Favorito Ator escrita por VampireDay


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Está ai o primeiro capitulo... espero que gostem... não se esqueçam das reviews para dizer o que acharam



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/232027/chapter/2

— Como se as pessoas agissem assim na vida real! — exclamou Bella com um riso debochado e sonoro, enquanto assistia a um casal despindo-se na tela da tevê. No mesmo instante alcançou o controle remoto.

Se havia algo que ela não suportava eram cenas de sexo "quase explícito" exibidas nos filmes. Embora ela não pudesse ser considerada uma espectadora assídua desse tipo de filme, tinha absoluta certeza de que as pessoas comuns não faziam sexo da maneira como era mostrado por Hollywood.

Ficou literalmente paralisada quando viu o homem erguer a mulher, que agora estava seminua, e, depois de acomodá-la no balcão, submetê-la a estocadas eróticas. Pelo menos era o que se podia presumir, embora as câmeras estivessem focalizando as feições contorcidas das faces dos artistas. Porém, quando começaram os uivos e gemidos, ela pressionou com firmeza a tecla do controle que desligava a tevê. Já havia visto asneiras suficientes para uma noite! O melhor era subir e ver se Seth já havia adormecido. Passava das nove da noite e amanhã seria dia de escola.

Bella estava no alto da escada quando o telefone tocou. Que droga!, pensou ela, enquanto apressava-se em galgar os últimos degraus. No caminho para sua suíte, aproveitou para dar uma rápida espiada no quarto do menino. Ficou feliz ao ver que Seth dormia profundamente.

Após entrar no próprio quarto, preocupou-se em trancar a porta para não correr o risco de acordar o filho, só então atendeu o telefone.

—Alô! — exclamou Bella em tom carinhoso na certeza de que seria a mãe quem ligava em horário tão tardio. Todas as suas amigas eram casadas e com filhos pequenos, portanto, provavelmente estariam ocupadas demais para qualquer tipo de bate-papo naquele horário.

— Olá, Bella! — murmurou uma voz feminina do outro lado da linha. — Sou eu, Angela.

— Oi, Angela! O que aconteceu?

— Torci o tornozelo! Escorreguei na rampa da garagem. E agora estou aqui no sofá da sala com meu pé enfiado numa bacia com água gelada há séculos! — Lamentou-se a mulher com a voz desconsolada. — E da maneira como está inchado, não acredito que conseguirei fazer a faxina no apartamento do sr. Edward Cullen, amanhã.

Bella franziu o cenho.

Edward Cullen era um dos seus mais novos clientes. E fora Jessica, sua assistente e contadora, quem o atendera, enquanto Bella estava com Seth desfrutando de um cruzeiro no sul do Pacífico, durante o recente período de férias escolares. Tratava-se de um homem solteiro que possuía uma cobertura tão imensa em Terrigal que as diaristas precisavam ter muita prática para conseguir realizar uma limpeza completa em apenas um dia. Ele também desejava que as roupas de cama e banho fossem trocadas. O serviço básico que lhe fora oferecido duraria cerca de quatro horas e incluía a limpeza de todos os aposentos com exceção das janelas e lavagem das roupas. O serviço de lavanderia consumia tempo demais e a limpeza das janelas era perigosa. Contudo, ele convencera Jessica a encontrar alguém que se incumbisse desse serviço extra. E essa pessoa era justamente Angela, que dedicava uma hora a mais para limpar as janelas e levava as roupas para lavar em sua própria casa.

— Sinto muito por deixá-la "na mão" no último minuto, Bella!

— Não se preocupe, Angela. Arranjarei alguém.

— Em uma sexta-feira?

Bella sabia bem o motivo do pessimismo de Angela. As sextas-feiras eram os dias mais requisitados pelos clientes. Todos desejavam suas residências limpas para o fim de semana. E a maioria das diaristas já estava comprometida para esse dia.

Contudo, Bella tinha alguns nomes para quem poderia ligar em caso de necessidade, porém tratava-se de mulheres que não haviam sido treinadas por sua agência e talvez não fizessem a limpeza como seria o desejado. E de alguma forma o mau desempenho poderia prejudicar a boa fama de sua empresa.

— Não se preocupe. Se for preciso eu mesma farei a faxina. E, Angela...

— Sim?

— Não fique estressada por causa do dinheiro. Você receberá sua parte.

— Está brincando?

— Não. Eu sei do momento difícil pelo qual está passando.

O marido de Angela deixara aquilo muito claro para Bella, algumas semanas antes. Por isso ela sabia o quanto Angela necessitava da sua parte na faxina.

— Isso não seria justo! — exclamou, comovida.

— Ora, Angela, por favor! Não vá começar a chorar! — pediu Bella fingindo severidade. — Você vai apanhar as crianças amanhã?

— Sim...

— Então eu lhe darei o dinheiro quando chegar ao colégio.

— Oh, Deus! Nem sei o que lhe dizer!

— Então não diga nada. Principalmente para as outras diaristas. Não posso ganhar a fama de "coração-mole", porque elas vão querer tirar vantagens.

