Uma Estranha No Meu Quarto escrita por Damn Girl


Capítulo 39
Capitulo 33 - A Grande Noite (Parte 1)


Notas iniciais do capítulo

ah gente desculpa a demora, não to sabendo como botar tanta informação ao mesmo tempo. Mas parece que agora a coisa tá fluindo. Entramos em nossa reta final, vou postar uma dobradinha hoje, então segurem-se que a situação dos meninos está ficando muito louca!!



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        Tenho os melhores amigos do mundo!!!

 

         A grande noite do plano chegou, e nenhum dos três desistiram, ou me mandaram para o hospício, pelo contrário; Michael e Nick agora pareciam mais animados com o plano do que eu. Embora ache que a animação excessiva seja por conta das noitadas na Escócia. Fantasmas ou não-fantasmas, todos nós estamos mais que empolgados com a terra do whisky.

Como parte do combinado, após dois dias de espera nós seguimos de carro para a parte rural de Edimburgo, seguindo as coordenadas de Roosevelt por uma paisagem de tirar o folego até avistarmos uma casa em ruínas, em meio a duas montanhas e uma imensidão de grama. Nossa casa era suspeita demais para executar o plano, o primeiro local onde a polícia procuraria o corpo de Jaynet seria lá, afinal era sua antiga casa, então Roosevelt teve a ideia de trazê-la para um outro país.

E se não fosse por ele nem teria roubo algum pois sinceramente eu não conseguia pensar em nada tão complexo quando estou com as emoções a flor da pele.

Segundo ele, a casa era uma fazenda pertencente a seus parentes distantes, no entanto agora ela não era mais que um esqueleto com um telhado podre e madeira velha. Nick estacionou seu o carro e assim que desembarquei do banco do carona pude ver parte das hélices do helicóptero comprado com o dinheiro de Roosevelt, escondido atrás da casa. Minha Ferrari vermelha agora com a placa removida e o furgão preto que seriam usados em nosso roubo foram cuidadosamente deixados em frente ao Instituto Becker antes de nossa vinda a Escócia. Respirei fundo e meu coração deu uma solavanco com a constatação de que ia mesmo acontecer.

Desviei meus olhos dos fundos da casa e segui os meninos, subindo a pequena escadinha que levava a varanda e a porta principal, e adentrando a velha sala. Assim que pus os pés no assoalho Jaynet correu para os meus braços, me fazendo cambalear. Retribuí seu raro gesto espontâneo, aninhando-a em meio a mim e fechando os olhos. Fazia uns três dias que não nos víamos e eu já estava louco de saudades da minha fantasma.

         Ouvi Michael pigarrear e encarei seu sorriso zombeteiro.

— Você faz ideia do quanto isso é estranho aos nosso olhos, não faz?? É como se você abraçasse o vento. Sem ofensas senhorita Becker, mas ainda não me acostumei...

— Espero que depois dessa trabalheira toda a gente veja um casamento. — Completou Nick, nos comtemplando.

         Senti meu rosto enrubescer e me afastei de Jaynet, fitando-a nos olhos. Queria mesmo um futuro com ela, contudo não sabia se ela também queria um futuro comigo e nem era hora de pensar nisso também. Estava pensando em uma resposta quando Roosevelt e Ana entraram na sala, me salvando. Agradeci a eles mentalmente.

— Que bom que chegaram! Acho que está na hora. — Roosevelt abriu uma armário velho e entregou um papel a Ana. — Esse aqui é ritual, não pude trazer o livro por causa de Carlisle. Espero que entenda minha caligrafia. Todas as coisas estão no armário.

         Ana demorou um tempo lendo, depois assentiu com a cabeça levemente. Então o fantasma olhou para os meus amigos com o semblante rígido.

— Meu irmão está tramando alguma coisa. Vocês tem que levar isso a sério, um erro e ele se aproveitará da situação. Tenham em mente também que vocês podem ser presos se forem pegos pela polícia, ou serem mortos pelos seguranças do prédio, isso aqui não é brincadeira. Se alguém quer desistir, melhor desistir agora.

         Os meninos se entreolharam. Gelei. Precisava muito da ajuda deles. Um silencio perturbador de prologou até que os três encararam Roosevelt.

— Nós vamos com o Christian. — Kevin respondeu de forma firme e soltei o ar que nem sabia que estava segurando. — Já sabemos do risco e vamos tomar cuidado.

