Tendo Um Fim Doce...um Amargo Não Conta! escrita por Iulia


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Hi peoples! Então, com esse novo Nyah, eu posso ver que favorita... E olha só, os que aparecem aqui... Eu não conheço vocês! Como assim favoritam a história e não deixam Reviews manolos? Rum, eu estou bolada com vocês... Enfim, hoje é domingo né... Mesmo com a demora chegou... e adivinha, demoro ainda mais pra postar escrevendo as notas...É que faz tempo que não passo tempo em casa... Enfim, tô feliz porque passei em matemática (A SORTE ESTAVA À MEU FAVOR, NEGADA!) e porque recebi dois Reviews a mais no último capítulo...Ou seja, de pessoas diferentes!I love you babys do meu heartinho! ~inglês purféquiti modo on~ Vou avisando que Cato e Clove tiveram um dia me comprido nesse... Comprido e enrolado... Mas abapha.



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Me viro para o lado e meu corpo entra em atrito com algo. Se eu estivesse no sofá, já teria caído. Abro os olhos e me vejo em um quarto. No meu, no Centro de Treinamento da Capital. O dia ainda está amanhecendo e Cato ainda está dormindo do meu lado.

 Ele deve ter me carregado para cá por algum motivo que não consigo imaginar. Então foi nele que eu encostei. Bom, você me acordou de novo. Uma grande pena eu não poder fazer uma pequena vingança e te acordar pelas várias vezes que conseguiu isso. Uma grande pena ter que ir pra Arena.

 Eu mordo minha bochecha interior enquanto penso no que vou fazer para mantê-lo vivo até o resgate. No momento minha preocupação é Katniss. Não contaram nada para ela, para evitar os dramas que com certeza ela fará se souber disso. Cato disse que o Conquistador sugeriu a aliança. E como ele é facilmente manipulado pela sua paixãozinha, essa aliança pode ser desfeita no período inicial dos Jogos. E Cato pode acabar com uma flecha atravessada no crânio.

 Então hoje, quando estivermos vendo os Jogos da Annie, a coisa vai ser fazer ela confiar nela. E em mim, claro. Mesmo, obviamente, o vice-versa não vá acontecer. Finnick. Haymitch não me informou se ele sabia de algo. Provavelmente sim. Finnick é uma das poucas pessoas que conheço que  têm tão esplendida beleza e não pensam apenas nisso. Glimmer nunca foi de pensar em nada mais do que matar e pentear os cabelos. Bonita ao excesso e capacidade mental pouco usada.

 Bom, ele é perigoso. Assim como Cato era na Arena passada. A qualquer instante poderia enfiar uma espada em mim sem o menor remorso. Pessoas com atitudes em batalha tão parecidas podem se entender. E Cato não é uma pessoa que precise de mim para tudo. Pode se virar.

 E temos Johanna. Ela sabe do 13. Porém continua tentando fazer Cato perder a confiança em mim. Maggs... Maggs não tem chance de sair de lá. Finnick provavelmente está com pena. Mas não acredito que ela sobreviva até o resgate.

 Um vento forte passa por meu braço descoberto, me fazendo puxar ainda mais a coberta ao meu redor. Me viro para o lado que Cato está virado. A primeira coisa que me lembro ao olhar para o seu cabelo loiro, na noite na Arena passada, quando eu coloquei sua cabeça em meu colo e depois a deixei cair, quando a vi a remota possibilidade dele acordar.

 Sorrio como uma idiota por isso. Durante o tempo que ele permanecer na Arena, estarei sozinha na Capital. Com Snow e Uranius. Com esse pensamento, um arrepio percorre minha espinha e aperto a coberta ao meu redor, fechando meus olhos.

 Quanto mais penso, mas sei que quero continuar na cama. Assistir a Jogos, junto com Katniss e ter que ser muito gentil com ela. Espero que ele reconheça o sacrifício sempre que pensar em mim.

 Como hoje é o nosso último dia e acredito quando ele diz me amar, decido despertá-lo mais cedo do que seria necessário para um dia sem treinamento.

