A Nightmare escrita por nsilvac


Capítulo 11
A Cidade


Notas iniciais do capítulo

Outra fic com Myprerrogative: http://www.fanfiction.com.br/historia/249857/You_Got_Me



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POV Katniss


– Que susto, não? – perguntei para Peeta voltando a sentar na areia ao seu lado.

– Sim. – disse ele, sério.

Ficamos um tempão em silêncio sentados ali olhando para o mar. A tarde já estava acabando quando o famoso hino começou a tocar e projetando no céu, a insígnia da Capital. O rosto de todos os tributos mortos até agora apareceram ali. Dois tributos do Distrito 1. Três do Distrito 2. Dois do 4. Três do 5. Todos do 3,6,7,8 e 9. 29 mortos nas primeiras 48 horas de luta. Literalmente um Massacre.

– Isso não adiantou muito as coisas. – disse tentando puxar assunto.

– É o Massacre Quaternário Katniss, você queria mais o quê? – ele sorriu irônico.

– Vocês vão montar guarda essa noite. – Finnick apareceu atrás de nós com Rue nos braços que havia adormecido

– E como ela está? – perguntei apontando para Rue com a cabeça.

– Foi difícil para ela aceitar que o irmão morreu, mas depois fiquei cuidando dela e ela acabou dormindo. – disse ele acariciando seus cabelos negros. Rue tinha pouco mais de uns doze anos.

–Tudo bem, nós montamos guarda. Vá descansar. – disse Peeta se jogando na areia.

– Qualquer coisa, não estamos longe, façam algum sinal para nos acordar. – Finnick se afastou.

– Estou cansada. – me joguei na areia também. Fiquei deitada ao lado de Peeta olhando em seus olhos fazendo o maior silêncio. Podia ouvir todos os barulhos daquela arena.

– Isso ainda não saiu daí? – perguntou Peeta olhando pro meu pescoço.

– Isso o que? – não me lembrava do que ele estava falando.

– A marca que eu deixei em você... – disse ele com um sorriso no rosto.

– Ainda não? – perguntei passando a mão e sentindo meio dolorido. – Tinha me esquecido.

O silêncio retornou e estávamos só eu e Peeta acordados ali na praia. Fazia tempo desde o dia que ficamos sozinhos daquele jeito. A última vez foi a quase três dias atrás e eu estava sentindo falta disso. Ficar em silêncio sozinha me deixava com medo, mas ficar em silêncio com Peeta me trazia proteção, me sentia em casa.

Ficamos deitados olhando para o céu até ele quase clarear de novo e começar outro dia na arena.

– Já era pra ter mudado de arena, não é? – perguntou Peeta se levantando da areia.

– Pelos meus cálculos sim, mas não sei ao certo de quanto em quanto tempo ela muda. – disse. – Por que não muda logo e acabamos logo com isso? Com esse jogo idiota! – comecei a ficar nervosa.

– Calma Katniss, nós vamos conseguir sair daqui, ou você vai.

– O quê?! – perguntei com mais raiva ainda. – Peeta, escuta bem uma coisa, eu não vou sair daqui viva, as chances são mínimas!

– Você é uma das melhores em jogo, como você não sairia viva?

– Peeta, você também tem grandes chances de ficar vivo... – eu nunca fui disso, mas uma coisa me incomodava em pensar que Peeta podia morrer ali na minha frente.

– Vamos encarar a realidade, eu não tenho tantas chances como você tem... – ele voltou a olhar o mar.

– Peeta, lembra do que você disse pra mim naquela noite antes de virmos para cá? – peguei em seu queixo virando seu rosto para mim.

– Eu vou estar com você e você vai estar comigo. – disse a mim olhando em meus olhos.

– Isso mesmo. Eu te protejo e você me protege. – sorri. – Que nem temos feito até agora, na hora que seu ombro estava machucado eu te ajudei, quando Clove me atacou, você me ajudou e vamos fazer assim até sobrarmos só nós aqui, combinado?

