Por Conta Do Destino escrita por Tania_Santos


Capítulo 2
Capítulo 2 - Apenas sobrevivendo


Notas iniciais do capítulo

Bom, aí está o segundo capítulo,sei que ele está um pouco triste, mas faz parte dos acontecimentos.
Prometo que no proximo vamos ter mais um pouco de emoção.
Beijos



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Dezembro/2012

                Ele já estava naquele lugar a 06 longos meses e ele poderia dizer com  toda a certeza que sua vida não havia melhorado, nem um pouco.

                Achou que o tempo o faria melhorar, atenuar um pouco aquela dor constante que ele sentia em seu peito, mas ele estava errado.

                Não sabia mais o que fazer para fazer aquela dor parar e se entregou de corpo e alma ao seu treinamento. Tentava substituir a dor no peito pelas dores nos braços, nas costas, nas pernas.

                Neste momento ele se olhava no espelho do banheiro que dividia com seus companheiros no alojamento e ele não se reconhecia mais. Ele não era mais o Finn Hudson de antigamente, ele sabia que estava diferente.

                E ele não estava falando somente do cabelo que não tinha mais o seu tradicional topete, cortado agora no melhor estilo militar, ou do rosto que estava ligeiramente mais fino devido ao seu exaustivo treinamento.

                O que mais assustava Finn ao se olhar no espelho era perceber que seus olhos não tinham mais vida, ele estava ali a todo esse tempo apenas sobrevivendo. Nada o fazia se animar, nada o tirava daquele estado de torpor que ele se colocou.

                Seu colega de quarto praticamente já tinha desistido de tentar manter um conversa com ele, hoje eles só se falando o necessário: Bom dia, Boa noite, Obrigada, Até mais tarde e por aí vai...

 E por ter se atirado de cabeça naquela rotina ele tinha se tornado uns dos melhores de seu grupo. No começo ele sofreu um pouco por sua falta de coordenação e por seu peso um pouco acima do aceitável, mas ele agradecia ao Glee Club todos os dias por tê-lo feito aprender a dançar pelo menos um pouco e com isso não ter sofrido ainda mais.

                E pensar no Glee Club fazia com que Finn se sentisse ainda pior. Ele sentia falta daquilo todos os dias, nele ele viveu os dias mais felizes de sua vida. Mas hoje Finn não tinha mais vontade de cantar, ou de ouvir música. Essas coisas o faziam lembrar de Rachel.

                Ninguém ali sabia o quanto ele gostava de cantar ou que eles tinham ganho um campeonato nacional de coral, nada daquilo era importante para a vida que ele levava naquele momento. Ele só precisava levar um dia de cada vez.

                Saiu do banheiro e segui até o seu quarto no mais absoluto silêncio, deitou em sua cama, passou os olhos sobre a foto deles, mas desta vez ele não a pegou e decidiu que era hora de pensar em um assunto que ele tentava evitar nos últimos dias.

Eles já estavam em Dezembro, as festas já estavam próximas e eles teriam um tempo pra irem para casa. Mas ele ainda não havia decidido se iria para Lima, ir para sua cidade poderia resultar em um encontro com Rachel. Ele sabia que havia essa possibilidade, uma vez que ele tinha certeza que ela não passaria o Natal ou o Ano Novo sozinha em New York.

E ele tinha muito medo de encontrar com ela, medo do iria sentir ao vê-la novamente, medo de não conseguir se segurar e correr atrás dela implorando para que ela pedisse para ele ficar ali com ela pra sempre.

Mas sua mãe tinha insistido tanto para ele ir, que  não queria desaponta-la, resolveu que iria para Lima e deixaria tudo por conta do destino.

               

                Pegou um caderno que ele mantinha guardado debaixo de seu colchão e o abriu.

                Em suas páginas continham várias cartas, escritas por ele nos seus momentos de solidão. Por ter se tornado uma pessoa totalmente fechada e sem grandes amigos, escrever se tornou um hábito que ele adquiriu como um modo de expressar todo o sentimento que ele mantinha ali, bem preso em seu coração.

