Influence escrita por jbs313, ArthurLenz


Capítulo 28
All Those Who Wander Parte II


Notas iniciais do capítulo

Ok, sei que já é sábado, mas aqui ta o prometido.
Se der ainda hoje posto o final do capitulo, mas não prometo nada
Boa leitura :*
Aaah, me façam um favorzão?
Deem um curti ai
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Eu queria gritar com ele, gritar que a única razão para eu não ter me matado meses atrás era ela. Não era mais sobre me afogar em remédios para evitar um coração partido. Era vício. Santana não tinha culpa. Essa é a natureza do vício. A causa principal não é outra pessoa ou um acontecimento no tempo. É uma decisão consciente e continua de escolher as drogas ao invés da realidade. Eu tomei essa decisão, não Santana. Tomei os comprimidos, continuei tomando-os, muito tempo depois de os remédios terem tomados seus propósitos.


Santana não era a culpada. Eu era. Mas eu não podia dizer-lhe isso. Minha febre subiu e atrás das minhas pálpebras pesadas eu vi a boca, a origem da voz que por tanto tempo me atormentou em minhas alucinações. Eu não podia fugir dela, as visões e os sussurros induzidos a mim. Mas eu lutei contra isso enquanto eu pude, piscando uma e outra vez, perdendo minha energia na tentativa de falar alguma coisa que Kurt pudesse ouvir, mesmo sabendo que, realisticamente, ele não conseguia ouvir nada.


Minutos se passaram. Kurt estava alheio à guerra que eu estava travando quando ele sentou ao meu lado com a mão na minha espinha. Ele tinha um livro em uma das mãos e cantarolava enquanto eu me enfurecia e fervia em silencio. A febre fez as visões mais reais, e eu voltei pela primeira vez.


O reflexo piscando.


As vozes simpáticas.


Era demais. Eu estava muito quente. Muito tempo sem uma pílula.


Meus olhos rolaram dentro da minha cabeça e meu corpo se tencionou contra a perna de Kurt. Ele pulou, observou enquanto eu me debatia violentamente sobre a cama. Como não tinha nenhuma experiência média, ele não tinha nada a fazer além de ficar ali, e gritar.


Lembro-me nitidamente, até hoje, o quão alto ele gritava. Como ele parecia completamente idiota, gritando como uma criança quando meus membros se debatiam, prendendo a língua entre os dentes até que ela sangrou. Nada mais ficou gravado além daquele grito. E então, pela primeira vez ao que pareciam dias, cumprimentei a escuridão como um amigo.


Eu acordei com uma sacudida e uma pontada no meu braço. E eu senti a dor aguda devido a corrida do líquido nas minhas veias.


"O que você está dando a ela?" A voz de Kurt soava distante.


"Ativan." Santana se inclinou sobre mim, verificando minhas pupilas, puxando delicadamente minhas pálpebras. "Uma medicação anti-epiléptica. Não posso dar outra coisa. Metadona seria melhor, mas essa já é o suficiente."


Era como se minha estivesse debaixo d’água. Eu mal podia ouvi-los, mas eles argumentaram sobre minha febre, sobre o vergão que tinha aparecido na bochecha de Santana entre a saída e seu retorno, sobre a medicação correndo através de mim que me deixou mais tonta e mole que antes. Eu estava sendo levantada, os dois estavam me levando para o banheiro da minha mãe. Água me atingiu, em seguida, o frio contrariando a febre. Santana, ainda em suas roupas, me segurou e ordenou que Kurt fosse pegar alguma coisa. Ela estremeceu, mas me segurou firme, sussurrando em meu ouvido coisas que eu não entendia. Ela apertou um copo aos meus lábios, um copo de suco de Kurt tinha ido buscar.


"Beba", ela ordenou, e eu percebi que ela estava gritando. Eu tentei, abrindo a boca lentamente quando a água fria abaixou minha febre o bastante para que eu tivesse alguns pensamentos coerentes. Mas a apreensão e a medicação me deixaram fraca, fazendo com que o líquido que era suposto a ir para minha boca escorresse queixo à baixo.


Santana enrijeceu de repente, ouvi coisas que não devia, e acima de minha cabeça, eu ouvi gritos abafados.


"O que você fez?"


"Entrei em pânico! Você saiu, eu sinto muito!" Kurt andava fora do chuveiro, em seguida, passou para a porta quando uma terceira figura entrou no banheiro.


