Speechless escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 65
Capítulo 65


Notas iniciais do capítulo

Olá, lindos!
Capítulo de hoje dedicado para a linda da Nathy Evans que preencheu meu dia de alegria com uma recomendação super fofa! Obrigada, de coração ♥
Enjoy



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POV Gina

—O que você acha da Dinamarca? - Harry perguntou do outro lado da sala, desviando minha atenção de alguns processos novos que haviam chegado ao departamento mais cedo.

—Não vou opinar, amor. Já disse. - Reafirmei minha posição referente ao destino da nossa viagem de férias.

—Chata. - Xingou casualmente, sem alterar o tom de voz.

—Obrigada. - Respondi da mesma maneira.

Trabalharíamos só pelas próximas duas semanas, e Harry queria ficar apenas o primeiro dia de férias em casa para terminar de arrumar as malas e embarcar em seguida. Eu aceitei viajar com ele, mas me neguei a escolher os destinos, como ele sugeriu.

Desde que Ron se mudou, quatro dias atrás, eu venho bravamente resistindo ao antigo trauma de ficar sozinha em casa e, fora o dia em que meus pais foram embora, não dormi nenhuma vez na casa do meu namorado.

Embora no primeiro dia eu tenha morrido de vontade de pegar o carro e ir correndo para lá, assim que apaguei a luz.

As aulas estavam no fim e eu me preparava, com muita satisfação, para iniciar o último ano de faculdade, o que eu esperava que me trouxesse maiores e melhores oportunidades profissionais.

—Harry, você pode me ajudar com isso aqui rapidinho? - Pedi, quando cheguei a uma parte da análise que dividiu minha opinião.

—Claro, o que é? - Respondeu já empurrando a cadeira para trás e se levantando para vir até mim.

Antes que ele chegasse ao destino seu celular tocou e ele sinalizou, pedindo para que eu esperasse um minuto, antes de levar o telefone ao ouvido. Ele me pareceu bem surpreso ao cumprimentar a pessoa que o chamava, e eu ouvi com mais atenção enquanto ele dizia que estava disponível e anotava em um papel qualquer um endereço que eu não pude identificar de onde estava.

—Ok, estarei lá. Obrigado pelo contato. - Se despediu antes de colocar o aparelho onde estava inicialmente e só então vir até onde eu estava.

Ele caminhou sorridente em minha direção e eu fiz minha melhor cara de “não estava prestando atenção na sua conversa”.

—Não vai perguntar aonde eu vou amanhã? - Questionou malicioso, já ao meu lado.

—Não sou curiosa. - Respondi orgulhosa, sem desviar os olhos do papel, e ele riu alto.

—Então não vou contar. - Disse por fim, se debruçando sobre meus ombros e apoiando as mãos na minha mesa. - O que você precisa?

Mantive minha postura tempo suficiente para pedir a ele que me ajudasse com uma compreensão e, aproveitando sua presença, que assinasse três documentos para mim.

—Obrigada. - Agradeci enquanto ele voltava ao seu lugar.

—Não por isso. - Contestou, educado como sempre.

—Ok, talvez eu seja um pouquinho curiosa. - Me rendi quando percebi que ele não me contaria espontaneamente. - Aonde você vai amanhã?

Ele riu no início, mas não se negou a me dizer.

—Na National Exports.

—O concorrente? - Estranhei sua resposta, embora eu soubesse sobre quem ele estivesse falando.

—Sim, eles querem me entrevistar para o cargo de direção financeira da empresa. - Comentou baixinho, mesmo que estivéssemos sozinhos, mas com um ar visivelmente empolgado e um sorriso enorme estampado no rosto.

—Uau! - Exclamei, sendo contagiada por sua felicidade. - Parabéns, amor.

—Não me parabenize ainda, isso dá azar. - Me repreendeu e eu ri da superstição boba em que nem ele acreditava.

—Então boa sorte.

—Obrigado. - Agradeceu e sorriu de novo para mim. - Por enquanto vou voltar ao planejamento da nossa viagem, que é certeza.

—Você não vai trabalhar, não? - Questionei, voltando a minha imersão em papeis.

—Não, você já está fazendo isso. - Disse simplesmente, ainda lendo uma página com dicas de viagens, e me fazendo rir.

—Preguiçoso.

—Não fale assim, mocinha, ainda sou seu chefe. - Repreendeu em tom de piada, mas eu revirei os olhos ironicamente ainda assim. - O que acha da Dinamarca? - Insistiu na pergunta.

—Legal. - Respondi sem levantar os olhos do que estava lendo.

—Você disse o mesmo da Croácia, República Tcheca, Alemanha e Bélgica. - Reclamou inconformado.

—Não conheço nenhum, então todos serão legais. - Dei de ombros, como uma explicação, e ele voltou ao que estava fazendo.

