Never Stop escrita por Sweetmoon


Capítulo 3
3


Notas iniciais do capítulo

Mais um sábado eu conseguindo cumprir a promessa o/ estou muito orgulhosa de mim mesma por isso.
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Mais uma vez, o cap foi betado muito rapidamente por mim, qualquer erro me digam ^^
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Review todos respondidos.
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Espero que gostem e boa leitura ♥



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– Eu espero que você goste – Choi MinHo disse colocando um copo em frente ao outro rapaz, que levantou os olhos parecendo surpreso – é chocolate quente. Está frio, achei que você gostaria de algo assim, você sabe... – Eles ficaram alguns segundos em um silêncio constrangedor- quente.

Assim que a palavra saiu dos seus lábios, o menino quis se bater. Fazia uma semana desde que KiBum caíra da escada, ele ainda estava com o pulso imobilizado, há dois dias eles haviam entregado o trabalho de inglês, ou seja, não havia mais motivos para se falarem. Não tinha mais nenhum tipo de desculpa para o mais alto continuar procurando o menor dia após dia, por isso essa era a primeira vez que ele tinha tido coragem o suficiente para se aproximar do menino, que estava na mesma mesa que ele ficava todos os dias durante o intervalo. Ele sentia o olhar dos outros alunos sobre si, mas tentou não pensar naquilo. KiBum sorriu, ainda parecendo surpreso, mas agora de maneira mais agradável.

– Obrigado – ele esperou o outro sair, mas ele continuou parado em pé ao lado de sua mesa – pode sentar se quiser.

Acrescentou incerto, vendo que Choi imediatamente colocou sua mochila no chão, sentando na cadeira ao lado da sua. Ele também estava bebendo algo, os dedos longos brincando com a borda do copo. Eles ficaram em silêncio, mas não era desconfortável, KiBum decidiu, a presença do colega inexplicavelmente o acalmava, assim como JongHyun fazia.

Os dias foram passando assim, em todos os intervalos MinHo levava chocolate quente para o outro e eles simplesmente sentavam ali enquanto o mais alto olhava as mãos do mais baixo trabalhando furiosamente no papel. Todos os dias ele desenhava, as mais variadas coisas, Choi não conseguia pegar muitos detalhes, pois achava que se inclinar em direção ao outro seria invadir seu espaço pessoal, mas de onde sentava conseguia ver um pouco dos traços precisos do menino, geralmente os desenhos eram daquele garoto, o tal JongHyun, porém outros se destacavam por serem diferentes, como a menina de longos cabelos negros ou os gêmeos que certo dia vira.

Mesmo que inconscientemente, KiBum se apegava aqueles momentos com todas as suas forças, desde que começara a ir ao psiquiatra, exigência do seu pai - sua mãe era contra o que gerava brigas diárias entre o casal - seu humor ia piorando. Ele ia ao consultório todos os dias e não falava nada, ficava exatamente uma hora sentado olhando para o homem a sua frente. Depois de uma semana, ele soube que o profissional estava perdendo a paciência consigo, assim como seus pais.

– Isso só vai funcionar se você falar, KiBum – o senhor Kim disse certa noite durante o jantar – conversei com o seu psiquiatra e ele disse que você nem boa tarde fala.

A senhora Kim soltou um som de desprezo, olhando para o filho com um sorriso carinhoso.

– Só fale se quiser, querido.

– Fale, KiBum – o homem falou sério – eu estou pagando esse psiquiatra.

– Está pagando porque quer! Você não pode obrigar o menino a fazer algo que ele não quer.

– Você está tirando a minha autoridade com o meu filho.

A discussão começou novamente, como todas as noites, os mesmos argumentos, os olhares zangados e KiBum sentiu a culpa correr por suas veias, se levantou e saiu, a movimentação não sendo notada pelos adultos, que estavam ocupados demais apontando dedos para notar o próprio filho se distanciando pelo corredor escuro.

Quando ele entrou no quarto, JongHyun estava esperando de braços abertos, o mais novo foi direto para ele e ficou ali sabendo que ninguém o incomodaria.

NS

KiBum deixou todo o ar escapar por seus lábios, encarando a parede azul da sala de seu psiquiatra. Esse estava sentado em sua cadeira, lendo um livro atentamente. O menino recostou no divã, se perguntou porque JongHyun nunca aparecia ali, sentia falta dele.

Ele rolou os olhos, batendo os dedos no acolchoado, ignorou o som de movimentação que chegou ao seus ouvidos depois de algum tempo, sabia que agora seria quando ele tentaria falar consigo, mais uma vez.