 -Cato. Ei... –ele não merece ser sacudido hoje. Passo as costas da mão por seu rosto. –Cato. Acorda!

 -Oi... –ele abre os olhos enquanto eu reviro os meus.

 -Hoje é o dia da entrevista, lembra?

 -U-hum. Amanhã eu vou para a Arena.

 -É. Levanta agora. Temos coisas pra fazer.

 -Eu prometo que não vamos demorar no 12.

 -Tá bom então. Agora não me faça te empurrar, levanta.

 Ele sorri e se levanta e sai cambaleando para o seu quarto. Eu suspiro. Fico imaginando como seria o Distrito 13. Quem será que governa eles? Como eles são? Coloridos como a Capital? Disso eu duvido.

 Jogo a coberta pesada para o lado e me levanto, indo para o banheiro. Quando saio, Cato está sentado na minha cama, ainda bagunçada.

 Sem pensar eu ando até ele e o abraço. Ele com certeza iria perguntar o que estaria me levando a fazer isso, se nós não estivéssemos nessa situação. Meus olhos se fecham e eu o aperto mais forte.

 -Clove? –quando eu levanto meu rosto ele começa a falar. –Lembra aquela noite antes do seu aniversário? –eu aceno com a cabeça, confusa. –Você disse se nós não voltássemos da Colheita Snow iria pagar. Então porque está assim? Você sorriu quando a gente estava no palco.

 -Oh, claro, e foi de verdade. –eu digo, obviamente sarcástica. –Eu nunca gostei dos Jogos. E é a segunda vez que estou envolvida nisso. A propaganda do Brutus é bem enganosa. Não recebi fortuna nenhuma à mais do que eu já tinha, a fama é insuportável e definitivamente não estou em paz.

 -Acho que não constava para edições em que quatro saíssem.

 -Definitivamente não.

 Ele se curva para frente e me beija, me derrubando do seu colo e me fazendo rir. Mesmo eu estando do seu lado rindo, ele não pára até eu o cutucar.

 -Temos o dia livre até o almoço. O que quer fazer, Cato? –eu digo, me levantando, sendo imitada por ele e começando a dobrar as cobertas, já que a outra pessoa que dorme aqui claramente não dobrará.

 -Não sei. Vamos... Ficar na sala. Não tem mais nenhum lugar.

 Eu resisto ao impulso de dizer que deveríamos estar testando se ele sabia se virar nas situações que eu inventaria. Acabei tendo que trabalhar como treinadora na Estação, então aprendi a soar autoritária para as pessoas do 2 que treino. Na maioria garotos mimados que comentam o quanto eu estava “em forma” no dia em que tirei minhas roupas para tomar banho. Ridículos.

 -Se Justin e Layran estiverem lá, eu...

 -Você não vai ficar. –ele me interrompe. - Nem eu.

 Eu e Cato acabamos chegando a um acordo mútuo: Não somos pessoas de ficar demonstrando amor o tempo todo. Nós nos amamos e pronto, não precisamos ficar nos abraçando e nos elogiando o tempo inteiro, como o casal do 12 gosta de fazer. Mas hoje é o último dia dele na Panem que conhecemos antes da guerra começar, porque com certeza, uma guerra muda as coisas. Então nós vamos de mãos dadas para a sala, onde os outros já se servem.

 -Na Turnê Effie disse que temos que esperar os outros para começar a comer. –eu implico com Alexander, me sentando entre ele e Cato e ignorando Justin e Layran.

 Ele ri.

 -Effie ficará animada quando souber que aprendeu alguma coisa, Clove.

 Eu rio e reviro meus olhos.

 -Aprendi o que era necessário. Então, Aurélia, você vai ensinar alguma coisa pro Cato hoje?

 Ela ergue os olhos do prato e olha para Cato, erguendo as sobrancelhas.

 -Você acha que precisa? –ela pergunta. –Bom, antes que responda eu acho que não. Ele já é conhecido não precisa impressionar mais ninguém. Só não cometa gafes muito perceptíveis e tudo está bem.