– Combinado. – ele sorriu torto e me beijou.

– Opa! Não posso deixar vocês um segundo que já aceleram as coisas. – disse Finnick saindo da barraca onde estava.

– Não estamos acelerando nada Finnick. – rebati.

– É claro que não estão. – disse ele segurando um sorriso.

– Vou ver Annie, já volto. – disse me levantando da areia.

Caminhei até onde Annie estava deitada. Ela parecia muito melhor do que antes, sem tremer, suar e suas bochechas estavam bem coradas.

– Como você está se sentindo? – perguntei sentando no chão ao seu lado.

– Bem melhor. – ela sorriu. – E Gale?

– Está... Boa pergunta! Não sei onde ele está...

– Estou bem aqui! – exclamou ele atrás de mim. – E como você está? – acenou com a cabeça para Annie.

– Bem!

– Eu vou falar com Finnick para começarmos a ir atrás dos outros tributos. – disse. – Quero acabar logo com isso. – me afastei.

Fiz as contas de quantos tributos ainda restavam dos distritos. 19 tributos. Acho que os quatro do 1. Cato do 2. Finnick e Rue do 4. Cara de raposa do 5. Todos do 10 e 11. Eu, Annie, Peeta e Gale do 12. Refleti o que Peeta disse e realmente só sobraram os que tiraram as melhores notas no treinamento individual.

Avistei Peeta sentado na areia do jeito que estava antes. De repente, senti uma ventania muito forte e o chão começou a tremer. A arena estava mudando. Tentei o meu máximo chegar até Peeta que estava se esforçando para chegar em uma das árvores da praia para se segurar. Fiz o mesmo com muita dificuldade, pois o vento era muito forte. Minha visão foi ficando muito limitada até não conseguir mais enxergar. Apaguei.

Acordei num lugar escuro, muito escuro. Levei um tempo até minha visão acostumar com o escuro. Fui me arrastando pelo chão e apalpando as coisas na minha frente até encostar em algo. Alguém.

Passei as mãos no cabelo dessa pessoa e logo me veio na cabeça que era Peeta. Sabia muito bem como eram seus cabelos loiros e macios que agora estavam sujos e da ultima vez que o vi na ultima arena, ele estava perto de mim.

– Peeta? – sussurrei.

– Não bonitinha... Cato. – gelei e tirei as mãos dele. – É claro que sou eu Katniss.

– Ótima hora pra brincadeiras, Mellark. – bufei.

– Só estava tentando descontrair. – ele riu. – Onde estamos? – ele perguntou passando as mãos em meus braços até chegar nas minhas mãos.

– Não sei! Eu não enxergo muito bem...

– Por que estamos sussurrando? – sussurrou ele.

– Não sabemos onde estamos, é melhor não arriscar.

Voltei a me arrastar até encostar em alguma coisa enferrujada, algo parecido com escadas. Minha visão já estava mais acostumada com o escuro e pude ver que era a escada que dava na boca de um bueiro. Comecei a subir até chegar ao topo. Empurrei a tampa para cima, abrindo uma fresta para olhar o que tinha em cima. Prédios e mais prédios. Era uma cidade deserta e pouco iluminada, estava de noite.

– Onde você está Katniss? – perguntou Peeta ainda lá em baixo.

– É uma cidade. – disse baixinho. – Vem, sobe aqui. Temos que sair e procurar armas, mas não faça barulho.

Escutei Peeta começando a subir pelo ruído que fazia a escada enferrujada. Saímos do bueiro e corremos para as escadas de emergência do prédio mais próximo. Começamos subir até chegar na cobertura para podermos enxergar melhor a cidade. Me debrucei na mureta que era alta demais do prédio.

– Me segura. – disse para Peeta enquanto subia mais alto no muro.

– Cuidado! – ele me segurava forte pela cintura.

