Tendo Um Fim Doce...um Amargo Não Conta! escrita por Iulia


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Então... Devem estar achando estranho eu postar mais cedo. Mas o babado é o seguinte: Eu estava mais relax essa semana. Na verdade to uma vagabunda completa essa semana. E escrevi muito, porque estava chateada com umas coisas e sempre que estou assim eu vou escrever. E escrevi muito... Então já tenho capítulos prontos. Na verdade esse e o próximo eram para ser um só, mas eu achei muito grande e dividi.



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Apesar do nervosismo que entrevistas causam, nós todos descemos bem animados, com Cato fazendo ameaças de borrar meu batom e dizendo que vai me fazer despentear o cabelo dele, para o desespero de Alexander e Aurélia.

 Quando chegamos onde os tributos ficam, lanço um sorriso fraco para eles e me viro para Cato.

 -Tenho que ir. Alexander está me esperando para sentarmos. –eu o abraço. –Faça isso direito. –sussurro na ponta dos pés. –Sabe como não é?

 -Sei. –ele diz, erguendo as sobrancelhas. –Você vai ter entrevista, então acho melhor não borrar seu batom.

 Eu olho para Alexander esperando que ele libere ou coisa assim, mas a única coisa que faz é erguer as sobrancelhas e fazer que não com a cabeça.

 -É, parece que não. –digo, voltando meu rosto para ele. –Que a sorte esteja sempre à seu favor! –eu digo, gesticulando como Effie gesticula quando diz essa temida frase.

 Ele ri.

 -Boa sorte lá também, baixinha.

 Eu caminho tensamente até Alexander, recebendo um sorrisinho altamente sedutor de Finnick Odair. Ergo as sobrancelhas para ele e retribuo o sorriso, enquanto aceito a mão de Alexander para me guiar até a nossa fileira.

 Sou parada para algumas fotos, como já se tornou comum e as pessoas agora estão trocando ofensas para ver quem se sentará do meu lado direito, uma vez que as pessoas do meu andar tomaram os restantes.

 -Ninguém vai se sentar aí! Temos uma entrevista com a Clove! –uma mulher de cabelos enrolados como o de uma cobra diz, erguendo as mãos enluvadas e andando em minha direção.

 No pouco tempo que tenho antes dela me alcançar, me viro para Alexander.

 -Essa é a mulher que vem me entrevistar?

 -É sim. Vão te exibir depois. Sorria, temos tempo cronometrado. Apenas cinco minutos.

 Cinco minutos. Mais do que os tributos têm.

 -Olá, querida! –ela diz e sua voz é alterada. Ela soa como o barulho de passarinhos bicando suas gaiolas de madeira. Pisco para me acostumar e vejo o homem com a câmera exatamente atrás dela.

 -Olá. –eu digo me levantando, sorrindo e a beijando nos dois lados do rosto, como já vi muitas pessoas fazendo.

 Eu me sento e ela logo me imita.

 -Estamos aqui com Clove Fire, a Vitoriosa do Distrito 2 da 74° Edição dos Jogos Vorazes. –eu sorrio para ela, ciente de que a câmera está em meu rosto. –Então, Clove, nosso programa é inovador, nada de perguntas que todos sabemos. –ela joga a cabeça para trás e ri exageradamente. Sorrio docemente para ela. –O que exatamente você e o Cato fazem à noite?

 Quando ela acaba de proferir essas palavras de tão grande nível de constrangimento, arregala os olhos de forma “amigável”. Eu arregalo os meus de surpresa. Sempre achei que eles tinham que ser absolutamente educados e discretos quanto aos modos. Uma pergunta dessa revê seus conceitos sobre a Capital. Mas pode ser que um programa como esse não exibido nos Distritos e não  obrigatório possa ter passe livre para esse tipo de indiscrição. E já vazou que ele dorme no meu quarto?

 -Nós... Nós dormimos. –ela ergue uma sobrancelha azul para mim e eu coro ainda mais –É... Às vezes nós ficamos conversando e....

 -Ah sim! E na Arena vocês estavam sempre juntos não é? –ela me interrompe, sacudindo a mão como se me dispensasse disso. Bem, obrigada, querida.

