Favorito Ator escrita por VampireDay


Capítulo 4
Capitulo 3




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/232027/chapter/4

Edward acomodou-se diante do computador antes de apanhar o telefone.

— Edward Cullen falando — declarou ele, recostando-se na confortável poltrona de executivo.

— Oi, Eddie! É Alice.

— Tinha o pressentimento de que pudesse ser você — afirmou com secura na voz. Era o quarto telefonema dela na semana. Com certeza Alice conseguira se tornar uma das mais eficientes agentes literárias pelo fato de não dar a mínima trégua aos escritores.

— Conseguiu terminar o livro?

— Estou no último capítulo.

— O editor de Londres entrou em contato comigo outra vez e afirmou que se não tiver os manuscritos até o final desta semana, não terá condições de editá-lo a tempo de estar nas livrarias britânicas e norte-americanas, até o início do verão.

— Terminarei antes disso, Alice. Provavelmente hoje à noite.

— É Uma promessa?

— Eu já a decepcionei antes?

— Sei que não. Mas isso é porque eu não o deixo em paz. E, antes que me esqueça, meu telefonema tem mais uma finalidade, além da de cobrá-lo pelo trabalho. O jantar anual de prêmios literários será amanhã, à noite. Você é o mais cotado para receber o Golden Gun outra vez, portanto, não seria aconselhável faltar. Você irá?

— Com certeza. Nem que chovam canivetes!

Embora Edward não fosse fã de reuniões para premiações, dessa vez estava ansioso para comparecer. Havia semanas que estava trancado no escritório, sem o mínimo contato social de qualquer espécie. E, também, já se passara muito tempo desde a última vez que dormira com uma mulher. Fato que ficou evidenciado quando abriu a porta pela manhã e deparou-se com uma morena de "arrasar" no lugar da conhecida e simplória Angela. E, apesar do comportamento arredio que ela demonstrava, a mulher o fez recordar de que havia mais coisas na vida além de escrever.

Lamentava por Isabela Swan-Black ser casada! Edward notou a aliança na mão esquerda dela, assim que ela se apresentou.

— Ainda está ai, Eddie?

— Ah, desculpe, Alice. Divaguei por uns segundos.

— Espero que o pensamento tenha divagado para o último capítulo do livro — afirmou a Alice com ironia.

— Sem dúvida! — respondeu ele com uma ponta de sarcasmo.

Edward odiava últimos capítulos. Sempre havia uma tendência para terminar a história com um final feliz. Mas aquilo lhe parecia errado para a série de livros sobre o personagem Hal Hunter. Principalmente no estágio em que estava. Desta vez pretendia finalizar com alguma atitude menos honrosa. Afinal, não queria que os leitores considerassem o herói uma espécie de santo.

Edward sabia que a postura honesta e incorruptível de Hal Hunter era o que mais atraía os fãs. Talvez adorassem aquilo que a realidade de suas vidas não lhes permitia fazer, como a constante polidez e o senso apurado de justiça a qualquer preço.

— E, por falar no livro, acho melhor voltar ao trabalho.

— Tudo bem, Edward. Só quero lhe dizer mais uma coisinha sobre amanhã à noite. Desta vez, por favor, venha acompanhado de uma garota que aprecie livros!

Edward deu uma gostosa gargalhada.

A morena que ele levara no festival do ano anterior não tinha nada de inteligente. E ele nem mesmo notou isso no momento em que a conheceu na praia em Bondi Beach e a convidou para acompanhá-lo. O que lhe interessara na época fora como ela seria sem o biquíni. Porém, no final da noite o desapontamento com o comportamento dela foi tamanho, que o interesse inicial desapareceu por completo. Aponto de levá-la diretamente para a casa dela no final do jantar.

— Fique tranqüila, Alice. É provável que eu vá sozinho.

— É algo difícil de acreditar. Edward Cullen sem uma morena estonteante ao seu lado?

— Eu não saio somente com morenas! — Ele protestou.

