De manhã quando eu acordei, eu me senti tão bem. Parecia flutuar por entre as paredes que separavam a casa. Tudo estava tão perfeito na minha vida. Era simplesmente como se todos os meus problemas houvessem sumido diante dos meus olhos e nada sobrara a não ser felicidade.

Eu comecei a me arrumar para ir pro colégio, e quando olhei para o meu celular havia uma mensagem. “Quem enviou?”, quando fui ver era da Sakura. “Te espero na aula ^^”, que fofo. Eu pensei que era a operadora pedindo pra eu colocar créditos novamente. Puxa que satisfação, abrir o celular de manhã e ver uma mensagem da Sakura me deixou mais feliz ainda. Terminei de me arrumar super rápido e fui para a escola.

No caminho havia uma loja que vendem doces e bem na vitrine havia uma caixa de bombons em forma de coração. Eu parei e fiquei ali por alguns segundos. “Eu poderia levar uns chocolates!”. Entrei na loja e comprei seis chocolates: dois para mim, dois para a Tomoyo e dois para a Sakura. Eu de vez em quando comprava chocolates naquela loja, mas eram apenas dois para mim e dois para a Tomoyo. A vendedora estranhou eu levar todos aqueles chocolates, mas nada disse.

Quando cheguei à escola a Tomoyo e a Sakura estavam no portão conversando como fazem todos os dias e eu me aproximei delas.

Bom dia.

Juntas: Bom dia.

Olha, eu trouxe isso pra vocês. E entreguei os chocolates respectivos para cada uma.

Sakura (envergonhada): O-obrigada.

De nada.

Sakura sorriu para mim e nesse momento o sinal soou e fomos para a sala. Durante toda a aula, nós conversamos sobre basicamente tudo. Eu e Sakura nos olhávamos de vez em quando e sempre que eu a olhava ela parecia estremecer como se tivesse com vergonha de ficar perto de mim, mas ela nunca teve esses complexos, portanto não me importei.

Quando as aulas terminaram fomos tomar sorvete.

De que sabor vocês querem?

Sakura: Eu quero chocolate.

Tomoyo: Eu também

Então vai ser três de chocolate. Garçom...

Tomoyo: Sakura...

Sakura: Hum?

Tomoyo: O que você tinha ontem?

Sakura: Bem... Eu tinha brigado com o Yukito e. e...e...

Sakura olhava pasma para a mesa atrás da nossa. Yukito e Nakuru sentada nas pernas dele, se beijando. Eu rapidamente percebi isso e quando me virei para Sakura ela havia se levantado.

Sakura (fria): Preciso ir.

Espere...

Ela saiu correndo em disparada.

Eu vou atrás dela.

Tomoyo: Tudo bem vou cancelar os sorvetes.

Certo.

Eu saí correndo atrás dela. Ela era campeã dos 100 metros rasos quase não a alcancei. Eu a segurei pelo braço e ela desesperadamente se voltou para mim e me abraçou e começou a chorar e eu não sabia o que fazer para acalmá-la. Eu apenas fiquei ali a abraçando e deixando com que ela aliviasse o peso que jazia em seu coração.

Sakura: Shaoran...

Ela desesperadamente tentava encontrar conforto nos meus braços. Ela parecia uma gatinha que perdida no meio da noite tentava a todo custo encontrar o caminho de casa, mas, por mais que procurasse não encontrava. Eu a fitava querendo ajudar de alguma forma, mas, eu estava aflito demais com o que estava acontecendo para dizer alguma coisa.

Ela pressionava o corpo dela contra o meu em busca de refúgio. Eu levemente levantei a mão e pus no meio das costas dela e após alguns segundos coloquei a outra na sua cabeça. Ela parou estática quando eu a abracei com toda a minha força a forçando a colocar a cabeça no meu ombro.

Por favor... Não chore mais... Eu não suporto te ver triste assim por causa daquele imprestável...

Sakura: Shaoran...

Eu a olhei nos olhos e direcionei minhas mãos ao seu rosto o tocando levemente. Ela corou. Eu suavemente limpei suas lágrimas e com uma expressão gentil olhei nos olhos dela.

Não chore mais, eu estou aqui para ajudar você.

Sakura(sem jeito): O-obrigada.

Eu... Só quero que seja feliz.

Sakura: ...Shaoran, eu... também quero que seja feliz.

A sua felicidade... Será também a minha.

Nós nos olhamos e ela sorriu de uma forma que deu para mim perceber que era falso.

Não precisa forçar um sorriso, Sakura.

Sakura: Eu não convenci...

Se você sorri quando está triste, eu vou saber imediatamente. Você não é muito boa em disfarçar emoções.

Sakura: Eu não seria uma boa atriz.

Minha casa é perto daqui. Quer ir para lá?

Sakura: Sim.

Nós caminhamos até a minha casa que era a duas ou três quadras de onde nós havíamos parado. Quando chegamos em casa, ela procurou alguém pela casa.

O que está fazendo?

Sakura: Onde estão seus pais?

Eles não moram aqui comigo.

Sakura: Você mora sozinho?

Sim...

Sakura: E não se sente solitário?

... Ás vezes, quando olho pela janela e vejo várias famílias reunidas comendo o jantar me sinto arrependido de ter deixado Hong Kong... Mas quando vejo minhas melhores amigas na escola... Me sinto muito feliz, pois sei que nunca estarei só enquanto formos amigos e eu não preciso voltar para Hong Kong... Porque vocês são a minha família.

Sakura: Você é meu melhor amigo... (envergonhada) Eu confio em você plenamente.

Eu lentamente passei a mão na face dela fazendo ela me olhar nos olhos.

Eu também... Confio em você.

Eu coloquei a mão suas costas e dei um passo em direção a ela. Ela me olhava com doçura e eu aproximei meu rosto do dela. Ela passou as mãos nas minhas costas e se aproximou do meu rosto ainda mais, quando estávamos quase nos beijando eu voltei a mim.

Desculpa...

Eu tentei recuar mas ela não deixou. Ela me segurou e lentamente nossos lábios se tocaram em um suave beijo. Naquele instante tudo parou, só existiam eu e Sakura no mundo, nada mais importava naquele instante. Eram apenas nós no mundo inteiro, todo tempo que quiséssemos, nada nos atrapalharia ali, naquela casa, onde os nossos segredos mais íntimos foram descobertos.