–Você sabe que quando me tornei vampira todas as minhas memórias que foram apagadas voltaram certo?- Perguntou a Elena me olhando nos olhos profundamente.

Droga eu tinha esquecido isso. Quando a conheci pela primeira vez, e quando me declarei, merda! Agora ela se lembra de tudo.

–É, parece que você me conheceu primeiro, mas isso muda alguma coisa?– Perguntei sério a olhando com a mesma intensidade em que ela me olhava. Ela fez menção de falar algo, mas pareceu desistir da ideia. –É como eu imaginava-Falei dessa vez irônico, eu não podia demonstrar o quanto aquilo estava doendo.

–Damon... –Começou a falar, mas eu a interrompi.

–Elena, você não precisa dizer nada. –Falei dando um gole na garrafa de Whisky.

Não queria insistir naquele assunto, ela é a namorada do meu irmão, porque é tão difícil aceitar isso?

Eu queria poder dizer que aquilo muda tudo, não pelo fato de eu ter o conhecido primeiro e sim pelo fato de eu ter percebido que ele é o cara certo pra mim, quando me lembrei da nossa primeira conversa eu percebi que é ele desde o começo.

Ele é o amor que me consome, ele é a paixão e a aventura que eu preciso e tem a dose perfeita de perigo.

Eu realmente quero me entregar a essa paixão, mas eu não posso simplesmente largar o Stefan para ficar com o Damon, queria que tudo fosse tão simples, estar tão perto e não poder beijar seus lábios é literalmente torturante, isso me causa não apenas dor emocional, mas sim também dor física, se eu tivesse coragem o suficiente, terminaria com o Stefan e diria ao Damon o quanto o amo e preciso dele, meu corpo pulsa por ele, meus lábios imploram para serem selados aos dele.

Mas não posso fazer nada, não agora, o Stefan me ama e não posso magoá-lo, ele nunca me trairia, ele foi tão bom comigo que se eu o magoasse seria tão errado, a confusão está em minha cabeça de novo, assim como estava há dois anos, a diferença é que agora eu realmente sei o que quero.

Já estávamos ali na sala assistindo TV a um bom tempo e ele não havia falado mais nada. Ele apenas ficava ali bebendo seu Whisky e com um olhar frio para o nada.

–Obrigada por me deixar ficar aqui. –Falei.

–Não me agradeça, só estou fazendo isso porque o Stefan pediu e se algo acontecer com você provavelmente ele vai ficar me importunando. –Respondeu frio.

Ele não tem ideia do quanto essas palavras me machucam, não consigo me acostumar com o Damon me tratando tão friamente, e se ele realmente não sentir mais nada por mim?

Algumas vezes acho que ele está apenas tentando esconder seus sentimentos e outras vezes acho que ele realmente não sente mais nada, que desligou todos os sentimentos. Espero que ele esteja apenas tentando esconder.

Levantei-me do sofá irritada com sua grosseria e caminhei em direção à porta.

–Aonde vai? –Perguntou.

–Dar uma volta, conhecer Atlanta. –Respondi um tanto fria.

–Elena é perigoso você sair por aí sozinha.

–E agora você se importa? –Ri irônica - Não se importe, não sou mais a Elena indefesa.

–Às vezes me esqueço de que você se tornou uma vampira, continua a mesma garotinha frágil.

–Idiota!

–Podem haver alguns híbridos do Klaus por aí, você não vai sair.

–Você não manda em mim Damon, não vai me dizer o que posso ou não posso fazer.

–Para de ser cabeça dura Elena, você não vai sair!

–E você não vai me impedir! –Falei dessa vez bem irritada, ele age como se não se importasse nem um pouco comigo e agora dá uma de preocupado.

Saí pela porta, dei mais alguns passos, mas logo senti meus braços sendo puxados pelo Damon, me fazendo virar e ficar de frente para ele, nossos rostos ficaram em uma proximidade perigosa.

–O que foi? –Perguntei olhando em seus olhos, droga, porque seus olhos tinham que ser tão azuis!

–Elena você sabe que não é seguro, você é praticamente um alvo lá fora. –Sorriu irônico.

