Tá, agora é oficial: Eu vou matar alguém. Não me culpem. Eu tenho motivos.

Ontem, depois do jantar, eu subi para o quarto e fui dormir com os meus braços roxos.

Sabe, se alguém me perguntasse se estou com raiva, eu lhe daria um soco no estômago e diria que raiva é pouco para descrever o que sinto.

Mas tudo bem, porque se hoje eu acordo com meus braços roxos , amanhã John acorda sem os braços.

Afinal a vingança é um prato que se come frio.

Posso dizer que meus pensamentos foram invadidos durante essa minha primeira noite na casa dos Mitchell,s por mil e uma maneiras de fazer John e Elizabeth brigarem de novo. É claro que a discussão de ontem não foi como eu poderia dizer....planejada?

É, eu não sabia bem como começar a minha vingança, mais depois de ontem, ficou claro que fazê-los brigar é um bom começo.

Quer dizer, qual casamento sobrevive a brigas? Espero que não o de John e Elizabeth

Mas, claro, minha vingança não se resumi apenas em acabar com o casamento de 16 anos do empresário, advogado e administrador John Mitchell. Sem dúvida que não. Pretendo começar pelo casamento, depois com suas vaidades e quando tudo isso acabar, os matarei feito porcos.

Os farei saber o passei. Os farei pedir por suas vidas miseráveis.

Viu? Meu humor está péssimo! Eu só falo quando deveria matar alguém! Isso sempre me ajuda. Cometer alguma maldade. Me alivia.

Não sei explicar muito bem a sensação que tenho, acho que uma espécie de prazer e excitação. Sempre foi assim.

Quando matei o gato da senhorita Tarnner, foi como se algo se despertasse dentro de mim. Me libertasse.

Naquele dia, uma bela manhã de domingo, eu estava na varanda da casa dos Mitchell,s observando o lindo jardim do quintal dos Tanner. Estava tão aborrecida e a raiva, o ódio era quase palpável para quem se aproximasse de mim. John havia me batido de novo apenas por eu ter beliscado o braço da Lizzy com força o bastante para lhe deixar com uma linda marca roxa.

A única coisa que passava em minha mente era extravasar minha revolta, ódio e frustração em alguém. E o lindo Perry siamês de 10 anos da senhorita Tanner, parecia a vítima mais próxima naquele momento.

O bichano sempre saía a essa hora da manhã para fazer suas necessidades ao ar livre no jardim.

Então eu silenciosa e cautelosamente pulei a cerca dos Tanner e peguei o pobre gatinho desprevinido.

Era tão dócio que não esboçou reação alguma quando o pendurei pelo rabo em uma árvore que ficava na parte dos fundos no quintal dos Mtchell,s. Furei seus olhos com minhas unhas dos dedos.

Bati sua cabeça diversas vezes com um grande galho, que desconfio ter sido parte de alguma árvore que John mandou arrancar. Foi tão bom ver a pobre criatura se contorcer em agonia, agonizando ainda vivo enquanto eu arrancava seus belos e macios pêlos. Mas sua agonia ( e minha diversão) não durou muito além de mera duas horas, antes de John chegar e ver o eu que fazia.

No final, eu apanhei três vezes ao fim do dia. E agora eu estou de volta nessa casa, nessa família, e junto  de volta as lembranças do que sofri aqui.

Me levantei da cama quando ouvi batidas na porta.

Abri a porta do meu quarto e Glória - a empregada que mais me lembra um porco (Ela é loira, gorda e meio rosada) - escancarou a porta e saiu entrando.

– A Senhora Elizabeth me mandou lhe avisar que o café está servido e que é para senhorita se aprontar, pois o motorista irá leva-la ao colégio.

Ela dá uma pausa suando e ronrocando feito um porco . Depois volta a falar:

– Aqui está seu uniforme. - ela diz e só então percebo uma sacola em suas mãos.

Ela bota o pacote em cima da cama vira, e sai batendo a porta. Vaca nojenta!

Um dia eu ainda a mato!

Pego a sacola e a rasgo. Nossa, eu não posso acreditar! O uniforme é simplesmente ridículo!

Uma saia de prega, uma blusa branca de mangas, com gravatinha azul, uma sapatilha preta e meias 3/4 brancas.

Eu não quero usar a porra de uma roupa tosca apenas para parecer uma ''boa menina''. Mas devo dizer que essa é a impressão que quero passar.

Ah, mas foda-se! Eu não vou usar essa merda nem sobe tortura!.....

(.....)

:

:

:

– Emily, a mamãe disse... - Lizzy abre a porta e me encara assustada.

É, acho que ela percebeu a tesoura em minhas mãos .

– Emily, o que você está fazendo com.....?- engole em seco - essa tesoura? - ela pergunta.

 – Eu estou ''modificando'' algumas coisas no meu uniforme - digo cortando a gravatinha ridícula.

Lizzy não tira os olhos da tesoura.

– Mas quem sabe, eu possa fazer o mesmo com o seu....- eu disse chegando mais perto dela com a tesoura.

 Lizzy dá um passo para atrás. Dou dois pra frente já com a tesoura em seu rosto.

Ela só faltava se cagar de tanto medo.

– Eu a-acho q-que a mamãe n-não vai gos-gostar... - ela gagueja se afastando.

– É, acho que ela não vai gostar, não é? - perguntei sorrindo cínica.

Tiro a tesoura de seu rosto e dou de ombros. Ela suspira aliviada.

– É sério Emily, a mamãe não vai gostar. Ela já está muito chateada por causa de ontem, e se o papai ver o que você fez com seu uniforme ele te mata.

– Ei! Eu acabei de sair de um hospício, só estou tentando ser uma garota normal! - sorri cínica - Não estou tentando matar ninguém!

Ainda, acrescentei mentalmente.

– Que mal há em mudar algumas coisas? Isso é algum crime por acaso? - perguntei cínica.

– Bom, vai dizer isso pra mamãe. - ela disse - Agora por favor desça, senão você vai acabar chegando atrasada no seu primeiro dia de aula. - Por mim, que se foda! Pensei, dando de ombros.

Ela sai e fecha a porta. Continuo com minha ''Brincadeira''....

:

:

Estou perfeita. Olho mais uma vez para meu reflexo no espelho.

A saia de prega agora tem alguns rasgos, a blusa branca de manga não tem mais manga, nem gravatinha.

 Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e calcei uma bota preta de cano baixo. Passei meu brilho de morango e uma sombra preta nos olhos que roubei da Lizzy. Pego minha mochila e saio do quarto.

   Escola, lá vou eu de novo!

Espero que ninguém tente me beijar....

  Boa sorte pra mim.

Continua........