Finn acordou animadíssimo naquela manhã, durante a noite, enquanto não conseguia dormir, tinha definido o que faria assim que o dia nascesse. Ele iria até a casa de Rachel.

Todos na casa estranharam a súbita mudança de atitude dele, afinal no dia anterior ele parecia estar muito triste, mas ninguém ousou comentar a mudança, cada um ficou feliz por ver que o antigo Finn poderia estar de volta.

Tomou seu café da manhã, verificou as horas e achou que não era cedo demais para uma visita. Saiu sem ao menos dizer onde estava indo.

Tinha que admitir que estava sentindo-se nervoso, comparava aquela sensação a de quando a pediu em casamento. Naquele dia ele até achou que não iria conseguir dizer as palavras que ele havia ensaiado tanta e tantas vezes. Mas naquele momento ele conseguiu dizer tudo o que queria e torcia para que desta vez não fosse diferente.

Parou em frente a porta da casa de Rachel, suas mãos suavam, seu coração disparado. Tocou a campanhia. Depois do que lhe pareceu horas a porta se abriu, mas não era que ele esperava ver. Do outro lado Hiram o olhava com uma expressão que ele não conseguiu definir.

- Bom dia Sr. Hiram.

Notou que ele fechou um pouco a porta, como se para impedir que Finn enxergasse dentro da casa.

- Bom Finn, como vão as coisas?

- Bem, eu...eu...posso falar com a Rachel?

- Finn, eu vou ser sincero com você, eu não sei o que aconteceu ontem, mas a Rachel me pediu para te dizer que ela não quer te ver.

- Mas...

- Como eu disse eu não sei, ela não quis me contar nada. Mas eu acredito que vai passar, dê um tempinho a ela, pode ser?

Finn somente conseguiu assentir com a cabeça. Ele tinha ouvido direito, ela não queria falar com ele? Não conseguia entender o que tinha acontecido. Mas por hora achou melhor não questionar nada.

- O-obrigada Hiram, eu..eu já vou indo.

Virou as costas, caminhando até seu carro, a única coisa que Finn conseguia processar era que ela estava atrás daquela porta e que ela não queria o ver.

Saiu de carro sem rumo pelas ruas de Lima, enquanto dirigia, pensou que ele realmente merecia o que estava acontecendo, ele tinha sido um completo idiota. Ele teria que ter corrido pra ela assim que colocou os seus pés naquele maldita cidade. Decidiu ligar para Kurt, ele poderia ter uma ideia do que tinha acontecido. Parou o carro no meio fio.

Discou o numero de Kurt que logo atendeu.

- Alô.

- Kurt sou eu. Kurt ela não quis falar comigo...

- Finn, o que você disse?

- Eu fui atrás da Rachel e pediu para o pai dela me falar que ela não queria me ver...

- Ela o que?

- Isso mesmo que você ouviu. Ela não me quer mais, não quer nem olhar na minha cara, acho que ela não me ama mais...você sabe de alguma coisa?

- Finn, calma. Não , ela não fala comigo desde de ontem. Onde você está?

Finn olhou em volta, não tinha ideia para onde tinha se dirigido e se assustou ao perceber que estava próximo a escola.

- Estou na frente do Mckinley.

- Ótimo, então por que não aproveita e visita o Sr. Schuester.

- É isso pode ser uma boa ideia.

- Sim, aproveita para colocar os assuntos em dia, assim você se distrai um pouco.

- Claro, claro, depois a gente se fala então. Até mais.

- Até.

Assim que desligaram Kurt já sabia o que fazer, ele teria que fazer uma visitinha a cabeça dura Rachel Berry.

                Finn entrou pelas portas da escola, sorriu com a ironia das coisas, à quatro anos atrás não via a hora de sair por aquelas portas e não ter que voltar nunca mais. Hoje seis meses depois de ter feito exatamente isso, sabia que daria tudo para poder voltar à aqueles tempos.

                Sentia falta daquele tempo despreocupado, que suas maiores preocupações eram popularidade e garotas, sentia falta das aulas do Glee Club e poder cantar todos dos dias. Seguiu pelos corredores até a sala do coral.

                Não havia ninguém ali naquela hora, achou que acharia o Sr.Schuester , mas até naquela sala, normalmente tão agitada ele estava sozinho.

                Olhou a decoração de natal, estava tão linda quanto a ultima vez que ele ajudara a decorar e parou em frente os troféus do New Directions. Estavam todos lá, os das seccionais, regionais e os mais importantes: o de 12º Lugar nas Nacionais de 2011 e o de 1º Lugar em 2012.

