Depois De Um Final Feliz escrita por Gabi Alves


Capítulo 5
Temos Visita




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Depois da festa eu e Claire, subimos para o meu quarto... Alguns dos lobos estavam correndo, outros na sala, estavam todos lá embaixo. Apenas Emily, Scott e Sam, foram para casa.

Tranquei o quarto e me virei para Claire. Arrependi-me do movimento assim que o fiz. Minha garganta ardia, queimava, até agora com seu cheiro misturado com os de vampiros e lobos eu não senti nada. Mas agora, fechada no quarto com uma humana... Coloquei a mão na garganta, olhei o rosto assustado de Claire. Seu sangue pulsando, rápido e saboroso por suas veias, arreganhei os dentes.

Nesse mesmo momento, meu pai arrombou a porta, com um chute, a porta me atingiu, mas eu não senti nada, estava fora de mim, eu queria sangue. Meu pai abraçou-me na barriga e me levou para baixo, correndo. Claire foi atrás. Prendi a respiração.

– Claire! Saia daqui, por favor! Corre!... Eu sinto muito – Eu dizia para ela angustiada.

Descemos as escadas rapidamente. Jacob olhou-me.

– Você esta bem? – Ele me olhou preocupado.

– Sim, estou... Vá falar com Claire, diga que eu pedi desculpas... – Senti o choro subindo por meu peito.

– Tudo bem – Ele subiu a escada por trás de mim.

Meu pai tomou meu rosto nas mãos.

– Não se desespere você pode suportar... – Ele olhou fixamente em meus olhos.

– Edward, leve-a para caçar... – Minha mãe surgiu por trás dele.

Meu pai me levou para fora, onde eu pudesse respirar melhor.

– Pai, me desculpa, eu não imaginava que... – Minha garganta reascendeu.

– Gosta muito dessa roupa? – Ele me olhou.

– Não muito – Dei de ombros. “Mas tia Alice, sim”

– Ela pode sobreviver.

Depois estávamos correndo pela floresta, já seguindo rastros, meu pai iria aproveitar para caçar também, então resolvi segui-lo.

Depois da caçada, minha roupa estava melhor do que eu esperava: alguns rasgos pelos galhos e manchas pequenas de sangue. Olhei para o meu pai... Intocável. Estreitei os olhos.

– Como consegue?

– Anos de prática – Ele sorriu.

Entramos em casa e eu fui correndo de volta para meu quarto.

– Claire, está te esperando. Ela entendeu perfeitamente. Já consertei a porta... – Anunciou Jacob quando eu entrei.

– Obrigada.

Subi as escadas e abri a porta do meu quarto timidamente.

– Antes que você comece a dizer... – Começou Claire – Eu entendo. Não se sinta culpada. Eu deveria ter pensado nisso, só quero que finja que nada aconteceu.

– Tudo bem... Vou fingir que nada aconteceu... – Sentei-me na cama do lado dela.

– E então... – Comecei – E as novidades?

Ela fez uma careta e apontou para a porta. Eu assenti, compreendendo. Coloquei a mão no rosto de Claire.

“Vamos para o meu closet, lá de dentro ninguém nos escuta, além do meu pai” – Pensei.

– Pode pedir para seu pai não prestar atenção na conversa? – Claire perguntou.

– Ele já ouviu – Dei de ombros.

Entramos no closet e trancamos a porta, Claire se sentou no chão e eu fui trocar a blusa manchada de sangue.

Sentei-me ao lado dela.

– Seu quarto é tão maneiro... – Elogiou Claire.

– Obrigada... O que queria me contar de tão sigiloso?

– È que... Estou com... Problemas comigo mesma.

Olhei-a sem compreender.

– Como assim? – Intriguei-me.

– Estou apaixonada – Claire suspirou.

– Sério? Que demais! Quer dizer... Quem é?

– Quil – Ela olhou para baixo – Tá, eu sei, você vai dizer “Ele não é como um irmão para você?” Mas, olha não me interessa o que os outros pensam.

– Tudo bem... Mas ele é como um irmão para você.

– Eu sei... – Ela disse chorosa. – Mas, é incrível, é mais forte do que eu... Eu amo ele... E ele já sabe disso.

– Você contou para ele? – Espantei-me.

– Eu tentei beijá-lo... – Ela corou. – Sinceramente, eu não sei o que deu em mim... A proximidade... Eu não sei, mas ele me deteu antes que eu fizesse alguma besteira.

– Tentou beijá-lo? Não devia ter feito isso!

– Eu sei! Mas na hora, eu não pensei nas conseqüências.

– Ele vai acabar achando que você é uma criancinha, apaixonada e vai acabar se afastando de você...

– Foi o que eu pensei... Mas ele me disse que não era certo demais ainda, Nessie, ele disse ainda, e ele não vai envelhecer você sabe... E quando for a hora certa? Será que vai rolar alguma coisa?

Olhei para cima, fingindo pensar.

– È lógico que sim! – Eu ri. – Mas não insista por enquanto... Em minha opinião você tem chance... Ele tem namorada?

– Não, não tem... Nunca o vi falar de outras meninas... Ele só está comigo. Às vezes eu me sinto culpada por tomar tempo demais dele, mas ele sempre está comigo e faz questão de estar do meu lado... Eu o considerava como um irmão.

– Exatamente como Jake – Eu ri de lado.

Claire me olhou de rabo de olho.

– Não! Não, isso nunca vai acontecer... Ele é como meu irmão mesmo. – Desesperei-me

– Mas Quil também era meu irmão mesmo – Claire disse maliciosa.

