Tendo Um Fim Doce...um Amargo Não Conta! escrita por Iulia


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindhas! Antes de tudo: Juro que desde o último capítulo que eu postei, eu estou tentando escrever esse. Tava sem ideia, por isso saiu meio fail... Mas abapha!



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Meus olhos relutam firmemente a se abrir, incentivados pela claridade excessiva proveniente do Distrito 2 ou suas estradas. Trágico saber que em breve estarei escondida nas sombras da floresta, sendo a claridade uma das coisas que eu mais gosto lá.

 Passo a mão pelo rosto tentando me forçar a acordar e com um impulso, me levanto da cama, caminhando meio arrastada para o banheiro. Me dispo, e entro no chuveiro. Escovo meus dentes enquanto o jato de água quente tenta lavar meu sono.

 Termino o banho e me seco, colocando uma roupa leve e confortável. Calça e uma blusa florida e um pouco folgada. Calço uma sandália e saio do banheiro, com uma toalha e uma escova em mãos, para pentear o cabelo na penteadeira, cujo espelho é maior e tem um banco, porque, honestamente, para pentear cabelos grandes, você só precisa cansar o braço não o corpo todo.

  Sento-me de frente para o espelho e começo a pentear meu cabelo, olhando meu reflexo. Eu me sinto um pouco melhor por saber que agora estarei em casa, que eles poderão voltar a contar comigo. Durante o tempo em que estive fora, senti como se fosse voltar e encontrá-los mortos. Todos os que eu amo no 2. Mas eles não vão estar mortos e eu não amo mais ninguém fora de lá. Tudo o que falei foi ridículo, então.

 Eu esperava ter pesadelos durante a noite, mas de fato me enganei. O Distrito 2 é um Distrito muito leal à Capital, o mais, então poucos cidadãos de lá pensam em se meter na floresta fugindo dela. Mesmo que essa cidadã seja eu, a ingrata e rebelde Clove Fire. Enquanto tento desfazer os nós do meu cabelo, me pego pensando no dia que a minha faca sumiu, ano passado. Nunca me senti tão perdida e insegura em toda a minha vida. Lembro-me de sair correndo pelo corredor, de atacar Cato, de gritar com ele... Mas me lembro que aquele foi o dia em que parte de mim estava aprendendo a confiar nele. Uma parte bem pequena, que era frequentemente alertada pela outra para resistir, para dizer que aquilo tudo era insensato.

 De uma forma ou de outra nunca achei a minha faca e aquilo era realmente insensato. Mas hoje tenho outra, que trouxe de casa, que dorme embaixo do meu travesseiro. Não uso ela nunca. Claro, quem eu iria esfaquear? Cato? Não que ele não merecesse, às vezes, penso rindo sozinha como uma louca pelo quarto. Só então eu reparo um par de olhos azuis me encarando. Pelo reflexo do espelho, o vejo sorrir e retribuo. Cato.

 -Oi! O que está fazendo aqui? –eu falo, terminando de escovar meu cabelo e guardando a escova e a toalha no banheiro.

 -Vim ver se você não tinha pulado do trem. Sabe que horas são agora? –ele sorri.

 -Hum, porque eu pularia do trem? E suponho que seja tarde... O sol está alto.

 -Vai ter que se casar comigo, baixinha... –ele cantarola -Falta só meia hora para o almoço.

 -Há, há como você é engraçado, senhor... –digo, rindo.

 -Mas é sério... –ele diz, vindo em minha direção e me abraçando.

 -Acho que vou pensar nessa hipótese. Que horas vamos chegar lá?

 -Duas. Se o trem não quebrar de novo, claro.

 Nós rimos.

 -Pode ser que Snow esteja falindo e não consiga comprar peças decentes para o trem... –Cato fala, rindo.

 Otimismo demais, eu penso. Primeiro porque se Snow falisse nós faliríamos juntos, ele não é apenas um empresário, é o nosso “amado” presidente. E depois porque querendo ou não a Capital é rica. Tudo que produzimos é mandado para lá...

 -E então, Katniss foi para o seu quarto de madrugada? –eu pergunto, beijando-o, e impedindo-o temporariamente de responder.

 -Não sei... Ela deveria?

 -Não. Tecnicamente não, mas ela só dorme com o Conquistador. E ele não estava aqui de manhã. Ele não vem se eu estou aqui.

