Uma Estranha No Meu Quarto escrita por Damn Girl


Capítulo 4
Capítulo 4 - Recomeço ( Parte Final) * C. Extra*


Notas iniciais do capítulo

(Semanas de provas, acho que to meia nervosa, não consegui transferir todo o terror do capitulo para o papel. mas como tem muito tempo que não posto, não pude esperar mais ^^ quebrei a cabeça para encaixar esse nos capítulos que já estão escritos e que serão postados brevemente *-*)
Mais um mistério para encher a cabeça do querido Chris. Após sua ida a direção, algo muito horrendo acontece. A morte está na escola e ninguém pode garantir quem sairá vivo. Ninguém pode garantir nada quando o desconhecido está envolvido.



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— O diretor disse para você ir ajudar a arrumar os livros novos na blibioteca? Poxa, muito generoso da parte dele... — Kevin me acompanhava pelo largo corredor que levava a ala principal.

— Você parece decepcionado pelo meu castigo. — Eu arqueei uma sobrancelha e me virei para o lado, dando de cara com a enfermaria. Com a porta aberta pude ver o Carl lá dentro sentado numa maca, com Heather de pé a sua frente. Os Dois pareciam discutir. Enfim, não me importa... — Vou passar direto e ir logo para lá, não quero me encontrar com aquele cara hoje novamente.

— É melhor mesmo— Kevin não pareceu perceber a enfermaria. —Ele vai te perseguir pelo resto do ano, Michael e Nick já estão reunindo informações. — Ele deu uma piscadela e parou em frente a nossa sala. Eu cruzei sem nem dar uma olhada, como se não pertencesse aquela turma. — Na hora da saída a gente vai lá te ajudar!!

— Sim. — Falei pelas costas.

         Eu saí andando pelos corredores cheios de estudantes, alunos de todos os tipos e estilos, convivendo em perfeita harmonia. Bem… mais ou menos. Deu para ver alguns do grupo de rock se estranhando com o grupo de jazz. Os garotos de cabelo arrepiado, piercing na língua, tatuagens no corpo, e roupas pretas empurraram os garotos de … hum… vestidos iguais a velhos? E eles revidaram falando que jazz é melhor que rock. E os caras do rock bateram neles, mas antes que a situação se tornasse descontrolada, igual a quando eu briguei com o Carl mais cedo, as mulheres vieram resgatá-los. Na verdade elas brigaram com todos e mandaram eles irem para a sala da detenção, lugar para onde vão pessoas que comentem delitos menos graves, daqueles em que não há necessidade de chamar o diretor. Coisa que, claro, não foi o meu caso

E para completar quando dei por mim percebi que estava totalmente perdido.

         Que dia lindo! Já é a segunda vez.

         Parei uma menina de óculos, sardas e cabelos presos em um rabo de cavalo. Ela carregava uma pilha de livros que tapava sua visão e pareia meio atrapalhada com eles. Retirei um pouco dos livros — a maioria — dos braços dela e me pus a andar ao seu lado. Ela sorriu, revelando um reluzente aparelho.

— Obrigada. — Ela manteve o sorriso. — Isto estava realmente pesado.

— É um prazer. — Eu olhei pra ela sugestivamente.

         Não é tão ruim seduzir uma nerd para pedir informações, é? Prendam-me então! E eu preciso descobrir onde é a biblioteca, ela tem livros... E é um tanto bonita, e eu sou um homem caramba!! Enfim, não preciso ficar me explicando.

— Eu preciso levar isso na biblioteca. — Ela gesticulou com a cabeça para a pilha de livros que eu levava. E corou. — Obrigada mais uma vez por me ajudar. Você é aluno novo, não?

— Certamente. — Eu sorri só para dar ênfase. — A biblioteca…Eu tenho que ir justamente para lá. Tenho que fazer umas coisas.

— Na biblioteca?

— É, eu vou “trabalhar” um tempo lá agora. — Fiz aspas no ar.

— É seu castigo pela briga de hoje?

— Você viu. — Eu não perguntei.

— Você é muito corajoso… Ou muito doido.

— Um pouco dos dois. — Eu dei uma piscada assimétrica para ela.