                E todas elas eram direcionadas a uma única pessoa. Rachel.

                Seus lábios se curvaram numa espécie de sorriso ao se lembrar de todas as vezes que ele admitiu para ela o quanto era ruim com as palavras, ele só se fazia entender cantando. E ele tinha certeza que ela ficaria orgulhosa dele se pudesse ler tudo o que estava escrito naquele caderno. Mas ela nunca iria ler nenhuma delas.

                Suspiro ao reler a primeira carta.

Ele a considerava a mais difícil de ler, talvez por ter sido a primeira e nela conter todo seu sofrimento inicial.

Aquela primeira carta dizia o seguinte:

Columbus, 30 de junho de 2012

Minha querida Rachel,

Hoje faz exatamente 38 dias que você partiu. E isto quer dizer que estou há 38 dias sem ouvir a sua voz, sem sentir o cheiro, seus beijos e sem sentir seu abraço.

Você deve estar pensando que eu me tornei uma pessoa dramática. Talvez tenha me tornado mesmo e isso seja só mais uma das coisas que aprendi com você nessa nossa convivência. Você me ensinou a ser uma pessoa melhor, companheira, a amar e dar valor nas pessoas que faz parte da minha vida, me mostrou que fazer parte de algo especial nos torna especiais.

E com certeza você é a pessoa mais especial para mim e eu sinto tanto a sua falta.

Espero que esteja bem e aproveitando seu tempo na cidade de seus sonhos, só Deus sabe o quanto eu queria estar aí com você, mas nem tudo é do jeito que nós queremos. E neste momento eu só quero que você me perdoe e tenha conseguido entender os meus motivos de ter te pedido para partir sem mim.

Sofro a cada dia com a distancia que nos separa, mas estou encarando todo esse tempo como um tipo de aprendizado, sei que sairei daqui um pessoa mais madura, mais confiante.

 Mas quero deixar registrado aqui, que eu nunca vou deixar te amar.

Você será sempre pra mim a minha estrela.

E por falar em estrela, espero que você não tenha se esquecido da minha, ela está lá, em algum lugar nessa imensidão a acompanhando, brilhando para você.

Saudades...

Com amor, Finn

Depois dessa, outra vieram. Nelas continham um pouco de seu dia-a-dia, suas inseguranças, seus medos, e em algumas ele acabou descrevendo todo o seu desespero.

Fechou rapidamente o caderno tentando sufocar a dor que se intensificou em seu peito, uma dor que antes, ele nunca pensou ser possível sentir, naquele momento a dor da saudade que ele sentia era insuportável.

Deitou-se em sua cama e fechou seus olhos, ele precisava dormir para esquecer, nem que fosse pelas próximas 08 horas em que ele estaria inconsciente, amanhã seria outro dia.

Os dias passaram para Finn, mais rápido do que o normal, logo já era dia 20 de dezembro e ele estava voltando para Lima, passaria duas semanas em sua cidade.

Arrumou uma pequena mala para levar, colocou algumas roupas, seu celular e não sabia explicar o porque, mas sentia necessidade de carregar seu caderno junto com ele. Desta vez ele iria de avião, Burt insistiu dizendo que ele chegaria mais rápido em casa e não abriu espaço para discussões ou argumentações, ele particularmente achava uma bobagem gastar mais dinheiro com isso, mas achou melhor não contrariá-lo.

O voo durou aproximadamente 03 horas, sua mãe e seu padrasto estariam esperando por ele no aeroporto de Lima, mas ao desembarcar foi surpreendido pela presença de Kurt.

Assim que eles o avistaram correram em sua direção, notou o quanto sua mãe estava feliz em vê-lo e isso o deixou feliz também, ela o abraçou forte.

- Finn, meu filho que saudade de você! Como foi a viagem?

- Mãe, senti muitas saudades também e a viagem foi ótima, sem problemas.

Logo sentiu os braços de Burt e Kurt a sua volta.

