Red Soil escrita por koala_die


Capítulo 5
Chapter Five.


Notas iniciais do capítulo

DEMOREI EI EI EI! 8D Q
°apanhadalegiãodefãs° /quefãs? q °morre°



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O quarto já estava todo iluminado pela luz solar que entrava pela janela quando Kaoru parou de enrolar na cama, se sentando na beirada do colchão. Coçou os olhos por alguns segundos, logo abaixando o olhar para o chão do quarto.

Daisuke dormia esparramado. Metade de seu corpo estava no chão frio e a outra metade coberta de qualquer jeito sobre o tatame. Sua samba canção estava, como sempre, torta e sua camiseta havia subido de tanto se revirar durante a noite, deixando exposto metade de seu tórax e seu abdômen.

O loiro não podia negar que o mais novo realmente virara um adolescente atraente.

 

 Kaoru também percebeu que sua boca estava entreaberta, talvez tivesse dificuldade de respirar durante a noite, mas não se lembrava de ter ouvido nenhum ronco vindo do primo.

 

Se levantou e ergueu os braços, se espreguiçando enquanto cutucava as costelas nuas do primo com o dedão do pé.

 

 

-Acorda, moleque, já passa das dez. –disse, sua voz baixa e sonolenta, continuando a cutucar o moreno.

-...Hn. –foi o que o outro respondera, se revirando mais um pouco e se encolhendo ante os cutucões.

-Daisuke! – aumentou o tom de voz, agora apoiando o pé nas costelas do outro, o balançando.

-Quêêêêêêêê....? –disse, se virando de barriga para cima agora, coçando os olhos puxados, sonolento.

-Acorda, porra. – disse, revirando os olhos, agora pisando na barriga nua do primo e mexendo o pé de leve.

-Ai! Pára! –e começou a rir. –Faz cócegas, Kaoru!

 

 

Kaoru riu um pouco, tirando o pé de cima do outro. “Era pra machucar e não pra fazer cócegas”, pensou, revirando os olhos novamente.

 

 

-Levanta logo.

 

 

Caminhou até a janela, dando as costas para Daisuke.

O mais novo se sentou no tatame, coçando a cabeça e logo arrumando o cabelo bagunçado. Observava Kaoru apoiado no batente da janela, olhando a rua que passava logo atrás da casa do primo.

Daisuke permaneceu sentado, observando o loiro. Viu que ele usava uma calça de moletom e uma camiseta de manga comprida. Engoliu seco, tentando parar de imaginar seu primo se despindo...Nem sabia daonde havia vindo essa idéia.

“Pára com isso, Daisuke, ele é o seu primo, porra!”, pensou, balançando a cabeça e cerrando os olhos.

 

 

-Hey, por que cê ta fazendo isso? É autista, por acaso? –ouviu a voz grave do primo.

-Er? I-isso o quê...? –disse, depois se dando conta que estava balançando a cabeça até agora. – Ah, nada, não.

-...Moleque estranho. –ouviu o primo murmurar, antes de rir baixinho.

 

 

O moreno inspirou fundo.

É, para o primo, ele não passava de um moleque estranho.

 

O ‘moleque estranho’ viu o primo tirar a escova de dentes da mochila e pegar uma muda de roupas.

 

-Vou escovar os dentes e me trocar. – disse, saindo do quarto sem esperar uma resposta do outro.

 

Daisuke engoliu seco novamente e se levantou, arrumando a camiseta amarrotada. Se pôs a arrumar a cama onde Kaoru dormira, dobrando seu cobertor e o pondo nos pés da cama. Depois enrolou o tatame e o pôs num canto do quarto.

Suspirou, tirando a camiseta com que dormira, abrindo o guarda-roupas a procura de uma camiseta que não estivesse amarrotada.

No fim achou uma camiseta de uma banda de rock, que comprara há alguns meses. A vestiu e voltou a mexer no guarda-roupas, dessa vez a procura de uma calça jeans.

 

Kaoru entrou no quarto, dando de cara com o primo vestindo a calça jeans, corando levemente. Fingiu não ter visto nada e dobrou a calça com a qual havia dormido, a pondo na mochila. Se recusara a usar o guarda roupas de Daisuke, por uma questão de educação mesmo, preferiu continuar usando a mochila.

