Duo Reality escrita por Warfighter


Capítulo 9
Capítulo 8- Mensagens


Notas iniciais do capítulo

Oláá pessoal! Capítulo 8 aí pra vocês! Obrigada aos que estão acompanhando!Boa leitura :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/231595/chapter/9

Capítulo 8

Mensagens


Não poderia ser.

Eu havia pensado claramente em ir para a casa de Robert. Na sede do governo, no norte.

Andei. Meu tênis não fazia barulho algum no carpete branco. O quarto estava muito frio por causa da janela quebrada. E se... E se eu ainda estivesse jogando?

Minha esperança durou pouco. O console piscou três vezes a frase: “Hacker_Daniel acabou de desconectar”

Meus joelhos cederam. Tudo fora uma farsa? Um sonho?

Não. Não era. Eu ainda me lembrava. Lembrava que havia conhecido Robert. Minhas discussões com Millie. Pablo morrendo. Sarah o matando. Sarah...

Me levantei. “Poderia ser pior” eu pensei. Meu estômago roncou. Há quanto tempo eu não comia? Mais de um dia, com certeza.

Fechei a porta do meu quarto e desci as escadas quase tropeçando em meus próprios pés.

Entrei no quarto da minha mãe. A cama estava arrumada, e o armário, fechado.

–Mãe? - chamei.

Deve ter saído.” pensei sem muita convicção.

Andei devagar até a cozinha, e enchi um copo com água gelada. Coloquei uma lasanha que minha mãe havia preparado no micro-ondas. Enquanto o fazia, estranhei, porque minha mãe havia feito essa lasanha há dois dias atrás.

O aparelho fez aquele apito irritante de que a comida estava pronta. Peguei-a, e o meu copo d'água e fui para a sala. Um estranho brilho a iluminava.

Quase deixei tudo cair. A televisão emitia a luminosidade. Para qualquer pessoa isso seria: “Hum. Legal. Tá ligada. Vou assistir.” Pra mim não. Minha mãe nunca deixa a televisão ligada. A probabilidade dela esquecer era ínfima.

Apesar disso, eu não iria deixar de comer. Se eu fosse morrer depois, não seria de fome. O queijo da lasanha derretia em minha boca e me proporcionava um sorriso toda vez que o engolia. Quando dei por mim, já havia comido metade do tabuleiro. Bebi a água com um gole só e guardei o restante da comida na geladeira.

Só então percebi a notícia na televisão. Os três repórteres mais famosos falavam. O da divisão Sul, Marcelo falava o mesmo que o da Centro, Juan, e o da Norte, Peter.

Mas o mais chocante não era três repórteres de divisões diferentes se unirem para falar da mesma coisa. O importante era o assunto: o presidente Johnathan havia morrido de maneira misteriosa e Steven, o vice, havia assumido o poder.

Eu já sabia disso não sabia? Mas não fora a notícia que me afetou. Era o que estava atrás dela. Literalmente.

Atrás, havia um soldado segurando uma metralhadora a laser com uma mão. Com a outra segurava uma mulher. Uma mulher que gritava.

–Diga suas últimas palavras.- ele lhe disse. Alto o suficiente para o microfone da câmera conseguir captar. Ele deveria achar que os telespectadores estavam se divertindo com isso. Talvez estivessem mesmo.

Ela olhou para a câmera. E eu vi aqueles olhos violeta apavorados, pedindo ajuda.

Era minha mãe.

Desliguei a televisão.

Ódio corria em minhas veias. E depois, veio a culpa. Eu não frequentava as aulas do software há dias. Fora mais um motivo para o governo ir na minha casa.

Era estranho, mas tinha um pressentimento de que deveria ir na sala do software.

Corri pelo corredor e deixei cair vários quadros cada vez que esbarrava em uma das paredes. Finalmente, havia chegado à porta metálica da sala.

Entrei. Estava vazia, como sempre. Apenas a escrivaninha e a grande tela de exercícios que compunham o cômodo.

Me sentei na escrivaninha e vi o dever que havia acabado no dia em que eu e Robert fugimos da nave do governo e conhecemos Millie.

Espera. Eu me lembrava muito bem que havia mandado aqueles exercícios. Abri o folder no qual eles estavam e vi um pequenino pedaço de papel preso em uma das folhas:

Querido Daniel, começava o bilhete em uma caligrafia apressada, mas conhecida. O governo veio, e eu consegui despistá-los para escrever isso a você. Espero que quando ler, tudo isso tenha acabado. Caso contrário, fique EM CASA ou no Duo Reality. Filho, isso é sério. Não faça como

E parece que alguém a interrompeu. Não fazer como quem? Meu pai? O governo? Ela?

Mas o fato era: precisava desobedecê-la. Precisava salvá-la. Ela provavelmente estava morta, mas eu não iria deixar o corpo dela apodrecer na rua. Ou ser enterrada como “vítima de um combatente em ação. Corpo desconhecido.” Lembrei de Pablo fechando os olhos e imaginei minha mãe fazendo o mesmo. Minha mãe. Quem havia me criado com carinho e amor. Uma mulher que superou a morte do marido. Ela era a verdadeira combatente. Uma gota escorreu por meu rosto e pingou no chão metálico com um estalido.

Fui até o meu quarto e decidi que precisava trocar minhas roupas. Não havia tempo para banho. Tirei meu tênis favorito: um Nike azul escuro, e coloquei all-stars velhos e pretos. Tirei o short bege e coloquei jeans surrados. Por último, tirei minha chamativa camisa vermelha e coloquei uma branca com um moletom por cima.

Eu estava pronto.

Caminhei até a escrivaninha na extremidade do quarto para ver se achava algo útil. Joguei o manual do Duo Reality no chão e não encontrei mais nada. Olhei para o livreto no carpete. Ele estava aberto em uma página aleatória. Peguei-o por curiosidade: nunca lia manuais. Mas uma coisa ali me chamou atenção.

Estava escrito em letras pequenas mas não ilegíveis: “Duo Reality não lê os pensamentos do usuário, ele capta as ondas cerebrais e as transforma nos desejos do subconsciente do corpo, para proporcionar ao usuário uma melhor experiência.”

Ah.

Mas quais eram os desejos do subconsciente de Millie e Robert?





Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ficou bom?