 -Porém, –Alexander começa. –Portia me contou que vocês dois vão para o andar do 12 hoje, mas tem que estar aqui antes das 5:30 quando começaremos a arrumar vocês. – Eu quero matar ele por deixar claro a aliança. Não que Cato já não tenha feito isso várias vezes. -Clove agora fica na fileira vip e tem que estar brilhante porque talvez haja uma pequena entrevista com as pessoas de lá hoje.

 -Achei que entrevistas eram apenas para os tributos hoje. –eu digo, desesperadamente querendo me livrar de câmeras, mesmo que câmeras de emissoras que só me exibirão depois da entrevista oficial.

 -Pois é, decidiram isso por você. Já que é a única dos 4 vencedores passados que não está nos Jogos.

 -Hum... Então tá.

 O café da manhã transcorre com o pessoal da preparação falando de penteados pré-selecionados para nós e maquiagens de acordo com a iluminação escolhida esse ano. Vai combinar com o novo cabelo da Caesar.

 Quando Cato acaba, me espera com um braço ao redor da minha cadeira, como costumava fazer ano passado, quando eu apenas queria enfiar uma faca no seu braço musculoso que para mim, era coisa de gente que queria aparecer. Talvez seja mesmo.

 Eu me levanto e ele faz o mesmo. Nós nos sentamos no sofá e logo Cato traz sua cabeça para o meu colo.

 -Estamos sem nada pra falar hoje... –eu falo, esbugalhando meus olhos para ele, que faz o mesmo.

 -Pois é, baixinha... Do que quer falar?

 -Vamos falar... Vamos falar do que você vai falar na entrevista.

 -Quer me ver falando de você?

 -Não...

 Eu jogo a minha cabeça para trás do encosto. Eu tenho muitas coisas para falar pra ele, mas são coisas que ele já sabe. E coisas doces demais para sair da minha boca sem um mínimo reluto.

 Viro mais a minha cabeça e vejo a última pessoa presente na mesa, Layran, como sempre, se levantar e ir para o quarto, batendo a porta.

 -Você gosta do casal do 12 de verdade? –eu pergunto, porque é a única coisa que passa por minha mente e é uma curiosidade que nunca tive tanta oportunidade de tirar.

 -O que? Como assim?

 -Você acha eles legais? Como amigos de verdade?

 -Não. Quer dizer, o Peeta é legal quando não está com a Katniss. Mas ela é insuportável. Tem uma cara de sonsa que não convence ninguém.

 Eu não preciso responder o que ele já sabe. Eu não acho que Katniss mereça confiança de ninguém já que parece pensar apenas nela.

 O tempo até o almoço passa rápido com Cato me contando de uma vez que foi tentar ensinar Harry a mexer com um arco e flecha e as flechas deles dois iam para todo o lugar menos para perto do alvo.

 Quando os Avoxes acabam de servir a mesa e se  posicionam em pontos estratégicos no andar, nós entendemos que podemos começar a comer. De uma forma ou de outra é bom que cheguemos cedo lá para voltarmos mais cedo.

 -Sabe o que eu ando reparando? –sussurro para Cato, enquanto pegamos nossa comida, aproveitando que ninguém apareceu ainda. –Layran anda comendo muito. Muito mesmo.  Pode ser alguma estratégia, ela pode saber de algo...

 Cato me interrompe com um beijo. Eu reviro meus olhos enquanto retribuo.

 -Você anda falando demais. –ele diz, erguendo as sobrancelhas e dando as costas para mim para pegar mais comida de forma provocativa.

 Eu resmungo.

 -Tudo bem, então. Mas é sério.

 - Eu vou estar de volta antes de você conseguir sentir minha falta. Eu não me preocuparia.

 -Então se eu estivesse na Arena de novo você não se preocuparia?

 -Sim. Estou dizendo que se eu fosse você eu não me preocuparia comigo.

 Nós começamos a comer em silêncio e logo os outros chegam, todos conversando.

 Alexander e Flerwy conversam sobre o fora que um amigo deles recebeu de uma modelo de alguma marca famosa aqui da Capital. Imagino como deve ser essa modelo... Linda... Com o rosto listado de cores do arco-íris, unhas que chegam primeiro que ela nos lugares, cabelo que se acham coisas perdidas dentro...

