Speechless escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 64
Capítulo 64


Notas iniciais do capítulo

Enjoy!



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 POV Harry 

Guiei minha irmã por todo o corredor até um Rony aparvalhado e me postei ao lado de Gina para assistir à cerimônia que me comoveu em muitas partes.

Assistimos aos votos e a troca de alianças sem trocar uma palavra, mas tenho certeza de que a ruiva bem vestida ao meu lado se dividia entre milhões de possíveis emoções que esse momento poderia trazer a nós dois mais que a todos os presentes.

Fomos até a recepção acompanhados de meus sogros e a comemoração seguiu noite a dentro, com todos os passos que o ritual permite e dos quais minha irmã fez questão de seguir. Perto do fim da festa os noivos se despediram com alguns gracejos e foram direto para o hotel ao lado do aeroporto, de onde no dia seguinte cedo seguiriam para sua lua de mel em algum lugar perdido e paradisíaco da Ásia.

Pouco depois os convidados também começaram a se dispersar, mas só depois que todos haviam saído eu e os Weasleys, os anfitriões, nos preparamos para também ir para casa, depois de um dia inteiro de cansaço e emoção.

—Eu vou dormir em casa com meus pais e meus irmãos hoje, quer vir também? Assim você não fica sozinho. - Gi me convidou, já dentro do carro enquanto eu dirigia pelas ruas desertas da madrugada de Londres, em direção a casa dela.

—Obrigada pelo convite, mas hoje é melhor não. Vou para casa mesmo, estou cansado e quero evitar conflitos por essa noite. - Falei em tom de brincadeira e ela riu um pouco, mas ela sabia que no fundo isso era um pouco verdade.

—Tudo bem, você quem sabe. Eles vão embora amanhã logo após o café da manhã. Vou pedir para me deixarem direto na sua casa, ok? - Sugeriu massageando minha coxa onde sua mão estava pousada.

—Me liga antes de sair, para o caso de eu ainda estar dormindo. - Confirmei e ela concordou com um aceno de cabeça.

Ficamos alguns instantes em silêncio enquanto eu dirigia, até que falei novamente:

—Você está linda com esse vestido. Realmente linda. - Elogiei acariciando seu rosto com uma das mãos e senti quando ela sorriu.

—Obrigada. Estou realmente me sentindo muito bonita hoje. - Comentou deitando a cabeça no meu ombro.

—Você é bonita todos os dias. Hoje você só está se superando. - Afirmei enquanto estacionava o carro em frente ao prédio.

—Você bem que poderia ficar, não é? - Pediu com cara de contrariada.

—Hoje não, amor. - Neguei desligando o carro e me virando um pouco no banco. - Vou dormir em casa mesmo, curtir um pouco da depressão. - Comentei e ela riu comigo.

—Amanhã eu vou curtir a minha. Já estou triste desde agora. - Se lamentou e inclinou o corpo sobre o meu em um abraço. - Durma bem, e amanhã acorde cedo para me esperar.

—Durma bem também. E amanhã vá logo para lá. - Pedi e nos separei o suficiente para trocarmos um beijo rápido e profundo.

Ela se virou no banco, abriu a porta e saiu. Pouco antes de bater a porta e se virar para o portão eu a chamei pelo vidro aberto:

—Ei, Gi! - Gritei alto o suficiente para que ela ouvisse já estando na metade da calçada.

—Oi. - Respondeu, retornando e se inclinando na janela.

—Eu te amo. - Afirmei sorrindo, olhando-a nos olhos para registrar o sorriso enorme que ela abriu.

—Eu amo você também. - Disse por fim, depois de uma troca silenciosa de olhares, e entrou.

A observei caminhar por alguns segundos e enfim comecei a dirigir para minha casa. Fiz o caminho na metade do tempo normal, visto a falta de movimento devido ao horário, e menos de vinte minutos depois de deixar minha namorada em casa eu já estava caminhando pela sala, tropeçando nas centenas de caixas de presentes espalhados pelo chão.

Parei por ali tempo suficiente para deixar a carteira, as chaves e o paletó em cima do sofá e fui direto para o meu quarto. Tomei um banho rápido e caí na cama apenas de cueca, não tardei nem cinco minutos a mergulhar em um sono profundo e sem sonhos. Acordei com o barulho do celular vibrando sobre a mesa de centro e a foto de Gina piscando na tela.

—Oi, amor. - Atendi sonolento.

—Bom dia. Estou saindo da minha casa agora, chego aí em vinte minutos. Já acordou? - Informou e perguntou, quase sem pausa, antes de indicar para o pai que virasse na próxima rua a esquerda.

—Já sim, estou te esperando. - Respondi esfregando os olhos e jogando as pernas para fora da cama. - Até daqui a pouco.