– KiBum, não podemos ficar aqui por uma hora sem falar nada todos os dias –ele começou parecendo cansado – eu preciso fazer o meu trabalho, mas para isso preciso se abra comigo.

O menino fitou o homem, o rosto limpo de qualquer expressão.

– Sei que você tem medo de julgamentos, afinal, você é diferente e está em uma fase difícil da sua vida –ele continuou, não se deixando intimidar pelo paciente -, mas eu estou aqui para te ouvir, jamais de julgaria.

Diante disso, o mais novo piscou, porém não fez mais nenhum gesto indicando que poderia eventualmente falar ao menos um “boa tarde”.

– Eu preciso que você fale para te ajudar, KiBum, deve ser complicado viver a adolescência com algum tipo de doença, eu posso te ajudar a fazer isso ir embora. Porém preciso que você fale comigo.- Ele deu a deixa, mas assim que ele parou de falar, o silêncio preencheu o local – nada sairá dessa sala.

KiBum levantou uma das sobrancelhas parecendo descrente.

– Eu prometo que nada sairá daqui.

Mais cinco minutos de total e completo silêncio se passaram até que o garoto abrisse a boca, pela primeira vez em todas aquelas sessões:

– Eu... – Ele disse incerto, a voz rouca como se não fosse usada há muitos tempo – eu tenho amigos sim.

NS

A Sra. Kim estava colocando as roubas na maquina, havia separado-as diversas vezes anteriormente, fazendo várias combinações diferentes (“por cor” depois “por tecido” e por ai vai) somente para ocupar a cabeça. Não queria pensar em como sua família estava aos poucos desmoronando, como aqueles antigos prédios do centro que os governadores teimavam em deixar em pé por considerarem “patrimônio histórico”.

Queria alguém disposto a salvar sua família também.

Sentia a frustração pesar nos seus ombros, ela deveria ser capaz de cuidar da sua família, ela tinha que conseguir protegê-los, era seu dever. Doía profundamente ver o filho sofrendo sem falar nada para ela.

O som da porta da frente abrindo a colocou em alerta, não queria ver o marido agora, recentemente todas as brigas a desgastavam ainda mais, queria saber até quando essa situação continuaria.

– Estou em casa!

Ao ouvir a voz suave de seu filho, ela correu para a sala, encontrando-o já perto das escadas.

– Tudo bem, querido?

KiBum se virou para ela, o olhar perdido como era comum encontrar agora.

– Tudo, omma –ele pronunciou cada silabada cuidadosamente- eu tenho que tomar remédios.

Ela parecia confusa, até que ele se aproximou lhe dando um papel, que após ler, ela reconheceu como sendo um receita, em letra corrida, além do nome dos remédios, o psiquiatra tinha feito uma lista de recomendações.

– Você falou com ele?

O garoto deu de ombros, subindo as escadas rapidamente depois, obviamente desconfortável com o assunto. Quando eles tinham chegado a esse ponto?

NS

Choi MinHo franziu a testa quando encontrou KiBum sentado de frente para a entrada do refeitório naquela manhã, normalmente ele estava com olhar preso no caderno de desenho. Não sabia se deveria se sentir bem ou não pela atenção, se aproximou da mesa habitual com passos incertos.

– Bom dia – disse controlando o próprio nervosismo – hoje o dia está mais quente, eu te trouxe chá gelado. Espero que goste, se você não gostar eu te-

– Eu gosto – ele interrompeu- obrigado.

Ainda inseguro, MinHo sentou-se no lugar habitual, colocando ao lado do caderno de desenho do menino, que estava aberto em uma folha em branco, com o lápis sobre ele. Havia algo diferente no olhar do outro, ele parecia hesitante, até mais que o mais novo.

– Eu... –Ele começou parando a cada palavra como se as selecionasse com cuidado – posso te desenhar?

– Claro!

A resposta tão rápida visivelmente pegou o outro de surpresa, e o mais alto se bateu mentalmente por isso. Estava parecendo uma pessoa desesperada mendigando cada misero segundo de atenção do outro que ele tinha.

Ok, ele realmente era isso, mas não precisava demonstrar.

– Então é, deixa eu...

Ele pegou o caderno, apoiando nas pernas, que estavam dobradas com os pés na cadeira de Choi, que sorriu ao velo em uma posição mais relaxada que a normal.

– Eu preciso fazer alguma pose ou algo assim?

– Se você quiser –ele deu de ombros – não muda muito, eu acho. Estou confuso é a primeira vez que desenho alguém como você.

MinHo franziu a testa, vendo- o começar a rabiscar na folha.

– Alguém como eu? Como assim?

– Você não entenderia.