 -Sim, estávamos. E até hoje estamos.  E apesar dos recentes acontecimentos, iremos permanecer. –eu respondo rapidamente, aliviada pela dispensa da pergunta anterior, porém ainda corada.

 O homem da câmera deixa escorrer uma lágrima quando eu acabo minha frase  com um sorriso triste.

 -Nós todos sentimos muito. Mesmo, Clove. –ela diz.

 -Obrigada. Mas creio que sofrerei mais pela saudade, porque eu tenho certeza de que ele vai voltar. Ele nunca me deixaria sozinha.

 -Isso aí! E esse vestido é tão lindo! Você acaba de provar que a mais alta tendência é o monocromático, não é

 -Sim! Meu estilista é brilhante, eu realmente me sinto linda quando ele me produz. –me viro para Alexander e a câmera foca ele temporariamente.

 -Ah e realmente fica. Mas responda-me, Clove: Como se sentiu quando viu os seus nomes novamente chamados ao palco?

 Eu realmente gostaria de poder dizer abertamente que eu sou uma rebelde assumida desde que me entendo por gente. Nunca gostei de Panem nem da Capital. Odeio todos daqui. Eu gostaria muito de dizer que senti ódio. Um ódio incontrolável que só crescia. Mas se Cato sonhar que eu disse isso, enlouqueceria quando percebesse que agora seria eu por mim mesma. Bom, ele gritaria comigo até ficar rouco. E também não tenho vontade de acabar em um caixão embaixo da terra dois minutos depois dos Jogos começarem

 -Eu senti tristeza, E senti em mim o desperdício. Porque a verdade é que depois da Colheita nós iríamos nos casar. Minha mãe tinha preparado uma cerimônia... de casamento para nós. –eu apenas não acredito que estou chorando de verdade. –Tudo aquilo iria ser jogado fora...

 -Oh Clove! –agora a entrevistadora está chorando junto comigo. Talvez Snow tenha contratado essa equipe para me entrevistar ciente de que eu seria a Vitoriosa menos humilhada. –Isso é tão triste...

 -Eu sei. E isso não podia esperar mais. Nosso casamento aqui seria incrível e lindo, mas ele não queria esperar. E nem eu... Acredite, eu sei a tristeza disso muito mais do que todos vocês.

 Talvez essa última frase não tenha saído tão bem elaborada quantos as outras, que estavam transmitindo o que eu sentia para a língua que eles falam. Dor, lágrimas e dor. Essa saiu  sem nada deixando tudo mais bonitinho. É apenas isso que sinto.

 Ela sorri para mim.

 -Ainda pretendem se casar se ele sair?

 Eu seco minhas lágrimas rapidamente verificando se minha maquiagem não borrou. Abro um sorriso, mesmo com as lágrimas marcando meu rosto certamente vermelho.

 -Ele estava me falando disso hoje à tarde. Nós estávamos no andar do 12 hoje. E depois quando voltamos para o nosso ele me perguntou.

 -E o que você falou, minha querida? –ela é uma versão feminina e menos prestigiada de Caesar, cheia de caras e bocas.

 -O óbvio. Que sim, claro! Nunca seria capaz de dizer não.

 -Encerramos assim a nossa entrevista sobre a trágica história dos apaixonados mais violentos e fortes que se tem ideia! –ela grita para a câmera. Ouço um bipe da câmera e a entrevista se encerra oficialmente.

 -Muito obrigada por falar com a gente. –ela diz, apertando minha mão. –Sua história é comovente. Espero que dê tudo certo.

 -Vai dar. –eu respondo, friamente. Um alerta. –Pode ter certeza.

 A mulher arregala os olhos e recua com medo. Quando ela sai rebolando pela fileira, eu me sento novamente.

 -Minha maquiagem borrou muito? Vamos ter que sair pra arrumar? –eu pergunto para Alexander do meu lado, sorrindo de canto para uma senhora que conseguiu se sentar do meu lado. Como se eu não fosse ignorá-la. Como se fossemos virar amigas ou coisa assim.

 -Não, essa maquiagem têm componentes vindo do Distrito 3. Não borra. Só o batom.

 Isso se tornou um tipo de piada interna retardada para nós. Eu rio.

 -Imaginei. Quanto tempo para começar?

 -Um minuto. 

 Nesse exato momento as luzes se apagam para dar algum efeito especial à Caesar ou coisa assim.

