Influence escrita por jbs313, ArthurLenz


Capítulo 1
Portrait Of A Young Girl




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Há um ponto em sua vida, geralmente quando você é jovem, que você tem que escolher o que vai ser para as pessoas a sua volta. Nunca haverá um momento certo para isso, não é como se sentar, e fazer uma lista do que é aceito pela sociedade e o que não é.É mais uma série de momentos, quando você admite a idéia de que alguém sabe a melhor forma de lidar. Ninguém toma essas decisões de forma consciente, com o propósito de que alguém saiba que eles estão mudando para sempre e de forma definitiva. Mas, ainda assim, estas decisões estão destinadas a crescer, e vai moldar a nossa forma de viver o resto de nossas vidas, a nossa forma de agir e reagir a situações que são impelidas em cima de nós quando envelhecemos.

Quando você é jovem e ainda moldável, há um nível de influência que os amigos empoem, não importa o que os orientadores e palestrantes motivacionais vão falar sobre ser você mesmo. Seja você mesmo e as pessoas vão gostar de você. Seja você mesmo e você vai descobrir quem são seus verdadeiros amigos. Seja você mesmo e você pode fazer qualquer coisa. Mas isso não é verdade, se realmente fôssemos nós o tempo todo, todos seriamos sozinhos.

Seus amigos durante a infância são os que mais têm relevância. Não importa quantos anos você tem, você olha para trás, e vê as primeiras amizades, e lembra das instruções dadas para poder agir com os novos que vão surgindo ao longo da vida. Seus primeiros amigos lhe ensinaram as regras da amizade. Eles mostraram que algumas atitudes suas eram inaceitáveis, e você mudou para agradar. Eles te transformaram em alguém que eles queriam que você fosse, que os deixassem confortáveis, e você, por sua vez, aceitou de bom grado. Algumas pessoas são mais flexíveis a essas mudanças. Outros preferem manter suas características naturais.

No final, porém, todos nós nos lançarmos em nosso meio, dobrando, até que se encaixe perfeitamente sem causar qualquer tipo de confusão. As pessoas que não se encaixam... bom, não são todas as pessoas que podem se encaixar de forma fácil em qualquer lugar, não é?

Ninguém gostava da idéia que eu sabia cantar, então eu dançava no fundo e deixava que os outros ficassem no centro das atenções. Ninguém gostava da idéia de eu ser inteligente, então preferi me ausentar de comentários. Era mais fácil de seguir os outros, porque levando em conta o que aconteceria se eu mostrasse o que sei fazer, chamaria muita atenção, e então eu não poderia me encaixar nos padrões pré definidos

Quando tínhamos oito anos de idade, Santana me encontrou no pátio durante o recreio. Nunca tínhamos nos falado antes desse dia, mas eu admirava a maneira como o seu longo cabelo castanho caia sobre seus ombros, e como sua pele sempre ficava bronzeada, mesmo no inverno. Ela era linda, mesmo aos oito. Eu, por outro lado, era magra. Muito alta. A combinação dos dois me rendeu apelidos, Pé Grande era o mais usado. Lenhador era o mais ofensivo. Naquele dia, no recreio, eu tinha sido encurralada por um grupo de meninas mais velhas. Após vários minutos de insultos, acabei jogada em uma poça de lama. Eu ainda estava lá quando Santana apareceu, com os braços cruzados sobre a imagem de Justin Timberlake estampada em seu peito.


"O que você está fazendo aí?"

"Caí".

"Não, você não caiu. Eu vi o que fizeram. Por que você as deixa fazerem isso com você?"

"Eu não sei. Elas são mais velhas."

"E daí? Você é maior."

"Por que você se importa? Se não vai ajudar também não atrapalha."

Ela olhou para mim por um minuto, seus olhos escuros se estreitaram, como se ela estivesse seriamente pesando as duas opções. Após um momento, ela estendeu a mão e me ajudou a me levantar. Eu era uma cabeça mais alta que ela, e enquanto eu limpava a lama do meu jeans eu a peguei me olhando de novo, me avaliando.

"Eles não iriam pegar tanto no seu pé se você chamasse menos atenção."

Parecia um comentário ridículo. "Não posso deixar de ser grande."

"Não é só isso. Eu ouvi você cantando. Eu ouço você no banheiro na hora do almoço. Ninguém gosta de um show. Talvez se você parasse, eles te deixariam em paz."

Amigos. Os membros que determinam quem você será para o resto da sua vida. Esta pequena morena olhou para mim com olhos enormes mas vazios, nada lá havia, além da sinceridade em seus sentimentos. Ela não estava me avisando ou ameaçando. Ela queria que eles parassem de me encher, e essa foi a maneira que ela encontrou para fazer isso.

Acho que me apaixonei por ela naquele momento.

"Talvez."

Ela sorriu para mim, havia algo a mais em seu sorriso, além do fato de ela estar feliz com a minha concordância.

"Vamos lá. Vamos mostrar a elas".

Segui ela através do campo de futebol ao lado do parquinho, onde as meninas mais velhas sentaram indiferentemente nas arquibancadas, mascando chicletes sem açúcar que suas mães haviam lhes comprado, juntamente com os mais novos esmaltes da coleção. Santana cruzou os braços novamente, com os pés firmemente plantados na largura dos ombros. Ela chamou a líder da turma, que riu e ficou de pé. Santana, tão pequeno como ela era, ficou na ponta dos pés e sussurrou algo no ouvido da menina. Depois de um momento os olhos da moça se arregalaram, e ela deu um passo desajeitado para trás, a mão tampando sua boca. Santana sorriu. Eu viria a conhecer aquela expressão ao longo dos próximos anos.

"Vamos, Britt."

Ela segurou minha mão e juntas caminhamos de volta para os balanços. Esperei até que ela escolhesse o seu favorito antes de se sentar ao lado dela.

"O que você disse pra ela?"

"Não importa. Ela não vai mexer com você novamente."

"Então... obrigada."

"Pra isso é que servem os amigos."

Quando eu tinha oito anos, Santana me disse que ela seria minha melhor amiga para sempre. Sua lealdade era feroz, inabalável e inquestionável. Ninguém nunca me incomodou novamente. Mas eu aprendi rapidamente que isso estava sujeito a algumas mudanças da minha parte.

Quando você é jovem e ainda moldável, há um nível de influência que os amigos empoem, não importa o que os orientadores e palestrantes motivacionais vão falar sobre ser você mesmo. Levei oito anos para descobrir, que não se deve deixar que eles mudem tudo em você.


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