Ele chegou bem perto, me pressionando sobre a parede. Ele tem essa mania estranha, quer dizer, segundo ele é sexy.

– A gente pode tentar de novo! - Sussurrou na minha orelha.

Fiquei em silêncio. Deixei que ele continuasse. Deslizou a mão sobre o meu corpo inteiro. Colou sua boca na minha...

Droga, por que a gente sempre acorda na melhor parte do sonho?! Por que o Brian tem que ser tão idiota e sexy ao mesmo tempo?! Isso não é nada legal. Depois disso, tentei voltar a dormir, mas não consegui. Levantei e joguei água no meu rosto.

– Kath, você tem problemas? É o Brian! - Sussurrei para mim mesma.

Deitei novamente e coloquei os fones. Dei play em Give Your Heart a Break - Demi Lovato. Coloquei no volume máximo, assim nada me atrapalharia a relaxar. Só assim eu consegui dormir.

Acordei meio tonta com os fones ainda no ouvido. Tocava Guns N' Roses no último volume, machucando meus tímpanos. Tirei os fones e olhei para o relógio na cômoda. Exatamente 13:00 horas da tarde. Peguei o celular. Três mensagens do Harry e sete chamadas perdidas.

" Você tem que ir comigo em um lugar que eu não pretendo ir sozinho... - Harry- "

Abri a outra:

" Kath, você tá aí?! - Harry-"

E a outra, que me fez rir:

" Eu estou quase chamando a polícia, sabia?! Atende, por favor... - Harry- "

– Que menino exagerado! - Ri.

Disquei os números do Harry para tentar falar com ele.

– Eu estava dormindo, obrigado! - Disse assim que ele atendeu.

– Que tipo de pessoa não ouve o celular tocar quando ele está do lado?

– Eu estava com os fones! - Dei de ombros.

– Os malditos fones... Você dá mais atenção pra eles do que pra mim!

– Com ciúmes dos meus fones de ouvido, Harry? - Ri.

– Não estou com ciúmes! Você não sabe como é ser trocado por fones de ouvido. - Harry brincou.

– Você não foi trocado! Mas... Você me ligou para quê? - Perguntei curiosa.

– Queria saber se... - Harry deu uma pausa. - Podemos fingir que somos namorados?

– Por que e para quê? - Questionei.

– Meu primo sempre foi considerado o melhor da família, sabe. Sempre comparavam ele comigo, por ele ser certinho, ter notas exelentes e além disso, ele sempre foi bom com as garotas também.

– E... Onde eu entro nisso? - Perguntei.

– Ele disse que queria conhecer minha namorada. Apesar de eu nem ter uma!

Ri baixinho com o comentário do Harry.

– Relaxa, eu te ajudo!

– Sério? Você tipo, não ficou brava por eu ter te incluido nisso?

– Brava? Não! - Sorri. - Só me diz o que eu tenho que fazer.

– Meu primo quer conhecer minha namorada, no caso você, hoje a noite. Vai ser tipo uma festa, eu não sei bem!

– Se é para te ajudar...

– Eu te amo, namorada! - Harry riu.

– Eu também, namorado! - Brinquei.

Ia ser divertido brincar disso. Talvez até me ajudasse naquele lance com o Brian.

Tomei um banho para relaxar e, mais tarde o Harry mandou um sms dizendo que eu já podia me arrumar. Vesti uma calça jeans bem colada, uma blusa escrito " Fuck This Shit" e meu all star. A maquiagem, bem preta. Não demorou muito e, o Harry estava lá fora, me esperando.

– Você está... Perfeita! - Me abraçou.

– Valeu mô. - Rimos.

– Apelidinhos fofos? Isso está começando a ficar sério...

– É clichê, isso sim! - Dei de ombros.

Harry segurou minha mão e sorriu. Já mencionei que o sorriso dele é lindo? Não é porque ele é meu amigo ou meu falso namorado que eu estou falando isso, mas é porque é lindo mesmo.

Quando chegamos na festa, achei que ia ficar surda. Estava tocando In The Dark - DEV. Eu nunca fui do tipo que curtia muito baladas, mas eu estava ali pelo Harry.

– Tem certeza que esse é o seu primo "exemplo da família" ? - Perguntei.

– Era para ser. Se minha tia soubesse as coisas que ele faz quando ela está fora... - Harry disse me fazendo rir.

– Quando você disse "festa", eu não imaginei que fosse isso tudo!

– Nem eu! Vem... - Harry me puxou para dentro daquela multidão de pessoas.

As únicas luzes que haviam naquele lugar, eram luzes coloridas. As vezes, elas piscavam me deixando meio tonta. Era possível ver garrafas de vodka por todo lugar, pessoas se pegando nos cantos. Se isso é ser exemplo, então eu nem sei o que eu sou!

Harry cutucou um menino alto e lindo que dançava com uma garrafa de vodka na mão. Era estranho, mas eles se pareciam um pouco. O mesmo olho verde, a pele branca. Então, eu pude concluir que aquele era o primo do Harry.

– Ahn, minha namorada... - Foram as únicas coisas que o Harry conseguiu dizer.

– O quê?! - O menino alto gritou no ouvido do Harry.

– Ela é minha namorada! - Harry gritou.

– Desculpa, mas a música alta está abafando o que você quer dizer! - O menino gritou de volta.

– Eu sou a namorada dele, porra! - Gritei.

Acho que ele ficou um pouco sem graça, porque eu percebi que ele corou um pouco. Mas deve ter sido só impressão minha, afinal, não dava para ver nada.

– Ei, prazer! - Beijou o canto na minha boca.

– Harry, seu primo tem problemas?! Ele beija suas namoradas no canto da boca, é? - Sussurrei.

– Ele está meio bêbado, Kath! Dá um desconto...

– Meio? - Bufei.

– Vem cá. - Harry me puxou de novo para aquele monte de pessoas juntas se esfregando umas nas outras.

Pegou uma garrafa de vodka e me entregou.

– Bebe um pouco! - Pediu.

– Você é louco?!

– Quantas vezes a gente faz isso na vida, Kath? Só acho que a gente tem que aproveitar... - Harry deu um gole na garrafa de vodka.

– Meu Deus! Foda-se, você tem razão... - Tomei a garrafa da mão dele e bebi um pouco.

Essa experiência é um pouco estranha. A música eletrônica estourando meus ouvidos, a vodka, as pessoas loucas dançando. Mas acho que uma vez na vida, isso não mata, não é?!

Quando me dei conta, eu já estava dançando. Por que o Harry sumiu do nada? Sei lá... Eu devo ter ficado com uns quatro ou cinco garotos. Não, foram seis! Me senti uma vadia. Era para eu ajudar o Harry e não atrapalhar. Se bem que, o primo dele estava tão bêbado que nem vai lembrar do que aconteceu aqui. Sim, eu fiquei com o primo dele. O Harry vai querer me matar. Fui cambaleando procura-lo. Ele estava se agarrando com uma menina que provavelmente ele nem sabe o nome. Isso era para ser legal, não era? Pois não foi legal. Ver o meu namorado falso beijando uma menina qualquer, foi estranho. Mas que droga eu tô pensando? Eu fiz o mesmo e não tem nem dois minutos! Será que ele viu alguma coisa? Foda-se, ainda tem muita gente aqui que eu não fiquei! A música estava tão alta que eu nem conseguia pensar. Hello - Martin Solveig tocava frenéticamente, quase explodindo as caixas de som. Cheguei a uma conclusão hoje: Eu sou muito exemplar. Nunca dei festas como essa! Droga, minha cabeça parece que vai explodir!