Anti-social escrita por UnknownName


Capítulo 8
Gentilícia.




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2 dias depois, já era sábado.

Meu pai ia viajar para algum lugar chato ─ do qual eu não sabia ─ a trabalho, e eu não ia ter absolutamente nada para fazer, já que, como se não bastasse, a internet estava com problemas, e o técnico só poderia vir na segunda. E problemas com a internet, consequentemente, afetam também a televisão, já que está tudo incluído. Ótimo, sem TV nem PC por um fim de semana inteiro.

Eu não era do tipo de sair muito, mas naquela situação era a única coisa que dava para eu fazer. Fui dar uma volta pelo quarteirão, e, quem sabe, comer em alguma lanchonete.

Mas, em tal ponto de meu caminho, avistei Sarah ao longe. Fiquei meio paralisado, e me virei devagar para ir embora, cuidando para que ela não me visse. Mas era tarde demais.

─ David! ─ Ela acenava para mim

"Droga!", pensei.

Continuei meu caminho com passos lentos, mas eu não precisei parar de andar apara ela vir ao meu encontro.

─ O que faz por aqui? ─ Ela perguntou, andando ao meu lado.

─ O que você faz aqui? ─ Retruquei

─ Ah... eu estava entediada, então vim tomar um sorvete. ─ Ela demorara um pouco para responder.

─ Ali era uma pastelaria. E está frio. ─ Falei, estranhando o fato que ela me contara ─ Mas não me importa o que você faz ou não.

Ela não disse nada, e continuou andando.

─ Por quê me segue? ─ Perguntei.

─ Ah, é que... ─ Ela tentou começar a explicar, mas eu a interrompi.

─ Cacete, você não me deixa em paz! Onde quer que eu vá, você vem atrás! Você não entende que eu não quero ficar ao seu lado?! ─ Falei, por fim, estressado. Eu já não aguentava mais.

Ela virou o rosto.

─ Tudo bem, desculpe. Eu vou embora. ─ Ela ia seguir seu caminho, mas eu a parei.

─ Eu não queria ser rude. Apenas quero meu espaço, entende? ─ Não ia ser bom se algum professor ficasse sabendo e me desse MAIS chamadas ao psicólogo.

Ela assentiu com a cabeça ─ Entendi, é só que... Eu não sei por quê, mas eu quero a sua amizade.

Suspirei pesado ─ Me desculpe, eu não sou do tipo que faz amizades. ─ Falei e fui embora, a deixando lá. Não tinha mais o que dizer. Um tempo depois pude ver, pelo canto do olho, que ela também seguiu seu caminho embora.

E eu acabei ficando sem meu pastel, ainda por cima.

Alguma coisa me intrigava naquela garota. Sempre que eu a perguntava sobre o por quê de ela não me deixar em paz, o por quê de ela ter essa personalidade desse jeito e, agora, o por quê de ela estar naquele local, ela se enrolava para responder. Eu não ia procurar descobrir, como sempre, mas minha curiosidade aumentava cada vez mais.

─ Isso não é bom ─ Falei para mim mesmo ─ Sarah está me fazendo pensar nela. Que tipo de magia é essa? ─ Dei leves batidas na minha cabeça, na tentativa de me livrar daqueles pensamentos.

Um tempo depois, já quase de noite, do outro lado da calçada, presenciei um assalto. Um homem armado mandava freneticamente outro homem entregar tudo o que tinha. A vítima estava de joelhos no chão, com uma expressão amendrontada. Aparentemente, não tinha nada o que entregar. Eu não ia me meter naquilo, então simplesmente continuei andando.

Alguns instantes depois ouvi um tiro. Fechei os olhos por alguns segundos e segui para a minha casa. Se eu me virasse, provavelmente iria sobrar pra mim.

Cheguei cansado de nada, e me joguei no sofá. Fiquei pensando sobre o homem que provavelmente morrera logo atrás de mim. Que forma triste de morrer... Com um criminoso te mata por quê você não tem dinheiro nem coisas de valor.

Eu não tinha nada pra fazer, então fui comer alguma coisa já que alguém não me deixou comer pastel. Nem caldo de cana.

Fiz um macarrão instantâneo(popularmente conhecido como "miojo") de microondas mesmo, já que eu não tinha paciência de cuidar de coisas no fogo.

Nesse meio tempo, eu fui até o meu quarto, para ligar o rádio(caixa de som subwoofer home theater, diga-se de passagem). E não, eu não pus em um death metal nem nada do tipo, digamos que não seja o gênero de música de meu gosto. Eu gosto mais das eletrônicas, dubstep e pop.

Olhei para a minha guitarra, encostada no canto da parede. Ao lado dela estava também meu violão. Fazia um tempo que eu não tocava.

─ Por quê não? ─ Falei para mim mesmo.

Peguei o violão, e acompanhei as notas da música que se passava naquele instante(The Reason, Hoobastank, se você quer saber). 2 minutos depois o apito do microondas tocou.

Desci as escadas, peguei a comida, e voltei.

O resto do dia não teve nada demais. Domingo idem.

Na segunda eu tive uma última prova de química. Finalmente fim da semana de provas...

Sarah estava quieta, quieta demais... Mas não parecia ter a ver comigo.

─ Não está tagarelando hoje. Está doente ou algo do tipo? ─ Perguntei

─ Não... Deixa pra lá. ─ Mas ela não tinha rido nem nada. O que será que tinha sido?

─ Está bem, então. ─ Se ela não queria falar, eu não ia me meter. Mas era tão estranho ver ela como... eu.

No intervalo ela também estava da mesma maneira. Eu estava feliz porque ela não me perseguia mas, era muito diferente vê-la assim. Chegava a me incomodar.

─ Sorria. ─ Mandei.

─ Quê? ─ Ela se virou para mim.

─ Sorria. ─ Virei minha cara pro lado, emburrado ─ Eu não consigo te ver assim. Você que era pra se a alegre aqui.

Ela me fitou com um brilho nos olhos.

─ N-N-Não! Eu... Quer dizer, você não entendeu! É só que eu não to acostumado a te ver assim! ─ Falei, em protesto.

─ Você liga pra mim! ─ Ela continuava com um brilho nos olhos. Ela estava sorrindo.

Achei melhor não dizer nada. Ela estava feliz com seus pensamentos, e se ela voltasse a ficar triste, eu ia ficar perturbado de novo.

Dei um leve sorriso e fui embora. Não sei porquê fiz aquilo, só... fiz.

─ Acho que a Sarah está manipulando minha mente e me tornando mais gentil. Essa magia negra dela... ─ Falei para mim mesmo.

Sentei-me no meu lugar de sempre, e palpeei os bolsos.

─ Droga. ─ Eu tinha esquecido o celular na mala.

Suspirei pesado. Já que não tinha outra coisa pra fazer, fui dar uma volta. Vi Sarah, sozinha, sentada. Ela ainda estava sorrindo. Ela se alegra tão facilmente...

Por algum motivo aquilo me deixara de bom humor. Eu sabia que tinha algum problema ocorrendo com ela, e provavelmente por isso ela estava triste. Mas eu estava sentindo que essa atmosfera triste ia me atingir, se eu não fizesse nada. Provavelmente ia demorar pra eu ser gentil com alguém de novo.


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