Uma Estranha No Meu Quarto escrita por Damn Girl


Capítulo 9
Capítulo 9 - Ilusão


Notas iniciais do capítulo

Estou indo viajar amanhã, triste :'( como não tem jeito de levar meu pc e eu não tenho notebook esse é meu ultimo capítulo, prometo que posto o 10 assim que voltar...
Capítulo meio fraquinho, mas eu sou completamente apaixonada pelo Chris que está cada dia mais louco, kkkkkkk.



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         Neblina.

         A única coisa que eu conseguia ver era vultos de coisas compridas. Árvores, constatei ao tocar uma das sombras. E de repente toda essa neblina espessa que me impedia de ver sumiu apenas em um ponto, deixando a minha frente à vista uma trilha estreita. Eu segui andando por ela até que chequei a uma clareira, um enorme círculo perfeito de grama fresca e terra molhada, cercado pelas árvores que pareciam querer caminhar em meu encontro. O cheiro da terra molhada entranhou em meu nariz e a cada segundo que eu ficava ali parado a clareira diminuía de tamanho. E o único som que atingiu meus ouvidos foi o de bater de asas, muitas delas, se afastando para o sul.

         Até que ela apareceu. Eu nem precisei olhar atrás para saber quem é.

— Os animais não gostam de fantasmas.— Eu me virei para encarar a garotinha que havia tentado me matar. Ela sorriu e se pareceu bem menos com uma garotinha de cinco anos. Seis, na verdade. — Mas você já deve ter lido sobre isso em um dos livros que tem em sua estante. Sim, “A Mediadora” de Meg Cabot fala algo a respeito. Muito interessante a teoria dela sobre os deslocadores, embora não seja exatamente daquele jeito. Você leu a coleção há uns três meses atrás. Ou seriam dois meses? Tenho vivido há tantos séculos que datas pequenas já não têm importância.

— Acho que o certo seria: Não tenho vivido por tantos séculos — Eu sorri maleficamente. De toda forma, desafiando-a ou não, ela iria tentar me matar mesmo, que seja com sarcasmo. Ela ergueu uma sobrancelha. — Não estou certo?

— Absolutamente! — Ela abriu um largo sorriso — Vejo que aprendeu alguma coisa desde a última vez que nos vimos.

— Ah, sim. — Eu falei com sarcasmo mode on. — Quando você tentou me matar. E não conseguiu. — Eu balancei a cabeça — Pobre criança.

— Exatamente, se não contar a vez no hospital. Eu já esperava que você quisesse esquecer, todos que eu beijo preferem a morte. E eu adoro isso, amo a energia que flui dos humanos no último suspiro. Sua energia... Nossa mesmo agora, sem você sentir dor... Eu quase consigo pegá-la. Eu peguei quando te beijei e me senti bem mais forte. — Ela mordeu o lábio inferior, logo depois erguendo a mão direita para cima e uma espada surgiu, a mesma da outra vez. — Corra Christian. Melhor, corra mediador.

         A luz envolta dela ficou acinzentada e eu fiz o que ela mandou: Corri o mais rápido que pude, de volta para as árvores. Eu me vi refazendo toda trilha enquanto um fantasma de cinco anos soltava uma gargalhada ensurdecedora atrás de mim.

         E ela só tem cinco anos, imagina se fosse mais velha…

— Seis anos!!! — Me corrigiu indignada como se pudesse ler minha mente (não duvido) e voltou a gargalhar. — Seu medo é minha diversão. Talvez depois de acabar com você eu mande aquele fantasma do seu quarto para o inferno, literalmente. A simples presença dela atrapalha meus planos.

— Você não poderia ser uma garotinha normal, só para variar. — Brinquei.

—Não, por que o normal é medíocre. Uma pessoa normal não pode fazer o que eu faço!!! — Ela lançou a espada em forma de curva, sua lamina brilhante cortando uma árvore grossa e voltando impecavelmente para as mãos de sua dona. Logo seria eu a ser cortado. — Uma espada normal não poderia fazer isso!

—O.K!!! Eu já entendi, abaixa essa coisa. Crianças não podem carregar objetos cortantes, se eu fosse sua mãe te colocava de castigo.

— Você é legal, como eu queria que passasse para o nosso lado.

— Não desculpa, já terminei o ensino fundamental.

         Eu corri mais depressa, abrindo caminho pelas árvores com as mãos e ignorando a dor quando os galhos cortaram meu rosto, minhas pernas, os braços…

         Até que avistei uma luz distante e mudei meu trajeto em direção a ela, tendo subitamente a certeza de que se eu alcançasse aquela luz ela não poderia me machucar.