– A cornucópia é ali. – apontei para o prédio mais alto com uma cobertura de vidro brilhante onde estava a cornucópia. Estava longe e não tínhamos armas. Ia ser um caminho difícil até lá.

– Vamos ter que ir. – me escorreguei pelo muro enquanto Peeta ainda me segurava.

– Então vamos. – disse ele começando a descer as escadas.

– Peeta! – fiz um esforço para segurar seu grande braço com uma das minhas mãos. – Estamos sem armas, sem proteção, então vamos tentar não fazer barulho para não chamar atenção... Não vamos conversar até chegar lá. – disse baixinho.

– Tudo bem. Me segue. – Peeta se aproximou. – Até lá. – inclinou a cabeça para me beijar.

– Até. – fiquei na ponta dos pés para beijá-lo.

Me afastei de Peeta e ele se voltou para a escada. Descemos na ponta dos pés para não fazer barulho. Eu acompanhava Peeta em cada movimento que ele fazia. Já na rua, o silêncio dava medo até escutarmos o som do canhão, mais um tributo morto. Andamos escondidos até chegar a mais ou menos num beco perto do prédio da cornucópia. Escutamos risadas e barulhos bem próximos de nós. Entramos no beco e nos escondemos atrás de algumas latas de lixo com grades. Fiquei espiando em um buraco no portão. Os Carreiristas do 1 junto com Cato.

– Vamos atrás dos tributos do 12! – um homem de voz grossa disse se afastando.

Olhei para Peeta que fazia cara de dor com uma das mãos no ombro. Perguntei se ele estava bem sem emitir som para ele ler meus lábios e ele fez sinal de “ok” com uma das mãos.

– Espera. – li os lábios dele.

– No três? – sussurrei.

Peeta mostrou três dedos para mim contando três e saímos dali. Andamos mais um pouco até chegar finalmente no prédio da cornucópia. Subimos novamente pelas escadas de emergência. Na cobertura, haviam várias caixas bem grandes rodeando as armas, onde poderíamos nos esconder. Me arrastei sorrateira até atrás de uma das caixas e Peeta fez o mesmo com um pouco mais de dificuldade por estar com o ombro doendo. Olhei por uma fresta e uma garota toda equipada com facas, arco e várias flechas cuidava do lugar. Era do Distrito 1, não conseguia ver muito os detalhes, mas era bem baixinha.

Engatinhei até a caixa onde Peeta estava escondido para poder falar com ele.

– Vamos fazer um acordo com ela. - disse para ele apontando na direção onde estava a menina.

– Você ficou maluca? É muito arriscado Katniss. – Peeta sussurrou alto chamando a atenção da garota que olhava atenta para todos os lugares.

– Shhhhh! – fiz para ele falar baixo. – Temos que tentar.

– E o que você pretende propor a ela? – disse. – “Eai, eu estou sem armas... Você não quer ser nossa aliada em troca de algumas? – ele imitou minha voz.

– Não é uma má ideia... Vou tentar, mas fica atento que se ela não aceitar, eu dou um jeito de distrair ela e você pega o que conseguir.

– Tudo bem Katniss... – ele se rendeu.

Me levantei de trás da caixa e andei até próximo dela sem fazer barulho.

– 1? – perguntei olhando para o número em sua camisa.

– Quem é você? – ela perguntou apontando uma flecha na minha cabeça com cara de raiva, muita raiva.

– Não atira! – fiz gesto de rendição. – Sou do 12 e todos do meu distrito estão vivos.

– E por que eu não atiraria? – ela segurava a flecha ainda mirada para mim.

– Podemos fazer um acordo. – andei até mais perto.

– Que tipo de acordo? – ela estava borbulhando em raiva.

– Você se torna nossa aliada em troca de armas... – disse parando em sua frente. – Te protegemos e damos o que você precisar.

– Não sei o porquê eu aceitaria, mas... – disse ela com cara de dúvida.

– Aceita! Você não é nada burra pra recusar isso... E abaixa isso, estou sem armas, não vou te machucar... – disse apontando para o arco.