Segundos depois quebrou o silêncio novamente:

—Onde vamos almoçar?

—Pode ser no restaurante aqui na frente mesmo, ou em algum outro que você queira ir. - Opinei, soltando os papeis sobre a mesa. - Podemos ir agora? Estou cansada de ler isso aqui.

Ele concordou e saímos juntos pelo mesmo caminho de sempre. As coisas mudaram um pouco na empresa nos últimos tempos. A secretária, Romilda Vane, por exemplo, há alguns meses já não trabalhava mais conosco e Luna, minha melhor amiga na faculdade, ocupava agora o cargo para que eu a tinha indicado, no departamento de finanças internas.

Nosso relacionamento há muito já era considerado normal por quase todos, mas a esse time agora se juntava nosso chefe, o Sr. Black, que não nos via mais como dois jovens curtindo a paixão repentina de verão sem se preocupar com as consequências, mas sim como um casal cuja vida pessoal em nada atrapalhava seu trabalho.

Nesse dia a noite não fui para minha casa, a pedido de Harry, que pediu minha ajuda para revisar alguns documentos pessoais e o próprio currículo, que ele deveria levar em sua entrevista, e ele me confidenciou que seria ótimo que isso desse certo, porque por mais que ele adorasse trabalhar ao meu lado eu sempre seria vista como a “namorada do chefe”, e isso o incomodava. Eu também já havia pensado nesse assim, mas fiquei feliz que tenha sido ele a abordá-lo.

No dia seguinte nos despedimos ainda em casa e eu desejei sorte antes que ele saísse, alguns minutos antes de mim. Assim que ele chegou à empresa, já bem próximo do horário de almoço, me contou que a entrevista foi indefinida e ao mesmo tempo promissora, e eles enviariam a resposta, sendo ela positiva ou negativa, apenas após as festas de fim de ano, o que não comprometeria nossa viagem.

Voltando novamente ao planejamento do nosso destino, Harry decidiu por fim dividir nossos vinte dias de férias entre os cinco países para os quais eu tinha opinado “legal”, pois nenhum de nós dois os conhecia e seria interessante explorar novos ares juntos.

Ron e Mione voltaram da Malásia três dias antes de embarcarmos para Oslo, nossa primeira parada, e gastamos esses últimos dias entre fazer nossas malas e ajudá-los a levar todos os presentes espalhados para a casa nova.

Na noite em que chegaram, jantamos todos juntos pela primeira vez no novo lar, e eles aproveitaram a oportunidade para entregar todos os presentinhos de viagem que trouxeram para nós e mostrar as coisas que compraram para eles próprios, algumas delas para deixar a casa ainda mais a cara deles.

Na manhã para a qual nosso primeiro vôo estava agendado Ron precisou trabalhar, mas minha cunhada tirou algumas horas para nos levar ao aeroporto com mais conforto, sem precisar arrastas as malas por todo o trajeto. Embarcamos sem atrasos e apenas algumas horas depois eu já estava maravilhada com as novas paisagens que se estendiam à nossa frente.

Como ele tinha previsto, sem o trabalho para nos preocupar e com vinte dias livres sozinhos, foi uma viagem incrível por lugares lindos e marcantes. Passamos o natal em Berlim, vimos a virada do ano em Bruxelas, nos perdemos algumas vezes e rimos muito tentando achar os caminhos de volta para o hotel. Voltamos para casa um dia antes das férias acabarem e com milhares de fotos como recordação.

—Obrigado, Mione. - Harry agradeceu quando ela parou o carro em frente ao meu prédio. - Não quer mesmo subir?

—Não, obrigada. Ron chega daqui a pouco e vocês com certeza estão cansados. - Recusou enquanto eu colocava minha mala na calçada.

—Obrigada, Mi. - Agradeci também, dando a ela um beijo e um abraço rápido.

Esperei Harry fazer o mesmo e entramos assim que ela arrancou com o carro. Subimos pelo elevador em um silêncio confortável e eu abri a porta enquanto ele segurava nossas malas. Esperei ele entrar na frente carregando as coisas antes de me jogar deitada no sofá mais próximo.

—Cansada? - Ele perguntou se deitando em cima de mim.

—Sim, muito. Dormimos muito pouco durante esses dias.

—Assim que é bom viajar. - Argumentou e deitou a cabeça no meu pescoço.

—Eu adorei. Foi tudo maravilhoso, obrigada! - Agradeci pelo que me parece ser a décima vez.

Ele só murmurou algo que não entendi e enterrou a cabeça no meu pescoço novamente, em silêncio por alguns segundos.

—Estou com preguiça de ir para casa. - Comentou um tempo depois enquanto eu deslizada meus dedos suavemente por baixo da sua camiseta, em um carinho que ele sempre gostou.