 -Clove, vamos. –Cato se levanta.

 -Err... Eu vou... Trocar de roupa e já vou. –eu enrolo, porque a última coisa que quero é ver alguma edição dos Jogos depois daquele dia das mortes mais inusitadas com o Justin.

 -Ah. Eu também vou. –ele passa por mim, me beija e ruma para o seu quarto, enquanto eu me arrasto até o meu.

 Ser amiga de Katniss. Ser amiga de Katniss. Fazê-la falar da nota. Ser amiga de Katniss.

 Não importa quantas vezes eu repita isso enquanto escovo meus dentes e me arrumo, sempre vai me soar estranho e irreal demais. Como ser amiga de alguém que você acusou para o seu noivo de tirar a roupa para os Idealizadores em uma competição mortal? Não há como. Então finja que é amiga e alcance o que for necessário.

 Quando saio, passo meus olhos rapidamente pela sala e não o vejo. Se ele tiver ido sem mim, esqueça que eu sou sua mentora. Quando me viro para trás, sinto apenas um impacto na minha boca e logo estou encostada na parede sendo beijada por Cato.

 -Pára. –eu tento falar, ainda na parede. –Cato, você deveria parar de fazer isso, temos que ir. Anda, me dá licença! –ele continua sorrindo com os braços ao meu redor, como no dia em que brigamos no trem. –O.k, prefiro ficar aqui do que ir para o 12.

 -Eu também, claro.

 -Mas não podemos. E me agarrando não vai resolver. Ainda tem um dia inteiro para isso. É melhor não me fazer enjoar. –eu digo, erguendo as sobrancelhas.

 -Não vai.  –ele me encara por um tempo e me joga no ombro.

 -Ei! Pára, nós não vamos chegar lá assim. –eu digo esmurrando suas costas e arregalando meus olhos.

 Ele ignora até o elevador, onde me desce.

 -Você vai me dar a mão e vai abrir a porta. Vamos fazer que nem fazíamos ano passado. Vamos combinar exatamente. Você fala oi, vai falar com o Peeta e eu vou abraçar a Katniss.

 -Tá bom. Agora vem cá. –ele diz entendendo os braços.

 Antes possa processar ele me puxa e me abraça.

 -Temos muito tempo ainda. Olha, chegamos. –eu digo, me desvencilhando e cedendo minha mão a Cato. –É sério, faça o que falei. –sussurro.

 Nós continuamos a andar e chegamos na sala do 12. Onde Katniss e Peeta estão sentados, conversando em voz baixa.

 -Oi. –Cato diz, ainda segurando minha voz, soltando um sorriso cortês.

 -Oi, cara! –Peeta diz, se levantando. Katniss demora um pouco para fazer o mesmo e quando o faz, eu olho para Cato, que já me observa significantemente. Eu ergo as sobrancelhas e solto sua mão. Como uma retardada, vou até ela e a abraço com um Oi! à lá Effie.

 Ela sorri, falsamente, claro, e me abraça de volta. O.k, Cato, me agradeça.

 -Como vocês estão?  -eu pergunto ainda sorrindo enquanto Peeta aperta minha mão.

 -Vamos indo. –ele diz, se sentando e nos oferecendo o mesmo.

 -Pois é, igualmente.

 -Eu vou pedir para Effie o vídeo.  –Peeta diz, se levantando e nos deixando sozinhos com Katniss. É algo bem constrangedor, porque não sabemos o que falar entre nós com ela presente e nem o que falar com ela.

  Então acabamos ficando em silêncio. Eu tamborilo os meus dedos pela superfície macia do sofá.

 Além de vermos a sombra pelo corredor, temos outra evidência que Peeta está vindo. Os agudos da voz de Effie, que dialoga animadamente com Peeta. E, é claro, seu salto.