Angela riu em voz alta:

— Isso jamais aconteceria. Todas sabem o quanto você costuma ser rigorosa no trabalho.

— Já me disseram.

—Você gosta das coisas muito bem-feitas. E às vezes isso pode até parecer intimidador!

— Bem, eu sou o que sou.

Bella já ouvira muitas críticas antes. Das amigas, da mãe e até do marido, quando era vivo...

Jacob queixava-se constantemente do comportamento compulsivo de Bella em manter todas as coisas em perfeita ordem: a casa, o jardim, o bebê, e tudo o mais.

"Por que não tenta ser um pouco mais maleável?" Ele vivia lhe dizendo. "Não se parece nem um pouco com sua mãe! Ela é uma pessoa tão tolerante... imaginava que todas as filhas se parecessem com as mães!".

Bella, porém, sentia-se apavorada só de pensar em parecer-se com a mãe. E, apesar das críticas de Jacob, ela acreditava que realmente gostava de ser como era.

— A propósito, eu não estou com as chaves do apartamento do sr. Cullen — revelou Angela, interrompendo os devaneios de Bella. — Mas ele sempre está em casa às sextas-feiras. É só apertar o botão da cobertura na entrada de segurança do prédio.

Bella mordeu o lábio inferior com um sentimento de contrariedade. Detestava ter o cliente por perto enquanto fazia a limpeza.

— Parece que ele é escritor — acrescentou Angela. — Por isso trabalha em casa.

— Ah!...

— Mas não precisa se preocupar, ele não costuma incomodar. Permanece a maior parte do tempo no escritório. Apenas sai para preparar um café. E, antes que eu me esqueça, devo preveni-la de que ele não quer que limpe o escritório dele e nem mesmo que entre lá. O sr. Cullen deixou isso bem claro para mim, logo no primeiro dia.

— Por mim, tudo bem. É um aposento a menos para limpar.

— Foi o que também pensei.

— Será que terei problema para estacionar meu carro? — Bella quis saber.

Terrigal era um dos lugares mais procurados pelos habitantes da cidade de Sidney, tanto pela proximidade — ficava apenas a meia hora de distância —, como pela beleza das praias, cafés e shoppings, além de um majestoso hotel cinco estrelas. O grande problema era conseguir vagas para estacionar.

— Há vagas para visitantes nos fundos do prédio. Você tem o endereço, não tem? É só seguir a avenida principal. O edifício fica logo depois do Crowne Plaza.

— Não parece difícil. Pode deixar que eu o encontrarei — afirmou Bella. E, a seguir sugeriu: — Agora, acho melhor desligarmos. Cuide do tornozelo e eu vou procurar dormir o máximo possível para poder estar disposta logo pela manhã. — Bella sabia que teria de dirigir por cerca de 15 km e antes disso, precisaria deixar Seth na escola às 9h em ponto. — Vejo você no colégio às 15h, amanhã. Cuide-se.

Bella desligou e apressou-se em voltar para o andar térreo, imaginando, enquanto descia, tudo que precisava anotar. O que deveria vestir, o que levaria de lanche e outras coisas mais.

Enquanto escrevia numa folha de papel sobre a mesa da cozinha, o pensamento divagou: uma cobertura num prédio em Terrigal deveria custar uma fortuna. Edward Cullen deveria ser um homem muito rico. Um escritor, foi o que Angela dissera. Mas, para ter tanto dinheiro só poderia ser um escritor de muito sucesso! Ou, talvez não. Quem sabe não seria um daqueles tipos que herdam uma fortuna e escrevem romances apenas por hobby?

Ao imaginar se Cullen seria um homem bonito, repreendeu-se severamente. O que lhe interessava a aparência dele? Afinal, não tinha o mínimo interesse em envolver-se com quem quer que fosse. Ao contrário, queria distância de relacionamentos. Permitir que um homem entrasse em sua vida significaria ter de fazer amor. E a verdade era que Bella não desejava isso. E nunca desejou. Não que achasse repulsivo, porém, considerava muito íntimo. Durante seu casamento, costumava fingir o que na realidade não sentia. Ela sempre fora muito recatada, desde a adolescência, e com apenas 19 anos ficara noiva de Jacob. E somente após o noivado teve sua primeira relação sexual. O que correra apenas porque sabia que perderia Jacob se demonstrasse sua frieza em relação ao sexo. Apesar de ele perceber que Bella era muito tímida, imaginava que com o tempo a relação se tornaria mais ardente. Contudo, aquilo nunca acontecera. E, após o nascimento de Seth, até pioraram. Por isso não era surpresa que ela não tivesse engravidado uma segunda vez.

A morte trágica e repentina de Jacob, aos 28 anos, a deixou tremendamente chocada. Na época, com apenas 25 anos, Bella teve de enfrentar a dura realidade de arcar, sozinha, com a responsabilidade da família. Embora a seu modo, ela o amava muito. E, por isso, tomara a decisão definitiva de não se casar uma segunda vez. Não queria sentir-se "culpada" por algo que não conseguia controlar. Ela sabia que jamais conseguiria forçar-se a um contato físico mais íntimo. Assim, a única solução viável seria manter-se em eterno celibato. E isso às vezes a fazia sentir-se solitária.