         Minutos depois eu estava na enorme sala, graças a ajuda da nerd, cujo nome é Maye. Eu olhei admirado todas as prateleiras organizadas de forma que se criassem corredores horizontais, que pareciam não ter fim. Mantinham-se do lado direito da grande sala, tendo no lado esquerdo um aconchegante espaço de leitura próximo as janelas largas que forneciam uma iluminação natural a todo o ambiente, com mesas redondas modernas e oito cadeiras semelhantes às de computador para cada uma delas, além de tablets como ferramenta de auxilio. Essa modernidade não dispensava as enormes luminárias douradas com cristais no estilo século XIX pendidas  no teto e o chão de madeira no tom mogno, assim como as prateleiras, completando o ar de antigo. No centro uma linda recepção com vasos de flores, assim como os vasos de plantas dispostos em cada canto do lugar, davam uma sensação de vida aos livros.

         Olhei para a janela e percebi que o sol já havia se posto. Limpei o suor do rosto, faziam horas em que eu estava ali trocando os livros de lugar com Maye e algumas outras pessoas. Nós nos sentamos em uma das mesas redondas para folhear os livros. Eu peguei um chamado “Morte — Fantasmas, Verdade ou Mito?”. O nome do autor está apagado.

— Você acredita nessas coisas? — Ela apontou para a capa, fazendo uma careta.

— Não. — Eu dei de ombros — Mas acho interessante livro sobre coisas sobrenaturais: vampiros, fantasmas, lobisomens, etc.

— Aqui na biblioteca tem um monte deles, espero que você visite aqui mesmo depois do castigo. — Ela sorriu.

         E foi a última coisa que eu vi.

— Calma tivemos uma queda de luz, mas logo voltaremos ao normal, permaneçam em seus lugares e sem gracinhas!!! — Isso foi a voz da bibliotecária vinda da recepção central.

         Todos riram, fizeram piadinhas, e continuaram lá sentados, conversando normalmente. Tudo o que se ouviam era o som de várias vozes dessa e de outras salas e o vento lá fora, batendo nas janelas. Até que ouvi uma voz bem próxima ao meu ouvido, uma voz feminina, sussurrando:

— Para onde irá correr agora Christian? Aqui não é a Floresta.

         A ventania abriu todas as janelas ao mesmo tempo, com tanta força que deu para ouvir o vidro rachando. A essa altura minha visão já havia se acostumado com a escuridão e me virei para trás procurando a pessoa que falou comigo, apenas para fitar o nada. Uma voz lá fora atingiu a sala como se estivesse ligada a um amplificador e eu me virei de volta em direção a janela, o som de uma voz masculina bem próxima:

— MAS O QUÊ???? MEU DEUS, MEU DEUS, MEUS DEUS...!!!!! SE AFASTE DE MIM, ALGUÉM ME AJUDE POR FAVOR, ESSA COISA VAI ME MATAR!!!  AH MEU DEUSSSSS! NÃO! POR FAVOR NÃO, PARE!!!

Logo em seguida ouviu-se uma explosão e um grito... Não, um urro histérico de dor, não muito longe dali. Talvez no pátio. Um barulho como algo rasgando e quebrando e todos se calaram. A escola ficou tão silenciosa quanto a morte e senti uma mão pegar na minha. Eu prendi a respiração, só para depois constar que se travava do reflexo borrado de Maye. Ela não disse nada. Ninguém ousou se mover ou dizer qualquer coisa.

Até que se ouviu um outro grito, dessa vez de uma mulher e a sirene do alarme de incêndio com seu som infernal. Contudo seguido por vários gritos de todas as partes da escola, além de mais barulhos e estrondos. A porta da sala foi aberta e um estudante gritou:

— FOGO!!!!!! CADA UM POR SI!

         Várias pessoas levantaram e começaram a tentar correr em direção a porta, todos ao mesmo tempo. Mas a visibilidade era pouca e muitos erravam a direção. Maye fez menção de se levantar, mas eu agarrei seu pulso com força, impedindo-a. Pus-me a observar as pessoas derrubando os vasos das plantas e esbarrando entre si, completamente descontroladas. Uma menina gritou próxima a janela e eu mudei meu rosto de direção, bem a tempo de ver seu vulto cair de costas, em seguida tremer como um tipo de ataque epilético e depois parar, tudo muito rapidamente. Algo que presumi ser sangue escorreu do enorme pedaço de vidro em forma de estaca preso as suas costas. Uma outra menina que corria atrás dela pulou de susto, se desequilibrando e caindo justamente em cima. Pude ver o vidro atravessando sua garganta. Ela não teve tempo de gritar.