 -Oi queridos! –ela diz, estendendo os braços para nós. Eu troco um olhar com Cato e nos levantamos para abraçar Effie que fica dando pulinhos. Depois disso ela se senta no sofá de forma exagerada, gesticulando para que façamos o mesmo. Cato sorri pra mim e nós nos sentamos. Peeta coloca o vídeo. Effie se estica e toca no interruptor, fazendo a luz se desligar. Ótimo. 12, Effie, escuro e Jogos Vorazes... Nunca meu dia dói tão incrível. Bom, pelo menos não estou sozinha aqui.

 Cato me abraça e eu me encolho ao máximo possível nele.

 Aparece o selo da Capital, a edição, 70º e o vencedor sobre uma tela escura.

Começa com a colheita. No 1 se sai uma menina enorme, claro. E o menino... É franzino e me lembra um macaco. Uma menina loira com cabelos até o joelho aparece no 2 e um menino ruivo mais musculoso que Cato.

 No 3 é aquela coisa de sempre, pessoas magricelas com cara de inteligente. Mas parecem que toda a inteligência some nos Jogos... Porque eles quase sempre morrem na Cornucópia. E teve o garoto do 3 que se aliou a nós... Péssima ideia.

 O 4 chega. Dão um destaque para Annie. Quando Annie foi chamada, ela estava perdida demais olhando para Finnick, em cima do palco. Seu mentor junto com Mags, acho. Ela está nova demais para ser reconhecida por mim. Talvez um ponto para Finnick, porque eu estendo pelo que ele passou. Mas tratar dela deve ser mais fácil do que tratar de uma pessoa tão convencida quanto Cato. Ela arregala os olhos verdes e ruma para o palco, seu queixo tremendo. O seu parceiro é moreno e têm cabelos escuros e lisos. Olhos verdes, claro. Ele salvo o nome dos Carreiristas...

 O resto dos tributos mortos se passam em um vislumbre para mim, que estou incomodada com os comentários nada oportunos de Effie.

 No desfile Annie se parece com uma sereia. Acho que é esse o nome que se dá para criaturas, que, segundo nosso guia do Distrito 4 na Turnê, são metade mulheres, metade peixes. Ela estava bem assustada no desfile enquanto seu parceiro mandava beijos para todos.

 No treinamento o garoto do 1 tem 10, sua parceira 8. No 2 ambos têm 10. Annie não se saiu muito bem. Teve um 7.

 -Ótima prova que não escolhemos tributos pelas notas! –Effie diz, nos fazendo olhar para ela que enrolava o cabelo nos dedos de garras rosas.

 -Essa garota enlouqueceu. Você sabe não é? –eu digo.

 -A fama enlouquece qualquer um. –ela diz, como se o que eu falasse não passasse de idiotice.

 -Oh sim e ver pessoas serem decapitadas também. –eu sussurro. Mas Cato escuta.

 -Shhiu. Clove porque você não chama a Katniss para pegarem algo pra comer? –ele diz no meu ouvido.

 Eu olho para ele acusadoramente.

 -Comece você. Diga que está com fome e eu me ofereço...

 -O que foi? –Peeta fala, interrompendo meu sussurro e me fazendo virar o pescoço de olhos arregalados.

 -Eu estava falando para ela que eu não comi direito. Estou com fome.

 -Ah! Podem ir pegar alguma coisa na cozinha. Os Avoxes estão lá. Podem trazer para cá, se quiserem. –ele finaliza, brincando.

 -Eu vou lá. Trago alguma coisa pra vocês. Katniss eu não sei onde é a cozinha aqui e vou precisar de ajuda para trazer as coisas.

 -Ah... Tudo bem. –ela diz, confusa no começo, mas se levantando com um sorriso falso no rosto. Troco um sorriso triunfal com Cato.

 Agora veremos o que Katniss fez para conseguir aquela nota. Ela passa na minha frente e eu a sigo até a cozinha. É óbvio que a cozinha fica no mesmo lugar que fica no andar do 2.

 -Podemos nos virar aqui, obrigada. –eu digo para os Avoxes, dispensando-os. –O que acha que Peeta gosta, Katniss? –eu pergunto, abrindo a geladeira. Quando penso que no 12 eles não têm isso com freqüência....

 -Ah... –ela hesita novamente. –Talvez algum sanduíche.

