A Verdadeira História De Emma escrita por SeriesFanatic


Capítulo 11
Achando a Esperança




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Enchanted Forest, 28 anos após o nascimento da princesa Emma.

A vila principal dos do reino Swan era como qualquer vila da Idade Média, só que coberta por neve. Estava no início da noite e as pessoas voltavam para casa bem a tempo do jantar; o reino Swan era invejado por três motivos: O primeiro era a localização geográfica, era rodeado por montanhas o que era uma posição excelente em batalha. O segundo era porque era um reino com terras férteis, o que fazia com que os camponeses não fossem tão miseráveis, as condições de vida da população eram melhores do que a de muitos países de terceiro mundo. E o terceiro é que era impossível, geograficamente falando, que um reino cercado por montanhas e que a temperatura mais alta no verão era dez graus Celsius tivesse um solo tão fértil.

Annabelle e Sebastian usavam capas para cobrir o rosto, o frio de -20°C não era grande coisa, mas a realeza passeando pela vila naquela hora da noite, aí sim era problema. Annie, ao contrário dos irmãos, era inteligente e havia mandado um cavaleiro seguir o menino. Ela e Sebastian encontraram o cavaleiro e o seguiram até uma espécie de cortiço e encontraram no térreo uma velha senhora e o menino, comendo com os demais moradores do local. Annabelle mandou o cavaleiro embora dando-lhe três moedas de ouro, ele fez uma reverência e saiu sem dizer nada. Sebastian parou de olhar pela janela e caminhou até o beco mais próximo, ele estava atônito. O menino era a versão infantil e masculina da rainha Snow. Ele desabotoou a camisa e sentou no chão de neve.

– Vai terminar ficando doente. – disse Annabelle.

– Ele é...

– Bem, não sei, espero que seja. Mas você tem que admitir, dá para se enxergar Snow, James, Emma e Derek naquele menino.

– James não, mas Snow, Emma e Derek sim.

– E então, vai chamar Pinocchio?

– Annie... infelizmente isso não prova que a princesa Emma esteja viva, só prova que ela viveu, no máximo, até o garoto nascer. E tem o fato de que ele pode não ser filho dela.

– Eu sei, mas é alguma coisa! Não acha que o rei James e a rainha Snow White merecem saber que talvez eles tenham um neto? Dez anos sem notícia. Isso é muito tempo, Sebastian.

– Passei dez anos sem notícia sua.

– Mas você sabia que eu estava viva.

Sebastian levantou a cabeça para encarar os olhos verdes da menina. A lua quarto crescente permitia que ele visse seus olhos de um jeito inacreditavelmente belo.

– Annie...

– Podemos chamar Pinocchio agora?

Ele levantou e tentou pegar as mãos da princesa, ela recusou friamente.

– Tudo bem, chamaremos Pinocchio. Mas enquanto ele não chega, eu quero seguir esse garoto. Só por... precaução.

– Ok. Mas eu vou voltar ao castelo, eu me desacostumei do frio.

No dia seguinte, Sebastian tratou de escrever uma imensa carta para Pinocchio e mandou os cavaleiros de maior confiança entregarem no reino de Snow Falls. Annabelle passou o dia no quarto do pai, que não andava muito bem de saúde e não queria deixar Rumpelstiltskin tratá-lo. Derek passava os dias acabando com seu rim de tanto álcool que tomava; nos últimos dez anos, era impossível vê-lo sóbrio. Sebastian seguiu o menino com cuidado.

O garoto ia todas as manhãs ajudar a senhora na feira e ficava trabalhando vendendo frutas até as quinze. Depois a senhora ia descansar e o menino ia brincar. Ele seguiu o garoto até a bifurcação que dava para o Lago dos Cisnes. Eram cinco quilômetros que o garotinho de dez anos encarava sem medo e sem se importar com o frio. O homem suspeitou do local de brincadeira do menino, mesmo ele levando consigo uma espada de madeira bem afiada.

Viu o moleque entrando nas árvores que davam ao lago e seguiu com pressa, se o garoto planejava se matar, o mínimo que ele podia fazer era impedir. Mas quando chegou a ver o lago, o menino não estava nem perto da água. Estava sentado em umas rochas dando comida a um cisne, diferentemente dos demais animais de pelagem branca do lago, aquele tinha meio que um triângulo amarelo na cabeça e era o único que não ficava na água e estava perto do menino.

Ele ficou escondido até o anoitecer, já que o garotinho não saia de perto do cisne de cabeça amarela. Ele conversava com o animal, que ouvia atentamente. Acariciava o bicho como se fossem amigos de longa data; o menino era um romântico sonhador, concluiu Sebastian. Antes do garoto ir embora, ele disse algo para o cisne que chamou sua atenção:

– Boa noite mamãe. Amanhã trago comida de verdade. Estou com saudades de te abraçar! – garoto disse beijando a cabeça do cisne.

Ele foi embora e Sebastian esperou mais um pouco, o cisne voltou para o lago e passou todo o tempo embaixo do reflexo da lua crescente.

– ANNABELLE! – Sebastian gritou ao entrar no castelo.

