Influence escrita por jbs313, ArthurLenz


Capítulo 17
Lamb To The Slaughter Parte I


Notas iniciais do capítulo

Os capítulos estão ficando maiores, então achei melhor dividir eles em parte, pra evitar uma espera maior.
O que vocês acham?



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Não houve tempo após sectionals para que qualquer um realmente parasse para pensar em tudo o que havia acontecido no final de semana. Tivemos três dias de aula antes do recesso de inverno, e nesse tempo ninguém se aproximou de mim para qualquer coisa além de um ocasional "Oi" (de Mike, que me deu um soco de leve no ombro quando passou do meu lado), ou um olhar fugaz de preocupação (de Kurt, que não se aproximou).

Eu recebi o alívio das férias, mesmo sabendo que isso significava passar uma semana com meu pai. Nossas visitas se tornaram menos frequentes, por conta de seus afazeres no trabalho e eu pela escola, por isso nenhum de nós se esforçava realmente. Eu o via, talvez, uma vez por mês, o que significava que também via muito pouco minha irmã. Ela era jovem, muito longe dos perigos do crescimento até entender por que eu nunca estava por perto, ou por que, quando eu estava, eu não queria fazer nada, só dormir ou ver televisão. O que me machucava mais do que qualquer outra coisa, é que ela estava perdendo sua infância. Pelo menos, pensei, eu não teria a chance de passar para ela. Ela precisava de exemplos melhores.

Minha mãe, como de costume, foi escalada para trabalhar no restaurante na véspera de Natal e dia de Natal. Ela perdeu nossa apresentação nas sectionals pelo mesmo motivo, mas deixou um bilhete na geladeira que eu guardei, dobrado em uma caixa de sapatos debaixo da minha cama que estava cheia de outros bilhetes parecidos com aquele.

Eu coloquei este, o mais recente em cima da pilha. Eu tinha começado a caixa com a intenção de um dia usar contra ela como prova de sua ausência, mas em algum momento a caixa tornou-se um lembrete de que pelo menos ela estava tentando.

Britt-
Desculpe eu perdi a apresentação. Aposto que foi demais. Seu pai ligou, ligue para ele de noite.
Com amor, mamãe.

Se eu tivesse ligado para o meu pai aquela noite, como o recado dizia, eu não teria sido tão surpreendida quando ele não veio me buscar na véspera de natal.

Ele atendeu seu celular no terceiro toque, parecendo abatido e muito mais velho do que eu me lembrava. Se vozes envelheciam, a dele estava mais profunda, arranhando na garganta, marcada com uma vida de mentiras, que tiram o seu esôfago do seu intestino, como vidro quebrado...
"Papai?"

"Ei, Britt-bee", ele suspirou, usando o apelido que eu tanto desprezava. Eu podia ouvi-lo dar uma tragada profunda no cigarro mentolado e soltando-a com uma tosse estrondosa. "O que foi?"

"Papai", eu repeti, olhando pela janela da cozinha, como se olhar a rua o faria aparecer. "Você está preso no trânsito?"

Houve uma pausa longa, vazia, o único som audível era da combustão do tabaco. "Jesus", disse ele soltando a fumaça. "Britt, pensei que a mãe tinha de tido."

Minha respiração se prendeu em minha garganta e eu fechei os olhos, sabendo o que ele ia dizer antes mesmo de ter feito. "Você não vem."

"Não, Britt-bee", ele murmurou, soando genuinamente arrependido. "Eu não vou. Juro, eu disse a sua mãe para lhe dizer, ou te falar para ligar pra mim pra que eu mesmo pudesse falar com você. Você nunca ligou então eu achei que..."

Quando você foi deixada para trás tantas vezes assim como eu, algo como isso não te deixava chateada. Ficar chateada requeria alguma expectativa, e eu aprendi rapidamente, após o divórcio dos meus pais, que não havia nada a esperar, além de decepção. Dessa forma, eu tinha conseguido exatamente o que eu estava esperando.

"O que aconteceu dessa vez?"

Houve um movimento de silencio enquanto ele acendia outro cigarro. "Sharon queria ir ver sua família em Michigan", explicou. "O pai dela não está muito bem e ela queria passar as férias com ele. Eu não posso levá-la para fora do estado, ou o juiz não me deixaria ver você novamente, você sabe disso. É a ultima vez. Sinto muito, eu sei o quanto você queria ver Courtney. Ela está perguntando por você.