– Pare de brincar, não tem graça, não faz sentido... E como está a escola? – Me esquivei.

– Está boa, as pessoas chatas de sempre. Eu com enormes segredos para esconder da humanidade... Por falar nisso, não sei como você agüenta... Ficar o dia inteiro dentro de casa, sem amigos e tudo mais...

– Eu fico em casa, na floresta, vou ao shopping com tia Alice, e meus melhores amigos estão todos aqui. O que mais eu posso querer?

Ela deu de ombros.

– Renesmee, Claire? – Ouvi minha mãe entrando no quarto. Nós saímos do closet.

– O quê estavam fazendo lá? – Minha mãe perguntou.

– Tendo uma conversa sem que todos da casa escutem... – Eu disse me deitando na cama.

Minha mãe riu.

– È hora de dormir... Amanhã vocês tem que aproveitar o dia... E... Andar de moto. – Ela fez uma falsa careta.

– Ai Claire!!! Amanhã Jacob vai me ensinar a andar de moto! Mãe, obrigada por deixar...

– Tudo bem... Só que seu pai vai junto... Jacob não é tão responsável com moto – Ela riu.

– Como assim?

– Foi ele que me ensinou a andar... E por isso fui parar no pronto-socorro – Ela disse rindo.

– Sério? Melhor papai ir então...

– Não se preocupe, com você ele vai ter mais cuidado...

– Por que teria?

– Por que ele amadureceu – Ela riu – Um pouquinho, mas amadureceu.

– Um pouquinho bem pouquinho mesmo – Eu ri – Boa noite, mãe.

– Boa noite meninas.

Eu e Claire ficamos conversando baixo até a hora de dormir.

A semana seguinte foi tranqüila. O dia seguinte da minha festa foi incrível, eu e Claire nos divertimos muito andando de moto. Jacob não precisou explicar muito, logo eu já estava craque. Fiquei triste quando Claire teve que ir embora, mas ela voltaria para a festa surpresa da minha mãe.

A festa foi ainda mais incrível, como todos da família eram ótimos atores, conseguimos enganar minha mãe direitinho... Ela ficou surpresa e envergonhada, mas ficou muito feliz, o que é importante. Meus pais passaram a conversar mais comigo, queriam saber sempre o que eu achava das coisas. Isso me fez bem... Agora que eu contei meus traumas de criança para eles, era bem mais fácil conviver com tudo isso.

No dia seguinte eu acordei indisposta, eu não queria sair da cama. Levantei de má vontade e estranhei que ninguém estivesse no meu quarto pela manhã. Que alívio. Lembrei-me que essa noite eu não tive pesadelos.

Tomei um banho rápido e desci para tomar café.

Sentei-me à mesa e Jacob olhou-me atentamente.

– Bom dia, dormiu bem?

– Sim, não tive pesadelos – Dei uma mordida gigante no sanduíche.

Ele gargalhou.

– Onde estão todos? – Perguntei mastigando.

– Saíram para resolver algumas coisas... E outros foram caçar.

De repente tive um tipo de inspiração, uma melodia na cabeça e comecei a combinar várias notas... Batuquei os dedos na mesa seguindo o ritmo insistentemente.

– O que está fazendo? – Jacob me olhou.

– Piano, piano, piano, piano... – Fui correndo até o piano do meu pai, antes que eu esquecesse e comecei a tocar a melodia que formei na minha cabeça.

– Genial – Elogiou Jacob.

– Eu sei! – Eu ri e repeti a melodia várias vezes seguidas por duas horas para não esquecer.

Enquanto eu tocava, Jacob me avaliava com cuidado.

– Vai me levar para andar de moto hoje... Não está tão frio – Eu disse olhando as teclas do piano.

– Claro, quando seus pais chegarem, eu te levo.

Observei o rosto de Jacob e me aproximei dele.

– Parece triste... – Eu comentei acariciando seu rosto.

Ele suspirou.

– Ficar em uma casa cheia de vampiros fedorentos, um lugar congelante e sozinho é um pouco deprimente – Ele disse num tom de brincadeira.

– Então porque está aqui? – Olhei-o fixamente.

Ele me olhou em silencio por alguns segundos. Engoli em seco.

– Sabe o que eu acho?

– O que? – Jacob semicerrou os olhos.

– Que você devia voltar para a matilha... Não quero que você vá embora, nada disso... Mas um lobo gosta de ser lobo, e de estar com seus amigos lobos, você está triste aqui, eu não suporto te ver triste... – Encolhi-me com minhas próprias palavras.

– Não estou triste aqui, pelo contrário.

– Não é o que parece. Jake, você prometeu ficar aqui até que nos acostumássemos com a mudança... E já nos acostumamos. Não pode perder seu tempo aqui.

Jacob balançou a cabeça, incrédulo.

– Quer que eu vá embora Nessie?

– Não repita isso! Você sabe que não. Mas me sinto culpada, pois, parece que você só está fazendo isso por minha causa.

Ele fechou os olhos e suspirou. Ele se inclinou para mim e olhou fundo nos meus olhos.

– Nessie, eu não vou ficar longe de você. – Ele disse devagar.

Senti um arrepio subindo pela espinha. Ele nunca tinha falado daquele jeito. Jacob não queria ficar longe de mim... Ele era meu irmão de verdade.

– Eu não estou triste. Eu vou voltar para a matilha, fique tranqüila... Mas eu não sei quando. – Ele anunciou quando eu não consegui falar.

Ouvi a porta se abrindo e senti o cheiro do meu pai.

– Temos visita – Meu pai anunciou.


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Notas finais do capítulo

@Gabi_Robsten