Capitulo 2:

Perdão

- Syaoran... –Sussurra Sakura.

O vento soprava trazendo as pétalas de cerejeira que flutuavam em torno dos dois, os fios de cabelo de Sakura teimavam em ir para frente de seu rosto, atrapalhando um pouco sua visão.

Parecia que o tempo havia parado, como se estivessem em outra dimensão, só os dois e as pétalas de cerejeira.

Os dois se encaravam, Sakura percebeu que os olhos de Syaoran estavam tristes e esperançosos:

-Sakura... – falou um pouco receoso.

Sete anos...

Sem noticia...

Como estavam?

Sakura sorriu docemente como sempre fazia deixando Syaoran incomodado com tal ato, ele esperava que ela fizesse isso, mas queria que ela chegasse até ele e tirasse satisfações pelo seu sumiço, dar-lhe um sermão, mas sabia que Sakura nunca iria fazer alguma coisa assim, aquilo seria melhor do que ver aquele sorriso doía muito.

-Como estás Syaoran-Kun? Faz bastante tempo que não nos vemos.

-Bem. – Mentiu – É verdade, desculpe-me pelo sumiço. – pediu sincero.

-“Ah! Sakura-chan queria tanto te dizer, mas como posso sem te machucar ou te preocupar?”-Pensou Syaoran. 

Sakura balançou a cabeça negativamente:

-Não precisa pedir desculpas, acho que você teve bons motivos para sumir tão de repente, não? – ainda tinha aquele sorriso no rosto.

-“Pare de sorrir e venha brigar comigo, não seja simpática, isso dói sabia? Dói tanto em mim quanto em você.” –Pensou Syaoran.

Syaoran percebeu que Sakura lutava para não chorar. 

-“Droga!”- ele começou a se aproximar lentamente, preocupado.

-Ih! Esqueci uma coisa em casa, a gente se vê. – E sai correndo, pelo lado contrario.

-Sakura! – Quando ele vai segui-la ele começa a ficar tonto. – Saku... Arg. 

Tinha que alcançá-la, mas não conseguia começara a ficar tonto, foi até a árvore mais próxima e começou a se recuperar lentamente. 

Sentou-se vagarosamente em baixo dela, tinha que contar tudo a Sakura, por que não contará antes, medo? Provavelmente. Queria se afastar dela, mas era inútil para ambos.

Por que o destino tinha que ser tão cruel?

Ele se levantou com dificuldade e foi seguir Sakura, queria segui-la, explicar tudo e acima de tudo dizer, palavras que sempre quis dizer antes de voltar par Hong-Kong.

Sakura corria de volta para sua casa entrando rapidamente.

-Não vai ter aula hoje, Sakura?–Perguntou Kero pausando o jogo, ouvindo Sakura fechar a porta de seu quarto num estrondo. –hn... algo aconteceu. 

Ele foi até a porta e bateu nela.

-Sakura o que aconteceu?- Kero chamava por ela em vão. 

Desistindo de tentar chamá-la ele resolve ligar para Tomoyo, para saber se ela sabia de algo.

o.O.o.O.o.O.o.O.o 

Tomoyo estava na frente do estúdio de gravação, falando com Kero no celular.

-Já estou indo ai, ok? – Falou calmamente. 

Ela desliga o celular, suspira e entra na limusine tinha que achar Syaoran e perguntar o que aconteceu.

E com certeza não era pela verdade que sua amiga agiria assim.

Saiu em disparada para a faculdade, viu que ele não estava mais lá, tinha certeza de que ele foi atrás de Sakura.

Com a limusine andando lentamente já esperando que Syaoran fosse atrás de Sakura, ela o avista, manda parar o carro e desce dele correndo até o outro.

Syaoran estava se apoiando na parede, estava pálido e a respiração rápida.Tomoyo logo veio acolhê-lo e fazê-lo parar, ele estava se matando. Logo um segurança veio para ajudar.

-Não, me ajude. Eu quero ir por mim mesmo até Sakura. –interveio.

- Syaoran... – Chamou ela.

