolsa de papel.

 Ele nos entregou bilhetes grandes e brilhosos.

 -Divirtam-se! – sorriu ele, mais alegre, do que quando havia dito a mesma coisa para o casal da frente.

 Ninguém disse nada.            

 Matthew foi na frente, nos guiando por uma grande porta de ferro que deveria ter sete metros de altura.

 -Por que a porta tem que ser tão enorme? – perguntou Lara para Peter. Nem precisei abrir a boca, para que minha pergunta fosse respondida, o que era ótimo! Assim, Catherine não teria oportunidade de ficar brincando com minhas palavras.

 -Aqui também há brutamontes e, acredite, quando digo, que eles são enormes! – Peter deu ênfase em “enormes”.

 Passamos pela enorme porta fechada, e quando estávamos do outro lado, fui invadida por adrenalina ao ver feiticeiros, bruxos, proêmios e várias outras criaturas duelando e envolta várias criaturas, gritando e fazendo festa para seus favoritos.

 Sorri ao ver aquela explosão de cor e de pessoas, era um ambiente atraente e muito bonito.

 Tudo se passava ao ar livre, mas era cercado por um muro enorme.

 Não conseguia me concentrar em uma só batalha, era muita informação para absorver. Feiticeiros fazendo passos de dança para jogarem seus feitiços no inimigo, bruxos com suas varinhas enormes fazendo movimentos com as mãos, Nirhakianos conjurando suas serpentes, proêmios dando gritos abaladores e potentes para desmaiar os adversários, brutamontes somente pisando encima de seus inimigos e mostrando seus enormes dentes para nós. Era incrível!

 -Mel! – ouvi a voz de Lara no fundo de minha mente, e ao olhar, vi que estava tomada pela multidão e que se eu não os seguisse, eu me perderia. Corri até eles.

 -O que?! – gritei para que Lara pudesse me ouvir.

 -Aqueles são Thor e Rey! – apontou ela para um ringue onde dois bruxos estavam duelando.

 Realmente lindos! – pensei.

 Matthew me olhou e tentou disfarçar os ciúmes.

 Thor era muito musculoso, moreno, olhos completamente brancos, com calça, blusa e sapato negros, a não ser por um escudo em sua blusa de manga cumprida que falava que ele era um bruxo. Havia duas varinhas cruzadas, cabelos enrolados e castanhos.

 Rey era branco, com olhos completamente verdes, sardas no rosto, cabelos cor de fogo e com as mesmas vestes que Thor. Era uma luta bem... Interessante.

 Lara quase chorava ao gritar por Thor, que não a olhava.

 Suas varinhas mexiam-se graciosamente e rapidamente, eu mal podia ver o que eles faziam, somente a reação ao receber o feitiço.

 Eu não via mais Matthew, Catherine e nem Peter. Estávamos eu e Lara, vendo a batalha voraz de Thor e Rey.

 -Lara, onde estão os outros? – perguntei, olhando para todos os lados. Estava mais preocupada com Matthew e Peter do que com Catherine, sinceramente? Dane-se Catherine!

 -Devem ter ido ver outras batalhas. – disse ela, pouco se importando comigo. Ela estava mais preocupada com os músculos de Thor.

 -Vou ver se encontro algo para comer. – falei.

 Estava morrendo de fome e mesmo não sabendo onde eu estava realmente, precisava comer. Meu estomago estava dando voltas e voltas.

 -Ah! – disse ela mexendo em sua mochila. – Leve algumas pilas. – sorriu ela me dando algumas pedrinhas coloridas.

 -Pilas? – perguntei, olhando-as. Elas pareciam cristais.

 -Sim, é o dinheiro daqui. As verdes valem cinco, as rosas valem dez e as azuis valem vinte. – sorriu ela. – Me compra um suco de sangue achocolatado? – disse ela se virando para a batalha.

 O que ela tinha dito?! Suco de sangue achocolatado?! O que era aquilo?! – pensei, mas não quis interromper seus gritos histéricos, então comecei a andar procurando por comida e por aquela bebida estranha.

 Havia muita gente! Eu não conseguia ver por onde tinha que ir, até que vi umas barraquinhas em círculo. Deveria ser a praça de alimentação da arena.

 Fui até uma barraquinha, onde havia uma bruxa no comando. Havia muita fumaça saindo de lá, imaginei que ali houvesse comida.

 -Olá... – falei ao me aproximar da mulher, com o mesmo uniforme de Thor e Rey.

 A mulher se virou, era linda! Olhos completamente brancos, cabelos soltos negros caindo em cascata pelo busto com mechas vermelhas, rosto angelical, boca seca e rachada, mas ainda sim, bonita, nariz fino e uma varinha enorme em sua mão esquerda. Sua varinha era branca e deveria ter uns quarenta centímetros. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!