"Brittany?" Outra voz familiar me chamou. Eu desesperadamente levantei minha cabeça em uma reação instintiva.


"Mm... Mamãe ..."


Santana me segurou com força, mas a minha mãe se aproximou de nós, a água fazendo-a ofegar.


"O que aconteceu?" Ela arrancou as mãos de Santana que estavam segurando meus pulsos em torno de meu peito nu, e ela resistiu bravamente, chorando quando minha mãe gritou com ela novamente.


"Santana! Olhe para mim. O que aconteceu?"


Ela estava tremendo, praticamente congelando, enquanto minha febre estava apenas sendo resfriada. Ela me soltou, suas mãos me liberaram para os braços de minha mãe, que me embalou como uma criança.


"Ela está doente, Maggie," Santana soluçou quando Kurt puxou uma toalha e a estendeu esperando por ela para aquecê-la. "Ela está doente. E eu não sabia. Ela nunca me disse."


Elas continuaram a falar, minha mãe me balançando sob a onda de água. Eu pisquei para a luz ofuscante da futilidade, pensando que talvez isso seja o que se sente quando esta morrendo. Ondas de frio para lavar os seus pecados, enquanto a maioria dos que te amam te guiam para o céu ou para o nirvana.


Um tapa em meu rosto me fez acordar, me tirou do caminho que me levava a vagar para outro lugar mais etéreo. Minha mãe me sacudiu, chamando meu nome, e novamente eu pisquei.


"M-mãe ..."


Eu era uma criança novamente, a fala limitada a chamados e gemidos de "Mãe, mamãe...", enquanto minha namorada chorava a um pé de distancia, chegando ao desespero.


Enquanto a água corria, eu ouvi a rápida explicação dela. Amor. Drogas. Mentiras. Coisas ditas perto de mim sem que eu tivesse a chance de me explicar.


Eu não quero mentir.


Eu não queria que isso acontecesse.


Eu os amo. Todos vocês. Por favor, apenas ouçam.


Não havia nada para eles ouvirem além dos gemidos patéticos que escapavam da minha boca.


"Quanto tempo?" A pergunta saiu da boca da minha mãe em um sussurro baixo.


"Anos".


Braços me levantaram, a facilidade de minha mãe em aguentar meu peso foi um fato indispensável. Meus braços caíram sem vida quando ela me tirou do banheiro, nua e encharcada, mas de alguma forma ainda quente ao toque. Kurt lhe entregou uma toalha e ela me enrolou nela, enquanto seus próprios dentes batiam de frio.


"Maggie, eu-"


"Fique quieta, Santana."


Minha mãe não era do tipo que ficava com raiva. Mesmo durante seu divórcio, ela nunca levantou a voz para o meu pai ou perdeu a paciência comigo por meu choro confuso. Mas agora com todos os ocorridos, com a preocupação e terror, ela surtou. Isso pegou Santana de surpresa e ela choramingou como um cachorro chutado, voltando para os braços de Kurt.


Sem a ajuda da água gelada, meu sangue voltou a ferver em minha pele. Eu balancei sob as mãos cuidadosas da minha mãe, a toalha de banho e sua colcha me envolvendo, como ela fazia quando eu era um bebê.


"Shh...", ela calou os gemidos que agora eu podia me ouvir fazendo. "Mamãe está aqui. Estou aqui, bebe. Vai ficar tudo bem."


Nem mesmo as garantias da minha mãe poderiam amenizar o terror crescente em meu peito e a ideia de que essa dor nunca iria acabar. Que eu iria morrer em agonia depois de dias de sofrimento. Meus dedos se agarraram em sua camiseta encharcada, desesperada para me apegar a algo que me impedisse de ser puxada de volta para o abismo negro.


"Brittany, amor, eu estou aqui."


Santana estava ao meu lado. Eu chamei o nome dela, implorando pela pessoa que eu sabia que viria quando eu chamasse. Ela pegou minha mão na dela e levou aos lábios, até que Kurt puxou ela e minha mãe tentou afastá-la.


"Tire-a aqui", ela gritou por cima enquanto tentava afastar Santana e eu gemia. "Apenas leve-a para casa."


"E-Ela não tem uma casa", Kurt respondeu, os olhos arregalados, enquanto tentava entender tudo o que estava acontecendo tão rapidamente em torno dele. Ele deixou seu aperto em Santana se afrouxar e ela subiu na cama comigo, me puxando para longe da minha mãe, enquanto eu tremia.