-Por favor, Tomoyo, deixe-me fazer isso.  – eles se encararam, Tomoyo via o brilho de determinação nos olhos de Shaoran.

- ...Você tem certeza Shaoran?

-Hai! 

-Já que quer assim, mas irei acompanhá-lo caso aconteça algo.

Syaoran não disse nada só continuou a seguir seu caminho, ele sentia que em breve sangue começaria a sair de seu nariz, também sentia um gosto de sangue na boca. 

“Ele teve uma viagem longa e nem deve ter descansado, para poder resolver as coisas que ele havia deixado para trás, mas ele é cabeça dura...” pensou Tomoyo. “Ele vai acabar se matando...”

Quando eles estavam na quadra onde Sakura morava, Syaoran sorriu vitorioso, mas algo o impediu de continuar, sua visão ficou turva.

“Droga, agora não!” pensou Shaoran.

Ele olhou para a porta do condomínio onde Sakura morava só alguns metros, ela estava lá lhe olhando preocupada, com seus olhos verdes vidrados e então sua visão se apagou.

Não conseguira chegar até ela.  

Falhará.

o.O.o.O.o.O.o.O.o

Syaoran estava feliz, pois nesse ano viu que seu amor era correspondido, mesmo já sabendo disso desde que a tinha visto no aeroporto para se despedir dele.

Seu namoro estava dando certo, quantos meses?5 meses.Havia ficado em Tomoeda para ficar perto de Sakura.

Então sintomas estranhos começaram a acontecer como aparição de pequenas manchas roxas em sua pele, raramente sentia um pouco de sangue na sua boca, às vezes tinha uma hemorragia nasal, ficava pálido ao se esforçar muito e uma vez por mês ficava com febre sem sinal de gripe, resolve ir ao medico.

Até que a grande bomba explode em seu ser.

-Você tem Leucemia.

-Como?

-Seu tipo de Leucemia é raro, ele evolui devagar, podemos fazer o tratamento para curá-lo. Muitas chances de serem bem sucedidas.

-E se o tratamento não funcionar? 

O medico fica calado, deixando Syaoran nervoso, angustiado e preocupado.

-Vamos pensar em coisas positivas. É bom contar para as pessoas próximas a você. Todo apoio é muito bom!

-hum... ok..

-Bom marque outra consulta para podermos fazer o tratamento, ok? –E manda Shaoran embora antes do próprio perguntar mais algo.

Syaoran não acreditava que aquilo estava acontecendo.

o.O.o.O.o.O.o.O.o

Syaoran despertava lentamente, sentia o cheiro do álcool tão conhecido e desprezado, fazendo o relembrar de momentos, que sempre tentou esquecer. Abria seus olhos lentamente para se acostumar com a forte luz branca. Sentia uma dor aguda em seu braço esquerdo, olhou para ele e uma mangueirinha lhe dando soro, estava num hospital, tinha que se surpreender por isso? 

Já estava acostumado, pois quando fechava os olhos acordava no dia seguinte numa maca. É o tratamento não havia dado certo, o medico havia lhe dado mais 1 ano,  como o tratamento não deu certo agonizava com as dores que sentia. Fechou os olhos lentamente, e suspirou. 

Ele se lembrou da ultima coisa que vira antes de desmaiar, fora Sakura com um olhar perplexo, ele fechando os olhos e caindo lentamente, e ela correndo para socorrê-lo.  

“Sakura!”  Ele se senta rapidamente na cama:

-Calma, ela está lá fora. –Syaoran olhou para Tomoyo que lhe sorriu preocupada. – Como se sentes?

-Como se um caminhão tivesse me acertado e depois o godzila pisasse em cima.

-Syaoran... – sorriu triste- você é um cabeça dura, sabia?

-Vaso ruim não quebra... - Tomoyo suspira derrotada.

-Por que desde o inicio você não disse a Sakura a verdade?

-E vê ela triste e preocupada toda vez que eu estivesse numa cama de hospital ou quando eu saísse da quimioterapia?

-É por isso que você tem amigos e... – Sakura estava na porta havia ouvido tudo e parecia que ia chorar.