— Sai sim — Alice reafirmou. — Do mesmo jeito que o seu herói Hal Hunter.

Ele ergueu as sobrancelhas com surpresa. Jamais percebera isso. De qualquer maneira, no momento não havia nenhuma morena disponível para acompanhá-lo. A não ser a bela mulher que limpava a cobertura naquele momento.

Mas isso só seria viável se ela não fosse casada.

Muitas pessoas consideravam Edward Cullen um mulherengo inveterado. Mas ele não se julgava dessa maneira. Pelo menos, com relação a mulheres casadas. Ele as considerava fora de cogitação, não importava o quanto fossem bonitas.

Por outro lado, Hal Hunter era obcecado por morenas. O famoso herói de seus livros jamais se importaria com o fato de Isabela Black ser casada ou não.

De repente, o último pensamento lhe deu uma grande idéia!

— Preciso desligar, Allie. Acabo de ter um insight para o último capítulo.

— Verdade?

— Sim. Vejo você no jantar de amanhã.

Edward desligou e voltou ao trabalho com ânimo renovado. Com um sorriso matreiro, colocou o herói em cena com a linda e morena camareira do hotel, que viera para trocar as roupas de cama. E, é claro, que era casada. Mas ela esqueceu-se disso e cedeu ao charme encantador de Hal. A garota sabia que ele a estava apenas "usando", porém a irresistível tentação dos beijos sedutores acabou por vencê-la. A jovem fora incapaz de dizer "não" ou impedi-lo de prosseguir no assédio.

Hal fez amor com ela diversas vezes e proporcionou-lhe prazeres que ela nunca experimentara antes. A última página descrevia a jovem vestindo-se e dando um beijo carinhoso na tatuagem no ombro direito de Hal. Ele nem se moveu. Parecia completamente adormecido. Ele não a desejava mais, e ela sabia disso. E, com um suspiro profundo, a morena deixou o quarto. Só então, Hal girou o corpo sobre a cama e procurou por um cigarro. Deu a primeira tragada e soltou a fumaça lentamente. Os olhos frios e indiferentes fitavam o vazio.

"Pronto", pensou Edward. "Está terminado". Copiou todo o texto em dois CDs e, após inserir um deles no computador, guardou o outro no compartimento secreto da última gaveta da escrivaninha. Prevenir-se era melhor do que remediar. E, mais tarde, revisaria o conteúdo do último capítulo antes de enviá-lo por e-mail para Londres. Contudo, estava certo de que não modificaria mais nada.

Estava certo de que ouviria um mundo de críticas do editor e reclamações sobre o comportamento grosseiro do herói. Entretanto, tinha certeza de que, após a tempestade, viria a bonança e sabia que a maioria dos leitores adoraria a inovação.

Só de imaginar a reação do pessoal de Hollywood, Edward riu baixinho. Mas eles não teriam alternativa. Ou aceitavam a história da forma como estava escrita ou teriam de desistir. Alice tinha feito um belíssimo trabalho com a divulgação dos livros lançados e até dos que ainda estavam por vir. Tinha feito, inclusive, um acordo com um escritório para transformar a série em filme. Porém, se o contrato fosse consumado, não poderiam mudar nada na história.

"Quem eles contratariam para contracenar no último capítulo?", perguntou-se mentalmente. "Com certeza uma mulher morena e esbelta. Contudo, sem nenhuma sofisticação ou exageros. Talvez alguém como Isabela Black..."

"Droga", ele praguejou. Essa mulher mexeu com meus hormônios! E, por um momento, até brincou com a idéia de fazer-lhe uma proposta indecente. Mas desistiu em seguida. Ele não era Hal Hunter. E jamais pensaria em seduzir uma mulher casada.

O mundo real era muito diferente do da ficção — os malvados deveriam sempre ter o castigo que merecem. No entanto passam a vida com os milhões de dólares que conseguem por meio da corrupção e os gastam com inúmeras amantes. Prejudicam o país onde vivem, massacram pessoas inocentes e raramente recebem a punição que merecem.