         Roosevelt assentiu. Tirei minha mochila das costas e joguei em uma mesa velha, abrindo o zíper e retirando uma pesada caixa de madeira de dentro dela. Removi o fecho da caixa e a abri, retirando a pistola prateada que ganhei de presente do meu pai em meus quinze anos e acoplando o silenciador na ponta. Minhas mãos tremeram ligeiramente, mas eu peguei o pente de balas e o carreguei, acionando a trava e prendendo-o na parte de trás cintura. Por fim cobri o objeto com minha blusa preta de malha e fitei jaynet com um sorriso, que retribuiu meu olhar boquiaberta.

— Christian!! Mas o que é isso?!

— Ah Jaynet, você espera que eu invada a empresa do seu pai segurando um buquê de flores? O Roosevelt está certo, estamos vivos e vulneráveis, temos que nos proteger.

         Sem esperar sua resposta jogo os outros três revólveres que comprei na direção dos meninos. Eles escondem o objeto no mesmo lugar que eu. Nós todos estamos bastante parecidos aliás, todos de calça preta, blusa preta e all-star preto. Por baixo de tudo, um colete a prova de balas só por prevenção. Entrego umas máscaras que comprei a eles, daquelas com rostos de palhaços macabros, e agora estamos como assaltantes profissionais. Guardo alguns cartuchos no bolso da calça, mas caso precise não quero estar desprevenido.

         Meu pai me deu essa arma como proteção numa época em que ele estava paranoico e temia que eu fosse sequestrado. E sim, eu treinei algumas vezes quando tinha quinze anos, mas nunca usei e espero mesmo não ter de usar esta noite.

— Podemos ir! — Anuncio, fitando o relógio. — Vai dar meia noite, não vamos chegar lá antes de duas e meia.

         Nos dividimos em três grupos: O primeiro grupo consistia somente de Ana, que ficou encarregada de aprontar a casa para o ritual. Como ela não entende muito de combate e é mais delicada deixamos ela na casa. O segundo grupo consistiam dos fantasmas; Hugo, motorista de Jaynet e que contra a vontade dela insistiu para ajudar, alegando ser sua missão no mundo ou alguma merda assim. Roosevelt e O Xerif, amigo de Ana que também se voluntariou e, claro, a própria Jaynet, que seria nosso mapa dentro da construção, guiando nosso caminho. E o terceiro grupo formado de pessoas vivas que irão no helicóptero. Ou seja, eu e os meninos. Quatro vivos e quatro fantasmas (mais Ana) foi tudo que conseguimos arrumar.

— Duas horas estaremos lá. Quero fazer uma limpa na segurança do terraço antes de vocês pousarem. — Garantiu Roosevelt. Como ele podia se desmaterializar, não precisaria enfrentar duas horas e meia de helicóptero conosco. — Adoraria voar com vocês, mas vou ajudar Ana enquanto aguardo.

         Nós — O grupo três. — nos despedimos dos fantasmas e fomos em direção aos fundos da casa. Entrei no Helicóptero clandestino, pequeno e discreto, comprado ilegalmente no mercado negro e soltei um longo suspiro, assumindo o lado do piloto e encarando o painel de controle. Kevin entrou do meu lado e se sentou no banco do copiloto e Nick e Michael se acomodaram no banco de trás, fechando a porta.

Há dois anos atrás eu frequentei algumas aulas de voo. A intenção era de impressionar minha primeira namorada. Babaca como eu era, tinha planejado pegar o helicóptero do meu pai e soltar balões na escola em nosso primeiro aniversário. Então ela me traiu, e nós nos mudamos e eu continuei virgem... Enfim.. Nunca achei que eu fosse pilotar um helicóptero novamente. Prova que todo conhecimento tem utilidade nessa vida.

Estou distraído tentando lembrar das instruções que recebi nas poucas aulas que fiz, quando vejo o reflexo de uma fantasma muito teimosa aparecer no meio dos dois meninos. Me virei para trás bruscamente buscando seus olhos.

— Jaynet... — Suspirei, cansado. — Você é do time dos mortos. Se esqueceu do plano?

— Eu vou com você. — Ela cruzou os braços, decidida. — Eu não vou me afastar de você um segundo Christian, isso está fora de questão. — Bufo e sou ignorado. Jaynet volta seu olhar pro painel e franze o cenho. — Tem certeza que sabe pilotar essa coisa?

         Nãooooo! Não mesmo, to me cagando de medo de matar todo mundo.