Sentei-me na cadeira da cozinha, pressionando minha testa sobre a mesa e suspirando. "Você poderia ter pedido pra mamãe," eu murmurei, mais para mim do que pra ele. "Posso falar com a Courtney?"

"Claro, Britt- bee". Ele gritou o nome dela sem tentar cobrir a boca, e reverberou através de meu telefone tão alto que sacudiu contra a minha orelha. Um momento depois, uma pequena voz veio através da linha.

"Brittany?"

Eu não pude deixar de sorrir. "Ei, munchkin. Como Michigan está?"

"Frio", ela resmungou, e na minha mente, eu podia ver o biquinho que ela fazia quando não estava satisfeita com a situação. "Papai prometeu me levar nos trenós das dunas, mas a mamãe disse que não, por que é próximo da água."

Eu sorri e balancei a cabeça. Sharon era um monte de coisas, mas em primeiro lugar, ela era uma pessoa preocupada. Eu tinha dez anos quando Courtney nasceu, e minha mãe tinha me levado até Akron para vê-la. Sharon nunca tinha sido muito legal para começar, mas a lembrança mais viva que tenho dela é o dia no hospital, quando cheguei ao berço de plástico transparente para tocar na mão de Courtney. Isso era tudo o que eu queria, realmente, tocá-la. Ela era tão pequena, tão cor de rosa, e ela me aterrorizava. Mas ela era minha irmã - minha meia-irmã. Metade de mim, alguém com metade de mim, e eu precisava saber se eu podia sentir esse pedaço de mim nela. Se quando eu estivesse segurando a mão dela, seria como se estivesse segurando minha própria. Eu só queria ter certeza de que nós duas éramos reais. Mas quando cheguei perto da cama de Sharon, ela gritou de uma forma que eu nunca tinha visto antes.

"Daniel!" Ela gritou o nome do meu pai, não o meu. "Tire ela de perto da bebê! Ela não lavou suas mãos, ela não sabe o que está fazendo!"

"Melhor não perturbar Sharon hoje, filha", alertou suavemente, sem permitir que a raiva em seu tom. "Melhor só olhar. Você vai ter muito tempo para conhecê-la mais tarde."

Quase sete anos se passaram, e ela ainda estava gritando para eu lavar as mãos.

"Tenho certeza que o papai vai levá-la", eu a tranquilizei. "Ele mantém suas promessas. E uma promessa é uma promessa." Mas só quando se trata de Courtney.

"Brittany, por que você não veio me ver?, perguntou ela. "Eu sinto falta de você e você disse que ia me ensinar a andar de bicicleta menina grande".

Nosso pai tinha tirado as rodinhas da bicicleta dela em setembro e tinha tentado, em vão, fazer com que ela andasse. Tão pequena e tão teimosa como era, se recusou a usar a bicicleta a menos que eu estivesse lá para ajuda-la.

"Está um pouco frio para passeios de bicicleta, Courtney", eu respondi, virando a cabeça para descansar a minha testa para que pudesse contemplar a rua cheia de neve. "Quando o gelo derrete, eu prometo, eu vou te ensinar."

"Uma promessa é uma promessa, certo?"

"Sim, Courtney," Eu suspirei, apoiando o telefone contra o lado da minha cabeça e soltando minhas mãos, os meus braços estavam muito cansados. "Uma promessa é uma promessa."

"Ok!" ela gritou tão excitada que eu estremeci com o som, e eu estava abruptamente entregue ao meu pai, que voltou para a linha com um suspiro.

"Ela sente sua falta."

"Eu sinto falta dela também. Mas não é minha culpa que eu nunca consiga vê-la."

Eu podia o ouvir coçando a cabeça, em busca de uma boa resposta. "Eu sei que não é Britt. Mas eu e sua mãe, amos estamos muito ocupados. Ficar indo de Lima a Akron não é fácil. Vamos fazer um plano para março, o que você acha? Você não tem mais uma semana sem aula na páscoa não é?

Ele soou como se estivesse fazendo um bom negócio, o otimismo em sua voz, como se estivesse me fazendo um favor. Mas a Páscoa significava mais três meses entre as visitas. Três meses sem ver Courtney.

"Claro, pai," eu resmungou um pouco sarcástica. "Páscoa".

"A Páscoa ", disse ele, orgulhoso de si mesmo e não notando o meu tom sarcastico. "Amo você, Brittany. Diga oi para sua mãe."