Desliguei o telefone e demorei alguns minutos no banheiro antes de me jogar no sofá para esperá-la do mesmo jeito que havia dormido. O porteiro já não anunciava mais sua chegada ou a de Ron, então não me espantei ao ouvir o som da campainha.

—Bom dia, amor. - Se jogou em meus braços depois de olhar descaradamente para como eu estava vestido.

—Bom dia, linda. - Cumprimentei também, sentindo seus beijos em meu pescoço enquanto eu trancava a porta.

Peguei sua bolsa enquanto ela se livrava do casaco para aproveitar o calor artificial acolhedor de dentro da minha casa. Me joguei confortavelmente no sofá e ela se acomodou entre minhas pernas quando a abracei.

—Eles já foram. - Informou em seguida. - De volta a vida normal agora.

—Quase normal. - Argumentei e ela me olhou. - Eles precisam tirar esse monte de caixas da minha sala, aí sim será normal.

Gesticulei apontando em volta e ela riu acompanhando meu gesto com os olhos.

—Verdade, quase normal. - Concordou virando para frente de novo. - Conversei uma coisa com Ron antes de ontem. Não tive tempo de te contar, mas acho que você vai gostar.

—O que é?

—Vou comprar o carro dele. - Contou muito contida, mas notei a empolgação em sua voz mesmo assim.

—Sério? Que bom! - A felicitei e ela sorriu. - E vai ficar tudo bem para pagar o carro, a faculdade e agora as despesas do apartamento sozinha?

Perguntei como quem não quer nada, apenas sondando, mas realmente preocupado que não fosse suficiente.

—Sim, Ron foi bem legal comigo. Ele já tinha me falado que gostaria de trocar de carro, aí achou melhor me ajudar a comprar para eu não precisar voltar sozinha da faculdade, e essas coisas. - Esclareceu.

—Se precisar de ajuda, é só me dizer. - Ofereci, mesmo sabendo que ela não gostava nada disso.

—Eu não vou precisar, mas obrigada. - Agradeceu, excessivamente educada.

—O bom é que agora você pode me buscar para jantar, e eu posso alisar sua perna o caminho inteiro. - Sugeri e ela riu, se acomodando mais a mim. -Tenho uma coisa para você. - Falei já me levantando antes que eu esquecesse de entregar.

—O que é? - Sentou-se reta, visivelmente curiosa, me olhando enquanto eu ia até a mesa de jantar, onde também haviam algumas caixas.

Vasculhei tempo suficiente para encontrar o molho de chaves que até ontem pertenciam à minha irmã e voltei para onde ela estava sentada.

—Aqui, para você. - Me sentei em sua frente e estendi o chaveiro para ela. - Talvez Mione queira de volta o chaveiro, mas você mesma pode devolver a ela.

Seus olhos brilharam para o que eu lhe entregava, mas ela apenas sorriu de canto e pegou da minha mão, analisando lentamente todas elas. Hermione tinha realmente chaves demais ali, mas se ela precisasse de alguma de novo Gina poderia devolver quando se encontrassem, então não me importei.

—Então agora eu tenho as chaves da sua casa? - Comentou feliz, mais para ela mesma do que para mim, e eu ri. - E quais suas intenções ao me dar isso, Sr. Potter? - Questionou me olhando de canto, sorrindo também.

—Minhas intenções ao te dar isso são as mais nobres possíveis. - Comecei e ela me incitou a continuar. - Agora que moro sozinho, quero chegar do trabalho e te encontrar deitada na mesa de jantar, nua e toda coberta com um sushi erótico daqueles de filme.

Ela gargalhou antes de me perguntar:

—Que tipo de filmes você anda assistindo?

—Os mesmos que a gente assiste juntos as vezes, mas com umas temáticas diferentes. Estou tentando inovar. - Respondi e ela gargalhou mais. - Mas não é só isso!

—Ah não? - Me olhou novamente.

—Isso tem que virar um hábito, mas você pode variar o cardápio para não cair na rotina.

—Só isso? - Perguntou irônica.

—Me surpreenda, seja criativa. Também não posso inventar tudo sozinho, não é? Aliás, você é bem criativa. - Pisquei sugestivo e ela fez um gesto mudo de agradecimento que me fez rir de volta.

Ainda sorrindo, Gi voltou sua atenção às chaves que ainda segurava.

—Você não conhece todas essas, conhece? - Perguntou, mudando de assunto.

—Não. Mas se Mione precisar eu digo a ela para pegar com você.

—Ela não vai precisar. - Afirmou com segurança, separando as três chaves que eu não conhecia e retirando do chaveiro.

—Como você sabe?

—Porque essas são pra você. - As entregou para mim assim que terminou. - São as chave da minha casa, Ron deu para ela uns meses antes de você voltar para cá. - Explicou diante da minha expressão de dúvida. - Uma do portão, para não precisar o porteiro abrir, uma da porta do hall, e a da porta de entrada.

—Uhn, obrigado. - Agradeci, realmente feliz com a intimidade que crescia ainda mais entre nós.