 -É sempre assim tão ridículo? –eu sussurro.

 -Garota! É para dar o clima de mistério.

 Após uns dez segundos, uma musiquinha ambiente ridícula retumba nos meus ouvidos e Caesar vira sua cadeira para nós, seu cabelo lavanda realmente combinando com a iluminação no palco. Todas as luzes se acendem de uma vez.

 Eles cumprimenta a platéia, faz piadas iniciais e depois de uns quinze minutos de enrolação, chama o primeiro tributo. Cashmere. 

 Ela nos conta do quanto foi bem acolhida na Capital, conta das coisas maravilhosas que só conheceu aqui e muitas outras mentiras. O que ela conheceu realmente? A cama dos caras? Cashmere é linda demais para passar ilesa disso. E bem inteligente já que sabe que conquistar a Capital é o básico.

 Gloss vem e enrola na mesma coisa. Dá o tempo dele e a senhora do meu lado se levanta para acenar, me fazendo olhar de forma estranha para ela.

 Layran aparece, andando mais graciosa do que fora das câmeras até o palco.

 -Para de franzir a sobrancelha. –Alexander sussurra. –Pegam as fileiras e tenho certeza que estão dando close em você. Principalmente agora que é a hora do 2.

  -Tá bom. –eu murmuro de volta, com um sorriso educado no rosto. Vão achar que era só um comentário. Espero.

 -Então, Layran, seu filho é o seu mentor. Como é isso? –Caesar diz, se estendendo na cadeira e arregalando seus olhos, da mesma forma profissional que gosta de fazer.

 -Eu fui a mentora dele nos seus Jogos. E sempre cuidei dele, então é mais como uma troca de favores –Caesar gargalha sendo acompanhada pela Capital. Acho que posso me tirar disso –Mas ele é um mentor muito bom, faz o possível.

 Se agarrar-se com gente da Capital for o possível para se tirar pessoas de jogos mortais... Estaríamos todos mortos.

 -Eu sei que essa entrevista é sobre você, mas... A Capital quer saber: Como eram Cato e Clove nos treinamentos?

 Sinto meus olhos se arregalarem e meu coração disparar como nunca. Com uma frase ela me destrói. E vejo a raiva em seus olhos nesse momento. Tocar em nós não foi uma boa ideia. Me fazer cometer suicídio é fácil, agora, e com essa resposta já posso dizer para encomendarem meu caixão.

 Os olhos dela me acham na multidão e ela sorri para mim que tento retribuir dócilmente.

 -Eles eram um pouco difíceis de se lidar. Estavam sempre se beijando ou fugindo das coisas que eu pedia para que fizessem... Mas eram –ela hesita propositalmente- eram brilhantes, Caesar.

 Solto um suspiro de alívio e sorrio para ela.

 -Sempre imaginei. Agora vamos para nossa última pergunta: Você têm chances de vencer?

 Não. Ela não venceria nem sonhando. E como não sabe de nada, acho pouco provável que vá ser levada pelo 13.

 -Claro –ela responde seriamente. –Eu já venci uma vez, meu filho venceu, eu sou uma vencedora. É lógico que ganharei.

 Caesar faz uma expressão de admiração e se levanta, erguendo, como sempre faz, o braço do tributo entrevistado. Ela sai acenando graciosamente e Cato entra, sendo aplaudido de pé. E nesse caso, claro, eu o faço juntamente com os outros. Ele rapidamente me localiza.

 -Ora, ora, olhe para mim! –Caesar diz, dando um tapinha na coxa de Cato, que ainda me encara.

 -Ah! Desculpe, tinha coisa mais interessante para olhar.

 Eles todos riem.

 -Clove, onde está você, visão interessante? –Caesar berra, quando todas as cabeças da Capital se viram para mim. Levanto meu braço, acenando. –Ah! Achamos! Não deixem que ele olhe para lá, o.k? Na direção dela pessoal, cuidado.

  Todos riem de novo e eu sorrio revirando meus olhos.

 -Cato, Cato... –Caesar diz, trocando sua expressão falsamente preocupada e brincalhona por uma digna de um momento de tensão. -Quando você foi chamado no Massacre desse ano, nós todos ficamos sem um casamento lindo para ir. Como você se sentiu quando perdeu seu casamento?