Ele deu um sorriso irônico. Não havia nada que pudesse fazer a respeito. E também não era culpado por isso.

Isso era o que a mente lhe dizia, mas não o coração. A sensibilidade apurada fora resultado das tristes experiências vividas no Exército. Apesar de não usar o uniforme há mais de seis anos, as recordações de tudo que testemunhara ainda o perturbavam. Por sorte, o sucesso alcançado com os livros lhe devolveu o prazer da vida.

"O que você precisa agora é de um bom descanso", falou para si mesmo e, erguendo-se, deixou o escritório.

Bella estava na área de serviço dobrando os lençóis e toalhas que deveriam ser lavados, quando pressentiu que alguém a observava de perto. Mesmo antes de girar a cabeça, já deduzira que deveria ser ele.

Com o ombro direito apoiado no batente da porta e os olhos verdes fixados nela, lá estava ele, como ela previra.

— Posso ajudar em alguma coisa? — Bella perguntou, aborrecida por sentir o coração ficar sobressaltado.

— Desculpe, não tinha a intenção de assustá-la ele reagiu bem-humorado. — Gostaria que incluísse meu escritório na lista de seus afazeres de hoje. Terminei o livro.

— Quer que o inclua na próxima faxina?

— Não poderia limpá-lo agora? Posso pagar uma taxa extra.

— Não se trata de dinheiro, senhor Cullen, e sim de tempo. Preciso sair às 14h30 para apanhar meu filho na escola.

— Ah! E não tem ninguém que possa buscá-lo em seu lugar?

— Infelizmente, não.

— Então, talvez pudesse voltar amanhã? O escritório não tem sido limpo por semanas. E, sinceramente, está uma bagunça!

— Sinto muito. Não poderei retornar amanhã — desculpou-se Bella, quase arrependida de não ter revelado que era a dona da Clean-in-a-Day e não apenas uma diarista contratada. Agora não seria conveniente fazê-lo, pois ele poderia estranhar o fato de ela não ter-se apresentado como tal, logo que chegou.

— Por que não? — insistiu ele. — Seu marido faria alguma objeção?

— Marido? Oh, não! Não sou casada.

— Mas está usando uma aliança na mão esquerda! — exclamou ele, exibindo rugas de surpresa na testa.

— Sou viúva.

Edward procurou dissimular a alegria que sentiu diante da revelação de Bella. O fato de ela ser viúva mudava completamente as regras do jogo.

— Mas é tão jovem! — ele exclamou, enquanto a mente já iniciava planos sedutores.

— Tenho 30 anos.

— Não é o que parece! Bella sorriu:

— Eu sempre aparentei ser mais jovem do que a idade tenho.

— E o que aconteceu ao seu marido?

— Morreu num acidente. Já faz cinco anos.

— Um acidente de carro?

— Não. Caiu do telhado da nossa casa.

— Que tragédia! Deve ter sido horrível para você!

— Realmente foi — confirmou Bella, com a voz pesarosa.

— Tem muitos filhos?

— Não. Apenas Seth. E ele já está com 9 anos.

"Nove!" exclamou Edward, em pensamento. Ela deveria ter-se casado muito jovem ou até mesmo ter engravidado antes de se casar. Ou talvez não. Ela não parecia ser o tipo de pessoa que permitisse uma gravidez "não planejada", concluiu.

— Então isso significa que o problema é seu filho? Não pode arranjar alguém para ficar com ele amanhã cedo?

— Não há ninguém de minha confiança que esteja disponível.

"Hum... nenhum namorado..." — ele deduziu, mentalmente. Ficou tentado a sugerir que ela trouxesse o garoto. Mas decidiu que estaria sendo precipitado. Edward era esperto o suficiente para saber que esse não seria o modo certo de abordar uma mulher como Bella. Como os companheiros de Exército costumavam dizer, ela parecia uma daquelas "princesas do gelo". Era necessário mais do que dinheiro para derreter o gelo do coração de alguém como ela. E, sobretudo, ser muito paciente.

