Uma Estranha No Meu Quarto escrita por Damn Girl


Capítulo 40
Capitulo 34 - A Grande Noite (Parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Será que o Christian matou todo mundo no Helicóptero? XD
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         Depois de duas horas voando todos parecem estar mais confortáveis. Eu mesmo estava me sentindo mais confiante com os painéis e quando as primeiras luzes de Londres apareceram, a inquietação na cabine retornou, dessa vez de uma forma positiva. Ao passar pelo Big Bang os meninos bateram fotos enquanto eu tive que checar o GPS novamente.

— Daqui cinco minutos vamos pousar. — Olho para o meu relógio de pulso checando as horas. — Exatamente duas horas e meia da madrugada.

         Avisto um prédio alto e luminoso com um “B” gigantesco no topo e diminuo gradativamente a velocidade e altitude, mirando no heliporto sinalizado. Controlo minha respiração, novamente acelerada. Um erro agora e pode ser fatal. Incrivelmente acerto o alvo e pousamos até com suavidade no centro exato do heliporto. Desligo os motores todo orgulhoso de minha façanha. Ouvindo as pás diminuírem a rotação vejo os meninos soltarem o ar praticamente em sincronia, tamanho nervosismo e desafivelo meu cinto. Michael faz menção de abrir a porta e eu o seguro pelo braço.

— Espere as pás pararem.

— Acho que não podemos esperar.

         Kevin aponta para o lado direito apreensivo e sigo seu olhar, franzindo o cenho. Cinco seguranças conversam entre si e vejo a confusão em seus olhos. Um deles grita com os outros, como se questionasse o pouso não autorizado. O clima fica tenso quando vemos eles se aproximarem e notamos as enormes metralhadoras em suas mãos. Nenhum sinal de Roosevelt ou de outro fantasma, quando o combinado era alguém nos dar cobertura em nossa chegada.

— Tem menos seguranças do que costumam ter. — Menciona Jaynet, como se isso melhorasse as coisas. — Mantenham a calma e abram as portas do Helicóptero.

— Abre a porta do Helicóptero Michael. — Repito a ordem de Jayent, lembrando que somente Kevin e eu podemos ouvi-la. — E se mantenham calmos.

         Coloco a mão discretamente na arma com o silenciador presa em minhas costas enquanto Michael abre cuidadosamente a porta do nosso lado, tentando não fazer nenhum movimento brusco. As pás param de girar cessando o barulho que nos distraía de nossa possível morte. Os homens erguem, não suas pistolinhas semiautomáticas, mas sim suas poderosas metralhadoras M-16 e apontam em nossa direção, se aproximando de forma esguia e desconfiada, enquanto mantinham a mira fixa em nossas cabeças.

— Quem são vocês? — Pergunta o que estava gritando antes.

— Repete o que eu disser Chris. — Assenti levemente para Jaynet. — Estamos procurando o chefe Hanson da equipe de segurança do setor Trinta e um. Temos uma carregamento especial que precisa ser descarregado no laboratório dois.

— E-estamos procurando o chefe Hanson da equipe de s-segurança do setor... trinta e um. — Tomo fôlego tentando me acalmar e recuperar a firmeza em minhas palavras. — Temos uma carregamento especial que precisa ser descarregado no laboratório dois.

— Eu sou Hanson.

         O homem, Hanson, franziu as sobrancelhas e mandou seus comparsas baixarem as armas, retirando um papel do colete. Encarei Jaynet parada ao meu lado já fora do helicóptero, agradecido por ela ter insistido em vir conosco.

— Hummm. Não tem nada programado para...

         Hanson não consegue terminar a frase. Roosevelt aparece em suas costas e assustando a todos, corta sua cabeça, desenhando uma linha reta no ar. O sangue do segurança jorra de seu pescoço horrendamente exposto e ele cai de joelhos no chão, convulsionando. Michael e Nick se abraçam apavorados enquanto os outros seguranças olham em volta com os olhos arregalados, procurando o responsável.