Ele desligou antes que eu pudesse dizer adeus, e eu deixei a minha cabeça sobre a mesa com os olhos fechados com o telefone apoiado entre minha bochecha e meu ouvido. Minha mala ao pé da porta, feita para uma semana e agora inútil. Minha mãe estava trabalhando, e as horas que ela não estava seriam gastas dormindo. Mesmo pensando que essa decepção não me abalaria, eu me encontrei momentos depois chorando baixo em uma cozinha escura. E não havia ninguém que eu conhecesse para chamar quando eu estava chorando além de Santana.

"Ei, você", disse ela calorosamente quando atendeu.

"Eu preciso de você", funguei, sem responder ao seu cumprimento.

"O que aconteceu?" Seu tom mudou abruptamente, e a preocupação infiltrou através do telefone. "Eu pensei que você estaria em Akron agora."

Eu limpei meu nariz com a manga da minha camiseta de atletismo do McKinley High e balancei a cabeça, mesmo que ela não pudesse me ver. "Não, algo aconteceu. Você pode vir aqui, só por um tempo? Eu sei que é véspera de Natal, mas eu realmente não quero ficar sozinha."

"Eu estarei ai em dez minutos." Eu já podia ouvir as chaves tilintando em sua mão, e seu pai chamando por ela em espanhol no fundo. Ela segurou a mão sobre o receptor para abafar sua voz, mas ouvi distintamente o meu nome misturado com o amontoado de frases em espanhol que eu ainda não tinha aprendido nas aulas do Sr. Schue.

"San, não se encrenque por minha culpa. É véspera de Natal, e você"

"Eu disse," ela me cortou, voltando ao telefone com um estrondo que parecia ser da sua porta da frente. "Eu estarei ai em dez minutos. Meus pais podem sobreviver a missa sem mim.Eu não faria nada além de reclamar mesmo."

Eu sorri, pegando-a em sua mentira. "Não, você não faria, San. Você gosta de ir à igreja, especialmente no Natal."

Ela bufou, tentando encobrir seu riso e ouvi o barulho suave de seu carro quando ela sentou e colocou as chaves na ignição. "Você está certa, mas e daí? Jesus ainda vai me amar no culto matinal.

Ela sempre gostou de ir a missa de domingo com sua mãe, até mesmo quando éramos crianças. Ela tinha ficou tão confusa quando eu lhe perguntei o que significava ser catolica. Como ela nunca havia conhecido alguém que não seguia uma religião antes. Ela me levou com ela a catequese quando tínhamos nove anos, como se eu fosse parte de seu show.

"Esta é a Brittany." Ela me apresentou a um pequeno grupo de crianças em uma sala de aula improvisada no porão do salão paroquial. "Mamãe diz que ela é uma pagã".

O que fez com que uma onda de risadas estrondasse na sala, e fez com que os responsáveis por essa onda ganhassem um olhar rígido e frio da freira responsável pelas aulas. Eu não queria voltar depois disso temendo que a freira me colocasse em uma fogueira durante a aula. Mas de alguma forma Santana convenceu minha mãe que a missa da meia-noite na véspera de Natal não me mandaria para casa em lagrimas como na aula de catequese, e então eu fui. O medo apertou meu estômago, mas ela segurou minha mão com força no banco de trás do carro de sua mãe. Ela me puxou por trás dela através das portas maciças e aparentemente imóveis, os vitrais interpretando Cristo realizando seus milagres e morrendo horrivelmente na cruz. No banco se sentou ao meu lado e colocou um hinário no meu colo, ressaltando a beleza que nos rodeava.

O a catedral estava enfeitada com folhas de veludo vermelho e lamé dourado. Toda a extensão cheirando de incenso, grosso e inebriante que queimavam em vários turíbulos de bronze brilhantes, bolas de metal redondas cheias de brasas acesas que estavam balançando descuidadamente por coroinhas cansados. Um presépio montado em tamanho natural criado perto da fonte de batismo de mármore no hall de entrada grande, uma patena e o cálice de ouro estavam em exibição na parte de trás da igreja. Mais tarde, depois de termos cantado as musicas Noite Feliz e Ouvimos Anjos nas Nuvens, estes foram levados cerimoniosamente para o altar, onde um grande homem careca com as vestes impecavelmente brancas levantou e abençoou-os.