                Sorriu ao se lembrar de como foi ganhar cada um deles, de toda a emoção que sentiram ao ouvir que eles tinham ganho cada etapa daquelas.

                No meio dos troféus, estava um que até então ele não tinha visto, que era desconhecido a Finn, se aproximou para ver melhor. E não pode deixar de se sentir orgulho. Eles haviam inspirados outros a entrarem no coral e eles já tinham ganho a primeira competição da temporada.

                Estava parado na mesma posição há um tempo quando ouviu uma vez chamando seu nome.

                - Finn! Lhe chamou o Sr. Schuester.

                - Sr.Schue!

                - Finn, como você está meu amigo? E por favor, me chame de Will, já não sou mais seu professor para que você me trate tão sério assim.

                - Bem...Will, estou na cidade para passar no Natal, cheguei a poucos dias. Estava passando aqui por perto e resolvi entrar para rever as pessoas.

                - Que bom Finn, que bom. E pelo visto já viu que ganhamos nossa primeira competição.

                - Estava olhando justamente isso, estou muito feliz por vocês.

                - Eu também, eu tinha medo de que os que não se formaram ficariam desaminados por vocês terem saído, mas todos fizeram questão de continuar e não deixar o Glee Club se acabar, o New Directions é um coral nacionalmente conhecido agora.

                - É mesmo, quem poderia imaginar em Will? Que nos conseguiríamos chegar onde chegamos.

                - Eu Finn, eu tinha certeza do potencial de vocês, sabiam o quanto eram especiais.

                - Que isso, nós só amávamos o que fazíamos aqui todos os dias.

                - E então, me conte como está a vida do meu futuro padrinho de casamento lá no Fort Benning.

                E Finn começou a contar para Will tudo o que tinha acontecido nos últimos seis meses e pensou no quanto também sentia falta de seu professor.

                Enquanto isso Kurt dirigia apressado pelas ruas de Lima, precisava chegar o quanto antes na casa de Rachel, não conseguia se conformar no quanto a capacidade dela ser totalmente exagerada faria com que as coisas chegassem naquela situação.

                No dia anterior quando ela tinha dito a ele que achava que Finn não queria mais nada com ela, Kurt tentou não dar muito importância, nunca imaginou que ela não o atenderia quando finalmente ele havia se decidido. Tentaria falar com ela e explicar toda a situação e se ela ainda continuasse na duvida, teria que lhe entregar aquele caderno. No fundo ele não queria ter que mostra-lo, tinha a consciência que se fizesse isso Finn o odiaria, mas resolveu deixar para pensar nas consequências depois.

                Chegou a porta da casa dela e esperou que alguém o atendesse. Rachel abriu a porta para ele com cara de quem não estava apreciando a sua visita, ficou parada o encarando, se dizer nenhuma palavra.

                - Bom dia pra você Rachel, não vai me convidar para entrar?

                Ainda sem dizer nada, Rachel somente deu um passo para o lado, deixando a passagem livre para que ele entrasse. Assim que fechou a porta lhe perguntou com uma voz fria.

                - O que você quer hein Kurt?

                - Falar com você.

                - Se ele o mandou aqui para me dar algum recado, pode voltar e dizer a ele que...

                - Ei, ei, calma aí. Ele não me mandou aqui, apesar de ter me ligado assim que você mandou o seu pai despacha-lo.

                - Eu não fiz nada de mais, só falei a verdade, que...e-eu não queria ver ele naquela hora.

 Kurt sabia que ela tentava manter o controle e fingir que não estava se importando com o fato de que ela não quis falar com Finn.

- E agora Rachel, você continua a querer que ele fique longe da sua vida, de novo?

- Não fui eu que quis assim Kurt, foi ele que decidiu não se aproximar de mim, ele que não quer mais o meu amor.

- E quem foi que disse isso para você?

Rachel o encarou, seu olhar confuso. Estava claro para ela. Se ele não a procurou no minuto que ficou sabendo que ela estava na cidade, isso só poderia dizer que ele não queria ve-la, afinal ele a tinha convencido de ir para longe dele. Naquele dia ele tinha dito a ela que a amaria para sempre, mas tinham ficado um tempo se se verem e ele poderia ter mudado de ideia.

Não sabendo como responder a pergunta feita por Kurt. Ela apenas colocou suas mãos sobre os olhos e começou a chorar.

