A Nightmare escrita por nsilvac


Capítulo 2
No Alvo


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo fresquinho! Espero que gostem :)
Outra fic com Myprerrogative: http://www.fanfiction.com.br/historia/249857/You_Got_Me



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Saímos do palco e entramos na Prefeitura do Distrito 12. Annie, Peeta, Gale e eu entramos numa sala de espera. Não podíamos nos despedir dos nossos pais. As regras do Massacre Quaternário são essas. Bem mais rígidas que as dos Jogos Vorazes. Depois de um tempo esperando naquela sala, Effie apareceu junto com um homem que julguei estar bêbado por causa da camisa desabotoada, com o cabelo bagunçado e uma garrafa com um líquido branco na mão.

– Esse é Haymitch, o mentor de vocês. – Effie o empurrou e ele acenou.

– E aí queridinhos – ele falou arrastado – Vocês têm muita sorte – apontou para mim e para Annie que estava com o olhar distante – Duas irmãs na mesma arena – ele riu. Senti a raiva começar a ferver pelo meu corpo e eu o fuzilei com os olhos.

– Haymitch, não é hora para brincadeiras, me dê essa garrafa. – Effie arrancou a garrafa da mão dele que resmungou e despejou numa pia. – Está na hora de irmos.

Effie foi à nossa frente até o trem. Entramos e o trem era enorme, com vários compartimentos. Effie nos mostrou nossos quartos. Meu compartimento era enorme. Uma cama de casal com lençóis brancos, uma mesa com perfumes e um espelho. Effie me deixou no quarto, enfim sozinha. Fiquei separada de Annie durante a tarde porque ela não estava em clima de falar com ninguém. De noite, sai do meu compartimento e caminhei até uma porta de vidro que dava numa sala de jantar com uma mesa enorme e várias cadeiras. Olhei pela porta de vidro a mesa de jantar. Gale e Peeta sentados com Haymitch e Effie conversando como se nada tivesse acontecido. Entrei pela porta e me sentei ao lado de Effie.

– Cadê a Annie? – perguntei seca.

– Não saiu do compartimento dela desde que entramos aqui – disse Peeta

– Qual o número do compartimento dela? – fiz um prato com dois pedaços de carne e alguns pãezinhos e um copo de suco de laranja.

– É o quatro, no fim do corredor. – pela primeira vez escutei a voz de Gale.

– Obrigada. – me levantei e segui o corredor até o último compartimento no fundo do trem.

Bati na porta e ninguém falou nada, então resolvi entrar.

– Fiz esse prato pra nós duas, vamos comer juntas aqui. – disse separando um pedaço de carne para ela. Annie não emitiu um som sequer. – Escuta Annie, eu sei que é horrível só de pensar em voltar para a arena, eu não sei como é lá, mas você tem que comer se não vai morrer de fome. – estendi um pedacinho de pão pra ela.

– Prefiro morrer de fome a voltar pra arena – ela disse desprezando o pão.

Insisti com a comida e ela acabou comendo e bebendo o suco. Comi com ela e quando terminamos, coloquei a bandeja e o copo na mesa do abajur e deitei com ela.

– Tente dormir Annie – disse passando a mão em seus cabelos.

Annie dormiu e eu me levantei. Dei um beijo em sua testa e fui para meu compartimento. Sentei na minha cama e coloquei as mãos na cabeça. Não tinha outra solução a não ser chorar. Me levantei da cama e fui até o banheiro. Me olhei no espelho e estava com o rosto vermelho e os olhos inchados. Alguém batia na porta e eu fui abrir. Peeta estava parado do lado de fora.

– Posso entrar?

– Sim, entra – disse e fechei a porta. – O que você quer?

– Só queria alguém para conversar e a pessoa mais próxima é você. – disse ele sentando na cama.

– Conversar sobre o quê? – perguntei sem expressão nenhuma.

– Qual é Katniss, já faz 7 anos.

– Pois é, dou risada sempre que me lembro da briga. Mas você que fez aquilo e eu tive toda a razão de ficar brava com você. – dei uma risada.

– Tudo bem, tudo bem, eu admito que eu errei – ele levantou as mãos como se estivesse se rendendo e deu um sorriso torto. – Katniss... Você está com medo? – disse ele desfazendo o sorriso.

– Morrendo pra falar a verdade. Não suporto a ideia de que minha irmã pode morrer na frente dos meus olhos.

– Eu também não suportaria, por isso que fiz aquilo.

– Foi muita coragem de sua parte. Queria poder ter feio o mesmo. – disse sentando do seu lado na cama.