— Está bem — concordou Edward com um charmoso sorriso. — Então, poderia limpar o escritório em vez de outro cômodo. Que não poderia ser a cozinha é claro. Acabei de passar por ela e parece "uma jóia"!

O elogio surpreendeu Bella. O que teria acontecido com o homem grosseiro e de poucas palavras? Talvez o fato de ter acabado de escrever o livro tenha lhe mudado o humor.

Entretanto, Bella já estava acostumada a ouvir comentários gratificantes quando terminava uma limpeza. E a cozinha da cobertura lhe proporcionara um prazer especial em arrumá-la. Nunca vira outra tão magnífica em toda sua vida! Os balcões eram feitos de mármore de primeiríssima qualidade; os armários em madeira clara e compactos e os acabamentos em aço inoxidável.

— Ainda não terminei de trocar as roupas de cama e nem lavei os azulejos da lavanderia.

— Então por que não deixa os azulejos e limpa o escritório?

Bella deu uma espiada ao redor e concluiu que não poderia deixar de lavá-los. Não se sentiria bem em deixar um trabalho inacabado. Por outro lado, não desejava precisar voltar no dia seguinte. Mas havia algo em Edward Cullen que realmente a perturbava. E ela não saberia dizer exatamente o que era.

— Bem, quem sabe se eu me apressar possa dar conta dos azulejos e do escritório? — insinuou ela, erguendo os olhos para o relógio de parede.

— Ainda tenho uma hora.

Edward mal podia acreditar no que seus olhos viam, quando Bella começou a trabalhar.

A agilidade dela era tanta que ele imaginou que, se houvesse uma competição de limpeza, com certeza ela seria vencedora.

Faltando dez minutos para às 14h, a área de serviço estava limpa e brilhando. Dali ela seguiu para o escritório dele com o aspirador de pó e um pano de limpeza nas mãos.

Não houve sequer uma única oportunidade para Edward conversar com ela. Era só trabalho, trabalho e mais trabalho. As chances de convidá-la para acompanhá-lo no jantar do dia seguinte pareciam perdidas. E o pior era que ele nem mesmo tinha certeza de que ela concordaria.

Não a vira demonstrar nenhum sinal de interesse nele. O que para Edward era uma grande surpresa. A maioria das mulheres costumava achá-lo atraente.

Talvez ela tivesse um namorado, afinal. Ou, fluem sabe, ele não fosse o seu "tipo".

O derradeiro pensamento o aborreceu. Porém, não havia muito que pudesse fazer. Se ela não se encantou com ele.

Dando de ombros, ele seguiu para a cozinha e serviu-se de uma xícara de café. Com a intenção de saboreá-lo na varanda, Edward estava a ponto de dar o primeiro passo quando Bella apareceu no vão da porta:

— Você é Antony Masen? — perguntou com um tom alarmado.

— É o nome que uso nos meus livros.

— Oh! Não!

Edward ficou confuso com a exclamação dela. Não sabia se aquilo significava algo positivo ou não. Pelo menos ficou contente com o interesse que ela parecia demonstrar.

— Por acaso leu algum dos meus livros?

— Todos eles!

— E o que achou?

— Adorei!

Que ótimo, pensou ele. Pelo menos Antony Masen a agradava. Ou talvez Hal Hunter fosse o responsável pelo brilho excitante que presenciou nos olhos castanhos de Bella.

— Bem. Uma vez que agradou "os ouvidos" deste autor, por que não toma um café comigo?

— Ainda não acabei a limpeza do escritório. Na verdade, mal comecei. Quando vi seus livros nas prateleiras... eu...

— Esqueça o escritório — ele a interrompeu, animado com aquela revelação. — Prefiro ter o meu ego adulado. Como gosta do café?

— C... como? Ah... puro e sem açúcar — ela conseguiu responder, embora meio sem graça.

— Estou vendo que sabe como apreciar um verdadeiro café! — Exclamou ele com um sorriso satisfeito. — E, agora, não quero ouvir mais nenhuma desculpa. Afinal, o patrão aqui sou eu — acrescentou em tom jocoso.