—Dorme aqui. - Convidei mais como uma determinação do que como uma pergunta.

—Vou mesmo. - Confirmou se deitando do meu lado. - Amanhã vou embora a tarde para desfazer as malas.

—Odeio quando você vai embora, principalmente depois de tantos dias dormindo juntos. - Lamentei.

—Eu também, porque não tem nada fofinho para eu abraçar. - Confirmou.

—Não sou fofinha, só para constar! - Afirmei com o dedo em riste, e ele riu.

—Acho que essa semana recebo a resposta da minha entrevista de emprego. - Harry comentou em seguida, brincando com a barra da minha camiseta.

—Eu estou triste e feliz por isso.

—Por que? - Quis saber.

—Porque eu sinto que dará certo. - Expliquei e ele esperou que eu continuasse. - Eu estou super feliz pela sua carreira porque vai ser ótimo, mas estou triste por não passarmos mais o dia juntos.

—Também fico triste por não passar mais o dia com você, mas se der certo será ótimo para a sua carreira também. Tenho certeza que não trarão ninguém de fora para supervisionar a área tendo você lá. - Opinou.

—Você acha mesmo? - Questionei em dúvida.

—Sim. Você é brilhante, e eles percebem isso. O Black parou um pouco de te elogiar para mim depois que soube que temos um relacionamento, mas no início ele sempre foi bem claro quanto a gostar muito do seu trabalho e tenho certeza de que isso não mudou.

—Ainda falta um ano de faculdade para eu me formar, amor. - Argumentei, mas intimamente muito satisfeita que essa fosse sua opinião.

—Falta só um ano, e eles não vão arriscar te perder contratando outra pessoa agora.

—Tomara que você esteja certo. E tomara também que você seja contratado, se não daqui um ano eu vou roubar o seu emprego. - Sugeri casualmente, dando de ombros.

—Eu não acho difícil, sempre soube que ruivas não são nada confiáveis. - Proferiu em um tom sombrio engraçado que me fez rir.

Fazendo uma análise geral do nosso ano e alguns meses de relacionamento, eu não tinha absolutamente nada a reclamar de tudo o que aconteceu. Ficamos mais próximos a ponto de não precisar falar para nos entender e de perceber as necessidades um do outro, até mesmo quando essa era ficar sozinho por um tempo. Temos uma intimidade incrível para conversar o que quer que seja e nos dedicamos mutuamente a fazer nossa relação. E eu não posso imaginar melhor jeito de conviver com a pessoa que se ama.

Devido o cansaço da viagem, tomamos um longo banho juntos e nos deitamos cedo. Apesar de bem antes do horário habitual em que normalmente dormimos, caímos no sono quase imediatamente e tivemos uma noite relaxante. Por mais que hotéis tenham ótimas camas, nenhuma será melhor que a nossa própria.

Não nos preocupamos com o horário de acordar e passamos o último dia de férias juntos no sofá, assistindo filmes e namorando. Já perto de anoitecer Harry avisou que precisaria ir embora desfazer as malas e organizar as coisas para o dia seguinte e eu me ofereci para ir junto, pois não estava com a menor vontade de passar a noite sozinha. Ele mal me deixou terminar a frase antes de dizer que era uma ótima ideia e esperou enquanto eu separava a roupa que usaria para trabalhar no dia seguinte, assim não precisaríamos passar por aqui antes.

Harry tinha deixado seu carro em casa, então diferente do que normalmente acontecia ele acariciou minha perna durante todo o caminho enquanto eu dirigia pelas ruas tranquilas de domingo. No caminho compramos algo para comer e fomos aproveitar a noite fria juntos embaixo das cobertas.

O dia seguinte amanheceu tão frio quanto o anterior, mas saímos de casa cedo mesmo assim, a fim de chegar um pouco antes do normal e começar a resolver coisas que certamente se acumularam nos dias de recesso. Entramos na empresa quando quase todas as mesas ainda estavam vazias e fomos direto para nossa sala. Nem meia hora se passou até que o celular do meu namorado tocasse.

Trocamos um olhar rápido antes que ele levasse o aparelho ao ouvido e cumprimentasse a pessoa que telefonava. Esperei pacientemente enquanto eles conversaram rapidamente sem nenhuma informação relevante, apenas cordialidades, e olhei ansiosa quando ele se desligou agradecendo. Harry pousou o celular em cima da mesa antes de dizer:

—Estou contratado.

 


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Notas finais do capítulo

Olá, meus amores!
Espero que tenham gostado do capítulo.
O próximo vem logo, logo.
Quero saber o que acharam, então não deixem de me dizer.
Comente, opinem, critiquem, recomendem.
Adoro saber o que vocês acham.
Até o próximo
Beijinhos