         Então alcancei um poste em uma rodovia perto da floresta e pousei uma mão nele para descansar, incapaz de dar um passo adiante. Fiquei muito feliz ao notar que minha Ferrari preta estava parada no acostamento me esperando.

         Hummmmmm, deja vú.

         Eu me virei para olhar as árvores em que tinha acabado de sair e ela estava ali, me observando na direção da sombra das árvores com a luz do poste.

— Essa luz não vai resolver para sempre, Christian. Mas vou lhe dar tempo para aperfeiçoar seus poderes e então minha caçada será mais divertida. Por isso, treine bastante! — Ela sorriu maleficamente antes de gritar a plenos pulmões: — Christian, Christian, Christian! Acorde Christian!!!

         Eu abri meus olhos para ver uma garota linda, de não mais que dezesseis anos, com o rosto a centímetros do meu, duas mãos apoiadas acima dos meus ombros e o seu corpo me aprisionando, embora sem nenhum contato físico. Ela manteve seus olhos azuis nos meus. Depois acordando do transe, se levantou e afastou-se de mim para se sentar em uma cadeira perto da cama. Reprimi o impulso crescente de impedi-la.

— Poxa cara, pensei que você estava, sei lá, tendo um enfarte, de tanto que arfava. Cheguei a quase fazer uma respiração boca-a-boca. N-O-J-E-N-T-O — Eu me apoiei nos cotovelos para fitá-la. Então dei um grito ao lembrar simultaneamente dela e do sonho que estava tendo com o outro fantasma. Ela ergueu uma mão em um gesto de pare. Eu obedeci. — Se acalma isso não é um filme de terror como “O grito” ou “Sexta-feira treze”. Ninguém vai te cortar com uma serra elétrica, o.k.? Credo, só por que eu estou morta não quer dizer que eu vá virar uma vadia louca do mal. — Se ela soubesse sobre o que eu tinha sonhado iria me dar razão. — Você quase pareceu aquela garota do clipe Thriller, quando Michael Jackson em forma de morto-vivo chega a centímetros dela bem no final. — Ela sorri — Deve ser por que ainda não nos apresentamos direito. Meu nome é Jaynet...

— Eu sou Christian. — Balbuciei meio sonolento.

— Eu sei.

— Você sabe que Michael Jackson morreu, não sabe? — Perguntei imaginando há quanto tempo ela estaria morta.

— É, digamos que eu meio que senti isso — Ela curvou a cabeça, dando de ombros — É uma pena, eu gostava dele. Mas pelo menos ainda nos resta o Justin Timberlake para nos consolar. — Ela deu um sorriso carregado de malícia — E que consolo!

— Justin Bieber. — Eu falei cheio de raiva pelo comentário dela sobre o Timberlake — É o mais novo candidato ao lugar de Michael.

— É mesmo? — Ela pareceu aborrecida — E este novo Justin é mais lindo que o original?

— Ele é pirralho, tem uma franjinha perto dos olhos e sua voz ainda está mudando, mas parece ser mais grossa do que o seu original. — Eu sorri de canto sentindo... O quê? Ciúmes? Não.

         Ela fez uma careta.

— Ainda prefiro meu ex-N’Sync.

         Eu também prefiro, mas não ia admitir isso pra ela, não quando ela demonstra tanta devoção por ele e nada por mim.

— Você viu ele vagando por aí?

— Quem? Michael? — Eu fiz que sim com a cabeça, queria saber qualquer coisa sobre ela mesmo que fútil. — Oh, não, não mesmo. Eu só tive uma intuição de que ele estava morto. Eu não saio dessa casa desde a minha morte, não sei como andam as coisas lá fora.

— E há quanto tempo você morreu?

— Há três anos. Três longos anos...

— Você não pode sair daqui? — Eu perguntei meio incerto se deveria.

— Eu não quis sair daqui. Aqui é o único lugar em que ainda me sinto viva... — Ela olhou pela janela.

         O som do despertador cortou o curto silêncio que tinha se formado.

— Eu tenho que ir para a escola. — Sussurrei.

          E me virei, deixando- a sozinha.

         Quando eu estacionei meu Civic na vaga próxima a entrada, uma das melhores, e desliguei o motor, percebi três pares de olhos que me observavam com espanto; Kevin , Nick e Michael, meus grandes amigos e inseparáveis de mim desde... sempre.

— Você não disse uma palavra de casa até aqui, — os outros dois balançaram a cabeça em apoio ao Kevin. — está se sentindo bem?