– Ela está com o papai. – Derek disse, ele estava deitado de cabeça para baixo na escada.

– Você vai morrer se continuar assim! – Sebastian disse passando por ele e voando escada a cima.

– Que seja...

Sebastian bateu na porta do quarto do rei com urgência e a menina apareceu, ele a puxou para a biblioteca sem dizer nada, deixando-a ainda mais assustada.

– Acho que Emma está mesmo viva! – falou eufórico.

– Que bom... de onde tirou isso?

Ele contou tudo sobre o garoto, o Lago e o cisne.

– Faz sentido, o Lago tem propriedades mágicas... acho que pode sim abrigar pessoas enfeitiçadas.

– Amanhã, eu tenho certeza, amanhã descobriremos a verdade.

O dia seguinte foi uma tortura. Passou muito devagar. Derek havia desmaiado de novo e sobrou para Sebastian ajudá-lo. Havia chegado uma carta do castelo de Rumpelstiltskin e Belle, afirmando que Elizabeth e Beatrice estavam voltando e esperando uma grande cerimônia. Os mestres de bailes do reino passaram o dia procurando Annabelle para que ela desse as palavras finais do baile inesperado. Mas a menina se escondeu em um de seus esconderijos e passou o dia esperando a noite. Quando finalmente escureceu, Sebastian e Annabelle fugiram juntos do palácio e foram a cavalo até o lago, parando para prender os animais quando chegaram a meio quilômetro de distância.

– O que tem na cesta, Little Red Riding Hood? – Sebastian brincou.

– Ha, ha! Muito engraçado! Vamos.

Era tarde da noite quando chegaram e ficaram esperando o menino. O cisne estava no lago com os demais, só que ele esperava o reflexo da lua cheia. O menino apareceu segundos antes da luz da lua tocar no lago e, ao atingir o cisne, ele se afogou, mas não lutou para voltar. Annie sacou uma adaga de algum lugar de seu traje de caça verde e já ia levantar, mas Sebastian a puxou de volta ao chão.

– Para que uma adaga? – ele sussurrou.

– Precaução.

Ele revirou os olhos e ambos se assustaram ao ver Emma sair do lago.

– MÃE! – o garoto gritou e foi abraçá-la.

– Henry! – ela respondeu sem fôlego.

O menino deu uma manta para ela e a abraçou.

– Que saudades! – ele exclamou.

– Digo o mesmo, kid! Senti muita saudade! – disse beijando-lhe o cabelo.

Eles se sentaram entre as pedras, Emma envolveu Henry em seus braços e começou a cantar. O menino não falava nada, já que passava o dia falando. A imagem parecia uma benção. O menino se aconchegava no colo da mãe, se certificando de que estava ouvindo seu coração, enquanto a mulher só queria abraçar o filho e senti-lo, sentir seu calor. Annie começou a soluçar e Sebastian tentou calá-la, mas não funcionou.

– Quem está aí? – Emma gritou levantando-se.

Henry tirou a espada de madeira dos trajes de camponês e se posicionou na frente da mãe, Emma o puxou para trás de si e sem nenhuma defesa encarou as árvores de onde veio o soluço.

– Calma! – Sebastian disse saindo detrás das árvores.

Emma quase teve uma crise de felicidade ao vê-lo. Antes que pudesse dizer alguma coisa, viu Annabelle sair e começou a chorar e a sorrir ao mesmo tempo. Annie correu para abraçá-la, ambas mal se contendo em choro.

– Quem são vocês? – Henry perguntou assustado.

– Olá, eu sou o Sebastian e ela é a Annabelle. Somos amigos da sua mãe.

– Henry, essa é sua tia Annabelle e esse é Sebastian, primo do seu pai. – Emma disse em meio às lágrimas.

O menino encarou os três adultos sem saber o que falar. Ele se lembrava da gentileza da princesa.

– Emma, o que aconteceu? – Sebastian perguntou, sentando em uma das pedras.

– Regina aconteceu. Lembro-me de ir dormir em casa e acordar no dia seguinte aqui no lago, em forma de cisne. Na hora entendi que se tratava de um feitiço, mas depois de sete meses, Regina teve que me fazer voltar à forma humana para que eu tivesse o Henry. – disse alisando o cabelo do filho. – Depois que eu me recuperei, ela tirou o Henry de mim e o criou como filho, porém toda lua cheia eu voltava para a forma humana.

– E por que não foi para o palácio? Ou tentou voar? – Annabelle perguntou.

– Eu fui! Passei os últimos dez anos tentando chamar a atenção de todos do reino Swan e do reino de Snow Falls, mas não adiantou de nada. Desisti e voltei para cá.

– Sinto muito Emma... – Sebastian disse sentido-se culpado por todas as vezes que foi caçar cisnes.

– Tudo bem Sebby, não foi sua culpa! – disse Emma.

– Como o Henry nasceu? Quero dizer, Derek sabia que você estava assim e não nos contou? Porque pelo que eu me lembro, você não estava grávida. – Annabelle perguntou.

– Derek nunca soube. – Emma respondeu.

– Então... – Sebastian foi dizendo.