 -Tem sorte por isso. Eles ficam cantando e conversando. Mas se ela fosse para lá eu viria para cá.

 Sério mesmo que ele viria?

 -É, eles ficam cantando. Isso é ridículo... –disfarço a minha confusão.

 -Muito.

 -Vamos para a sala. Lá deve ter coisa mais interessante para ver. Tipo, a ressaca do Justin...

 -Ah não... vamos ficar aqui... –ele sorri.

 -Não, não vamos. A ressaca vai ser mais interessante.

 -Nós podemos fazer coisas mais legais por aqui.

 Eu reviro meus olhos e sorrio.

 -Nós não vamos fazer nada aqui, senhor Collins. Vamos logo.

 -Mas eu estou com preguiça senhorita Fire, ou melhor, senhora Collins.

 Posso dizer que isso é estranho? A minha inteira como Fire e então viro Collins. Mas agora me lembro de assunto muito mais importante. Um assunto que vai me privar do meu desejo de ir à sala. Mais importante do que sobrenomes e casamentos.

 -Cato... –me desvencilho e me sento na cama, logo sendo acompanhada por ele. –Você... você não acha que deveríamos ficar? Ficar no 2?

 -Ficar no 2? Baixinha, meu perfume te deixou bêbada? Claro que não, Clove. Vão nos matar lá. Temos que fugir...

 -Não, sério. Aquela garotinha no 12, Posy. Ela perguntou se nós iríamos nos casar. Ela é tão nova e já sabe tudo sobre nós, entende? Me fez ver a influencia que temos em Panem. Olha, se nós disséssemos que todos devem iniciar um levante, um levante aconteceria. As pessoas confiam em nós.

 -Mas porque faríamos isso? –ele parece confuso.

 -Ora, por causa da Capital. Cato, ela sacrifica de brincadeira 23 pessoas todo ano. Ainda com aquele nome ridículo. Tratam os Jogos pelo nome dele, como um jogo, uma mera brincadeira. Ela deixa as pessoas morrerem sempre nos distritos. Ela nos impõe a um regime de “cala a boca ou eu te mato”. Não percebeu enquanto andava na Turnê? Nós não passamos fome no 2. Nem no 4 ou 1. Mas só nós. O resto todo mundo batalha contra a morte, contra a fome. 

 -Clove, eu sei. Mas isso é loucura. Toda a nossa família morreria. E não podemos iniciar uma rebelião escrevendo cartazes de “abaixo a Capital” e sair pelas ruas, baixinha. Seria algo simples, seria apenas nos matar.

 -Nem precisamos fazer isso sozinhos... As pessoas nos escutariam... o 2 é enorme, Cato. Somos divididos em bairros não lembra? Ali perto da maior montanha seria perfeito, poderíamos começar dali. E a nossa família... –pensar nela faz tudo isso soar ridiculamente infantil. Como meu sonho de matar Vitoriosos que não fossem do 2. – Nós podemos mandar as crianças e a minha mãe para a floresta. E seu avô se quiser. Meu pai e meu irmão iriam querer ajudar.

 -Clove, isso é ilógico.

 -Anda, Cato! Seria a nossa chance de acabarmos de vez com a Capital. Existem rebeldes ocultos nos Distritos. Até na Capital existem. Veja os Avoxes, todos eles traíram a Capital. E se tentaram iniciar um levante?

 -Então é assim que você quer terminar? Com a língua cortada? Como eu vou te beijar assim, rebelde?

 -Isso é sério. Cato, promete que vai pensar nisso. Agora que somos famosos, isso é tão ridiculamente fácil...

 - Isso soa ridiculamente fácil. E também é ridiculamente enganoso. Não temos nem meios de espalhar isso. Mas eu vou pensar, prometo.

 Sei que por hoje venci a batalha. Ele vai pensar, então só mais um pouco de persuasão e ele cai na minha ideia. Isso me lembra muito o dia em que eu pensei exatamente assim na arena. E quase morri, porque Tresh ia me matar se ele não tivesse ido. Mas eu não posso me dar o luxo de ser morta em uma rebelião.

 -Então vamos para a sala agora. 

 -O.k... –ele suspira.

 Sorrio e o puxo.