– Ok então, eu aceito... – ela abaixou a arma. – Tem mais alguém com você? – perguntou desconfiada.

– Tem um garoto do meu distrito... Peeta... – chamei ele que levantou de trás da caixa.

– Então você é o famoso conquistador que os meninos do meu distrito tanto falam? – ela perguntou apontando uma flecha para ele.

– Calma aí matadora, não tenho armas e... – ele fez um gesto de rendição e ela abaixou a flecha. - Conquistador?

– Nada mal... – disse ela dando a volta nele o olhando dos pés a cabeça.

– Então, aliados? – perguntei olhando para ela.

– Aliados. – ela disse.

– Sou Katniss, a propósito. – disse estendendo a mão para ela.

– Johanna. – ela apertou minha mão. Só aí pude reparar em seus olhos verdes profundos e seus cabelos escuros. Johanna era muito bonita.

Eu e Peeta voamos para a cornucópia como duas crianças atrás de doces. Pegamos muitas armas e alguns suprimentos. Peguei um arco com flechas e facas, Peeta pegou uma lança, uma espada e facas também.

– Temos que achar Annie, Gale, Rue e Finnick. – disse para Peeta.

– Quem são esses? – Johanna perguntou desconfiada.

– São os dois do nosso distrito mais alguns aliados.

– Por onde vamos então? – ela sentou em uma das caixas.

– Não sei onde eles podem estar, vai ser difícil se a arena for muito grande. – disse Peeta guardando as armas pela roupa.

– Abaixa! – disse Johanna para mim e para Peeta enquanto preparava seu arco.

– Traidora! – logo reconheci a voz. Era Cato junto com os outros três do Distrito 1.

Eles começaram a avançar em nós e então preparamos nossas armas.

– Quem vai morrer primeiro? – um cara alto e bem forte perguntou.

– Não seja tão apressado Brutus. – disse Cato com um sorriso no rosto.

– O que você quer? – Peeta perguntou irritado. – Fala o que voc...

– Quero ela! – disse ele antes mesmo de Peeta terminar a frase. Ele apontou para mim.

– Nem por cima do meu cadáver! – Peeta avançou nele.

Peeta voou em cima de Cato derrubando ele no chão e imobilizando. O tal de Brutus ia atacar a lança nele quando me dei conta e preparei o arco.

– Não se atreva! – mirei a flecha em seu peito

– Você também não. – a outra garota do 1 me ameaçou.

Ficamos um tempo mirando um para o outro até que a garota caiu no chão.

– Você que nem tente. – Johanna disse atrás dela agachando no chão.

Johanna tinha sido rápida, pegou a flecha que acertou em Enobaria, esse era o nome dela e a colocou no arco de novo. O canhão disparou e confirmava a morte de Enobaria.

Peeta estava no chão ainda brigando com Cato e os dois apanhavam.

– Quer tentar usar a faca, quer? – disse Peeta. – Luta como homem! – Peeta arremessou a faca de Cato nos meus pés.

Peguei a faca parada na minha frente e caminhei até Cato e Peeta, preparei para cravar a faca nas costas de Cato, mas alguém me impediu.

– Você não vai fazer isso. – Brutus segurou meu braço.

– Me solta! – gritei para ele.

– Não! – ele apertou meu braço com mais força.

– Ela disse pra soltar! – Johanna pulou nas costas de Brutus fazendo ele cair no chão. – Vai Katniss, vai logo!

Peguei a faca que havia caído da minha mão e me preparei. Esperei a hora certa que foi quando Cato conseguiu finalmente se soltar de Peeta, levantando rápido e ficando de costas para mim. Peeta fez sinal para eu atacar. Então, não esperei, fui rápida com a faca em seu ombro esquerdo, Cato caiu no chão, mas ainda consciente.



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Notas finais do capítulo

Outra fic com Myprerrogative: http://www.fanfiction.com.br/historia/249857/You_Got_Me



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