Ele ergueu as mãos e olhou para o teto, uma paixão em seus olhos que eu nunca tinha visto antes. Ele implorou a Deus para tirar os nossos pecados, e fazer do pão e vinho, sangue e corpo de Jesus. Santana disse-me mais tarde, quando eu temerosamente perguntei se ela realmente tinha comido o corpo de um homem e também seu sangue, ela me disse que era apenas uma metáfora. As finas pastilhas que eram pressionadas em sua língua não passavam de pão, mas era parte de ter fé. Deus abençoou essas coisas, e, ingerindo-os estariam levando pedaços de Cristo consigo. Eles tornar-se-iam digno de Deus.

Era tudo tão terrivelmente belo.

Santana amava a tradição de tudo isso, o ritual, a repetição, as músicas. Foi na igreja que ela aprendeu a cantar, e disse uma vez que elevar a voz faria com que Deus a ouvisse melhor entre todas as outras vozes que imploravam por ajuda.

"Quando eu canto", ela me disse uma vez. "Deus escuta um pouco mais perto." Mas, ela esclareceu que isso só acontecia quando ela cantava na igreja. Que fez sua relutância em aderir e participar ao Glee mais compreensível quando aconteceu alguns anos mais tarde. Por que ela cantaria se não fosse para Deus?

Os faróis de seu carro iluminaram a cozinha através da janela aberta, mas eu não me movi para ir ao seu encontro. Ela sabia onde a chave reserva estava escondida, e foi diretamente para ela, não vendo nenhuma luz na casa.

"Britt?" ela chamou nervosamente enquanto abria a porta da frente. "Você está aqui?"

O corredor da frente estendia-se ao comprimento da casa, com a sala de estar imediatamente à direita e a cozinha para a esquerda. Ela fez uma pausa entre as duas portas abertas, eu me movi em minha cadeira, fazendo com que ela se assustasse.

"Jesus", ela sussurrou, apertando a mão à garganta. "Por que você está sentada no escuro?"

Dei de ombros quando ela entrou na cozinha, vindo em minha direção, não se preocupando em acender as luzes como. Ela puxou uma cadeira para mais perto e girou em torno de modo que ela pudesse se sentar abrangendo a volta. "Não sei. Acho que ainda estaria aqui quando não precisasse mais de luzes."

Ela empurrou minha franja de lado, vendo a luz do poste quão inchados meus olhos estavam depois de chorar. "Ele furou? De novo?"

Eu balancei a cabeça. "Não, eu estraguei. Ele ligou quando estávamos nas sectionals para me dizer que não viria. Minha mãe deixou um recado que era pra eu ligar de volta, mas eu não liguei, então nunca fiquei sabendo."

"Então ele não tem culpa."

"Eu acho". Não havia realmente uma maneira de argumentar a seu favor, então eu só suspirei, desanimada.

Ela segurou meu rosto em seus dedos. "Você falou com Courtney, pelo menos?"

Sua mão ainda estava fria por causa da temperatura baixa do lado de fora, e eu notei pela primeira vez que ela não tinha nem luvas nem um casaco. Apenas um capuz Cheerios e aquecedores de orelha. Eu inclinei minha cabeça contra a palma de sua mão, deixando-me embalar por um momento antes de eu passar meus dedos em torno dos dela e trazendo em direção para minha boca, aplicando um beijo delicado. Eu respirava pesadamente em suas extremidades geladas, esfregando-os entre as duas mãos para aquecê-la.

"Sim, eu falei com ela", eu disse, apertando os dedos aos meus lábios. "Ela ainda não conseguiu andar sem as rodinhas."

Santana fez uma careta, estava entre adorável e infeliz. Como um cachorrinho que caiu do sofá. "Aww, B... pelo menos você sabe que ela pensa em você."

Mas quando éque eu não estou pensando nela? "Sim, isso é verdade, eu acho."

Eu deixei minhas duas mãos, com a dela no meio cair sobre a mesa. Olhei para os nossos dedos entrelaçados, sabendo que ela nunca teria permitido que eu a tocasse tão intimamente se estivéssemos em qualquer outro lugar. Tirei meus braços para trás, deixando sua mão vazia. "Obrigado por vir."

Ela pegou minha mão de volta, irritada, e puxou meu braço. "Você vai me contar a história toda, ou vamos sentar aqui no escuro a noite toda? Eu poderia estar na igreja agora. Você sabe o quanto eu amo incenso. E a música de Natal." God Rest Ye Merry ."

Ela estava brincando. O sorriso em seu rosto era para me animar, e parecia que ele estava realmente tentando. Corei, tentando esconder meu sorriso.