– E eu sinto muito por isso, você não sabe o quanto. Fiz isso por meu irmão porque ele só tem nove anos, não podia deixar ele vir, não teria nenhuma chance. – ele abaixou a cabeça e encarou o chão. Peguei em sua mão e ele olhou em meus olhos, não me lembrava do quanto azuis eles eram.

– Você é um ótimo irmão. – dei um sorriso.

– Obrigado. Tenho uma coisa pra você. – Peeta pegou uma coisa pequena e dourada em seu bolso. Um broxe. – Toma, é um tordo, traz proteção. – ele colocou na gola do meu vestido – Quando você estiver com medo de qualquer coisa que seja ele vai te proteger.

– É lindo, obrigada.

– Vou voltar para meu quarto. – ele se levantou e andou até a porta e eu fui atrás, abrindo a porta, ele saiu e ficou parado do lado de fora. Parei no vão da porta. – Boa noite Kat.

– Boa noite Peeta. – fiquei na ponta dos pés para abraça-lo. Á tempos não sentia aquele abraço protetor, aqueles braços que nunca estiveram tão grandes e suas mãos percorrendo minha cintura. O soltei e dei um beijo em seu rosto. Fiquei observando ele sumir no corredor e fechei a porta.

De repente todas as coisas que fazia com Peeta quando éramos crianças vieram em minha cabeça e me peguei dando um sorriso. Fui até o closet e escolhi um pijama. Deitei na minha cama e dormi. Acordei com um raio de sol batendo em meu rosto, esqueci de fechar a cortina na noite passada. Me sentei na cama, me espreguicei e olhei no relógio que marcava quase meio dia. Sem nenhuma pressa de sair daquele quarto, me levantei e olhei pela janela. Prédios e mais prédios surgiam atrás das poucas árvores que tinha. Cartazes com a insígnia da Capital cercavam uma praça grande com o Palácio da Justiça ao fundo. No prédio mais alto de todos, um cartaz ao longo com o rosto do presidente Snow. Pessoas andando para lá e para cá todas vestidas igualmente. Chegamos na Capital. Me troquei e fui até a sala onde comemos. Olhei novamente pela porta de vidro e todos estavam sentados na mesa, incluindo Annie. Atravessei a sala até uma cadeira ao lado de Annie. Me sentei ao seu lado e peguei meu almoço. Estavam todos falando menos eu. O trem parou e tinhamos que descer em 30 minutos. Effie tinha um itinerário com a hora de tudo que iríamos fazer todos os dias antes de entrar na arena. Terminamos o almoço e descemos do trem. Muitas pessoas fotografando, olhando e cochichando. Gritavam o nome de Annie e falavam que a amava.

Chegamos no prédio onde treinamos e dormimos até a semana da arena. Effie nos levou até o elevador e apertou o número 12. Nosso andar chegou e o elevador se abriu em uma gigantesca sala enfeitada com diferentes formas, um sofá que ia de uma ponta à outra da sala verde e uma televisão quase maior que o sofá. Effie nos mostrou nossos quartos. Fiquei separada de Annie de novo. Meu quarto era o último. Abri a porta e entrei. Um quarto enorme com as paredes brancas, uma enorme cama com lençóis vermelhos, uma janela que dava para ver toda a Capital e um closet. Um closet enorme com várias roupas e sapatos.

– Já separei sua roupa. Está dentro do closet em um cabide e os sapatos estão em baixo. – disse Effie – Temos um jantar com seus estilistas. – disse ela antes mesmo que eu pudesse perguntar, ela saiu e fechou a porta.

Entrei no closet e peguei o cabide separado. Um vestido verde bem formal até o joelho com alguns brilhos na parte do busto. Estranhei de início, pois nunca tinha usado um vestido daqueles. Nos pés, coloquei uma sapatilha que Effie havia separado para mim, simples. Terminei de me arrumar e fui para sala. Todos me esperavam menos Peeta.

– Por que ele está demorando tanto? – perguntou Effie apressada.

– Ele deve estar com dificuldades de fazer o nó da gravata. – deduzi.

– Então eu vou ajuda-lo. – Effie disparou até a porta.

– Eu vou, pode deixar que eu ajudo. – falei e fui até o quarto dele.

Bati na porta e Peeta abriu com a gravata enrolada no pescoço sem o nó.

– Estão todos te esperando. – disse entrando no quarto.

– Eu sei, só não consigo dar um nó nessa coisa. – disse ele tirando a gravata do pescoço.

– Vem aqui que eu te ajudo. – peguei a gravata de suas mãos e coloquei em seu pescoço. Fiquei na ponta dos pés, porque Peeta nunca esteve tão alto. Arrumei a gravata na gola da camisa e fechei o ultimo botão. – Prontinho.

– Como você faz isso? – ele olhava no espelho dando risada.