 -Anda, garoto. –vou até a porta e a abro, esperando que ele se levante da cama. -Vou te deixar aí.

 Ele se levanta com um pulo e me assusta. Quando percebo, ele está me encostando no portal da porta aberta, a um centímetro ou menos de mim. Eu sorrio com deboche para ele, revirando os olhos.

  Eu sorrio, pegando no seu pescoço e o trazendo a mim, para beijá-lo. Primeira fase da persuasão completa. Só preciso de tempo com ele e então... Pam, ele caiu.

 -Porque essas crianças perturbadas não podem fazer isso com a porta fechada? –escuto uma voz enjoada falando. Corto o beijo, sorrindo e me viro para ver Aurélia, já no fim do corredor. Pelo visto, estava falando sozinha enquanto andava pelo corredor.

 Sorrio para Cato e o vejo retribuir.

 -Anda, criança perturbada, já me enrolou demais. –brinco, puxando-o para o corredor.

 Quando chegamos, vemos todos entretidos em uma calorosa conversa sobre os modelos de roupas da Capital. Apenas, como sempre, Katniss se mantém fora.

 -Boa tarde, senhora... –Enobaria fala, me lançando um daqueles sorrisos com presas e um olhar reprovador.

 -Boa... Mas ainda é de manhã, não?

 -Por pouco tempo, garota. Clove, para onde foram os anos de treinamento? Não vai estar bem se precisar voltar para a... –Enobaria começa, olhando de forma repreensiva para mim.

 -Eu não vou voltar para a Arena. Só tenho que ensinar os outros a jogar facas, Enobaria. Sou paga para isso. –interrompo-a, minha raiva crescendo enquanto me sento no sofá. Quem ela acha que é, minha mãe?

 -Lembre-se confiança demais...

 -E de menos também. Sério, eu estava cansada. Sabe quantas noites eu passei sem dormir? Não, não é?

 -Posso fazer ideia.

 -Ah, não pode não.

 -Você não é a única Vitoriosa daqui.

 -Sei que não. Porque não muda de assunto? Está sempre nesse assunto de treinamento e tudo.

 -Em Panem temos que ser prevenidos.

 -Parem de discutir. –diz Haymitch.

 -Eu não estava discutindo. Eu estava alertando a garota... –diz Enobaria.

 -Se alertar mais, vou ficar com medo de sair na rua.

 -E deveria. –diz Justin.

 -Melhorou da ressaca senhor? –provoco-o sem sorrir. Exatamente como eu fazia com Marvel na Arena.

 -Melhorei, obrigada, Clove.

 -Por nada. –digo igualmente cínica.

 -Parem, parem! Onde estão as suas posturas? –Effie se escandaliza.

 Não respondo. Honestamente, estou cansada de Enobaria estar sempre me falando que devo treinar e me preparar. Como ela quer que eu faça isso sem dormir? Nessas horas eu agradeço por no ano passado ter tido uma mentora tão horrível quanto Layran. Ela não me pressionava nem um pouco. A não ser uma vez em que saiu puxando meu braço mesa como se fosse uma boneca sua. Então eu a ataquei, e tudo foi resolvido. Mas eu não posso atacar a mulher que me treinou desde que eu tinha nove anos. Isso seria uma grande falta de postura, sem dúvida.

 -Bom, de qualquer forma o almoço está servido. Depois que acabarem podem começar a se arrumarem. É o nosso último evento da Turnê. –Effie fala, se levantando e andando em direção a farta mesa.

 Graças a Deus. Essa Turnê já rendeu mais do que o normal.

 Sento-me junto com os outros na mesa e comemos em um silêncio quase intimidante.

 -Todos vocês acabaram? –Effie pergunta, erguendo o pescoço da sua mesa para ver os nossos pratos. –Sugiro que vão se arrumar. Hoje temos muita pressa. O dia vai ser longo.

 Me levanto preguiçosamente da mesa e sigo a minha equipe até o meu quarto, onde começam novamente a me arrumar. Não está fazendo frio no 2 nessa época então meu vestido é quase tão leve quanto o que eu usei para enfrentar o calor do Distrito 4.  Minha sandália de salto leva poucas tiras e é dourada, como frequentemente é.