Edward reparou que Bella não gostava de receber ordens ou não terminar o trabalho, mas diante de tanta insistência, acabou cedendo e o acompanhou até o terraço. E ocuparam a mesa oval de ferro pintado de branco, sentando-se em lados opostos.

Edward teve o cuidado de não afastar-se do assunto dos livros para não intimidá-la. E ficou surpreso com a inteligência e a perspicácia que notava a cada observação que ela fazia. Era uma pena que estivesse desperdiçando tanto talento intelectual em limpeza de casas.

Quando ele percebeu a inquietude dela, consultando o relógio de pulso diversas vezes, sentiu que era o momento decisivo. Se a deixasse ir, ela poderia não retornar no dia seguinte. E, na outra semana, seria Angela quem compareceria para efetuar a faxina na cobertura.

— Amanhã à noite eu precisarei comparecer à solenidade anual para entrega de prêmios literários, que será feita durante um jantar em Sidney. Fui informado de que um dos meus livros está bem cotado para receber o Golden Gun como melhor suspense do ano.

Lisa repousou a xícara sobre a mesa.

— É mesmo? Qual deles?

The Kiss Of Death.

— Oh, você vencerá! É um ótimo suspense.

— Obrigado, é muita gentileza de sua parte. Estava me perguntando se você não gostaria de me acompanhar ao jantar.

Edward já tinha testemunhado as mais diversas reações das mulheres que convidava para sair, mas nenhuma se comparava à maneira como Bella o olhava espantada. Parecia até que ele tinha pedido para que se despisse na frente dele!

— Se isso significa um encontro comigo, devo preveni-lo de que não aceito esse tipo de convite.

Edward não conseguia entender a recusa de uma mulher jovem, bonita e viúva há muitos anos. E, pelo que pudera notar antes, não tinha nenhum namorado.

— Posso saber a razão?

Ela levantou-se de repente e empinou o nariz.

— Motivos particulares.

Edward também se ergueu e a encarou:

— Não pode me condenar pela curiosidade. E, também, por ficar desapontado. Estava apreciando sua companhia e imaginava que fosse recíproco.

Bella ficou embaraçada pela sutileza encantadora dele.

— Bem... eu também adorei nossa conversa, mas...

— Então aceite o convite para jantar comigo.

Ela hesitou por um momento. Depois sacudiu a cabeça com vigor.

— Sinto muito. Não posso.

Não posso pelo menos era uma razão melhor do que a declaração ridícula de que não aceito esse tipo de convite, analisou Edward. Talvez não tivesse com quem deixar o filho, ou não tinha dinheiro suficiente para contratar os serviços de uma babá para sair à noite. Mulheres que costumam trabalhar como diaristas, enquanto os filhos estão na escola, não costumam ganhar muito. Talvez a razão também fosse por não possuir um traje adequado. Apesar dela estar bem arrumada, Edward sabia muito bem que um vestido de noite não era algo barato.

— Eu poderia pagar pela babá e pelo vestido, se for o caso. — Ele ofereceu.

Bella o fuzilou com os olhos:

— Tenho o suficiente para pagar por uma babá e também por um vestido de noite. — E, indignada pela afronta, resolveu revelar-se: — Para seu conhecimento, senhor Cullen, não sou uma diarista contratada pela Clean-in-a-Day, sou a proprietária da agência.

— É mesmo? Então por que não disse logo? Por que fingiu ser apenas uma mera faxineira?

— Mera faxineira? O que há de tão ruim em trabalhar na limpeza de casas? É um trabalho honesto e digno como outro qualquer.

— Desculpe. Você está certa. Não pretendia desmerecer a profissão. Apenas me expressei mal.

— É isso mesmo! Como também não deveria tentar me comprar. Talvez isso seja comum no meio em que vive, mas não funciona no meu mundo!

— Eu não estava tentando comprá-la!