— Desculpa Christian, estava dentro do prédio, não ouvi o helicóptero.

— Precisava matar ele assim?! — Grita Jaynet caminhando em direção a Roosevelt e batendo em seu ombro. — Você não sente remorso! Meu deus, eu conhecia ele desde criança...

— O que você sugere? — Respondeu Roosevelt com certa calma. — Não tinha entrega nenhuma programada, ele ia mandar atirar nos meninos!

         Os dois começam uma calorosa discursão sobre valores morais. Ficamos parados encarando o corpo e quando os outros seguranças se recuperam do susto eles voltam a erguer suas armas, apontando para nossa direção.

— Não sei que merda foi esta mas vocês quatro tem até cinco para deitar no chão.

         Antes mesmo do segurança terminar a frase Kevin abaixou se deitou, tremendo de medo. Toquei a arma atrás da minha cintura, preparando-a e Nick e Michael entenderam o recado, assentindo discretamente. Com os seguranças distraídos ergui minha arma e mirei em um dele, destravando-a. Só então lembrando que a gente não tinha colocado as máscaras de palhaço ainda e nossos rostos estavam à mostra, revelando nossa pouca idade e experiência.

         Merda!

— Abaixem as armas ou vai acontecer o mesmo que aconteceu com ele. — Ameacei chutando o corpo estirado próximo dos meus pés. — Acho que vocês não vão querer morrer por causa de um trabalho..

         Os seguranças gargalham. Alto. Cada um em seu próprio ritmo, e quando um deles finalmente recobrou o folego me lançou um olhar de escárnio. E assim que sua boca se abriu para me zombar o sangue escoou dela como uma cachoeira e seus olhos esbugalham. Os outros três seguranças se assustam com seu agressor invisível e se descontrolam, disparando com a metralhadora por todos os lados. Michael, Nick e eu corremos para trás do helicóptero ouvido o som dos tiros ressoarem pela lataria. E Kevin permaneceu no chão.

         Dessa vez o ataque “invisível” tinha partido de Hugo que chegara ao terraço acompanhado do Xerif. Os dois fantasmas correram em direção aos outros seguranças e o tiroteio parou dando lugar a um silencio mais que bem vindo. Arfei de alívio e guardei a arma de volta na cintura, graças a eles não ia ter que atirar em ninguém. Hugo caminhou até Jaynet, sorrindo e tocando-lhe suavemente o ombro.

— Jaynet, lembra quando eu te trazia aqui? Eu vinha te esperar nesse terraço e ficava imaginando a gente namorando aqui em cima.. — Ele apontou para a grande piscina disposta num canto do terraço. — E nadando ali, só nós dois. Queria que tudo tivesse sido diferente.

— Ah sim, legal. Antes ou depois de combinar com os bandidos de invadirem minha casa? — Hugo baixou a cabeça, constrangido. — Eu não quero ouvir sua voz Hugo, só deixei você vir por insistência sua e por que Roosevelt me pediu.

— Acho que não está em tempo de vocês discutirem agora. — Me intrometo. — Daqui há pouco mais seguranças irão vir atrás de nós.

         Com um suspiro Jaynet se afastou de Hugo e veio em minha direção, segurando. Contive um sorriso de satisfação, não gostava de vê-la com alguém que claramente é obcecado por ela. Nem com ninguém além de mim. Peguei o crachá dela do meu bolso tentando dispersar meus ciúmes e juntos caminhamos para a porta de acesso do prédio e vejo que há uma fechadura que só abre com o cartão magnético. Retiro ele do bolso e coloco a mão em cima do teclado.

— A senha Jaynet.

— 314159265358979.

— Que caralho de senha é essa? — Pergunto digitando os números.