—Quanto às minhas intenções. -Começou sem que eu perguntasse. - Acho que vou querer algo que inclua pouca luz, música sexy, gravata borboleta e uma cueca, nada mais. Mas podemos pensar nisso juntos.

Eu gargalhei antes de me juntar a sua brincadeira.

—Nada de comida? - Quis saber, me inclinando para frente e beijando seu pescoço.

—Pode incluir, mas nada muito pesado porque eu preciso de disposição. - Esclareceu, me dando mais espaço.

Eu ri com a sua resposta e me inclinei mais para frente, deitando em cima dela no sofá.

—Eu sou muito feliz com você. - Falei com nossos narizes encostados e ela sorriu lindamente.

—Eu também sou muito feliz com você. - Retribuiu e me beijou.

Assim que nos separamos deduzi que aquele fosse o momento ideal para fazer o convite que estava esperando desde a semana anterior, quando nossas férias foram novamente confirmadas para o mesmo período.

—Vamos viajar nas férias? - Convidei e ela abriu os olhos para me olhar. - Só nós dois dessa vez, igual em Paris, mas sem trabalho. Vamos?

—Esse ano não posso amor, e nem até terminar de pagar o Ron. - Lamentou-se, negando.

—Mas você não precisa pagar, estou te convidando. Será meu presente de natal. - Tentei, já sabendo que ela se esquivaria.

—Não, Harry.

—Mas por que não? Será divertido, vamos ficar juntos e passear. Podemos escolher um lugar para onde nenhum de nós dois fomos ainda e conhecer juntos. - Expus meus planos.

Gina revirou os olhos antes de colocar a mão no meu peito e se inclinar, e com esse gesto eu entendi que deveria me levantar. Voltamos à posição inicial, sentados de frente um para o outro, antes que ela começasse a falar.

—Porque você vai pagar tudo. Por isso que é não. - Explicou me olhando como se eu tivesse cinco anos.

—E qual o problema? - Argumentei também como se tivesse cinco anos.

—Eu não gosto disso, e você sabe. - Começou, gesticulando do jeito típico de quando estava se exaltando. - Escute Harry, desde o começo eu sei perfeitamente que não estamos no mesmo nível social e isso realmente não é nenhum problema para mim, exceto quando você faz isso, insistindo em me levar para uma vida que eu não posso ter ainda. Isso é um problema porque eu quero ir, mas não dá e eu entendo quando não posso fazer uma coisa, só que você não entende.

—E há algo errado em você aceitar que eu quero dividir minha vida com você? - Perguntei aborrecido.

—Mas eu aceito! - Afirmou enfática. - Você paga os jantares em restaurantes onde eu nem entraria se fosse sozinha, me enche de presentes que eu não posso nem sonhar em comprar por enquanto, sem contar todos os programas que fazemos juntos nos finais semana. Você ainda acha que eu não aceito?

—Eu gosto de fazer tudo isso por você. - Esclareci antes de continuar. - E se estamos falando de dinheiro, te incluir na minha vida desse jeito não faz diferença na minha condição financeira.

—Eu sei disso. Mas não posso retribuir. - Explicou com as bochechas levemente vermelhas, e eu entendi que aquele era o real problema.

—É esse o problema então? Retribuir?

—Em partes é, e eu não estou acostumada a ter pessoas pagando coisas para mim.

—Eu não espero retribuição. - Me aproximei, encostando nossos joelhos e apoiando ambas as mãos em sua cintura. - Eu só quero que você esteja comigo nos lugares que nós gostamos, porque eu sei que você também gosta, se divertindo comigo e me fazendo rir, como acontece há um ano e três meses.

Seu rosto estava inexpressivo, apesar do olhar questionador que ela ainda me lançava.

—Quanto a pagar coisas para você - Continuei e ela não mudou de expressão. - Casais fazem isso não é? Tenho certeza que em situação contrária você faria exatamente o mesmo.

—Claro que faria. - Confirmou baixinho.

—Então! - Exclamei, indicando que era óbvio. - Além disso, eu não te conheci semana passada. Temos uma vida juntos, e é uma vida ótima!

Ela sorriu de canto com minha última frase.

—Gostei disso. - Comentou sorrindo e eu ri junto.

Gina suspirou e se encostou relaxada no sofá, em um claro sinal de que eu estava ganhando dessa vez.

 


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Notas finais do capítulo

Olá, meus amores!
Antes de tudo, eu quero dizer uma coisa que me deixou mega feliz: Chegamos a mais de 1000 comentários o/
Tem como meus leitores serem mais perfeitos? *----* Obrigada, seus lindos!
Espero que estejam gostando!
O próximo sai logo logo, se tudo correr como estou planejando.
Comentem, opinem, critiquem e recomendem!
Vou amar ler a opinião de vocês.
Beijão enorme, até o próximo!



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