Duo Reality escrita por Warfighter


Capítulo 7
Capítulo 6 - Verdade


Notas iniciais do capítulo

Demorou mas está aí o capítulo 6! Aproveitem :)



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Capítulo 6

Verdade


Os minutos que se passaram não foram dos melhores. Robert chorava, Millie se culpava baixinho e eu... Bem, eu não sabia muito bem o que eu sentia.

Sentei-me a margem ao lado do corpo agora imóvel, de Pablo. Fora a protuberância rosada para fora de sua cabeça, ele parecia estar dormindo.

Em filmes, a pessoa que morre sempre deixa uma missão especial a outra. Algo que possa mudar o mundo. Sempre achei tudo isso uma besteira, mas percebi que não era. “Salve todos.” dissera ele. Será que eu conseguiria? Não havia conseguido nem desmontar console! Mas desta vez eu contava com Robert e Millie que pareciam saber muito mais que eu.

Mas eu teria de esperar um pouco. Os dois estavam em uma pequena ... crise. Mesmo assim me levantei. Foi quando eu vi um brilho no cérebro de Pablo. Me aproximei.

Tire o chip de mim.” sua voz ecoou.

Coloquei minha mão ali. Sangue escorria por meus dedos e entrava debaixo de minhas unhas. Mas não deixei de terminar a tarefa.

Fiquei segurando um chip prateado por algum tempo. Como algo tão pequeno podia fazer coisas tão grandes com a mente?

Minha vontade era destruir completamente aquele pedaço de metal que nos causara tantos problemas. Mas não o fiz. Se eu quisesse salvar todos, teria que abri-lo e entender como funcionava.

Peguei uma pedra chata que estava ao meu lado. Dei umas batidinhas delicadas ao lado do paralelepípedo. Ao contrário do que eu pensava, este se abriu facilmente.

Olhei superficialmente a estrutura. Haviam mini eletrodutos, caminhos, se interligando e indo a diferentes pontos: um azul, um verde, um amarelo, um roxo e um outro um pouco maior, vermelho.

De localizadores eu entendia um pouco. E no momento eu não precisava saber o resto. Se o localizador ainda estivesse funcionando, cedo ou tarde o governo perceberia. Então nós estaríamos em apuros. E Sarah também. Retirei o microchip azul dali. Coloquei-o no chão e, com muito esforço, joguei uma pedra grande e pesada em cima dele.

Uma fumaça azul escura saiu, revelando o rosto de Pablo. Mas do mesmo modo que surgiu, também desapareceu.

A essa altura, Millie e Robert já estavam assistindo ao “show” abismados. A cor da fumaça se refletia nos olhos de meus companheiros. Quando esta cessou, consegui finalmente perceber a cor dos olhos de Millicent. Cinzas. Claros. Vazios. Simplesmente não combinavam.

–O que os outros fazem? - perguntou ela quebrando o silêncio.

–O amarelo é energia, e o verde controlador de aparência. - falou Robert.

–Como assim? - indaguei.

–Pablo tinha rosto de 12 anos, mas por dentro ele devia ter uns 40.- disse ele. Quantos anos será que Sarah tinha? Pablo falou que ela “era mais nova” , mas quanto? Tinha rosto de 15 anos, mas quantos tinha na realidade? Robert prosseguiu apesar do meu rosto confuso- O controlador de aparência só mantêm o corpo que você tinha quando foi capturado, mas sua mente continua a envelhecer de qualquer forma.

Parecia que Robert sabia muito. Até demais. Mas até que ponto?

–E o vermelho? E o roxo? - Millie perguntou tentando controlar a visível histeria.

–Não sei. - falou ele baixinho, talvez um pouco desapontado.

Era hora de pôr as cartas na mesa:

–Como sabe de tudo isso?- perguntei em um tom elevado, mas não totalmente agressivo- Sabia que nossos corpos não estavam em casa não é?

–Certo.- disse.

Ele se virou e caminhou até uma sombra projetada pelo cânion. Fez um sinal com a mão para que nos sentarmos também.

Hesitantes, nós fomos e nos acomodamos de frente para ele, como crianças apinhadas aos pés da avó prestes a contar um divertida e alegre história. Mas pelo rosto de Robert, a história não iria ser divertida e muito menos alegre.

–Meu pai- começou ele- era o governante.

A raiva cresceu dentro de mim. Era ele o culpado? Mas prestei atenção no verbo. Era.

Era? - resolvi perguntar. Mas Millie colocou o indicador na frente dos lábios em sinal de silêncio. Calei-me.

–Exato Daniel. Era. Ele criou o Duo Reality a 5 anos atrás. Esse programa fora lançado no dia que você comprou, não importa a sua divisão. No dia em que você me conheceu, lá no hospital, deve ter achado que a divisão norte recebera o Duo Reality primeiro, mas não foi isso. Eu era só o teste. Não era para ser um jogo, um mero videogame. Era para ser um teletransporte para encontrar objetos, pessoas e outras coisas. Menores de 25 anos seriam proibidos de comprar. Mu pai sabia muito bem que, nas mãos de adolescentes, isso viraria uma brincadeira perigosa. - ele deu uma longa pausa- Mas no dia do lançamento aconteceu algo estranho. Depois da reunião diária com o conselho, ele voltou diferente. Pediu às lojas para tirar a censura do programa e não se sentiu nem um pouco arrependido depois de várias mortes de crianças. Fui falar com ele, para ver o que estava acontecendo, não sei, para saber onde o juízo e a responsabilidade de meu pai foram parar, mas quando o encontrei, havia uma pistola a laser nas mãos dele, mirando diretamente para mim. Ele atirou. Mas felizmente, o tiro só pegou um pedaço de meu indicador – ele levantou a mão nos mostrando – Me assustei muito mesmo, então, corri direto para o meu quarto e desejei estar em um campo de batalha medieval. Eu queria morrer. Mas não havia ninguém lá. Só você, Daniel. Você foi muito gentil e me encorajou a voltar para casa. Mas quando regressei, meu pai estava morto. E Steven assumiu o comando.

–Steven? - Millicent e eu perguntamos em uníssono.

–O vice governante.- falou ele calmamente.- Na verdade, agora ele é governante não é? E o provável culpado de tudo isso.

E mais uma vez, tudo se encaixou em minha mente. O governante não era o culpado afinal, ele era só um representante. Essa sociedade absurda em que vivíamos foi criada pelo conselho. E também por Steven. Robert mentira o tempo todo, mas eu não o culpava. Eu também tinha os meus segredos.

–Vamos voltar- falei eu confiante. - E ver como nossa nova sociedade está.





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