Olhou de novo, de esguelha, não resistindo, Daisuke fechar o botão e o zíper da calça, puxando a camiseta para fora e passando a mão pela roupa, tentando disfarçar qualquer vinco no tecido.

 

 

-A-ah, K-kaoru-kun... – corou, vendo que o mais velho estava no quarto também.

-Vou descendo pro café da manhã, okkei?

-Ah, peraí, só deixa eu dar um jeito no cabelo e eu desço junto. –disse, correndo até o banheiro do corredor, passando a mão pelo cabelo cumprido em frente ao espelho, o assentando. Quando saiu, Kaoru já estava no corredor, repuxando as mangas da camiseta, que eram cumpridas.

 

 

Daisuke sorriu e ambos desceram as escadas para a cozinha. A tia do mais velho mexia no fogão, de costas para os garotos.

 

 

-Tia! –Kaoru disse animado.

-A-ah, oi, garotos. Sentem-se. –ela disse, um tom calmo na voz, ainda de costas.

-Okaa-san... –o moreno começou, um pouco nervoso. Kaoru olhou para o primo, preocupado.

-Eu disse para se sentarem, o café já está servido, Daisuke. –ela disse, agora com a voz falhada.

 

 

O mais velho dos primos gelou. Nunca vira sua tia tão fria, principalmente com o filho. E Kaoru ficou mais gelado ainda quando viu Daisuke abaixar a cabeça e sentar, começando a mexer nas torradas.

O loiro engoliu seco e se sentou também, do lado contrário do de Daisuke, ficando de frente para o primo. Chamou-o duas vezes, mas sempre que cochichava, perguntando o que havia acontecido, o mais novo respondia com um simples balançar de cabeça, negando. Na terceira vez, Kaoru se descontrolou e bateu na mesa, irritado. Daisuke lançou um olhar chocado, e ao mesmo tempo triste a ele e voltou a balançar a cabeça. O loiro bufou e se recostou na cadeira, nervoso. Não adiantava, seu apetite havia ido embora. Só ficaria na mesa para fazer cerimônia.

 

-Bem, terminei. – Daisuke disse de repente, se levantando.

-E-eu também. – o loiro disse de supetão, se levantando junto. Iria usar a desculpa de levar a louça para a lavadora para saber o porquê de sua tia não se virar para falar com eles. “É, isso mesmo...”

-Ah, certo. – sorriu desconcertado, puxando o prato do primo, para leva-lo à lavadora.

-Não se preocupe, priminho, eu levo. –Kaoru disse doce, visivelmente cinico.

-Não, Kaoru-kun, eu levo, não se preocupe. – embora o tom da voz do mais novo soasse gentil, sua expressão era dura e decidida, puxando os pratos para si. E um arrepio subiu a espinha de Kaoru, eriçando os pêlos de sua nuca. –Que tal subir e ligar o Playstation 2 para jogarmos daqui a pouco, hm?

-Dai - -

-Ponha o Guitar Hero, aposto que você vai gostar. Eu já salvei aquele jogo umas dez vezes. – disse, sorrindo e erguendo os pratos nos braços. – Meu estojo de jogos está na gaveta da escrivaninha.

-...-o loiro franziu o cenho, irritado. Depois olhou para a tia, que permanecia de costas. –Okkei, Daisuke.

 

 

Saiu da cozinha com passos pesados, irado. Subiu a escada pulando os degraus, bufando.

 

Daisuke se afastou da mesa e pôs as louças de qualquer jeito na lavadora, se virando para sua mãe.

 

 

-Okaa-san, fala comigo... –o garoto se encolheu, sentindo os olhos arderem como início de choro, procurando o olhar de sua mãe. -...Onegai. –fungou, coçando o nariz.

-D-dai...Sobe pro quarto com o Kaoru, por favor, eu tenho que fazer o almoço. – disse, com a voz embargada, mexendo nos vegetais que cortava. Virou o rosto, tentando esconder uma clara mancha roxa na maçã de seu rosto.

 

O adolescente segurou a mãe pelos ombros, a virando para si, já sentindo as lágrimas quentes escorrerem por seu rosto.

A mulher desviou o olhar, olhando para o chão. Havia uma marca arroxeada na maçã de seu rosto que por sinal, estava levemente inchada e em seu lábio inferior havia um pequeno corte já quase completamente cicatrizado.