 -Vamos fazer então. Pegue as coisas que acha que darão certo enquanto eu arrumo as coisas para fazermos.

 Nada de desconfiança até agora. É, ela não gosta de mim, eu não gosto dela, então não me sinto culpada por tanta falsidade.

 Quando ela coloca as coisas em cima da mesa e começamos a preparar o tal sanduíche, eu resolvo arriscar e perguntar. Ela não tem portas para se esconder atrás agora.

 -Katniss o que você e o Peeta planejaram para ter uma nota alta daquelas?

 Ela arregala os olhos em um gesto de surpresa e tenta disfarçar, colocando o cabelo para trás da orelha.

 -Bom, Clove... Nós não... Não planejamos nada.

 -Não? Então como conseguiram aquelas notas? Você atirou flechas? – ou tirou a roupa?

 -Não. Eu desenhei Seneca Crane. Seneca Crane enforcado.

 -Seneca... O Idealizador passado?! –eu pergunto, surpreendida e erguendo meus olhos do trabalho.

 -Foi. Enforquei ele com algumas cordas. –ela diz, toda convencida.

 -Boa ideia. E o ... –me atrapalho nas palavras. Não poderia dizer Conquistador. E esse é um apelido bem inadequado porque... Ela não conseguiu conquistar ela, ao que me parece. –Peeta? O que ele fez?

 -O Peeta  pinta, sabe? Então ele pintou a Rue.

 Rue... O cara pintou a Rue. Meu estômago revira quando penso na imagem dela ensangüentada. Uma última olhada para o sanduíche me faz sair correndo para o banheiro. Acabei com o plano de que não sabia onde ficavam as coisas.

 Quando chego no único banheiro que não pertence a uma suíte me jogo no chão. Eu só quero ir embora da Capital. Eu não quero ver nenhuma Annie morrer. Ninguém tem que pintar mortos nem enforcar bonecos. Ninguém tem que ficar fazendo sanduíches no Centro de Treinamento como se fazem em domingos em casa.

 Fecho meus olhos e as lágrimas caem. Porém não tenho mais espaços para dramas. Minha expressão não muda enquanto seco as lágrimas.

 -Clove? Clove, abre. –É Cato. Cato que não está vendo a droga dos Jogos da Annie para vir aqui me ver.

 -Oi... Eu só... –penso em alguma resposta convincente.

 -Você só está chorando... Abre, vai.

 Abro a porta e fico o encarando.

 -O que foi? –ele diz me abraçando. É como se para ele, sempre que me abraçar vai ficar tudo bem.

 -Nada. Nada não. A Katniss levou a comida?

 -Levou. E foi me avisar que você saiu correndo.

 -É mentira. –Oh, isso sim foi uma mentira. –Eu sai andando normalmente. Não acredita nela.

 Ele me beija e depois andamos até a sala, onde ele me abraça mais uma vez. Está na parte em que Annie abandona a aliança com os Carreiristas porque seu parceiro de distrito, o moreno de olhos verde, morreu decapitado. Ela correu e correu enquanto os outros caiam em discórdia e conseqüentemente em combate. Sobrou a menina do 2 e do 1, o do 9 e ela. A neve, que era o cenário da Arena, na propício para alguém do 4, derreteu e Annie caiu na água.

 Ela gritava enquanto nada e chorava. Ficava colocando a mão nos ouvidos e berrando. E então ela ganhou. Simples assim.

 Todas as pessoas na sala agora estão olhando para mim. Provavelmente já estavam desde que eu voltei com Cato.

 Temos ainda a entrevista. Ela estava minimamente controlada, mas ainda ficava contorcendo os dedos e olhando para os lados com os olhos esbugalhados.

 Aparece o hino e o selo da Capital sobre a tela preta e então a TV desliga.

 -Acende a luz. –eu falo, sem me dirigir a ninguém específico. Pelo menos só vi pessoas morrendo afogadas. A parte do sangue me poupei.

 -Nossa... Essa garota teve sorte! –Effie fala, feliz.

 -Muita... –Haymitch concorda. Eu até então não tinha reparado na sua presença. –Tudo bem, menina?

 Cato me cutuca para me avisar que Haymitch está falando comigo.