— Estava sim! — exclamou Bella cruzando os braços na frente do peito e lançando-lhe um olhar fulminante. — Não se finja de inocente, porque não sou tão ingênua!

Edward experimentou uma sensação de frustração como não sentia há muito tempo:

— Por que não recolhe as garras por um momento e me escuta? Eu não pretendia comprá-la, apenas tentava descobrir os motivos pelos quais estava recusando meu convite. Não posso aceitar o fato de uma mulher jovem e bonita se recusar a aceitar um convite apenas porque não deseja se envolver com nenhum homem.

— Pois está errado. Eu decidi não namorar mais ninguém após a morte do meu marido.

— Mas isso não faz sentido! A maioria das mulheres que ficam viúvas, ainda jovens, acabam casando outra vez. Como espera conhecer alguém se trancar-se em casa e nunca aceitar um convite para sair?

— Eu não vivo trancada em casa. E não tenho a mínima intenção de me casar outra vez.

Edward percebeu a ênfase que ela deu para a palavra mínima intenção. E, somando-se ao tom de voz áspero, era provável que o assunto não a agradasse nem um pouco. - Como lhe dissera uma vez um companheiro de Exército viúvo, havia apenas duas razões para uma mulher não desejar se casar novamente: ou teria sido muito feliz com o primeiro marido e acreditava não encontrar outro homem que o substituísse, ou, fora tão infeliz que teria medo de arriscar-se outra vez.

Edward ainda não sabia muito sobre Bella para arriscar um palpite.

— Está certo. Concordo com seu direito de escolha. Eu mesmo não quis me casar nem mesmo uma vez. Mas, às vezes, não se sente solitária?

Um suspiro frustrado escapou dos lábios dela no mesmo momento em que descruzava os braços.

— Solidão não é a pior coisa do mundo — atestou ela.

— Para mim é uma das piores. — confessou ele. E por essa razão sempre procurava manter-se ocupado. No inverno gostava de esquiar e no verão, surfar. E, quando não, forçava-se a escrever o mais que podia. Até com verdadeira obsessão. — Apenas me dê uma boa razão para evitar a companhia de um homem e prometo não tocar mais no assunto.

— É simples. Quando uma mulher aceita um convite de um homem para jantar já espera que ele não se contente com um simples beijo de despedida quando a leva de volta para casa. E eu não gostaria que quando meu filho acordasse pela manhã, deparasse com um estranho na nossa mesa do café-da-manhã. Mesmo que eventualmente eu sinta um pouco de solidão, o mais importante é dar ao meu filho um bom exemplo de padrão moral.

Edward ficou impressionado, mas não totalmente convencido. Achava que havia algo mais que ela não desejava revelar. O que era compreensível dado o recente conhecimento entre eles. Porém, se conseguisse convencê-la a aceitar o convite, talvez descobrisse o mistério que envolvia a princesa do gelo.

— E se eu prometer que não esperarei mais do que um beijo de despedida, como despedida?

Ele podia notar que ela ficou seriamente embaraçada. E, por que não dizer tentada1? Estava claro nos olhos dela a vontade de aceitar.

— Sinto muito — respondeu ela após um breve período de hesitação. — Minha resposta ainda é não. E, agora, se me permite, preciso ir. Já estou atrasada para buscar meu filho na escola.

Edward não a impediu de sair. Inclusive a lembrou do pagamento da diária que estava sobre o balcão da cozinha, que ela ia se esquecendo de apanhar. Pelo menos ela tinha se entusiasmado pelo fato de ele ser o autor dos livros que tanto admirava. E ele tinha certeza de que ela acabaria dizendo um sim. Se não fosse para ele, seria para Antony Masen. E isso não importava, já que se tratava dele mesmo. O importante é que aceitasse acompanhá-lo ao festival.

Sabia que havia anotado o número do telefone da Clean-in-a-Day em sua agenda. Ligaria para ela mais tarde e pensaria em novos argumentos para fazê-la mudar de idéia.

Edward não era homem de aceitar um "não" como resposta!

Kika Cullen


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Favorito Ator" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.