 Essa pergunta vai ser para sempre respondida. Espero que ele entre em coerência comigo na resposta.

 - Eu não gostei. Nem um pouco. A mãe de Clove tinha preparado um casamento para a gente na área da casa dela. Eu disse a Clove que queria ter filhos e  não pude esperar, então disse para nos casarmos.

 O que? Filhos, Cato? Filhos? De onde você tirou isso? Então o.k, iríamos ter filhos se nos casássemos... Parece que só eu acho que as coisas estão indo rápido demais...

 Agora Caesar e Cato estão olhando para mim que sorrio tristemente.

 -Enfim, o que fizeram no último dia de vocês dois juntos?

 Honestamente, o que pessoas fazem ou deixam de fazer é uma informação que ela não tem que dar! Isso tudo é ridículo demais.

 -Eu acordei com a Clove me chamando. Ela ainda não tinha levantado, mas tinha me dito para acordar porque teríamos pouco tempo. Quando eu voltei pro quarto dela nós arrumamos a cama- NÓS arrumamos a cama. Como se ele me ajudasse alguma vez nisso... –e fomos tomar café. E ficamos a manhã inteira no sofá rindo. Depois do almoço nós fomos para o andar do 12.

 -O andar do 12? E vocês se dão bem? –Essa informação é difícil de digerir até para Caesar.

 -Claro que sim. –ele responde seco. –Nós saímos da Arena juntos e temos muito tempo de convivência...

 -Isso é tão lindo! –uma mulher na última fileira se levanta e grita, logo sendo puxada pelo homem ao seu lado.

 Eu dou uma risadinha discreta e ele percebe, sorrindo de lado para mim.

  -Como é Clove como sua mentora, Cato?

 -Ela é uma mentora boa. Incrível, na verdade. Ela sempre me acordava no horário e fez uma dieta para mim. E sempre me trata muito bem. –Cato fala, sempre me olhando.

 A multidão solta um “Uooahh” que não sei como retribuir. Então sorrio.

 -Alguma coisa para dizer por último, Cato?

 -Não. Acho que Clove já sabe de tudo. –gostaria que todos parassem de me olhar abertamente tanto. Se ao menos houvesse uma câmera para que olhassem... Mas existe apenas eu.

 -E para nós? –Caesar insiste. O que se diria à pessoas da Capital?

 -Só a garantia de que eu volto da Arena!

 As pessoas se levantam de novo para aplaudir enquanto Caesar levanta o braço de Cato.

 -E esse é Cato, do Distrito 2! –ele berra, como se todos aqui já não soubessem. Ele lança um beijo para mim e sai, enquanto me sento de novo.

 Beetee fala sobre o quanto acha que esse Jogos não são Legais. Espera, o que é Legal em Panem? Apesar de seu nervosismo, tudo soa bem inteligente.

 Às outras entrevistas se estalam. Finnick recita um poema que provavelmente faz alusões à Annie, mas ele diz se tratar do seu único grande amor na Capital.

 Cecelia lamenta por seus filhos, Johanna é sarcástica como sempre, Seedeer murmura coisas com pouco sentido e Chaff soa grosseiro e engraçado ao mesmo tempo. Chegamos ao 12. Vejamos como os amiguinhos farão para nos superar dessa vez.

 Katniss aparece. Vestida... Vestida de noiva. Eu provavelmente riria como nunca se não soubesse que Snow obrigou Cinna a vesti-la assim. Isso é bastante humilhante...

 Ela conversa e atua. Todos estão acostamos a chamá-la de garota do fogo ou coisa assim. Seus vestidos bonitos conseguem tirar um pouco da feição de idiota dela. Aproveitando esse ponto, ela sugere dar uma volta. Assim que Caesar diz que sim, ela começa a rodopiar.

 O vestido começa a pegar fogo. Previsível, mas ainda chocante. Ela sorri, até que do vestido começa a sair fumaça. Fumaça, a fumaça real que sai de uma fogueira não programada por um estilista da Capital.

 Mas ela continua a rodar, a fumaça saindo. As pessoas da platéia entram em pânico. No início, sei que Cinna tinha culpa disso, mas agora vejo pedaços de seda negros voando no ar e algumas pessoas mais próximas do placo tossindo.