 

 

-Por que a senhora deixa ele fazer isso contigo?! POR QUE NÃO ME DEIXA INTERVIR?! –Daisuke disse revoltado, aumentando o tom de voz. Já não chorava de tristeza, e sim de raiva.

-Ele é o seu pai, Dai - -
-ELE DEIXOU DE SER MEU PAI HÁ MUITO TEMPO! –soltou os ombros da mãe, gesticulando nervoso.

-Daisuke! Faça o que fizer, não falte o respeito com ele! –disse ríspida. – É ele quem te sustenta, quem paga seus estudos!
-Grande bosta! Se é por isso, eu mesmo vou trabalhar e sustentar a gente! Já tenho idade, okaa-san!

-Sobe pro seu quarto, Daisuke.

-M- -

-Sobe pro seu quarto, Daisuke, eu já disse. –ela manteve a pose séria, apontando para a saída da cozinha.

 

 

O adolescente franziu o cenho, irado. Já parara de chorar, era pura raiva.

Bufou nervoso e caminhou em passos pesados para a saída da cozinha, mas parou à porta.

 

 

-A senhora ‘tá nessa porque quer, okaa-san. –disse baixo, antes de sair e rumar a escada para o andar de cima, para o quarto onde Kaoru o esperava.

 

 

 

 

 

 

-Qual é o seu problema, Daisuke?! O que aconteceu com a sua mãe?! – Kaoru mal esperou o primo entrar e já deu pause no rpg que jogava no Playstation do primo, se levantando da cama.

-Não enche, Kaoru. –disse, olhando para o primo, seco.

-Como é que é? –o loiro estreitou a vista, enrugando a testa em sinal de nervoso. – O QUE TU DISSE?!
-EU DISSE PARA NÃO ENCHER, É SURDO?!

Kaoru não pensou duas vezes, prensou o primo na porta fechada do quarto, o segurando pela gola da camiseta, erguendo o outro punho à altura da boca de Daisuke.

 

-Eu to aqui, na boa, querendo saber o que aconteceu com a sua mãe, e você me vem com desaforo?! –disse entre os dentes, seu rosto enraivecido à poucos centímetros do rosto do primo.

-Não aconteceu nada. –disse impassível, mirando Kaoru nos olhos.

-Não aconteceu nada? NÃO ACONTECEU NADA? TENHO CARA DE IDIOTA?! –se segurava para não descer o soco de vez no mais novo, o olhando nos olhos; Podia sentir sua respiração bater contra o rosto, e Daisuke realmente estava com a respiração acelerada.

-Kaoru...Por favor...Você não iria entender. –suspirou, desviando o olhar para o chão.

 

 

O loiro suspirou junto com o primo, sentindo a vontade de bater no mesmo ir embora.

 

 

-Tente explicar. –continuou segurando o moreno pela gola da camiseta, abaixando o outro punho.

-Eu...N-não dá, Kao, não dá... –mordeu o lábio inferior, mantendo o olhar no chão. “Não vou chorar na frente dele, não mesmo.”

-...Dá sim. Daisuke, por favor...E-eu sei que é dificil falar de coisas pessoais mas...Tenta. –dizia, afrouxando a mão na gola da roupa de Daisuke.

 

 

Os dois ficaram em silêncio por um bom tempo, apenas se fitando. Kaoru percebera os olhos de Daisuke brilharem pelas lágrimas contidas, se sentindo mal por tê-lo pressionado.

Se afastou do mais novo, soltando a gola de sua camiseta, onde agora havia uma marca amarrotada.

 

 

-Desculpe.

-Tudo bem.

 

 

Kaoru voltou os olhos à Daisuke, que sorria fraco, ainda escorado à porta.

“Merda, o que eu fiz?”

 

 

-Vem, to jogando Final Fantasy. Não consigo passar do Deathgaze¹. –o loiro suspirou, voltando a se sentar na cama e tirando o pause do jogo.

-Certo, deixa eu pegar meu detonado, acho que lá fala como passar. –Daisuke voltou a respirar normalmente, ‘descolando’ da porta e caminhou até sua escrivaninha, puxando uma revista de jogos de uma das gavetas.

 

 


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Notas finais do capítulo

¹: Deathgaze é o nome de um dos boss do Final Fantasy não-lembro-qual-edição, que foi mudado para não-lembro-que-nome no lançamento nos Estados Unidos...E como o Kao tava jogando a versão japonesa...