– Eu fiquei grávida antes de ser sequestrada.

– Tem algum jeito de quebrar o feitiço? – Sebastian perguntou.

– Talvez o beijo do amor verdadeiro ajude. – disse Emma.

– Que maravilha... – disse Sebastian com sarcasmo.

– O que foi? – Henry perguntou.

– Derek está bêbado há dez anos, fácil vai ser fazer com que ele te beije difícil vai ser ele ficar sóbrio para tanto. – Sebastian respondeu.

– Na verdade, Derek não é o meu amor verdadeiro. – Emma disse.

– COMO?! – Annabelle e Sebastian exclamaram.

–Tem algo que eu nunca contei a ninguém. – o rosto de Emma ficou rosa.

Annabelle esperava ouvir de tudo. De que Emma era na verdade um alien, de que Derek era um demônio (ela já suspeitava disso desde que nasceu). Mas se surpreendeu com o que ouviu.

– Quando eu era mais nova, eu tinha um melhor amigo. O nome dele era Killian Jones. Ele era o melhor amigo que alguém podia querer. O tempo foi passando, nós fomos crescendo e nos apaixonamos. Era um amor puro, feliz e verdadeiro. Mas os pais dele morreram e o irmão mais velho o obrigou a entro na Marinha e partiu partiu para desbravar os sete mares. Eu nunca deixei de amá-lo, nem por um segundo... quando meus pais me falaram que eu teria que me casar com Derek... eu quase fugi para procurá-lo. Mas Pinocciahio me convenceu que o certo a ser fazer era me casar com Derek e esquecer de Killian. Para sempre.

Havia tanta dor no rosto de Emma que o coração de Annabelle ficou apertado. Ela era sua amiga. Não importava se seu amor verdadeiro não fosse Derek, Annabelle não ligava para isso. Ela só queria ver a amiga feliz. Pela cara que Henry fazia, era óbvio que ele já sabia disso.

– Eu fingi me apaixonar por Derek, até que terminei realmente gostando dele. Ele era minha segunda chance. Alguém que podia fazer com que eu esquecesse Killian. Mas não dá. – ela finalizou, havia muita dor em sua voz.

Annabelle e Sebastian trocaram olhares.

– Faz ideia de onde Killian possa estar? – disse Sebastian perguntou.

– Infelizmente não. Mas ele cresceu na mesma vila que Pinocchio. Talvez ele saiba de algo. – disse Emma.

– Viu que eu estava certa sobre chamar o Pinocchio! – Annabelle exclamou.

– Vocês chamaram o Pinocchio? – perguntou Emma.

– Sim, por quê? Algum problema? – Sebastian franziu a testa.

– Achei que você ficaria feliz ao saber que seus pais sabem que você está viva. – Annabelle falou.

Emma encarou o filho que entendeu o medo da mãe.

– Gente, vocês não entendem. Henry me descobriu por acidente, ele seguiu a Regina e me viu. Voltou na noite seguinte e eu contei tudo para ele. E isso não tem nem um mês. É perigoso, se a Regina souber... eu nem sei do que ela é capaz de fazer! – Emma disse abraçando o filho.

– Espera aí! Aquela senhora é a Regina? – Sebastian espantou-se.

– Disfarçada sobre um feitiço, mas sim, é ela. – disse Henry. – Ela mudou de aparência para não chamar a atenção.

– Provavelmente para ficar camuflada e todos pensarem que ela havia sumido de vez. – disse Emma.

Sebastian fitou Annabelle, que não sabia como ainda se mantinha em pé depois de tudo.

– Annie, vamos. Emma tem que passar o tempo que tem com o Henry, não com nós. – Sebastian disse, levantando.

– Na verdade é Simon. – disse Henry.

– Perdão? – Annabelle indagou.

– Henry é o nome que a Regina me deu, Henry Daniel. Mas o nome que a minha mãe escolheu para mim é Simon. – o menino os respondeu.

– Annie, vamos! Emma e Simon precisam de um tempo a sós.

O casal caminhou até os cavalos em silêncio. Enquanto tiravam a neve do manto que aquecia os animais, a princesa ficou pensando na imagem que teve do Henry deitado naquela cama com uma Emma e uma Regina desesperada pela morte da criança.

– Daqui vamos para o palácio do seu avô. – disse Sebastian.

– Por quê?

– Precisamos conversar com Rumpelstiltskin.

– Eu entendi essa parte, gênio.

– Voltaremos antes que Pinocchio chegue, o reino de Snow Falls é mais longe que o castelo do seus avós, duvido que ele chegue aqui em três dias.

– Três dias é o tempo de ir e voltar para o castelo do vovô.

– Eu sei, tenho certeza de que não passaremos muitas horas lá.

– E o que vamos dizer aos seus pais, Lisa e Belle?

– Visita rápida. Eu me encarrego dos demais, você vai falar com seu avô.

– E dizer o que?

– Tudo! Emma, Henry/Simon, Regina, tudo! Precisamos saber onde Killian está se quisermos salvar Emma!

E assim, o casal seguiu rumo ao castelo de Rumpelstiltskin e Belle. Sem saber que Regina os seguia.


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