E, ultimamente, a sensação de vazio estava se tornando cada vez maior. O que era muito estranho, porque ela se mantinha ocupada no trabalho a maior parte do tempo.

E, além disso, o filho requeria sua presença constante. Fosse para passeios, trabalhos de escola ou para assistir às suas competições esportivas.

Contudo, à noite, após Seth ir para a cama, a solidão pesava. Bella sentia falta de alguém com quem pudesse conversar ou assistir à tevê.

Seu único refúgio era a leitura. Adorava livros! Principalmente os de suspense. Gostava da maneira como a trama a fascinava, arrebatando-lhe a mente para muito além de sua constante rotina. No momento se interessava por uma série de dramas de ação escritos por Anthony Masen, um autor australiano. Ela nunca havia lido nada semelhante! Eram apaixonantes demais! E, em pouco tempo, Bella simplesmente "devorou" os cinco volumes da série!

Infelizmente, ao fim da leitura, precisou emprestá-los à mãe, que não lhe daria sossego enquanto não os lesse também. Afinal, eram a sensação do momento. Todos na cidade comentavam sobre as aventuras do famoso herói da trama literária. E o novo livro que adquirira, de outro autor, parecia ser insípido se comparado aos que terminara de ler. Além de monótono. O que significava que não teria o mesmo entusiasmo de ir para a cama à noite e mergulhar no fantástico mundo de "Hal Hunter", que a entretivera nos últimos meses. E quando Bella não tinha nada de interessante para ler antes de dormir, o sono custava-lhe a chegar. Aquela parecia ser uma dessas noites.

"Fazer a limpeza na cobertura pela manhã seria muito bom", ela dizia para si mesma, enquanto fechava a porta do banheiro. "Pelo menos a deixaria cansada."

No mesmo instante em que escovava os dentes, imaginou se não seria melhor ligar para Edward Cullen e avisá-lo da mudança ocorrida. Não seria ético fazer isso somente quando chegasse a seu apartamento no dia seguinte, analisou.

Após terminar a higiene, dirigiu-se para o quarto, nos fundos do corredor, que transformara em escritório quando iniciara a atividade de contratar diaristas para realizar faxinas em casas e apartamentos da região. O recinto não era muito amplo, porém era grande o suficiente para abrigar a escrivaninha e o computador. Só precisou de segundos para ter em mãos o cadastro dele, bem como seu telefone e endereço.

Bella discou o número desejado, reclinando-se na poltrona, enquanto aguardava pelo atendimento.

Após várias chamadas uma voz grave e áspera respondeu:

— Alô!

— É o sr. Cullen? — Lisa perguntou no melhor tom de formalidade que conhecia.

— Sim, sou eu. E quem é você?

— Meu nome é Bella, sr. Cullen. Bella Swan-Black. Sou da...

— Não precisa continuar, jovem! — ele interrompeu. — Sei que dirá que está apenas fazendo seu trabalho, mas devo avisá-la de que estou farto de receber telefonemas dia e noite. O número que discou é minha linha particular e a reservo apenas para chamadas pessoais. Não estou interessado em comprar nada. E, se precisar de algo, sei muito bem onde encontrar. E também não gosto de comprar pela internet. E se tratar-se de algum tipo de pesquisa, prefiro que deixe para a próxima semana. Estou muito ocupado no momento. Será que fui claro?

"Como água", pensou Bella, com um misto de surpresa e frustração. Ela mesma detestava esse tipo de telemarketing que também a deixava furiosa e, muitas vezes, costumava atender com a mesma grosseria, quando recebia telefonemas tarde da noite. Porém, quando pensava em explicar-se e dizer o que realmente queria, ouviu o som do aparelho sendo desligado.

"Que desaforado! Desligou na minha cara!". Ela ficou indignada e bateu o fone no receptor. Por alguns minutos ainda permaneceu com os cotovelos repousados nos braços da poltrona e os dentes cerrados. Jamais, em toda a sua vida, alguém a tratara dessa maneira. Muito menos desligando dessa forma!

De acordo com a educação que recebera, considerava que os homens sempre deveriam ser gentis com as mulheres, não importava quem fosse. E, pelo jeito, esse homem não passava de um grosseiro mal-educado!

O que deveria fazer agora? Pensou. Se tentasse falar com ele novamente, seria provável que recebesse o mesmo tratamento anterior. Observou que em seu cadastro não constava e-mail dele. Pelo que percebia deveria ser daqueles homens excêntricos que não gostava de computadores ou internet. Mas, se era escritor, como poderia não fazer uso da internet? Seria possível que escrevesse seus livros à moda antiga com papel e caneta?

Notou, todavia, que constava um número de fax. Talvez devesse lhe enviar uma mensagem. Porém, algo dentro dela se rebelou e resolveu não dar satisfação a alguém tão grosseiro.

Preferiu apresentar-se no dia seguinte e assistir com grande prazer à sua expressão de arrependimento, ao se dar conta de ter tratado tão mal alguém que estava apenas atendendo aos interesses dele.

Kika Cullen


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Favorito Ator" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.