- Rachel, olha pra mim. Ele não veio te ver, pois tinha medo de que você sofresse ainda mais quando tivessem que partir novamente, ele fez tudo isso por você!

- Não fez não Kurt, se ele pensasse em mim de verdade, ele saberia que nada no mundo me faz mais feliz do que ter ele por perto, nem que fosse por alguns dias. Ele não pode ficar sempre tomando as decisões por mim.

- Eu sei Rachel, mas parece que você não conhece o Finn, sempre mete os pés pelas mãos, mas sempre faz isso com as melhores das intenções.

- Eu...eu...de verdade Kurt, não sei o que fazer ou o que pensar, eu queria tanto poder sentir ele me abraçando de novo...esperei tanto por isso...

- E mandando ele ir embora da sua casa daquele jeito definitivamente é o melhor jeito de ter ele por perto de novo.

- Mas como eu poderia saber! Eu só acredito naquilo que eu posso ver, naquilo que está claro pra mim e naquele momento eu tinha plena certeza de que ele não me queria na sua vida.

Kurt suspirou, aquilo estava mais difícil do que ele imaginava, passou as mãos pelo sua bolsa e retirou de dentro dela o caderno de Finn, o entregando para Rachel.

- O que é isso?

- Somente leia tudo o que está escrito aí e depois a gente conversa, você sabe onde me encontrar.

Se virou para ir embora dali, agora tudo estaria por conta de Rachel, mas antes de sair resolveu dar a ela mais um informação.

- E se você quiser saber onde encontra-lo , ele está no Mckinley.

Assim que Kurt saiu, Rachel abriu aquele caderno. Mal leu a primeira linha e já estava chorando, se sentou no sofá e se atirou na leitura, como se sua vida dependesse daquilo. Ou melhor, seu amor dependesse daquilo.

Após terminar de ler cada uma daquelas cartas, Rachel estava se sentindo a pior pessoa do planeta, admitiu para si mesma que no dia anterior o tinha julgado mal, tinha pensado que ele não passava de um egoísta, que estava tentando se privar de um encontro desagradável e se livrar de um sofrimento à toa. Agora ela queria gritar por ter sido tão burra assim, como pode ter feito isso com ele? Mas não ficaria ali sentada, sentindo pena de si mesma, iria atrás daquele que era o único capaz de fazê-la feliz.

Depois de um tempo conversando com Will Schuester, Finn decidiu que ainda não estava pronto para voltar para casa. Saiu da sala do coral e resolveu ir até o campo. Lá encontrou a treinadora Biesti e alguns antigos companheiros de time, conversaram um pouco, se inteirou das novidades e segui até o vestiário para tentar encontrar Sam. O encontrou e perdeu mais algum tempo ali com ele. Mas ele também tinha coisas para fazer e precisava voltar para suas aulas, então Finn estava sozinho de novo, vagando pela escola. Acabou no auditório.

Entrar ali fazia com que Finn sentisse um aperto no coração. Tantas coisas boas haviam acontecido ali naquele palco. Seu primeiro encontro com Rachel foi naquele lugar também, assim como seu pedido de casamento e todas as reconciliações, ela sempre tinha um musica para ele. E pensou que estava na hora de ele cantar uma musica para ela também, mesmo que ele soubesse que ela não estaria alí para ouvi-lo.

Sentou no banco do piano e ficou a procura de um musica que demonstrasse exatamente o que ele estava sentindo.

Enquanto isso Rachel corria pelos corredores da escola. Encontrou com Sr. Schuester entrando na sala do coral.

- Sr. Schuester!

- Oi Rachel, o que você está fazendo por aqui? Veio matar as saudades?

- Estou procurando o Finn, o senhor o viu?

- Vi sim, ele saiu daqui não faz muito tempo.

- Ele disse para onde estava indo?

- Acho que comentou que talvez fosse até o campo.

- Muito obrigada Sr.Schue – disse já correndo na direção do campo – depois a gente se fala.

Chegando ao campo encontrou com Beiste, repetiu as mesmas perguntas e ela lhe informou que ela poderia encontra-lo no vestiário. Ao chegar na porta, ficou na duvida se entrava lá ou não. A última vez que ela tinha feito isso, não tinha gostando nada da experiência, mas aquela era uma situação diferente, tinha que tentar.

Abriu a porta relutante e o chamou – Finn! Você está aí?

Nada, silencio. Tentou novamente.

- Finn! Novamente não ouve nenhuma resposta.

Sentiu vontade de chorar, mas ela não desistiria, andaria aquela escola inteira se fosse preciso, entraria em cada sala de aula, ela precisava encontra-lo.