— É o valor de PÍ. — Jaynet enrubesce e dá de ombros. — Na verdade é parte dele já que o valor de PÍ é muito extenso... Na verdade mesmo pì é um número irracional e transcendente. — Pigarreio cortando a explicação científica. — Sou filha de cientista oras, você esperava o que? A data do meu aniversário?

— Deixa para lá. — Digo, abrindo a maçaneta e deixando que os outros passem. — Você é muito esquisita.

— Não sou eu que estou invadindo um prédio para roubar um corpo.

— É mesmo? Eu posso ir embora então, já que é loucura.

         Jaynet se cala e exibo um sorriso de satisfação, fechando a porta atrás de nós. Me reúno de novo com os meninos e juntos percorremos um um longo corredor branco e excessivamente iluminado em direção aos dois elevadores. Contudo na metade do corredor ouvimos vozes. Roosevelt flutua até o elevador na bifurcação e se vira pro lado direito.

— Tem mais guardas vindo.

         Sem possuir lugar onde se esconder, peguei novamente a pistola, removendo a trava e apontando para a frente. Os meninos imitaram meu gesto, e dessa vez lembramos de colocar as máscaras.

 Os fantasmas se adiantaram, imitando Roosevelt e ficando próximo aos elevadores.

 Os seguranças despontaram na interseção e se viraram, tomando nosso corredor e, assim que os dois primeiros deles deram de cara com quatro homens encapuzados eles congelaram no lugar. Os outros seguranças distraídos acabaram esbarrando nos da frente e quando a surpresa se atenuou eles ergueram as armas, e de repente haviam cerca de dez homens atirando em nossa direção. Contudo o número rapidamente diminuiu para sete pois os três fantasmas atacaram por trás, se apossando da faca que os homens carregavam e os atacando. O grito dos homens enquanto eram cortados foi tão repentino que seus comparsas se viraram, assustados com os agressores invisíveis. O que era muito compreensível.

Do ponto de vista deles as facas “flutuavam” no ar sozinhas, cortando seus amigos sem piedade. Michael aproveitou a oportunidade e mirou em um deles, acertando-o na cabeça. O tiro abafado pelo silenciador acertou em cheio seu alvo. Sangue espirrou na parede cinza e homem caiu no chão, morto. Cravei meus olhos nele estupefato.

— De nada adianta ficar segurando essas armas sem coragem de atirar! — Nos entreolhamos e ele suspirou como se Nick, Kevin e eu que estivéssemos errados. — Não vamos conseguir sair daqui assim, contando só com a coragem dos fantasmas, temos que ajudar.

— Não queria dizer isso, não mesmo. — Kevin balançou a cabeça. — Mas ele tem razão.

         Roosevelt esfaqueava o segundo homem quando eu ergui minha arma e mirei em um rapaz que puxava seu amigo, tentando ajuda-lo. Mantive a arma o mais reta possível e, prendendo a respiração, apertei o gatilho, atirando no garoto um pouco mais velho que a gente. Ele largou seu amigo e respirei aliviado quando constatei que acertei seu braço.

— Nâo consigo fazer isso.

— Tem que fazer. — Respondeu Michael, atirando em sua próxima vítima. Roosevelt também estava no segundo de modo que ainda faltavam cinco. — você quem quis vir para cá, agora ASSUMA AS CONSEQUÊNCIAS.

         Os homens não sabiam se davam atenção a gente ou se defendiam dos ataques invisíveis em suas costas. Então de repente um deles, o que eu mirava, rolou pro lado e se jogou em cima de um dos cadáveres, pegando um pequeno aparelho branco retangular.

— Ah porra! Atira nele, ele vai acionar o alarme.