 -Isso não tinha que parar? A ideia é deixar ela nua mesmo? –eu murmuro para Alexander, de olhos arregalados, sem conseguir parar de olhar para a menina na frente que em segundos poderá se parecer com um frango que passou do ponto.

 -Não sei. Cinna deve saber. Ela ainda tem que ir para os Jogos e uma queimadura não cairia bem. Ele já teria ido até lá se algo tivesse dado errado. E, olhe, ela não está queimando.

 Ela não está mesmo. Lentamente ela pára de rodopiar e seu vestido está preto. Ele na verdade perdeu o tom branco que o definia como pertencente de uma noiva. Agora ele é escuro. Com partezinhas brancas na manga. E ela tem... ela tem penas! Cinna a transformou em um pássaro. Um tordo.

 -Hum... ela é um tordo... –eu digo, alto o suficiente para me olharem.

 O tordo tem toda aquela história de servir a Capital, ser abandonado para morrer depois de “dar defeito” e sobreviver se juntando à uma outra espécie. Significa algo como sobrevivência e rebelião. E Katniss carrega um broche desse. Então ela está bem ferrada com Snow.  

 Há um silencio enquanto as pessoas tentam acostumar suas mentes com a ideia de um tordo.

 -Penas. –diz Caesar, claramente espantado, mas tendo que continuar a programa. –Você está igual a um pássaro.

 -Um tordo, eu acho. – ela bate as “asas” –É o pássaro no broche que uso como símbolo.

 Eu não falaria isso. É claro para as pessoas nos distritos que esse tordo não é uma coisa da moda. Transmite uma mensagem. Uma mensagem que Snow não gosta nenhum pouco.

 Talvez Caesar tenha alguma noção disso tudo. Uma pessoa com tanto prestígio devem saber de coisas que a maioria das pessoas daqui não saberia acrescentar uma vírgula.

 -Bom, vamos tirar o chapéu para o seu estilista. Acho que ninguém discordará de que isso é a coisa mais espetacular que jamais foi vista em uma entrevista. Cinna, você merece nossos aplausos! –Cinna se levanta e se curva, porém não ouço nenhum aplauso. Estavam apenas digerindo a informação, pois logo começam a aplaudir de forma que jamais ouvi. Nem para Finnick.

 Se eu fosse o estilista dela, com certeza não colocaria minha mão no fogo. Quem garante que ela se importa com ele o suficiente para tentar oferecê-lo um mínimo de proteção?

 Não consigo ouvir direito, mas sei que o tempo dela acabou e ela está se encaminhando com dificuldade para fora.  Ergo minhas sobrancelhas para a criatividade de Cinna.

   O Conquistador chega e a multidão reage da mesma forma que reagiu com Cato. Eles abrem a entrevista com piadinhas que eu não consigo ver graça. Talvez eu nem as entenda...

 -E então, Peeta, como foi que você se sentiu quando, depois de tudo que passou, você descobriu que haveria o Massacre? –Caesar diz. A única explicação para essas informações fornecidas repetidamente por todos nós é a vontade de Snow de nos humilhar cada vez mais.

 -Fiquei chocado. Enfim, num momento estou vendo Katniss linda naqueles vestidos de noiva e no outro... Eu cheguei a virar amigos do Cato e da Clove e agora ele vai voltar pra Arena junto comigo... –Ele hesita e olha para a platéia, que está o olhando com aqueles olhos de ursinho.

 -Você se deu conta de que jamais haveria um casamento?

 Essa é uma pergunta bem ridícula de se fazer, considerando que Caesar não sabe do 13. É óbvio que não haveria um casamento se eles morressem lá...

 Peeta faz uma pose dramática, encarando a platéia e o chão, como se decidisse algo.

 -Caesar, você acha que todos esses nossos amigos aqui conseguem guardar um segredo?

 Oh sim... Porque isso não é um programa de televisão exibido para o mundo todo... Ninguém saberá disso com certeza. Isso chega a ser ridículo. As pessoas chegam a rir!

 -Tenho certeza absoluta disso. –Caesar fala.

 -Nós já estamos casados. – Meus olhos se fecham quando ele acaba essa frase. Como assim? Como ele pode tirar ideia do meu quase casamento para essa mentira ridícula com a Katniss? Eles não se casaram, ela jamais aceitaria. Como ninguém percebeu isso?