Depois disso, tudo voltou a ser silencioso como sempre era. Mas mesmo sem palavras, o coração de MinHo estava acelerado, quase pulando para fora do peito. Aquilo tinha que significar alguma coisa, porque o outro iria pedir para desenha-lo? Alias, mais importante que o pedido, eles haviam mantido mais que dois minutos de conversa desde o trabalho.

MinHo não poderia estar mais feliz.

NS

KiBum sabia assim que pediu para desenhar MinHo que JongHyun se irritaria. Lembrava-se de todas as vezes que ele disse para jamais se apegar a pessoas como o colega de sala, porque eles assim que descobrem a verdade vão embora.

Ele molhou o rosto rapidamente, estava com dor de cabeça e enjoado, provavelmente culpa do remédio que estava tomando há praticamente dois dias. Por causa dele, tinha picos de felicidade completamente sem explicação e sentia muito sono. Queria somente deitar na sua cama e dormir, mas não conseguia fazê-lo sem sua mãe estar em casa.

– Você anda corajoso.

Ele pulou de susto quando ouviu a voz familiar de JongHyun, ele não aparecia a quase três dias, deixando assim um espaço vazio em sua vida.

– Jongie – falou quase manhoso, sem conseguir controlar-se – senti sua falta.

O outro franziu a testa, dando passos lentos em direção ao mais novo.

– Tem certeza? Ou você estava muito ocupado desenhando aquele cara para lembrar de mim?

KiBum piscou, os olhos enchendo de lagrimas instantaneamente.

– Eu... Você sumiu.

– E isso te dá motivos para se atirar no primeiro que aparece?

Diante disso, o menino soluçou, escondendo o rosto entre as mãos. Não gostava quando JongHyun ficava assim, ele parecia outra pessoa.

– KiBum, você sabe que ele nunca entenderia.

Jong disse passando os braços pela cintura esguia, abraçando o corpo maior que o seu, mas ainda assim frágil. Era como abraçar o nada, mas ainda assim, reconfortava o mais novo.

– Eu me preocupo, o que você acha que ele vai fazer quando descobrir?

A resposta foi um dar de ombros descuidado, os dedos curtos dele brincaram com os cabelos castanhos e macios do mais novo.

– Afaste-se.

– Mas eu gosto dele.

– Não me interessa, fique longe dele.

– Mas eu...

– FIQUE LONGE DELE, KIBUM!

Um vento frio e forte chegou ao banheiro, a janela do quarto bateu aberta, o menino poderia jurar ter ouvido a televisão ligar, com medo do que viria a seguir, manteve seus olhos fechados. Minutos passaram-se até que ele teve coragem de olhar novamente.

JongHyun não estava mais lá e ele teve duvidas se voltaria.

NS

– KiBum vive dormindo pela casa.

A senhora Kim começou quase inocente durante o jantar aquela noite, o senhor Kim suspirou cansado.

– Ele nunca mais foi para o hospital.

– Claro que não, o hospital veio até ele – ela respondeu ainda sorrindo – querido, coma.

O menino olhou a comida no prato, era uma de suas favoritas, mas pensar ingeri-la fazia seu estomago revirar.

– Não estou com fome.

– Como não? Você não comeu nada o dia todo. – Viu o menino se encolher e então virou para o marido – isso é efeito dessas porcarias que aquele viado está fazendo meu filho tomar.

Ela jogou o talher sobre a mesa, levantando irritada. O homem levantou atrás, receoso do que ela poderia fazer.

– Ele está se adaptando, é normal.

Os dois foram para a sala, a senhora Kim procurava as caixas para joga-las fora.

– Não é normal! MEU FILHO NÃO COME E SÓ DORME, ISSO NÃO É NORMAL!

– PORQUE FICAR DESMAIANDO POR AI É NORMAL!

– ELE-

O Baque vindo da cozinha chamou a atenção dos dois, eles correram para lá. Quando chegaram, encontraram KiBum parado no canto da cozinha, seu prato tinha sido jogado contra a parede, lagrimas caiam dos olhos felinos, ele ofegava como se tivesse corrido uma maratona. Ele largou a faca que segurava entre os dedos trêmulos, desesperado, havia apertado a parte da serra, causando um ferimento não muito profundo na palma de suas mãos.

– Eu... Mãe.

A mulher foi até o menino, envolvendo-o em um abraço forte.

– Estou aqui, querido, não chore.

Quando KiBum abraçou-a de volta, suas mãos mancharam a blusa azul de sangue.

NS

– Queria conhecer seus amigos.