O mundo para Syaoran pareceu desabar ao ver Sakura prestes a chorar, mesmo estando longe por sete anos os sentimentos que nutria eram os mesmos parecia que quanto mais longe estava mais seu amor crescia.

Tomoyo se levantou e saiu silenciosamente da sala. Quando a porta se fechou Sakura abaixou a cabeça, a sala ficou no mais absoluto silencio. Li pediu para que Sakura se sentar na poltrona onde antes Tomoyo estava e ela o fez sem uma única vez olhá-lo.

Estavam no silencio fazia uns 5 minutos, até Syaoran respirar fundo.

-Sakura, eu... – “por que não consigo falar?” 

Ela levanta a cabeça e o encara com os olhos cheios de água, ela sorri triste.

-O medico me contou tudo...

“E quem disse que era sobre isso que eu queria falar?”

-Por que não me contou, preferiu ir embora nem me explicando o porquê, apenas disse: “Vou ter que voltar para China.” E no daí seguinte partiu sem nem dizer um adeus.

Agora Sakura chorava. Magoa? Tristeza? Ódio? Não isso não, ela chorava por amor, por nunca deixar de amá-lo, por chorar sozinha à noite, muitas vezes chorava tanto que dormia pelo cansaço e por não poder verter mais lagrimas tentando entender por que ele partira, pensando que teria feito algo de errado.

E por mais que pensava não achava nada que pudesse ter um motivo próprio, quanto mais pensava mais confusa ficava e sempre chegava com a mesma conclusão no final da noite de que Syaoran só partira por não amá-la mais. 

Vendo agora que a verdade era aquela que estava presenciando, chorava por não ter corrido atrás dele, por não ter estado ao lado dele quando ele precisava, por não poder ter sido corajosa, por não ter feito nada em ralação a eles. 

Agora Sakura chorava em frente da pessoa que amava e este não sabia o que realmente poderia fazer ou dizer.

- Syaoran... –Sakura olha nos olhos dele, mas ele a corta.

-Sakura, me desculpa por tudo, por não ter dito a verdade antes, por não ter sido corajoso o suficiente, por ter te machucado, nunca me esqueci de cada dia que passamos juntos, só quero lhe dizer que ainda a amo, acho que mais do que naquela época, só quero te ver feliz e só voltei para Tomoeda para e passar um ultimo momento com você... Perdoa-me, Sakura? 

Sakura via nos olhos dele a seriedade e a sinceridade daquelas palavras ditas, mas não sabia exatamente se ela queria esquecê-lo, o odiar, mas parecia que quanto mais fazia isso mais amor sentia, por que tinha que ser assim? 

O lugar ficou em um silencio que só era quebrado pelas maquinas que estavam conectadas ao chinês.  

Sakura sorri fracamente, abaixa o olhar, se levanta e vai em direção da porta, Syaoran suspira pesadamente, abaixa a cabeça e passa a observar o lençol branco que lhe cobria.

-Saiba que eu nunca te esqueci,... – Ele ergue a cabeça e observa ela, que mantinha a mão na maçaneta de costas para ele – meu perdão você terá, mas não espere que eu fique com você.

Ela sai silenciosamente da sala, deixando Syaoran sozinho no quarto mergulhando em seus mais profundos pensamentos.

Realmente não esperava isso dela, estava feliz por ela ter amadurecido durante os anos, mas agonizava por não ter amadurecido perto dele.

Mais ninguém entrou no quarto, além das enfermeiras e do próprio medico, para lhe receitarem algum medicamento e verificarem seus aparelhos, ninguém veio estava sozinho e era isso que queria, mas por que sentia um vazio tão grande?

Ele sabia, mas não queria responder a essa pergunta, tinha vergonha de respondê-la...

o.O.o.O.o.O.o.O.o 

A casa de Sakura permanecia em um silencio harmonioso, a dona da casa estava no hospital e Kero havia acabado de sair pela janela correndo atrás de algum doce.

  Enquanto não havia ninguém na casa uma luz branca emanava do livro mágico, durante poucos segundos.

Continua...