 Fazem um penteado elaborado que apenas cabelos grandes permitem e minha maquiagem é cheia de brilhos. Ia ser mais brilhante, seu eu não tivesse segurado a mão de Flerwy e dito para ela parar com tanto glitter.

 Depois de pronta, fico andando um pouco pelo quarto, sozinha, uma vez que Katniss já saiu, pensando o que Cato achou da ideia de ficarmos no 2. Eu nunca conversei com Cato sobre qualquer coisa que não seja os Jogos ou nós, então não faço ideia do que ele considera loucura ou não ou o que ele pensa da Capital.

 -Porque estão demorando tanto a arrumar a menina? –ouço uma voz falar e abrir a porta do quarto. Effie. Ela olha ao redor e como não encontra nenhuma equipe, olha confusamente para mim. –O que está fazendo aqui, Clove?

 -Estava pensando.

 -Hum... O 2 chega em vinte minutos. –ela diz, animada como sempre. Como ela consegue estar sempre rindo assim? Mesmo ela sendo da Capital não pode ter tantos motivos assim para rir.

 Effie sorri uma última vez para mim e fecha a porta.

 Será que Enobaria está certa? Ela poderia saber de alguma coisa? Não pode. Snow odeia Vitoriosos de qualquer Distrito. E o povo gosta de mim, acho. Ele não pode enviar a última Vitoriosa e  a mais polêmica para os Jogos. Não de  novo.

 Decido sair e continuar a persuadir Cato. Já no corredor, ouço duas pessoas rindo e conversando. Mas eu não esperava que fosse ser Peeta e Cato. Como assim? Cato tentou matar o Peeta umas duas ou três vezes. Eles não podem ter decidido esquecer tudo. Pessoas normais não fazem isso. Ou pessoas como eu não fazem isso.

 -Você tinha que ter visto a cara dela na entrevista no seu quarto. –Peeta fala, rindo e  abraçando Katniss, que ocasionalmente dá sorrisos para eles.

 -É, ela ia me matar. –Cato diz, também rindo sentado em outro sofá. Não acredito que estou vendo isso... Quanta hipocrisia. No último dia da Turnê, eles vão virar amiguinhos... Ai me poupa... –Ela me olhou com uma cara...

 -Falando de quem? –eu falo, me sentando no mesmo sofá de Cato, erguendo as sobrancelhas e plantando um sorriso sarcástico no meu rosto.

 -De você. Do dia em que nós fomos para o 2, no primeiro dia da Turnê. –Peeta responde.

 -Não me recordo de ter feito qualquer expressão de quem iria matar alguém.

 -Bom, querida, você fez. Na entrevista no meu quarto. –Cato fala, se aproximando de mim.

 -Nem vem deitar aqui. Effie quase teve um infarto da última vez que fez isso. E aquela entrevista foi a mais ridícula da minha vida, Cato. Nunca fiz um papel tão brega. E não quero repeti-lo, então sem essa de beijos e coisas assim, ou eu assino o divórcio antes do casamento. –brinco.

 -Então é melhor eu parar. –ele diz, me beijando. Mas antes dele separar, eu puxo o colarinho da sua camisa e sussurro no seu ouvido:

-Pensou no que eu falei?

 Ele olha para mim, erguendo as sobrancelhas.

 -Clove...

 -Aqui não! – Ai que garoto idiota...

 -Tudo bem... Nós estávamos falando do nosso casamento. Talvez vamos fazer uma cerimônia em casa. –ele mente, para Katniss e Peeta.

 -Ah... O casamento... –Peeta fala, erguendo as sobrancelhas para Katniss.

 -Em fila! –Effie aparece, nos salvando do constrangimento absoluto quando Katniss ficou muda após Peeta lhe lançar a indireta. –Rápido, rápido. Vamos nos atrasar!

 Ela nos empurra para a porta do trem. Enquanto aguardamos a porta se abrir. Cato toma a minha mão e lança um olhar na direção de Katniss e Peeta, atrás de nós. Eu entendo e aceno com a cabeça. É, pelo visto Katniss não escapa...

 As portas finalmente se abrem, me fazendo respirar o ar de casa. Um sorriso cresce em meu rosto. Aceno para a enorme multidão que conseguiu se espremer na Estação. Gritam nossos nomes e pulam para nos ver. Vejo alguns rostos conhecidos, pessoas do treinamento, do comércio, amigos da minha mãe...