E então Rachel se lembrou do auditório. Ela não saberia como explicar, mas tinha certeza que era lá que ela enfim o encontraria.

Finn ainda se encontrava na mesma posição, sentia-se nervoso, não cantava a algum tempo, mesmo sabendo que ninguém o ouviria. Fechou seus olhos, respirando fundo, dedicando aquela musica a pessoa que ele mais amava no mundo e começou a cantar.

Sem imaginar que ela acabava de chegar naquele mesmo auditório e que ela o ouviria cantar.

               

There's only so many songs

Existem tantas canções

That I can sing to pass the time

Que eu posso cantar para passar o tempo

And I'm running out of things to do

E eu estou ficando sem coisas para fazer

To get you off my mind

Para te tirar da minha mente

Ooohh, no

Ooohh, não

All I have is this picture in a frame

Tudo que eu tenho é esta foto em um quadro

That I hold close to see your face every day

Que eu deixo perto para ver seu rosto todos os dias

With you is where I'd rather be

Com você é onde eu prefiro estar

But we're stuck where we are

Mas estamos presos onde estamos

And it's so hard, you're so far

E é tão difícil, você está tão longe

This long distance is killing me

Essa longa distância está me matando

I wish that you were here with me

Eu queria que você estivesse aqui comigo

But we're stuck where we are

Rachel sentiu tudo o que ele quis dizer com aquela musica, tinha a certeza que ele cantava para ela, mesmo se ter a mínima ideia de que ela estava bem ali, tão perto dele.

Mas estamos presos onde estamos

And it's so hard, you're so far

E é tão difícil, você está tão longe

This long distance is killing me

Essa longa distância está me matando

It's so hard, it's so hard

É tão difícil, é tão difícil

Where we are, where we are

Onde estamos, onde estamos

You're so far, this long distance is killing me

Você está tão longe, essa longa distância está me matando

It's so hard, it's so hard

É tão difícil, é tão difícil

Where we are, where we are

Onde estamos, onde estamos

You're so far, this long distance is killing me

Você está tão longe, essa longa distância está me matando

Now the minutes feel like hours

Agora os minutos parecem horas

And the hours feel like days

E as horas parecem dias

While I'm away

Enquanto eu estou longe

You know right now I can't be home

Você sabe que agora eu não posso estar em casa

But I'm coming home soon, coming home soon

Mas eu estou voltando pra casa logo, voltando para casa logo

Can you hear me crying?

Você pode me ouvir chorar?

Can you hear me crying?

Você pode me ouvir chorar?

With you is where I'd rather be

Neste momento ela o viu com maior clareza pois ele tinha andando até o centro do palco. E ele chorava...

Finn cantava sentindo o quanto aquilo era verdade, chorou, como ele tinha feito muitas e muitas vezes e a única coisa que ele sabia era a de muito que ela estivesse com ele naquele momento.

Toda aquela situação a estava matando também tanto quanto vê-lo chorar ali sozinho naquele palco. Ela não poderia deixar que aquilo continuasse.

                Rachel saiu lentamente de onde estava, caminhou até ele. E começou a cantar junto com ele.

Com você é onde eu prefiro estar

But we're stuck where we are

Mas estamos presos onde estamos

And it's so hard, you're so far

E é tão difícil, você está tão longe

This long distance is killing me

                Finn, ao ouvir a voz de Rachel, pensou que talvez estivesse imaginando que ela estava junto com ele naquele palco, cantando juntos novamente, sincronizados, suas vozes numa mistura perfeita. Uma completando a outra, como acontecia em todos os aspectos, Finn tinha absoluta certeza que eles foram feitos para ficarem juntos.

Essa longa distância está me matando

I wish that you were here with me

Eu queria que você estivesse aqui comigo

There's only so many songs

Existem tantas canções

That I can sing to pass the time..

Que eu posso cantar para passar o tempo...

               

Quando terminaram a ultima nota, Rachel já estava muito próxima a ele. Finn por sua vez parecia não ter consciência que ela estava bem diante dele.

                Rachel o viu abrir os olhos lentamente e olhar diretamente em seus olhos.

                Finn olhou para Rachel quase não acreditando que ela estivesse realmente na sua frente. E ele não conseguia definir o que ele estava sentindo naquele momento.

                Ouviu a voz dela novamente, aquela que ele reconheceria em qualquer lugar, soando tão calma e tão doce em seus ouvidos.

                - Você não faz ideia, do quanto eu senti saudades!