The Reason Of My Breath escrita por Bru20014


Capítulo 2
Galera do Ferro Velho




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Fui ao horário combinado encontrar Eduardo que já estava me esperando.

Saí do carro e o perguntei “Para onde vai me levar?”

“Que isso? Nem um ‘olá’ eu ganho?” Ele perguntou.

“Olá.” Eu disse “E agora? Para onde nós vamos?”

“Está bem, então.” Ele disse abrindo a porta do carro dele para que eu pudesse entrar.

“Eu não posso ir no meu carro?” Eu o perguntei.

“Quanto menos carro para onde estamos indo, melhor.” Ele disse com aquele sorriso sexy que ele tinha “E aí? Vem comigo ou não?”

Eu apenas entrei no carro sem dizer nenhuma outra palavra.

Logo depois ele entrou, ligou o carro e arrancou com ele.

Reparei que seu carro corria de uma forma incrível.

“É impressão minha ou o seu carro voa?” Eu o perguntei.

“Ta com medo?” Ele me perguntou.

Sem desviar o meu olhar da estrada, hipnotizada pela velocidade, eu disse: “Nem um pouco.”

Ele olhou para mim e depois olhando para frente disse “Meu carro é tunado.”

Eu olhei pra ele e perguntei “Você não ta me levando para um racha, está?”

“Por quê? Não gosta de rachas?” Ele me perguntou.

“Nunca participei de um para saber.” Eu disse atentada com a possibilidade.

“E não vai ser dessa vez não, gata.” Ele disse.

Meu sorriso desapareceu e ele percebeu, “Você estava torcendo pra eu te levar em um? E eu pensando que você era uma patricinha gostosinha?”

“Eu não sou patricinha.” Disse “Só sou rica.”

“Saquei.” Ele disse fazendo uma curva “Se segura.”

Foi como se meu corpo nunca tivesse presenciado tamanha adrenalina, o que era verdade, mas meu corpo também nem sequer sonhava com o que ainda vinha pela frente.

 

Chegamos a um ferro velho. De primeira fiquei decepcionada.

“Um ferro velho?” Eu o perguntei.

“Calma.” Ele disse pegando na minha mão “A galera daqui é maneira.”

“Espero que não me decepcione.” Eu disse.

Ele me levou para dentro de uma ‘casinha’ que tinha no meio de todos aqueles carros ferrados. Eduardo também tinha me dito que a Patty e o Fernando moravam ali.

Quando chegamos lá Patty disse “Que demora, em? E por que não veio ont...?”

Mas quando ela me viu ela mudou a pergunta automaticamente para: “Quem é essa patricinha, Edu?”

“E quem é você, minha filha?” Eu a perguntei.

“Eu moro aqui.” Ela disse “ E se eu quiser eu te ponho pra fora daqui agora mesmo.”

“Não vem com essa não, Patty.” Eduardo disse “Essa é a Beatriz.”

“E que é esse ser? Por que você a trouxe aqui?” Patty o perguntou “Não vai me dizer que você quer que ela...”

Patty começou a rir descontroladamente.

“Ah, cala a boca Patty.” Edu disse.

“Eduardo.” Um cara de cabelos castanhos bem baixinhos e olhos azuis veio falar com a gente “Sabia que tinha ouvido a sua voz.”

“E aí, cara.” Eduardo disse fazendo uma espécie de cumprimento com Fernando.

Fernando era bonito, mas ainda não ultrapassava Eduardo.

Já Patty, também era bonita. Não falo por causa de sua pele branquinha e os cabelos louros, mas sim por causa de seu corpo. Era de deixar qualquer um maluco de desejo.

“Quem é a garota?” Fernando perguntou a Eduardo, mas com respeito. Fernando na era do tipo de ficar olhando uma mulher dos pés a cabeça, ainda por que ele só tinha olhos para Patrícia.

“Eu tenho nome.” Eu disse.

“Desculpe dona.” Ele disse “E como se chama?”

“Essa é a Beatriz.” Edu disse “Beatriz esse é o Fernando e a chata ali é a Patrícia, mas a gente costuma chamá-la de Patty.”

“Prazer.” Eu disse.

“Eu já não posso dizer o mesmo.” Patty disse “Eduardo, esquece.”

“Esquecer o que?” Fernando perguntou.

“Ele quer colocar essa patricinha aqui dentro.” Patty disse.

“Olha que coisa engraçada! Você me julga me chamando de patricinha enquanto todos a chamam de ‘Patty’, não é irônico?” Eu disse e Eduardo começou a rir.

“Não teve graça nenhuma.” Patty disse.

“Pra você, boneca.” Eu disse “Porque parece que o garanhão aqui achou bem engraçado.”

“E você ta se achando demais aqui na nossa gangue e não sua.” Ela disse.

“Foi mal, mas não fui eu que quis vir aqui.” Eu disse.

“Então o que você continua fazendo aqui?” Patty me perguntou.

“Porque eu to com ele e eu não saio daqui até ele me mandar ir embora.” Eu disse.

“Caramba! As garotas vão se matar aqui!” Edu disse a Fernando.