 -Claro. –eu respondo secamente. –Muito obrigada, Effie, por nos emprestar seus vídeos. Obrigada por nos deixarem ficar aqui. –eu digo, em levantando apressada.

 -Está bem mesmo? –Peeta pergunta.

 -Lógico que estou! –eu grito, soando um pouco, ou muito, grossa. Tento amenizar com um sorriso. –Estou. Obrigada pela preocupação, mas temos que ir.

 Eles sabem que eu não sou amiguinha deles, não se preocupam minimamente comigo e eu odeio que me perguntem uma cousa mais de uma vez. Para eles eu sou apenas a desequilibrada do 2. E isso basta, não tem que saber de mais nada.

 -Hum... Tchau então. –Katniss diz.

 -Tchau. –Cato responde, enquanto eu já estou chamando o elevador.

 -Ter a companhia de vocês foi incrível. –Effie fala atrasada. Provavelmente estava tentando acompanhar os fatos e falou só por educação.

 -Igualmente. –eu digo com um sorriso, entrando no elevador.

 Quando o elevador se fecha eu estou encostada em uma das paredes de braços cruzados.

 -Nada bem, não é? –Cato pergunta, erguendo uma sobrancelha.

 -Tudo bem! Eu to bem, eu só não queria ficar mais com Katniss. E você viu tudo não foi? –antes que ele responda eu continuo –Era só você que precisava que já vi isso milhões de vezes.

 -Não fica estressada. –ele diz, me beijando.

 -Não estou. Temos até 5 horas.

 -Vamos lá para a varanda. Nessa hora Justin deve estar conversando com Layran na sala.

 -Como nós deveríamos estar fazendo não acha?

 -Acho. Mas não preciso disso. Eu sei o que dizer.

 Nós chegamos e vamos correndo para a varanda. Quando a alcançamos, estamos sem fôlego demais para ficarmos em pé, então nós nos sentamos e eu apoio a minha cabeça no seu ombro.

 -Quando sairmos do 13 ainda vamos casar? –ele pergunta, mexendo no meu cabelo.

 Ergo meus olhos para ele.

 -É. Sim, se ainda tiver interesse nisso. –eu brinco, nos fazendo rir.

 -Eu estava pensando em como Katniss lideraria uma revolução com aquele jeito de sonsa dela. Eu vem de dizer “Andem, joguem bombas!” ela diria “Hum... Acho que talvez vocês devessem jogar bombas.”

 Eu rio apesar de não concordar de tudo com essa imagem. Katniss apesar de ter sua cara proposital de sonsa é esperta. Sobreviveu aos Jogos e à Snow. Provavelmente nessa cena ela estaria pensando em um jeito de se manter viva sem se importar com os outros.

 O resto da tarde se passa rápido nesse ritmo. Cato mexe nos meus cabelos e está sempre me agarrando como se não houvesse amanhã. E, bem, não há. Há, mas não comigo junto.

 Através do sol da Capital eu percebo que é hora de voltarmos para nos arrumarem.

 -Hum... Já enjoou de mim não é? –ele pergunta quando eu falo que já é hora, depois dele ter me feito cócegas por dez minutos.

 -É. De você e dessas cócegas sem sentido. Agora anda. –eu digo, tentando me levantar quando ele me puxa de volta.

 -Enjoou de mim foi? –Cato fala, me segurando exatamente de frente pra ele.

 -Sim. –eu digo. Mas quando vejo ele movendo sua mãos em minha direção para retomar as cócegas, desisto e me protejo. –Não! Não, não enjoei não!

 -Não... Isso mesmo. Agora vem, baixinha. –ele diz me colocando no seu colo.

 -Pelo menos não estou como um saco de farinha dessa vez... –eu murmuro.

 -Ah, chegaram! –Alexander berra quando nos vê chegando.

 -Me desce agora! –eu falo perigosamente para Cato.

 -O que foi Alexander? –Cato me ignora.

 -Tenho que arrumar a Clove!

 -E eu tenho que te arrumar, Cato. –Aurélia diz, com mãos na cintura.