- Meu irmão, é impressão minha ou você está ficando com um corpão? Pelo jeito esse treinamento todo está te fazendo bem.

                Corou imensamente ao ouvir as palavras de seu irmão, ele já devia ter se acostumado com isso, pois Kurt sempre foi de brincar com ele, mas achava que por ter ficado alguns meses sem ouvir comentários desse tipo o vez se sentir envergonhado.

                - Que nada Kurt, ainda continuo o mesmo.

                Deu um sorriso que não chegou aos seus olhos, fato que ele achou que não passou despercebido pelo seu irmão, mas logo Burt falou com ele e pode tentar mudar de assunto.

                - Mas me diga uma coisa Finn, como estão as coisas no Fort Benning?

                - Estão ótimas, tenho me esforçado bastante e posso dizer que sou o melhor do meu grupo.

                - Que bom meu rapaz.

                E com isso Burt passou todo o caminho fazendo com que ele falasse todos os detalhes do programa de treinamento, suas atividades e aulas. Ao chegar em casa ele estava cansado e com uma dor de cabeça que o estava deixando enjoado, tentou disfarçar o máximo que conseguiu e logo ao entrarem disse que precisava de um banho e descansar por alguns minutos.

                Ao entrar em seu quarto, notou que tudo estava do mesmo jeito que ele havia deixado a 06 meses atrás, felizmente ou infelizmente eu não saberia dizer.

                Seus olhos se fixaram naquela parede que, durante o voo ele debateu consigo mesmo que era melhor nem passar perto. Mas ao chegar naquele quarto essa tarefa se tornou impossível, se aproximou e passou os dedos de leve em cada uma das fotos pregada ali, sentiu que iria começar na chorar, respirou fundo. Ele não podia mais ficar chorando pelos cantos, pelo menos nos dias que ele estivesse em casa, ele precisava mostrar para a sua família que estava se saindo bem, que ele estava aguentando firme, mesmo que isso fosse uma grande mentira.

               

                Após tomar um longo banho Finn já se sentia melhor, achou melhor descer fim de passar um tempo com sua família, acabou encontrando somente a sua mãe na cozinha, que ao vê-lo lhe lançou um grande sorriso.

                - Está se sentindo melhor Finn?

                - Agora, posso dizer que sim mãe, nada melhor do que um bom banho.

                - Isso é verdade, e como vão as coisas na Georgia? Pela sua conversa com o Burt você está se saindo bem...

                - Estão bem na verdade, e estou conseguindo levar...- Falou meio desanimado e sua mão percebeu.

                - Mas você me parece meio desaminado para quem diz estar gostando e se adaptando.

                - Não é isso mãe, é que lá é bem diferente aqui, não tenho vocês por perto, os meus amigos, ou... – Não terminou a frase, parou antes de falar que lá faltava a sua noiva.

                - Eu entendo, mas você parece, sei lá, diferente.

                - Diferente como? Sabia que estava, mas queria ouvir o que as outras pessoas estavam vendo nele.

                - Ah não sei, está aparentando estar mais maduro, mais sério. Estou a pouco mais de uma hora com você e já sinto falta do seu jeito brincalhão, você percebeu que ainda não falou nenhuma gracinha das que você era acostumado a falar?

                - Mãe, vamos admitir, eu não era brincalhão, eu era um tonto vai. Mas não me sinto muito diferente, eu ainda sou eu.

                Mentiu descaradamente, e agradecia por sua mãe nunca ter sido capaz de detectar as suas mentiras.

                Ela me encarou com aquele olhar que só as mães são conseguem dar.

- Você acha isso mesmo?

- Claro que sim, talvez eu esteja um pouco mais maduro, mas acho que isso faz parte de todo o processo de crescimento, não é? Uma hora ou outra eu tinha que crescer.

- Meu Deus, quem é você e o que fizeram com o meu filho?

Não aguentou e começou a rir, o primeiro sorriso sincero que ele foi capaz de dar em algum tempo.


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Notas finais do capítulo

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