 Conseguimos após algum tempo entrar no carro que nos levará ao Edifício. Observo as ruas já conhecidas e me sinto mais confiante. 

  Está com um clima quente aqui e como o vidro do nosso carro está fechado, abafado.

 -Vamos para o Edifício da Justiça, vocês anunciam o noivado e depois vamos para a casa do prefeito. Depois temos a Passeata, o jantar e depois não vamos mais nos ver. –Effie fala, animada no começo, mas logo se entristecendo

 - Effie, vai ter o casamento na Capital, nós vamos ser os mentores nos Jogos... –eu falo. – Vamos nos ver muitas vezes ainda. –Infelizmente, completo na minha mente. Eu não tenho problemas com a Effie, mas vê-la vai sempre significar que eu ainda tenho uma ligação com os Jogos. O que já queria ter tirado da minha mente, como prometido. “Você ganha honra, fama, dinheiro e é deixado em paz para sempre” Essas eras as palavras de Brutus e a propaganda feita em toda Panem para estimular voluntários. Só o que eu ganhei de verdade foi ima fama ridícula e insuportável.

 Se alguma criança que não saiba dos Jogos Vorazes me perguntar porque eu sou famosa, eu gostaria de responder a verdade. “Porque matei 23 pessoas, sabe? O melhor motivo da fama, sem dúvida”. Ridículo.

 Paramos nos fundos do Edifício. Ele é o mais bonito de Panem, uma vez que a Capital não tem um. Descemos do carro e acenamos para algumas pessoas que ficaram nos esperando sair do carro. Em sua maioria crianças, claro. Ninguém sairia de casa para nos ver de livre vontade, sairia?

 Andamos rapidamente pelo corredor, como se estivéssemos atrasados, mas é sempre assim.

 -Lembram de tudo que tem para falar? Por favor não nos passem vergonha. –Effie fala, mais afobada que o normal. –Cato tudo está em suas mãos hoje. Não nos decepcione. Ela continua, arrumando novamente cada detalhe da nossa roupa.

 -Eu sei, mas se der branco eu improviso. –ele fala. Effie leva os olhos de gravata de Peeta para Cato.

 -Tudo bem, eu sei tudo. Calma.

 -Ótimo. Os microfones estão bem posicionados?

 -Estão, Effie. Temos que ir agora.

 -Têm. Podem ir.

 Passamos e somos recepcionados por mais uma multidão. Mas essa é mais conhecida e a que mais gosta de mim, então, a melhor. O 2 é um distrito enorme e sua praça também. Cabe todo mundo dos outros bairros aqui, mas duvido que realmente todos tenham vindo. Tudo bem que é a maior multidão da Turnê, depois da Capital, mas ainda assim o 2  tem mais gente.  Eu localizo a minha família logo perto do palco, acompanhados de Harry. Todos sorrindo.

 Nós saudamos todos e continuamos com a nossa ladainha de sempre. Mas, sempre chega o momento mais difícil, não?

 -Eu gostaria de aproveitar a nossa tão boa companhia e fazer um pedido. –Cato fala, coçando o pescoço. Ele esqueceu a droga do texto. Sorte que Effie vai embora hoje porque se não iríamos passar o resto de nossas vidas ouvido sobre a irresponsabilidade. Ele está muito próximo de mim, na verdade ao meu lado, então eu lhe cutuco fracamente, como lembrete e ele se ajoelha. Finjo surpresa e confusão, me virando para os lados e olhando para Katniss e Peeta como se pedisse uma explicação. Agora posso me gabar para Bryan. Sou uma boa atriz. Mesmo com esse risco de morrermos, essa é a situação mais engraçada da minha vida. Na verdade nem tem graça, mas eu estou tão nervosa que vejo graça em tudo.

 -Cato... O que está fazendo no chão? Vai se sujar... –eu falo, estendendo a minha mão para ele se levantar, exatamente como combinado.

 -Ah não, Clove... –oh ele se lembrou!- Quero a sua mão para outra coisa. –ele fala, puxando a minha mão. –Quer casar comigo?

 Talvez o sorriso que aparece no meu rosto na hora que ele caba de pronunciar essas palavras não seja tão forçado assim. Tá bom, ele não foi forçado. Eu consegui sorrir. Porque esse não é só o pedido de casamento da Capital é também o nosso. A não ser que eu enlouqueça mais ainda e peça para ele me pedir em casamento de novo.