         Um barulho de estalo próximo. Eu me virei para ver um garoto caído em nossa mesa, com o pescoço torcido e os olhos abertos. Ele escorregou e até parar no colo de Maye. Esta gritou apavorada, afastando o corpo de si com cuidado e depois levantando rapidamente. Incapaz de continuar sentado só assistindo, levantei também. A água do sistema de incêndio só piorou, pois muitos estudantes escorregaram no piso encharcado. Eu me virei para a janela outra vez, vendo um garoto remover um caco de vidro do braço e soltar um palavrão.

         O empurra –empurra na porta resultou em pessoas esbarrando na prateleira. Eu me virei para o lado delas, simplesmente para vê-las desabando como uma carreira de dominó. Quando chegou na quinta, bem ao nosso lado, uma menina ergueu os braços e virou o rosto, sendo acertada pela pilha de livros. O sangue espirrou na minha perna e depois formou uma poça. Eu arregalei os olhos.

         Podia ter sido eu.

         Depois eu senti que deveria ter sido eu. E isso só me fez sentir pior.

         O barulho do telefone tocando tirou-me de meus devaneios. Senti minhas mãos puxarem o celular do bolso e por próximo aos ouvidos. A voz de Nick soou animada:

— Christian!!!!!! Caraaaaccca Chris!!! A escola enlouqueceu. Teve um grito, depois uma explosão e outro grito, ai o alarme de incêndio e todo mundo tentando sair da sala, você tinha que estar aqui, o Michael torceu o pé e tu...

— Chris, sou eu Kevin. — Eu pude ouvir um “aaaii!! Não precisa me bater” de Nick ao fundo.

— O Michael está bem?

— Sim, foi só o pé mesmo. Isso aqui está... Cara, eu nem sei o que dizer.

— Nem eu. Enfim, onde vocês estão?

— Na sala...

— Estou indo aí, não se movam e não se separem por nada.

         Fechei o celular e puxei Maye em direção a porta, caminhando bem lentamente. A essa altura a biblioteca já estava quase vazia, com exceção de nós e a bibliotecária que olhava fixamente para os adolescentes caídos no chão, no mínimo uns seis corpos. Achei melhor não interferir.

         As luzes de emergência dos corredores tinham se acendido. Eu desviei com dificuldade das poucas pessoas que ainda corriam e segui em direção a minha sala, pulando algumas mochilas e entrando rápido. Michael estava sentado em uma das mesas, com um pano no tornozelo, mas fora isso os três aparentavam estar bem. Eu suspirei aliviado.

— Isso foi hiradooooo — Nick me deu um tapinha nas costas. — Perdeu o Michael caindo, hahahaha.

— Acho que todos nós deveríamos seguir os outros e ir para o pátio. — Maye falou pela primeira vez, visivelmente abalada.

— Que porra foi essa? — Kevin coçou a cabeça, apoiando um dos braços de Michael no ombro, eu me apressei e apoiei o outro no meu.

— Nossa, 1° dia de aula mais tenso da minha vida. — Nick falou, segurando o pulso de Maye. — Mas eu sei quem fez isso...

         Oito pares de olhos o fitaram com curiosidade, até que ele soltou:

— Vampiros. Só pode ser, malditos vampiros!!!

         Não pude deixar de rir. Bem Nick fazer gracinhas numa hora dessas.

         Meu sorriso morreu quando cheguei ao pátio e olhei para os alunos de faces abatidas, olhos vívidos e expressões espantadas. Eu segui os olhares que iam todos para a parede da frente da escola. Lá no alto, entre duas janelas do segundo andar e abaixo do nome da escola, um corpo pendia, os destroços do que já foi um corpo. Uma mancha de sangue vinho espirrada na parede com um amontoado de peles grudadas na parede, abertas, os ossos quebrados e desalinhados, as tripas fazendo uma corda em direção ao chão, como se algo tivesse explodido dentro dele. Quase tudo irreconhecível.

         Exceto do pescoço para cima, que por incrível que pareça, permanecia intacto. Na cabeça do garoto, agora pálida e cheia de veias rochas... Dois olhos verdes se mantinham abertos e vidrados, lágrimas de sangue escorrendo. A boca aberta num grito mudo. A palavra “Started” gravada com o próprio sangue mais abaixo do corpo. Eu senti uma náusea me atingir.

         Nick tossiu e vomitou, totalmente sério e horrorizado agora.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo encerra um período, no próximo vamos conhecer o Crhis fora da escola e enfim entrará em cena a outra personagem principal.
Reviews??? Sugestões, Criticas??? Enfim, quero agradecer a quem ainda está acompanhando e dizer que eu vou tentar dar o meu melhor por vocês :)