— Tenho, claro. Por que? Vai dizer que você sabe pilotar?

— Não.

— Bom, então deixe com o profissional aqui.

         Os meninos me encaram relutantes, contudo ordeno que todos afivelem o cinto e eles se distraem tempo suficiente para eu pensar no próximo passo.

— Coloquem os fones de ouvido.

         Espero os protestos, mas eles me surpreendem obedecendo prontamente a minha ordem, exceto Jaynet que não precisa. Acho que estão com tanto medo de voar comigo que qualquer medida de segurança é bem-vinda. Reviro os olhos para a risada zombeteira de Jaynet que não também não deixou de perceber a obediência exagerada.

— Vamos subir. — Digo a ela, e ela assente.

Coloco meus próprios fones de ouvido e checo o painel em busca de alguma falha, checo o óleo, o combustível, o plano de voo. Tudo parece bem, então ligo os motores à 1500 RPM e lentamente as hélices começam a girar. Um suor de alívio escorre do meu rosto.  Aperto o botão de comunicação com a torre para pedir a autorização de decolagem e logo sacudo a cabeça, percebendo minha falha.

Burro, você está pilotando um helicóptero clandestino. Vai pedir autorização a quem?

Além de ter de pilotar a noite, o que basicamente significa voar às cegas, terei de fazer sem a ajuda de ninguém. E como ninguém sabe que estou voando ainda há chances de colisão com outra aeronave que esteja na mesma rota que a minha.

Balanço a cabeça tentando afastar esse pensamento e com as mãos trêmulas, aumento a rotação do motor e as pás começam a girar com mais força, levantando poeira em volta da aeronave. O barulho é bem absorvido pelos fones, e por sorte o helicóptero conta com um bom sistema de navegação noturna. Puxo o manche e quando ele levanta voo meu estomago se contraí de medo e me esforço muito para não fechar os olhos. Os meninos observam o chão sumir abaixo de nós com os semblantes perplexos e contraídos, movendo a cabeça por todos os lados. Jaynet também estica o corpo em cima de Kevin e olha para baixo, incrédula. Ninguém tinha fé que eu ia conseguir. 

Arfo exasperado enquanto traço a rota no painel e olho para a infinda escuridão a nossa frente, pensativo e aliviado por ter levantado voo.

Ser mediador definitivamente é a coisa mais difícil que já fiz na vida. Em um ano já briguei, apanhei, entrei de coma, passei vergonha de todos os tipos, terminei com minha namorada, e agora vou roubar um corpo! De helicóptero! Porra.

Verifico o altímetro, o indicador de velocidade vertical e o GPS, apontando na direção de Londres. Checo todos os dados a todo instante, sentindo minha garganta fechar com a paranoia. Boto a rotação do motor no máximo enquanto imagino mil cenas de quedas diferentes, seguidas de uma grande explosão e nossos corpos despedaçados. Então engulo em seco e me viro para os meninos tentando me distrair.

— Já podem elogiar! — Comento pelo microfone, fingindo uma falsa segurança. — Sou foda ou não sou?

— Puta que pariu, eu estou com muito medo. — Nick chegou para frente dando um tapinha no meu ombro. — Mas cara, você é foda! Rebecca fez muito mal em terminar com você.

         Rebecca. Testo o nome em minha mente e sua figura ruiva aparece, trajada com o vestido que eu lhe presenteara. Junto com sua imagem vem a de um garoto de smoking, e sua boca no pau dele. Péssima lembrança. Tento afastar meu pensamento e ele se volta para Heather, também me traindo. Aquelas fotos todas voando pelo pátio. Ambas me culpando por sua infidelidade, dizendo que me traíram por que eu não as satisfiz. Me pressionando a dormir com elas. Será que com Jaynet será assim também? Se ela reviver...

         Encaro a fantasma no banco do meio e ela me devolve o olhar, seu semblante sereno e iluminado. Não sei se é por que ela já está morta, mas ao contrário dos outros ela parece confiar em minhas habilidades de pilotagem. Seus lindo olhos brilham a luz das poucas estrelas no céu e não me contenho, acabo sorrindo para ela que me corresponde. E embora ela tenha certa fama, a acho muito ingênua, muito diferente de minhas duas ex namoradas. Eu sinto que ela é diferente. Estendo minha mão a ela que segura que a aperta rapidamente.

         Não me decepcione, Jaynet.


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Notas finais do capítulo

Calma que tem outro!!