 -Mas... Como isso é possível? -Caesar fala.

 Espero que agora Cato se dê conta que o Conquistador não é tão burro quanto aparenta, se pode criar uma história dessa.

 Ele explica então que não foi um casamento oficial e que fizeram um ritual do 12. Uma coisa com pães torrados e coisas assim. Não consigo evitar e reviro meus olhos.

 Ao que parece os familiares deles não estariam lá. Não contariam nem para Haymitch. Isso é, se ele existisse. E também foi antes do Massacre. Logo após alguns instantes de ridícula comoção, eles se abraçam e a multidão aplaude tão forte de forma que me pergunto se eles tem algum tipo de proteção na mão, pois caso contrário elas estariam bem vermelhas.

 -Eu não estou contente. –Peeta continua. –Gostaria que pudéssemos ter esperado até que a coisa toda fosse feita de maneira oficial.

 -Certamente, um curto tempo é melhor do que tempo nenhum, não acha? –Caesar pergunta. Eu já estou esperando a próxima bomba. É só o que me resta mesmo. Isso de não estar contente não é coisa natural dele.

 -Talvez eu pudesse pensar assim também, Caesar. Se não fosse pelo bebê.

 Um bebê. Um bebê! Então agora eles avançaram tanto que até já dormiram juntos, certo? E... hum... apareceu um bebê. Suspiro levianamente quando penso na forma como eles não se cansam de tanta mentira. O Conquistador passa o olhar por minha fileira e para em mim. Certamente ele espera que eu grite que sinto muito e várias outras coisas. Mas apenas ergo as sobrancelhas e me ajeito na poltrona.

 As pessoas então começam a gritar, como se estivessem sendo feridas. Espera, estão com pena deles? Alguém teve pena quando viu a entrevista dos nossos pais na TV? Já tiveram algum dia? Viram tantos pais chorando e continuavam comemorando.

 Isso tudo é hipocrisia demais. Tudo vira um inferno de pessoas berrando enquanto Caesar tenta inutilmente acalmar a multidão. Peeta consegue voltar para o lugar e nós vemos todos os Vitoriosos juntos.

 O hino vem exatamente para fazê-los calarem a boca. Ele retumba de forma que se tornaria impossível ouvir o que uma pessoa berra no seu ouvido. Então, enquanto procuro Cato e justamente quando o acho, vejo uma coisa que me surpreendeu. Neste momento, todos os Vitoriosos estão dando as mãos. Ao que parece Katniss pegou a mão de Chaff, ou o cotoco que tem no lugar, e logo a corrente foi se espalhando. Até Layran.

 -Clove! Vamos sair daqui! –alguém fala do meu lado, no exato instante em que as telas se apagaram, para não verem a demonstração pública do que podemos chamar de união.

 -Não... O que? Cinna? –eu me surpreendo quando vejo o homem na fileira de cima, pendurado e me chamando, enquanto algumas pessoas se levantam.

  -Vai, Clove. Daqui a pouco eu chego lá. –Alexander me assegura.

 Cinna passa para a minha fileira e segura a minha mão, me guiando para o centro treinamento.

 -Cinna, o que está acontecendo, porque tudo isso?

 Quando acabo a frase, todas as luzes se apagam.


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Notas finais do capítulo

Olha, se tiverem muitos Reviews, ou mais do que o normal, eu posto antes de domingo. Se não, nada feito. Já prevejo o nada feito, né... Mas enfim, porque vocês me odeiam tanto? Porque favoritam e não comentam? Enfim, alguém aí sabe fazer capa? Eu tava vendo como estava tosca essa, porque definitivamente não tenho dom pra isso. Se alguém for bonzinho o suficiente, eu adianto um capítulo exclusivo para esse divônico ser... E antes que me esqueça, um povinho estava me pedindo cenas hot né? Até MP eu recebi para me falar disso. O.k, eu tentei fazer uma para o próximo. Não tenho talento de forma nenhuma para isso, mas... Eu tentei. Apenas no próximo. QUE SAI MAIS CEDO SE DEIXAREM REVIEWS! Enfim, beijões sabor creme de goiaba.