 -Cato, levanta. –eu falo, já improvisando. Ele se levanta e eu pulo nele, num abraço –Eu aceito, claro!

 A multidão berra de alegria. Ótimo não, dois casamentos? Quase posso ouvir as pessoas coloridas da Capital gritando de felicidade. O que eu provavelmente faria se não soubesse que a Capital nunca mais vai nos deixar. Mas ainda tá bom.

 -Você aceita? –ele pergunta, ainda sustentando o abraço.

 -Aceito, claro!

 Nos aplaudem e Cato me beija. Palmas para Cato e eu que administramos essa cena melodramática e várias outras. Honestamente, se isso fosse apenas para nós dois, nós apenas entraríamos no assunto despretensiosamente e então eu iria dizer “é, eu poderia me casar com você”. Pronto, alianças no dedo, e somos noivos. 

 Mas não podemos fazer isso. Temos que, ao menos temporariamente enganar Snow. Até ele decidir vir falar comigo, porque até agora me parece que a Garota do Fogo é seu maior problema e não eu. Ele põe a aliança no meu anelar direito e me beija mais uma vez.

 Depois disso, nós enrolamos mais um pouco e então saímos.

 -Antes que alguém fale, eu não esqueci a fala completamente. Só um pouco dela e deu para reverter. –Cato fala, enquanto vamos para a sala.

 -Deu mesmo. Vamos esquecer isso. –eu falo querendo rir. Nós chegamos à sala onde eu fico. –Até. – lhe dou um beijo e entro, fechando a porta atrás de mim.

 Me sento no sofá oposto ao de Katniss e ficamos lá, sem nada para fazer ou falar.

 -Então é oficial. –ela fala do nada.

 Presumo que ela se refira ao noivado. Qual é o problema dessa garota, ela está com raiva porque vamos nos casar?

 -É sim. –respondo simplesmente.

 -Vamos, meninas. Hoje temos que fazer tudo rápido. –Effie fala da porta.

 Me levanto, encontro Cato no corredor vamos para o carro. Às vezes alguém na rua nos reconhece e acena. Nós acenamos de volta. A casa do prefeito do 2 é muito melhor que a casa do prefeito no 12. E não é implicância, é melhor mesmo.

 O prefeito Stirkie (N/A : Cito [acho tão legal isso. “Eu cito” Top não?] ele no começo da outra fic. Estranho eu ter conseguido me lembrar...) é um homem sem filhos. Mora com a mulher e o sobrinho de 15 anos. Um garoto um tanto quanto metido e chato. Conhecia ele da escola.

 Descemos do carro e, como sempre, Pacificadores abrem a porta da casa para nós. A família, assim como a do 12 nos espera no hall. Nós cumprimentamos educadamente todos e então o garoto, Blolder, me puxa para um abraço de amigo. Como se nós fossemos amigos. Como se eu tivesse algum amigo.

 Um filete de voz de razão na minha mente me manda retribuir o abraço. E assim eu faço, mesmo querendo empurrar longe o garoto. Não gosto que ninguém a mais encoste em mim. É como se esse alguém fosse enfiar uma faca nas minhas costas.

 -Oh, eu me lembro de você na escola! –ele fala me soltando e falando como se isso fosse algo incrível Algo como “Derrubei a Capital, sabiam?”

 Eu sorrio falsamente.

 -Ah eu também. –digo, recuando para perto dos outros.

 Ficamos um tempo enrolando naquela conversa constrangedora e então finalmente Effie nos empurra para cima e começam a me arrumar. Embora eu more aqui, nunca estive na casa do prefeito antes. É bem confortável, mas prefiro a minha. Fazem um daqueles penteados complicados no meu cabelo, me dão um vestido rodado, um par de saltos, me maquiam e estou pronta para a Passeata. Katniss sempre demora mais para se arrumar por que sua marca pessoal é sua trança, então na maioria das vezes ela está com uma.

 Tenho mais uma hora antes de termos que ir para a Passeata. Decido dar uma volta pelo 2. Desço a escada e dou de cara com Blolder que está sentado numa das poltronas da sala de estar.