 -E quem vai arrumar a Layran? –eu pergunto. Sempre achei que Alexander fosse arrumar eu e a Layran, mas se ele me arrumar agora não pode arrumar ela.

 -O estilista dela. –ele diz impaciente. –Andem!

 -Me solta!

 -Não! –ele diz, no mesmo tom que eu usei, mas sorrindo. –Onde vai arrumar ela?

 -No quarto dela, claro. –Alexander responde, batendo o pé.

 -Então vamos, Clove. –Cato diz, me levando até o meu quarto.

 -Você sabe que se eu quisesse me jogar iria morrer tragicamente. E você iria se sentir culpado, garoto.

 -Não ia não. Você se jogou porque quis.

 -Ah tá bom. Bom saber. –eu digo, enquanto abro a porta para ele me jogar em cima da cama. Logo Aurélia e Alexander chegam, irritados.

 Quando Cato se estende para me beijar, ele saem nos empurrando para lados diferentes.

 -Esteja apresentável! –eu grito quando Aurélia bate a porta, levando-o para fora.

 -Que trabalho meu deu hoje, Clove. –Alexander diz, quando a minha equipe chega e coloca suas coisa no quarto.

 -Oh, deixa ela. Hoje é o último dia dos dois juntos... –Flerwy diz, olhando piedosa e cúmplice para mim.

 -Não é não. Cato vai voltar. –eu digo com firmeza, afinal, eles sabem o quanto pessoas do 2 são convencidas, portanto mesmo que não houvesse o 13 eu diria isso.

 Estou elétrica para a entrevista, então converso muito com eles. E até nos assuntos que não sei de nada dou opinião.

 -Olhe só como está linda! – eles dizem em coro, quando me levam para o espelho.

 E estou mesmo. Como sempre fico quando eles me arrumam. Meu vestido é mais curto que o normal, é verdade, mas neles existem várias cores juntas, com uma tendência a cair sempre para o violeta. É algo que eles chamam de monocromático. Nunca tinha ouvido falar nisso até hoje, mas me soa promissor. Meu sapato é preto e fechado, com um salto enorme. Minhas unhas estão violetas e meu cabelo preso em um coque cacheado e desfiado.

 -Obrigada. –eu digo, me olhando no espelho uma última vez e saindo do quarto. Encontro Cato na sala, no sofá oposto à Justine Layran e sentado do lado de duas pessoas da equipe dele que nunca me preocupei em aprender o nome.

 -Uau... Hoje capricharam... –ele diz, me olhando de cima a baixo com a boca curvada para baixo.

 -Também fizeram um bom trabalho em você. –eu digo, me sentando no braço do sofá dele.

 Nos penduramos para nos beijar.

 -Não! Não façam isso, vai borrar seu batom, Clove! –alguém berra.

 Mas é tarde demais. Acabo caindo no colo de Cato enquanto nos beijamos.

 -Anda, vem concertar isso. –Alexander diz, puxando meu rosto e tirando um batom do bolso. –Não borre até ter estarem de volta ao andar. Não posso retocar sua maquiagem em público. Hoje o batom está mais líquido, borra mais fácil.

 Reviro meus olhos enquanto ele reaplica o produto em mim, ainda sentada na perna de Cato.

 -Tá bom... –resmungo.

 Quando faltam poucos minutos, descemos para a temida entrevista. 


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Notas finais do capítulo

Disse que era um dia comprido! Deixem Reviews, fantasminhas do meu heart! E AGORA ESSA É PRA VOCÊ, QUE DEIXA REVIEW SEMPRE! ~abaixa a voz~ Cato passa na sua casa... Aguardem-o... Não, faz o seguinte, deixa Review hoje e ele passa lá do mesmo jeito. Andem... E se você for homem, a gente negocia pra ver quem vai. Tá, parei. Agora please... Reviews... Eu sei que não mereço muito já que não saiu nem um pouco divônico, mas... EU AMO VOCÊS! Isso conta né? Deixem Reviews, favoritem, (estou de olho em vocês, povo que não conheço...) recomendem... Beijos sabor pizza de chocolate branco! Cara é muito bom...