– Eu ajudava meu pai antes. E Já fiz uma vez em você, lembra? – olhei em seus olhos.

– Lembro. – Peeta deu uma gargalhada e eu acompanhei. – Como eu poderia esquecer?

Ele se referia ao dia em que meus pais adotivos se casaram. Ele chegou na festa do mesmo jeito que estava hoje, com a gravata em volta do pescoço sem o nó. Tínhamos mais ou menos dez anos. Quando o vi na festa com a gravata daquele jeito, fui até ele e arrumei. Como éramos muito amigos, andávamos juntos para todo o lugar. Foi nessa festa que resolvi contar para ele que eu era adotada e pedi para ele guardar segredo. No dia seguinte, ele contou para a escola toda. Antes isso era um problemão, porque todos zoavam de mim, hoje não mais. Esse foi o motivo da briga e de não nos falarmos por 7 anos.

– Eu me lembro disso todo dia e me arrependo, me arrependo muito. – disse ele.

– Nós éramos crianças... Já faz tempo. – eu disse passando a mão em seus cabelos loiros.

Estávamos nós dois lá. De repente senti uma sensação estranha dentro de mim. Pareciam pequenas penas fazendo cócegas no meu estômago e tive a sensação de não estar com os pés no chão. A sensação era boa, mas não sabia o porquê dela.

– O que vocês estão fazendo aí dentro pra demorarem tanto? – Effie gritou do lado de fora.

– Ótima hora Effie... – resmunguei e senti as penas pararem de fazer cócegas no meu estômago, uma a uma.

– O quê? – disse Peeta pegando seu casaco.

– Nada. – disfarcei e saímos do quarto.

Na sala estavam todos prontos. Apareci ao lado de Peeta e Effie e Annie me olhou com um sorrisinho malicioso no rosto. Subimos até o restaurante e já era de noite. Era um restaurante muito caro pela aparência. Um salão bem grande todo de vidro no teto, que dava para ver o céu de noite e estava bem estrelado. Os garçons vestidos de paletó e gravata borboleta. Entendi o porquê do vestido e da gravata de Peeta. Sentamos numa mesa e aguardamos os estilistas. Depois de um tempo apareceram. Portia, uma moça morena com cabelos cacheados que usava um vestido extravagante é a estilista de Peeta e Gale e Cinna, um homem alto, moreno também e não pude deixar de reparar na sua pálpebra, um risco fino de delineador dourado e vestia uma roupa toda preta era o meu e de Annie. Eles sentaram na mesa com a gente e começaram a falar.

– Vamos usar muitas roupas que valorizem os olhos, olha só essa obra de arte! – Portia disse pegando no queixo de Peeta e mostrando para Cinna.

– Todos têm olhos claros, isso vai facilitar o que pretendo fazer para vocês. – um sorriso apareceu no rosto de Cinna.

– E o que você pretende fazer para nós? – perguntei realmente curiosa.

– Vocês vão brilhar. Literalmente. – Cinna piscou para mim.

O jantar passou voando e voltamos para nosso andar. Estava com uma vontade louca de dormir no terraço, a noite estava maravilhosa e estava bem cansada. O dia foi cheio.

– Gostaram de seus estilistas? – disse Effie com um sorriso enorme no rosto.

– Sim, Cinna e Portia parecem ótimos. – disse.

– Agora vão dormir porque amanhã vocês terão o primeiro treinamento e têm que estar bem dispostos. – disse Haymitch se jogando no sofá.

Entrei no meu quarto, tirei o vestido e fui para o closet. Escolhi um casaco de moletom porque a noite estava gelada e um short. Acordei no meio da noite, fui até a janela e lembrei de Beetee e Wiress. Por mais malucos que fossem, queria eles aqui, me sentia segura com eles. Abri a porta do quarto tentando não fazer barulho e fui até a cozinha. No caminho, vi que tinha alguém sentado no sofá. Duas pessoas que logo reconheci. Annie e Gale. Não sou do tipo que observo as pessoas escondida, mas queria ver o que ia acontecer e BUM! Como eu esperava, eles se beijaram. Passei por eles sem fazer barulho e nem me perceberam. Fui até a cozinha, fiz um sanduíche e me sentei na mesa que era de frente para a Capital numa janela enorme. Degustei o sanduíche como se fosse o último da terra. Bebi um copo de suco de laranja e fiquei sentada na cozinha escura olhando pela janela.

– Como que eu vim parar aqui? – perguntei pra mim mesma.

– Não tinha como você saber Katniss, isso é o destino. – uma voz grossa surgiu atrás de mim. Gale. – Está tudo bem?

– Sim, só com mais medo a cada dia que passa.