         Seguindo a ordem de Jayent atirei no segurança, mas foi tarde demais. Pus as mãos nos ouvidos esperando o som ensurdecedor, mas jamais esperaria o que aconteceu. Ao invés do som, as luzes do corredor ficaram vermelhas e algumas telas surgiram da parede. Uma animação de uma mulher jovem com longos cabelos brancos, olhos violetas e orelhas pontudas apareceu na tela. Ela vestia uma túnica violeta e mais parecia uma elfa saída de algum jogo. A mulher virtual começou a falar e a sua voz sim, ecoou pelo prédio inteiro. Uma voz femina, porém com um ar mecânico que deixava nítido que ela não era real.

— Protocolo de emergência, selando portas e acionando as autoridades. Favor confirmar código de liberação por voz. Tempo restante: nove minutos e cinquenta e oito segundos.

         A mulher permaneceu repetindo mesma frase sem parar. Os quatro seguranças ainda vivos resolveram ignorar os fantasmas e passaram a atirar em nossa direção. Olhei para trás sobressaltado com o estrondo da porta que havíamos entrado, agora sendo lacrada por um uma grade que desceu do teto.

— Protocolo de emergência, selando portas e acionando as autoridades. Favor confirmar código de liberação por voz. Tempo restante: nove minutos e quarenta e dois segundos. Todos seguranças encaminhem-se ao andar trinta e três.

         Segurei Jaynet que encarava uma das telas com um olhar desanimado pelos ombros, exigindo sua atenção.

— O que é isso?

— É a Helena, é a inteligência artificial do prédio. Quando o alarme é acionado ela sela as portas e manda um código de liberação diretamente ao meu pai. Quando a contagem termina ela aciona a Interpol. A organização do meu pai é privativa, mas as experiências que acontecem aqui são de interesse internacional.  — Jaynet mordeu os lábios observando os meninos trocando tiros de forma apreensiva. Então ela se voltou para mim furiosa e aumentou o tom, me empurrando. — Eu falei que não era para gente vir aqui, porra! Disse que era muito perigoso, mas vocês me ouviram?! Quando eles abrirem esse prédio vocês vão estar mortos! Isso se a segurança não acabar com vocês primeiro.

— Não tem como desligar ela?

— Não! Ela só para quando o código que foi enviado é dito por voz. E ela só obedece ao meu pai, minha mãe, eu e alguns chefes de segurança. — Jaynet abriu um sorriso sarcástico. — Eu até ordenaria que ela parasse, mas não acho que ela possa me ouvir em minhas atuais condições...

— E agora...

         Boto a mão em meu braço esquerdo sentindo uma fisgada incomoda e repentina. Em poucos segundos a dor praticamente triplica e quando retiro minha mão, vejo o sangue pintado em meus dedos. Os meninos me gritam enquanto sou impulsionado para trás por um segundo projétil que para minha sorte acerta o colete à provas de balas. Caio no chão e seguro meu ferimento enquanto ouço mais e mais disparos do fogo cruzado entre os meninos, os seguranças e até mesmo os fantasmas, que desistiram de lutar com seus poderes psíquico. Fitei Roosevelt segurando duas metralhadoras e atirando na interseção dos corredores para ambos os lados, gritando pros meninos se abaixarem. Mas mesmo com ele, xerife e Hugo armados o corredor principal estava cada vez mais repleto de seguranças. Nick ajoelhou e me encarou, removendo a mão da perna e revelando os filetes grossos de sangue escorriam do furo em sua coxa direita.

— Protocolo de emergência, selando portas e acionando as autoridades. Favor confirmar código de liberação por voz. Tempo restante: Oito minutos e sete segundos. Todos seguranças encaminhem-se ao andar trinta e três.

         Com os dentes cerrados pela dor e ainda no chão, recarreguei minha arma e voltei a atirar, tentando defender os meninos. Ter vindo aqui foi uma péssima ideia, Jaynet tinha toda razão.

         Estamos fodidos.


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Notas finais do capítulo

Eu nem sei o que dizer aqui na verdade to tão emocionada de estar na reta final, que eu nem sei se está ficando bom. Assim que tiver mais capítulos posto para vocês. Beijão!