–Eu sei me virar Damon, já passei dois anos sem sua proteção idiota, eu poderia ter morrido e você não estaria sabendo, além do mais hoje você já deixou bem claro que não se importa comigo e só me deixou ficar em sua casa a pedido do Stefan!

–E é a pedido do Stefan que não vou te deixar sair sozinha, ele pediu para que eu cuidasse de você e é isso que estou tentando fazer, seria bem mais fácil se você não fosse tão teimosa!

–Ah que ótimo, agora eu tenho babá!

–Não é meu projeto de dia perfeito passar o meu dia como babá de uma vampira sem noção!

–Então faça um favor a mim e a si mesmo me deixando em paz!

–Você já era teimosa como humana agora isso só multiplicou. –Falou revirando os olhos.

–Sério que você se lembra de mim como humana? Pensei que já tivesse esquecido enquanto dormia com suas vadias!

Assim que terminei essa frase o Damon sorriu de canto e aproximou nossos corpos mais ainda.

–Isso é ciúme Elena?- Perguntou de uma forma convencida.

Seu hálito tinha um cheiro forte de whisky misturado com menta, nossos rostos estavam tão próximos que eu não conseguia formular nem meia frase.

Dei um passo para trás para tentar formular algo.

–É claro que não estou com ciúme. –Finalmente consegui falar.

–Hum... Não é oque parece. –Falou inclinando a cabeça um pouco para o lado como se estivesse me analisando.

Ele consegue ser realmente irritante quando quer.

–Nem tudo é o que parece! –Retruquei -Agora preciso ir tomar um ar.

–Elena eu já disse que você não vai!

–Vai me forçar a ficar? –Perguntei retoricamente.

–Você é quem pediu! –Falou dessa vez correndo na velocidade vampírica em minha direção, me colocando em seus ombros e correndo para dentro da casa.

Tentei me soltar, mas mesmo eu sendo vampira e forte eu ainda sou uma vampira jovem e sou mulher, Damon ainda é bem mais forte do que eu!

Ele parou me soltando no chão na porta do meu quarto. Olhei para ele irritada e mesmo sem eu ter percebido minha face estava transformada, eu estava com as presas de fora e estava com todas as feições vampíricas.

Fui em sua direção irritada e tentei o atacar, ele segurou meus braços me deixando imóvel e me olhou divertido com a situação.

–Continua indefesa está vendo princesa guerreira? –Perguntou ironicamente.

Um flashback veio em minha cabeça. Lembrei-me do dia em que ele estava me ensinando como matar um vampiro e nesse dia ele me apelidou de princesa guerreira.

Não sou indefesa! –Respondi brava.

–Se você diz. –Ironizou revirando os olhos.

–O Stefan me deixaria sair!

–Pena que não sou o Stefan, o Stefan lhe deixou morrer, eu não teria te deixado morrer naquele dia Elena, eu nunca salvaria o Matt antes de você!

–Foi minha escolha!

–E você é suicida!

–Suicida ou não, Stefan respeitou minhas escolhas.

–E isso acabou te matando Elena.

–Eu estava com sangue de vampiro no organismo.

–Não sabíamos que você estava com sangue de vampiro no organismo, além do mais eu sei que você não queria se tornar vampira, sei que você ainda queria ter filhos e essas coisas que humanos querem...

Ele tinha uma certa razão, eu realmente não queria me tornar vampira, ainda queria fazer muitas coisas como humana.

–Mas eu me acostumei Damon, se o Matt tivesse morrido eu não me perdoaria, pessoas de mais já morreram por minha causa, se fosse para alguém morrer ali, teria que ser eu!

A Elena tem noção das coisas que saem da boca dela? Ela é realmente suicida.

–Você não tem noção do que fala não é Elena? Se você tivesse morrido pra valer, se não estivesse com sangue de vampiro no organismo e nunca mais voltasse,eu... -Comecei a falar, mas me calei.

Nem eu sabia como continuar essa frase, o que eu faria se a Elena tivesse morrido? Mataria o Stefan? Não, eu ia querer que ele sofresse o resto da eternidade sabendo que poderia ter a salvo mas deixou que ela morresse...

–Se eu não estivesse com sangue de vampiro no organismo e morresse,se eu nunca mais voltasse,você... –Ela falou como se quisesse que eu continuasse.