         Eu quis dizer que não, que eu não estava nada bem. Quis dizer que eu estaria estranho por um tempo, enquanto absorvo toda essa coisa de ver gente morta andando pela rua e que eu vi um monte (Sério. Muita gente.) no caminho para cá. Quis dizer para eles tomarem mais cuidado em casa, pois tínhamos uma pessoa do sexo feminino lá mesmo quando as empregadas estavam de folga, e que não era pra eles aprontarem nada pra cima dela, saírem andando nus pelos corredores, ou fazerem qualquer piada por eu estar dividindo meu quarto com a garota mais linda que já vi ao vivo, mas não tão ao vivo assim, considerando que ela está morta.

         E é claro que tudo o que disse foi:

— Sim, estou bem.

         E logo os três desceram do carro como se nada tivesse acontecido, o que seria bem diferente se eu tivesse falado sobre os fantasmas. Eles teriam, no mínimo, travado todas as portas do carro e me deixado lá dentro até a ambulância do sanatório chegar. Lá na clínica iriam me aplicar sedativos cada vez que eu insistisse nessa história. Minha mãe me visitaria aos domingos e choraria toda vez que me visse. Jaynet me enlouqueceria de vez dizendo o quanto sou idiota de contar uma coisa dessas pra alguém.

         Melhor mentir.

— Oooi!!! — Heather me beijou no rosto.

— Oi Heather.

— Você está indo para a sala?

— Sim.

— Ótimo. — Ela sorriu e pegou meu braço — Vamos juntos.

          Não foi uma pergunta. Eu deixei que me arrastasse pelos corredores e por onde nós passávamos as pessoas olhavam, alguns com raiva, outros incrédulos. Mas Heather pareceu nem se importar e eu... Bem, eu tenho coisas mais fantasmagóricas para pensar no momento do que em um grupo de seguidores bobos do namorado dela e o que eles pensam.

— Sabe Chris... Meu namorado e eu terminamos.

— Hum... Sinto muito por você. — Eu não sentia nada!!!

— Eu nem ligo. — Deu de ombros no corredor e se virou para me olhar. — Tem outro cara... — Se aproximou mais e sussurrou. — E eu estou louca por um beijo dele.

         Sem avisar Heather encostou seus lábios nos meus e eu meio que me esqueci de todos os meus problemas com fantasmas. Envolvi-a pela cintura e tomei o controle do beijo, sentindo a mão que segurou meu ombro apertar com mais força, correr pelo meu pescoço e descer até meu abdômen numa espécie de carícia que me fez descer minhas mãos da cintura dela, chegando um pouco mais próximo do bumbum. Ela segurou meu cabelo com a mão livre e me fez pressionar meus lábios mais no dela, soltando um gemido abafado. Eu ouvi alguém pigarrear e a afastei gentilmente.

— Vai com mais calma aí gente!!— Nick foi em direção a porta. — Isso aqui é uma rede de ensino, não um motel.

         Eu ainda pensava no que tinha acabado de acontecer e no quanto nosso beijo foi bom, quando Heather me puxou pela mão e adentrou a sala. Kevin, Michael e Nick sentavam na fileira do canto, nem muito na frente, nem muito lá atrás. Eles sorriram enquanto o namorado (Ou Ex-namorado), sentado lá no fundo, virou o rosto cheio de raiva. Sentei-me entre o Kevin e o Nick e Heather se sentou ao meu lado, na outra fileira.

         Os sussurros e cochichos sobre ela e eu cessaram quando a professora de inglês entrou na sala. Séria, vestindo um blazer cinza sem graça, como os cabelos brancos presos em um coque e um óculos quadrado. Ela caminhou pela sala, com seus sessenta e poucos anos, parando no quadro e sendo seguida de perto por...

         ...Jaynet, que piscou para mim. Ela também tinha os cabelos presos em um coque, mas o blazer deu lugar a um tubinho preto, ressaltando suas curvas e com umas flores pregadas estrategicamente entre os seios. Seus olhos foram contornados de preto e um batom rosado deu mais cor a seus lábios impressionantes. Ela se postou igual a professora e correu os olhos por toda a sala, exatamente como a mulher.

— Meu nome é Magdalena e eu sou professora desse idioma excitante — Jaynet falou. E eu não sei se foi impressão minha, mas ela deu bastante ênfase no ‘excitante’. Engoli em seco, me dando um tapa mental. — O inglês. Que língua maravilhosa, magnífica que é a nossa. Portanto não podemos esperar para mergulhar na escrita!

         Assim que Jaynet fechou a boca Magdalena repetiu tudo que ela havia dito, com precisamente as mesmas palavras.


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Notas finais do capítulo

Bom quero dizer que eu já estou com saudades e que vou aproveitar esse tempo para tentar escrever alguns capítulos.
reiews, xingamentos sugestões?
Agora temos mais leitores, sejam bem vindo e espero que estejam gostando, comentem se quiserem opiniões são extremamente importantes *-------*