“É melhor você ir embora e amanhã a gente fala sobre isso.” Fernando sugeriu.

“Ta certo.” Edu respondeu “Vamos embora, Beatriz.”

“Nada disso.” Patty disse.

“Como?” Eu a perguntei “Quem é você pra mandar em mim?”

“Eu não quero ‘mandar’ em você.” Patty disse “Eu te desafio, patricinha.”

“Me desafia?” Eu a perguntei.

Patty foi até a geladeira e de lá tirou uma garrafa de absinto uma bebida que é praticamente proibida no país, ela possui um teor alcoólico muito elevado que pode ser de 45% a 89,9%. E no Brasil ela não é permitida se passar dos 54%.

“Patty você ta doida?” Fernando a perguntou.

“Quero ver essa patricinha me vencer nessa.” Patty disse.

“E o que é isso?” Eu a perguntei.

“Isso? Isso é apenas uma das bebidas mais caras do país e também a mais forte que já experimentei na vida.” Patty disse.

“Qual é o percentual?” Eu a perguntei.

“76,5.” Fernando respondeu.

“Caramba.” Eduardo disse “Eu não sabia que vocês tinham esses troços aqui.”

“Eu trouxe da casa da minha mãe.” Patty respondeu “Meu pai adorava isso. Mas e então Beatriz? Aceita o meu desafio?”

“Você ainda não lançou o seu desafio.” Eu a disse.

“Quem cair primeiro leva a pior.” Ela disse “Se eu cair primeiro você pode jogar isso na minha cara para o resto de sua vidinha medíocre e sem graça, mas se você cair primeiro, você não pisa mais nesse ferro velho.”

“Combinado.” Eu disse.

“Vai lá Beatriz!” Eduardo disse enquanto Patty enchia os copos.

“Pronta?” Ela me perguntou.

“Já nasci pronta queridinha.” Eu disse virando o copo logo em seguida.

“Ta valendo, então.” Patty disse virando o copo também.

Eu podia sentir a bebida corroendo todo lugar por onde ela passava e não pude evitar ficar tonta, quase caí, mas Eduardo me segurou.

“Calma aí, Beatriz.” Ele disse “Você consegue.”

“Ei!!” Patty gritou “Não vale segurar! Pra trás.”

Eduardo se afastou de mim.

“A patricinha ainda quer continuar ou já ta passando mal?” Ela me perguntou.

“Eu to dentro.” Eu disse.

Patty encheu os copos e disse “Então vamos à diante.”

 

Enquanto isso, minha mãe havia ligado para Lisa.

“Eu não sei dela não, Valéria.” Lisa respondeu.

“Ela não avisou ao menos para onde ia?” Valéria perguntou a Lisa.

“Não.” Lisa disse “Talvez ela tenha saído com o Eduardo, irmão do Miguel. No jantar de ontem rolou um clima entre eles.”

“Esse Eduardo não é aquele marginal que matou o pai da namorada?” Valéria a perguntou.

“Foi sem querer, Valéria.” Lisa disse.

“Que seja.” Valéria disse “Você sabe pra onde esse... esse elemento levou a minha filha.”

“Imagino que tenha sido para o ferro velho do amigo dele. Ele praticamente mora lá.” Lisa disse.

“Me passa o endereço, por favor.” Valéria pediu.

“Deixa eu pegar.” Lisa disse.

“Ah, Lisa.” Valéria disse “Obrigada.”

“Não faço por você.” Lisa disse “Faço pela minha amiga. Também não acho que Eduardo seja a melhor companhia para a Beatriz.”

“Mesmo assim eu agradeço.” Valéria disse.

“Retribua parando de perturbar a mim e minha família.” Lisa disse.

“Por favor, Lisa.” Valéria disse “Não quero discutir agora. Só quero recuperar a minha filha.”

“Vou pegar o endereço.”

 

Comigo e Patty, ainda estávamos na metade da garrafa.

Eu estava com toda energia imaginável, enquanto Patty já quase caía.

“Ha!” Eu disse “Não ta agüentando mais não? E quem é a patricinha aqui agora?”

“Cala a boca, garota.” Patty disse se sentando no segundo degrau da escada.

“Fala sério garota!” Eu disse “Você já caiu e ainda fica botando marra pra cima de mim? Olha o combinado, em?”

“É isso aí, gata.” Eduardo disse me abraçando por trás e beijando o meu rosto.

“Você quer ser meu, gato?” Eu o perguntei e o beijei em seguida.

Mas dona Valéria chegou com um policial para cortar o barato de todo mundo, como sempre.

“Beatriz!” Ela disse “Larga esse marginal agora!”

“Mamãe?” Eu disse “Você não manda em mim.”

Enquanto isso, Fernando tentava acordar Patty que já estava roncando na escada.

“O que você tomou Beatriz?” Minha mãe me perguntou.

“Só um copinho daquilo ali.” Eu disse.

“Vá ver o que é aquilo policial.” Valéria disse.

“É só vodca.” Fernando disse tentando pegar a garrafa, mas o cana foi mais rápido e pegou primeiro.