"Eu vi isso", disse ela, triunfante. "Vamos lá. Podemos conversar no carro."

Ela me puxou de pé e me arrastou para a porta antes que eu pudesse me opor jogando meu casaco para mim. "Para onde vamos?"

"Minha casa", ela respondeu, pegando minha mala pela alça e empurrando-me para a porta em frente a ela. "Você não achou que eu estava vindo pra te deixar em casa sozinha, não é?"

Ela trancou a porta e colocou a chave reserva no antigo local enquanto eu estava boquiaberta . Eu tinha pensado que eu ia ficar sozinha, mesmo que por pouco tempo. Mãe estaria de volta pela meia-noite, e depois ela sairia às 09:00 para outro turno. Tecnicamente, ela estaria por perto. Mas Santana tinha outros planos. A mala estava no porta malas e nós entramos no carro, ouvindo os bancos de couro rangerem sob o nosso peso.

"Certo", ela falou, explodindo o calor e puxando para fora da garagem. Pode começar.

"Não há muito a dizer," Eu dei de ombros, tentando por um ponto final em tudo isso. "Sharon queria ir para Michigan, ele não pode me levar para fora do estado, blá, blá, blá. Isso é tudo."

Ela zombou, revirando os olhos enquanto ela dobrava a esquina da minha rua. "Deveria ter desconfiado que isso era obra da cadela. Será que ele ao menos disse quando voltaria? Talvez você possa ir no ano novo.

"Ele disse que na Páscoa".

Sua cabeça chicoteou bruscamente para a direita, sua boca aberta em seu olhar patenteado de desgosto. "Páscoa? Jesus, isso é na metade de março. Como isso é justo?"

Dei de ombros novamente. Ela estava com raiva o suficiente para nós duas, e me senti bem por ser capaz de fazer isso. "Isso não é justo. Ele é o que é."

Suas mãos apertaram o volante com força, os nós dos dedos brancos com o esforço. Ela fez uma careta, mas manteve os olhos na estrada. Já era tarde, o toque de recolher foi definitivamente ultrapassado, e ela ainda tinha uma licença restrita. Ficar de castigo na pera de Natal era a ultima coisa que queríamos. "O que acontece, é que seu pai é um caloteiro. O que eu não posso entender é como você ainda atura tudo isso, sendo rejeitada cada dia mais."

Prática, pensei com um sorriso mórbido.

Eu poderia muito bem ter dito em voz alta. Ela mordeu o lábio, em preocupação quando viramos em sua rua.

Mesmo que ela morando a 1 hm de distância de mim, nossos dois bairros eram distintamente diferentes. O meu consistia em pequenas casas familiares do tipo bangalô e ranchos. As ruas eram sujas, grades e cercas elétricas por todos os lados. Haviam alguns carros quebrados nas calçadas ou nas ruas, eles estavam lá como sinal de que seus proprietários não tiveram sorte com os agenciadores. As ruas eram também muito escuras, e os moradores nem tinham coragem para decorar seus jardins com flamingos cor de rosa.

O dela, por outro lado, era imaculado e sereno. As casas eram palácios em comparação as do meu bairro. Vários andares com fachadas de tijolo ou paralelepípedos, a maioria tinha grandes colunas brancas e portas de carvalho duplo com uma cabeça de leão em bronze como puxador. No verão, eles tinham empresas de paisagismo especialistas em plantio de flores e manutenção de gramados que eram de um tom perfeitamente verde, sem um flamingo ou gnomo à vista. Mesmo no auge do inverno, a neve brilhava mais branca sob o luar.

Santana se acalmou quando ela entrou na garagem, estacionando o Mustang na garagem ao lado da BMW do pai. A porta automática deslizou fechou atrás de nós com um gemido, e ela me levou para a casa depois de apanhar minha bolsa. Nós não demoramos nas áreas comuns. O interior de sua casa era ainda mais bonito que o exterior. Tinha tons de vermelho escuro e branco, com detalhes em preto nas tabelas e moldagem, era um ambiente sóbrio, um tanto quanto frio, e tinha muito pouca decoração de natal. Na parede do fundo se pendia um crucifixo gigante, o rosto de Cristo contorcido em agonia, tornando a imagem da sala como uma câmara de tortura. Nenhum dos sofás eram confortáveis. Dr. Lopez nunca estava em casa para se sentar em qualquer um deles mesmo, e quando ele estava normalmente ficava trancado em seu escritório. O hall de entrada e sala de estar eram grandes, portanto, eram inteiramente de enfeite. A decoração mudou muitas vezes ao longo dos anos, mas havia uma única coisa que nunca mudava: o grande, imponente retrato de família acima da lareira (que nunca tinha sido utilizada).