– Qualquer coisa, eu estou aqui, posso te escutar e sou seu amigo.

– Obrigada, de verdade, mas agora estou com sono. – disse me levantando da cadeira. – Obrigada mesmo, boa noite.

No caminho, vi que Annie dormia no sofá e dei um beijo de boa noite em sua testa. Entrei no meu quarto e me deitei na cama. O pensamento da arena tomou conta de mim e demorei para dormir. Imaginei como era lá dentro e o que mais me assustava, como era matar uma pessoa. Pensei nisso quase a noite inteira, mas acabei dormindo.

“Droga, esqueci de fechar a cortina de novo”, pensei acordando com uma luz forte do sol no meu rosto. Levantei e fiquei sentada por um tempo. Esfreguei os olhos para acordar e fui até o banheiro. Lavei o rosto e senti o calor subir. Vi que estava de moletom e tirei. Entrei em baixo do chuveiro e esqueci da vida.

– Vai demorar muito queridinha? – a voz de Haymitch se propagou no banheiro.

– Já estou saindo. – gritei do chuveiro.

Fui até o closet e percorri os olhos até uma prateleira escrito “roupas de treinamento”. Como era muito alta, tive que subir numa prateleira mais baixa para alcançar. Peguei a roupa e a bota preta que estava separada. Me vesti, prendi o cabelo numa trança que caia nas costas, amarrei o cadarço da bota e sai.

Cheguei na sala onde Annie, Gale e Peeta me esperavam já prontos.

– Bom dia Katniss – disse Peeta com um sorriso no rosto.

– Bom dia... – e a sensação das penas no estômago tinha voltado.

Caminhamos até o elevador e descemos até o andar de treinamento. Chegando lá, vários tributos já treinavam. Annie e eu fomos para a parte de arremesso de faca enquanto Peeta e Gale foram para a parte de luta corpo a corpo. No inicio parecia fácil, alguns alvos apareciam na nossa frente e tínhamos que atirar as facas, mas depois que atirei a primeira e acertei bem longe do alvo, vi o quão difícil é. Várias tentativas e nada perto do alvo. Decidi descansar. Fui até a parte de camuflagem e me sentei na bancada. Logo na minha frente estava Peeta treinando luta contra um garoto do Distrito 2, forte, alto e bem ágil. Depois de descansada fui para a parte do arco e flecha, finalmente alguma coisa que realmente sabia fazer.

– Mira direitinho gata, pra não errar. – uma voz grossa surgiu atrás de mim. Me virei e dei de cara com um menino alto, forte, loiro e de olhos verdes. – Meu nome é Cato e você é a...?

– Katniss. – disse voltando a mirar no alvo.

– Garota de poucas palavras... Distrito 12, interessante. – disse ele me olhando dos pés a cabeça. – Quer ajuda?

– Você pode me dar licença ou faço de você, meu alvo. – senti a raiva começar a se instalar dentro do meu corpo. – Não preciso de ajuda.

– Tudo bem, mas você ainda vai querer minha ajuda. – o garoto saiu dando uma gargalhada.

– Insuportável... – resmunguei baixo.

– Quem é insuportável? – Peeta apareceu atrás de mim.

– Um dos meninos do Distrito 2. – me concentrei no alvo.

– Você sabe não é, são carreiristas e são todos iguais. – Peeta deu um sorriso de deboche.

– Carreiristas? – perguntei abaixando meu arco.

– Sim, carreiristas são os tributos dos dois distritos mais próximos da Capital. Os grandes vitoriosos de quase todas as edições dos Jogos são do Distrito 1 ou do 2. São treinados desde pequenos pra isso.

– Hm, quantas edições eles ganharam?

– Quase todas. As únicas vezes que eles não conseguiram foi quando Haymitch e Annie ganharam.

– Haymitch já foi para os Jogos?

– Sim, como você acha que ele se tornou nosso mentor?

– Por isso que ele é tão... – procurei palavras para descrevê-lo – Amargo.

– Sim, não deve ser fácil na arena. Agora tenho que ir ao arremesso de facas e você... Acerta o alvo hein. – disse ele se afastando.

Vejo os idealizadores dos Jogos se aproximando e o último deles, Seneca Crane sentou em uma cadeira de veludo vermelha para assistir ao treinamento. Preparei a flecha e firmei a mão que segurava o arco. Respirei fundo três vezes e mentalizei a cabeça de Cato, o insuportável do Distrito 2, no alvo. Respirei de novo e lancei a flecha com precisão. Satisfeita. Direto no alvo causando a surpresa de todos. O que eu queria.



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Notas finais do capítulo

Eai? Katniss desfiadora hein! Espero que tenham gostado. Continuem lendo e mandem reviews...
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