“E desde quando vodca é absinto, senhor Fernando?” O cana disse.

“Fala sério, Ricardo.” Eduardo disse “A gente só tava curtindo.”

“Mas essa bebida com essa percentagem de teor alcoólico é proibida.” Ricardo disse.

“Prenda todos, senhor policial.” Valéria disse.

“Se eu for prender a todos vou ter que prender a sua filha também, dona.” O policial disse.

“Então não.” Valéria disse “Que isso sirva de aviso, então. Vamos embora Beatriz.”

“Não.” Eu disse abraçando Eduardo que me abraçava de volta.

“Não quero saber se você quer vir comigo ou não.” Valéria disse tentando me pegar pelo braço.

“Você não a ouviu, não?” Eduardo perguntou a minha mãe “Sua filha não quer ir com você.”

“E você rapaz?” Valéria o perguntou “Quer mesmo entrar no meu caminho?”

“Eu não tenho medo de cara feia não, dona.” Ele disse.

“E querendo ou não a dona está no meu ferro velho.” Fernando disse “Queiram se retirar.”

“Não vou sem a minha filha.” Valéria disse.

Eu já estava quase adormecida.

“Edu, deixa a mulher levar a Beatriz e depois você fala com ela.” Fernando disse “Chega de confusão no meu ferro velho por hoje.”

“Ta, então.” Edu disse me pegando no colo “Eu posso ao menos levá-la até o seu carro?”

“Pode sim.” Ela disse “Por favor, por aqui.”

Eduardo me levou até o carro da minha mãe e depois disso foi tudo um branco. Eu havia adormecido de vez e só abri os olhos pela manhã quando Darlene, a empregada veio me acordar.

“O que é?” Eu a perguntei com uma baita dor de cabeça.

“Tem um rapaz aí querendo falar com você.” Ela disse “Eu deixei subir.”

“Que rapaz?” Eu a perguntei.

“O porteiro disse que se chamava Eduardo.” Quando Darlene falou aquele nome, pulei da cama “Ai meu Deus! Avisa que eu já to indo, é só tempo de eu me trocar.”

Darlene saiu e eu fui direto para o meu guarda roupa escolher uma roupa. Me vesti, penteei os meus cabelos, passei um brilho labial e fui para a sala.

E lá estava ele sentado no sofá.

“O que faz aqui a essa hora da manhã?” Eu o perguntei.

Ele se levantou e disse: “Sua mãe te educou mal ou você tem mania mesmo de não cumprimentar os outros?”

“Olá.” Eu o disse.

“Oi.” Ele disse “Bom eu tenho dois motivos pra ter vindo aqui.”

“Estou ouvindo.”

“O primeiro, mas não mais importante, eu trouxe o seu carro.” Ele disse me dando a chave do carro.

“Obrigada.” Eu disse pegando da mão dele “E o outro motivo.”

“Você me disse uma coisa ontem que eu queria saber se você estava mandando a real.” Ele disse.

“O que foi?” Eu o perguntei.

Ele se aproximou bem de mim e disse: “Eu quero saber se quando disse que queria que eu fosse seu era a real.”

“Eu estava bêbada.” Eu disse.

“Era ou não era a verdade?”

“Por quê?” Eu o perguntei “O que você responderia?”

“Já é.” Ele disse.

“Essa seria a sua resposta? ‘Já é’?” Eu o perguntei rindo.

“Não.” Ele disse “Essa é a minha resposta.”

Ele pegou na minha cintura, puxou essa para junto de si e me tascou um beijo.

Muitas diriam que era um beijo de cinema, mas eu o chamo de o beijo de Eduardo e Beatriz.

Mas é claro que como sempre minha mãe interrompe tudo. Ela chegou à sala e começou a bater palmas.

“Muito bem.” Ela disse “O showzinho estava divertidíssimo, mas isso daqui não é um teatro.”

Eduardo revirou os olhos e disse “Mais tarde a gente se vê, ta?”

“Ta.” Eu respondi, mas antes de ir ele cochichou algo no meu ouvido: “Agora que você é minha a gente vai se vê direto, pode se preparando.”

“To louca pra isso.” Eu disse o beijando novamente.

Valéria se virou para o lado.

Eduardo, na porta, disse: “Valeu sogrinha. Até mais tarde Beatriz.”

“Sogrinha?” Valéria disse se roendo de ódio.

“Vou tomar meu café da manhã.” Eu disse.

“Olha o que você está colhendo para si mesma, Beatriz.” Minha mãe disse.

“Ah, mãe não enche, ta legal?” Eu disse.

“Olha como você fala comigo, Beatriz.” Ela disse.

“Você não vai me fazer me afastar desse homem, ouviu?” Eu disse “Não importa o que eu diga.”

“Ele matou um homem.” Valéria disse.

“Foi sem querer e ele ainda não foi julgado por isso.” Eu disse “E tenha um bom dia, mãe.”

“Bom dia, minha filha.” Ela disse indo embora.

Naquele momento eu estava radiante, não havia nada que minha mãe dissesse que iria me aborrecer naquele dia.


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Notas finais do capítulo

Reviews??? *-*