"Eles a expulsaram," ele continuou, explicando a história que eu não tinha sido capaz de compreender antes. "Ela pediu ajuda ao pai dela, e ele ajudou. Então ele a expulsou."


Eu pisquei com força, olhando para o rosto da garota que eu amava, que estava desabrigada por minha culpa, cujo rosto exibia a forma exata de uma mão roxeada , o resultado de sua admissão de que ela me amava.


"San..."


Eu só tinha energia suficiente para uma palavra, mas ela entendeu. "Eu vou ficar bem," ela sussurrou, acariciando meu cabelo enquanto ela tentava me consolar. "Nós temos que nos preocupar com você agora, ok? Você precisa melhorar."


Minha mãe se sentou ao meu lado, consciente de que suas ações seguintes determinariam o futuro de duas pessoas, em vez de apenas uma. Eu a vi, meus olhos zanzando entre as duas, enquanto a raiva que minha mãe estava nutrindo por Santana se dissipava. Ela poderia estar culpando Santana pelo meu estado por um momento, mas ela olhou outra vez para ela.


Ela viu o machucado no rosto dela, a forma como seu olho esquerdo estava um pouco inchado. Ela viu o jeito que ela me abraçava, embalando-me e usando a toalha para enxugar o suor febril da minha testa. Ela viu o amor naquele momento. Um amor que nunca tinha encontrado com o meu pai ou de qualquer de seus namorados subsequentes. Ela viu isso, e ela não podia suportar a mandá-la embora.


"Kurt". Eu vi quando ela fez sinal para o meu amigo se aproximar, e ele fez, timidamente. "Tira ela daqui. Agora, por favor."


Ela falou suavemente, mas firme, e Santana hesitou antes de permitir-se um último beijo na minha testa antes de Kurt a puxar de pé e puxa-la.


"Você tem uma escolha", disse ela, quando Santana estava fora do alcance da voz. "Você pode vir comigo calmamente e mandá-la embora, ou você pode fazer da maneira difícil e acabamos brigando. De qualquer forma, vou te levar para um hospital, e ela não vai com a gente."


A ideia de um hospital, com seus tubos estéreis, fios e máquinas me fizeram estremecer. A ideia de que podíamos ir para o hospital mais próximo, onde o Dr. Lopez trabalhava, era ainda mais aterrorizante. Mas a dor era incapacitante, e eu tinha certeza de que eu não duraria sem ajuda. Santana tentou, mas era demais, até mesmo para ela. Ela fez o que podia, e sofreu consequências extremas. Mas isso estava fora de suas mãos.


Me rendi a minha mãe, usando minhas ultimas energias acumuladas para assentir, antes de cair de lado respirando pesadamente pela minha boca.


Eu fui levada para o carro, meu rosto enterrado no ombro forte de minha mãe. Santana seguia atrás, na expectativa de se juntar a nós. Kurt me ajudou a deitar no banco de trás e segurou minha mão, enquanto Santana soluçava. Ser deixada para trás não era algo que ela estava pronta ou disposta a aceitar.


"Você não pode ajudá-la agora, San", minha mãe disse calmamente, mas sua determinação estava desaparecendo. Ela estava tão assustada quanto Santana, mas ela era o adulto. Ela precisava ser forte o suficiente para todos nós.


"Eu posso ajudar", insistiu ela, apertando a mão da minha mãe e me olhando por cima do ombro, para garantir que estava tudo bem. "Eu conheço os médicos, eu posso ter certeza que ela vai ser atendida pelo melhor."


"Ela vai." Um aperto firme no braço de Santana forçou-a a olhar para a minha mãe. "Ela vai ter o melhor de tudo. Mas já é tarde. Você não pode fazer nada por ela agora. Deixe Kurt te levar para casa."


Kurt me soltou a pedido de minha mãe, ido consolar Santana, enquanto a mãe entrava no carro.


"Brittany!" ela gritou quando a perua antiga retumbou dolorosamente a vida. "Estou indo! Estarei bem atrás de você!"


Mas Kurt continuou segurando ela e sussurrou em seu ouvido seguido de um aceno de cabeça. Eles não estariam atrás de nós.


"Você vai voltar para casa comigo", ele disse, alto o suficiente para eu ouvir. Seu último ato de bondade antes de o carro sair da garagem e desaparecermos na escuridão.


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