O psiquiatra comentou na tarde após o incidente da cozinha, a mão direita de KiBum estava enfaixada. O divã era confortável, o menino suspirou sentindo que estava relaxando pela primeira vez em dias, desde que JongHyun sumira, suas noites eram tensas, e ele sempre dormia desconfortavelmente na mesa do refeitório, sob o olhar atendo de MinHo, que de certa forma o acalmava.

– Um deles foi embora –disse tristemente – eu sempre estrago essas coisas.

Parecendo interessado, o mais velho apoiou os cotovelos na mesa de mogno.

– Porque ele foi embora?

O mais novo encarou o teto, como explicar porque JongHyun sumira? Era complicado dizer que o outro havia se irritado por ele falar com MinHo. Teria que explicar como todo aquele relacionamento começara, a troca que haviam feito há alguns anos. Ele somente deu de ombros, deixando claro que não queria falar sobre o assunto.

– E o seu outro amigo?

– Ele... – KiBum fez uma pequena pausa, pensando sobre o que deveria falar a respeito de MinHo – gosta de chocolate quente.

– Sério?

– Sim, até quando está calor ele toma chocolate quente.

– Interessante. Ele te disse isso?

– Não, eu sinto o cheiro vindo do copo dele.

– Vocês saem juntos?

O garoto somente acenou negativamente, os dedos brincando com a costura da própria blusa. O silêncio caiu sobre eles depois por quase meia hora, até que o menor resolveu quebrá-lo.

– Aqueles remédios que eu estou tomando – começou hesitante- são para quê?

– Depressão.

Ele não parecia surpreso com essa resposta. O psiquiatra olhou para o mais novo atentamente, observando cada sinal inconsciente que ele lhe dava.

– O que você gosta de fazer, KiBum?

– Como o quê? – Ele franziu a testa confuso.

– Qualquer coisa.

– Desenhar. – Apesar de ser algo que tecnicamente o agrada, ele permaneceu sério, uma emoção diferente surgindo em seus olhos.

– Por quê?

– Porque assim todos podem ver também.

NS

Quando o senhor Kim chegou em casa aquela noite, havia uma nova receita de remédios colada a geladeira, com um bilhete da sua esposa ao lado:

“Dr. Wu Yi Fan quer nos ver amanhã.”

Ele respirou fundo, ao lado desses papeis, havia uma antiga foto de KiBum. O menino de quatro anos sorria acenando para a câmera, seu peito apertou: queria seu filho de volta.

NS

MinHo estava cansado depois de um dia cheio na escola, o melhor momento dele, como sempre, havia sido o curto intervalo sentado com KiBum no refeitório. O menino parecia nervoso, havia murmurado algo sobre seus pais vendo um tal de Dr. Wu Yi Fan hoje, mas ele pediu para lhe desenhar de novo. O mais alto sorriu amigável, esperando parecer menos bobo que da última vez.

Ele se aproximou de seu armário, pronto para somente largar os livros desnecessários lá, pegar os que precisava e sair, quando ouviu um resmungo baixo. Procurou a fonte do som, sentindo-se como se estivesse em um deja vu, o corredor estava aparentemente vazio. Voltou-se ao que fazia antes, balançando a cabeça para si mesmo, pensando estar louco quando ouviu novamente. Concentrou-se e então percebeu que o som vinha de um pequeno espaço entre armários.

Ele se aproximou para encontrar KiBum, sentado encolhido no local apertado, lagrimas caiam dos olhos felinos, ele estava ofegante como se tivesse corrido uma maratona.

– O que você está fazendo ai?

O menino levantou o olhar, exclamando de surpresa ao encontrar os belos e grandes olhos de MinHo lhe fitando. Aceitou a mão que ele lhe oferecia, mas quando o outro o soltou, suas pernas fraquejaram fazendo-o cair. Ele não tentou novamente, só escondeu o rosto entre as mãos enquanto chorava mais forte. O mais alto ajoelhou-se ao lado dele, tocando-o hesitantemente no ombro.

– KiBum, como eu posso te ajudar?

Ele somente soluçou alto, se inclinado em direção ao maior. Assim que a cabeça do outro encontrou em seu peito, o coração de Choi acelerou.

– KiBum...

– Eu – ele começou a falar com voz baixa, seu corpo magro tremia e seu tom estava rouco – eu posso te contar uma coisa?

NS



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Notas finais do capítulo

Sobre os remédios pra depressão: uma pessoa próxima a mim toma e me disse como ela se sente. Mas acho que pode variar de pessoa para pessoa.
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Deve ter gente querendo me matar por causa do final do cap.
Ameaças de morte, e tudo mais por reviews, ok? KKKKKKKKKKKKKKKKK
Reviews são ♥
Até próximo sábado /foge.