A cada ano, Santana e sua família sentavam-se para um retrato com um fotógrafo da área. A impressão era expandida em proporções enormes, moldada e colocada na parede como a peça central da sala. Dr. Lopez, com seu bigode espesso cinza e brilhante, severo e frio, estava rígido na parte de trás, enquanto sua esposa, uma versão mais velha e grisalha, mas igualmente bonito de Santana, estava séria ao seu lado. Santana se sentou na frente deles, seus lábios numa linha sombria. Era uma imagem igual as dos últimos quatro anos, havia um quarto rosto na família Lopez. Agora, colocado no manto diretamente abaixo da estrutura montada, era um retrato de um jovem com o rosto áspero e olhos escuros torturados. Sua boina verde de militar era inclinado perfeitamente para a direita, a camisa de colarinho firme contra um botão verde escuro, um casaco com estrelas de ferro que iam da gola até a ponta dos ombros. Em todo o lado esquerdo do peito, um pouco abaixo de seu coração, estavam uma série de barras multicoloridas, indicando anos de serviços e congratulações. Uma águia de prata estava acima de todas estas barras, e através de sua manga tinham listras da patente de capitão. Em seu ombro estava uma cruz vermelha em um fundo branco, duas serpentes entrelaçadas tenuemente em torno de um bastão alado. Atrás dele uma bandeira americana.

Parei de olhar para a foto de Martin Lopez, o irmão mais velho de quem Santana raramente falava. Sua imagem, cercada por uma dúzia de velas apagadas envoltas em cilindros de vidro com figuras religiosas sobre eles. Eu me virei para olhar pela janela grande da parte da frente da casa, e vi a bandeira de seda branca com a estrela azul único pendurado no centro.

Santana parou no inicio da escada, observando enquanto meus olhos se deslocavam entre a janela e a foto de seu irmão. "Britt?" ela chamou. "Você vem?"

Virei-me imediatamente e sorri, fingindo não estar parada olhando para a única coisa sobre a qual eu sabia que ela não gostava de falar. Sua expressão se suavizou, e ela começou a arrastar a mala pesada até a escadaria circular.

Seu quarto era essencialmente seu próprio apartamento, no segundo andar. Ela tinha um closet separado que você tinha que passar por ele para chegar ao quarto, onde ela tinha se próprio banheiro e sua própria escada que levava a. A casa não era antiga a ponto de conter uma escada para serviçais, mas seu pai havia optado por uma, para que o serviço de limpeza fosse mais ágil. Se tivesse uma maneira de entrar e sair da casa por seu quarto ela nunca veria seus pais basicamente.

Ela colocou a mala em um canto com um estrondo em sua cama king-size, tomando algumas respirações longas e profundas.

"Você vai ter que ficar uma semana para fazer valer a pena levar trazer sua mala escada a cima, B", brincou ela, deitando e apoiando a cabeça em seu punho. "Vem aqui".

Eu ainda estava parada na porta, olhando para a minha bolsa. Meus comprimidos estavam dentro, e eu tinha esquecido de tomar antes que ela chegasse. Eu pensei que eu teria mais tempo. Minha pele já estava começando a queimar, e o pensamento de que ela estava me chamando para sua cama enquanto seus pais estavam fora na missa de Natal foi o suficiente para que minha barriga se contorcesse. Muitas coisas já tinha dado errado naquele dia, e eu não estava disposta a trazer mais desconfortos, não sem um Xanax em meu sistema no mínimo.

Eu estava prestes a protestar contra o convite quando um pesado badalar no andar de baixo reverberou pela casa, parecendo ser o relógio. De seu lugar na cama, ela sorriu e empurrou-se a seus pés. oa sexto badalar ela me alcançou e passou os braços em volta da minha cintura, me puxando lentamente em um abraço apertado, com o rosto enterrado em meu pescoço. Lá, ela respirava. No oitavo badalar ela começou a balançar, com força o bastante para mover nós duas, um movimento que eu achava muito familiar. Um-e-dois, três, quatro. Na décima badalada, ela levantou a cabeça e olhou para mim, sorrindo.

"Feliz Natal, B," ela sussurrou no décimo primeiro badalar.

E no décimo segundo, ela ficou na ponta dos pés e me beijou.

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