 Ele ergue os olhos para mim e sorri. Eu sorrio por educação e vou até a porta. Vejo de canto de olho ele se levantando e vindo em minha direção e logo reajo.

 -Hum... Você sabe onde Cato está? Eu achei que ele estivesse aqui no hall, então vim... procurá-lo. –minto.

 -Eu não sei onde ele está, mas se você passar por essa porta vai sair fora da casa, sabe?

 -Oh não, eu não sabia. –ele continua vindo em minha direção. –Então... Eu vou procurar o Cato. – vou de costas até a escada e corro até o andar de cima. Esse pessoal está literalmente ignorando Cato e a aliança no meu dedo. Porque esse idiota está dando em cima de mim? De uma forma ou de outra se eu ficar sozinha ele virá atrás de mim, então eu vou procurar Cato e sumir da vista desse metido para sempre.

Enfio a cabeça pela porta do quarto onde estava.

 -Qual é o quarto onde Cato está? –eu pergunto sem me dirigir a ninguém especificamente.

 -Aqui no do lado. –Ninguém do quarto mexeu a boca, então me viro e vejo o próprio Cato parado atrás de mim. Fecho a porta do quarto, onde continuam arrumando Katniss.

 Ele me beija.

 -Ei você me assustou, sabe? –eu falo, me separando e o abraçando.

 -Eu sei. –ele me abraça de volta e beija o topo da minha cabeça.

 Nós nos afastamos um pouco da porta do quarto.

 -Sabe, eu vi o garoto dando em cima de você...

 Eu ainda estou abraçada a ele e ergo os olhos para ver sua expressão. Os braços dele são tão quentes e tão reconfortantes que sinto como se nada no mundo pudesse me atingir agora. Idiotice, eu sei.

 -Viu, foi? Eu também. Mas eu vou cortar ele.

 -Se você diz...

 -Ah vá, acha mesmo que eu vou trocar você por ele? Ele é chato, é sem graça, nunca salvou minha vida várias vezes, não me viu tentar esfaquear minha mentora, não me viu chorando nem louca, não foi para os Jogos Vorazes comigo....

 -É, tem razão. Você seria louca se me trocasse por outro.

 Sorrio e ergo as sobrancelhas.

 -Pode até ter razão, mas não exagera né...

 Nós rimos.

 -Vamos descer? Eu estou com saudade do 2.

 -Vamos. Você vai avisar pra alguém?

 -Pra que? Não precisa, ainda temos tempo, e vamos voltar antes dele acabar.

 Descemos as escadas e vimos Blolder ainda na sala, lendo. Ele acena com a cabeça para nós.

 -Se alguém perguntar, nós só fomos dar uma volta tá bom? –eu falo meio incerta para ele.

  -O.k, mas eu tenho que saber onde vocês vão de verdade. –ele fala, erguendo as sobrancelhas.

 -Dar uma volta. –Cato fala, obviamente.

 -O.k então. –ele fala fazendo uma expressão desconfiada e voltando lentamente sua atenção para o livro.

 Eu finalmente abro a porta e nos livro daquele constrangimento. Estar em casa me faz sorrir. O 2 é o melhor Distrito de Panem, mesmo que alguns idiotas digam que o 1 é melhor. Nós somos os mais mimados da Capital, e isso é bom para nós, mesmo que pareça repugnante.

 Andamos de mãos dadas até a minha parte preferida do Distrito 2, a praça periférica. Nós chamamos ela assim porque ela fica no bairro principal do 2, mas atrás da Praça Principal, onde ocorre a Colheita e essas coisas todas da Capital. Aqui que fica a fonte que espirra água nas pessoas.

 Eu chego o máximo que posso perto da fonte e então eu vejo Cato chegando perto demais de mim.

 -Se você está pensando em me empurrar aqui, Effie vai enlouquecer. –aviso, sussurrando. – Outro dia você pode me empurrar, hoje não. Ou se possível, nunca.

 -Eu acho que queria te empurrar, mas não é isso não. Que perfume bom o seu. –ele fala.

 -Então o que é, garoto?

 -Olha quem mais está aqui na praça. –ele sussurra, me abraçando. –Disfarça.

 Eu me viro disfarçadamente e não acredito no que vejo. Lily. Lily, mas não Lily sozinha. Lily e um menino. Um menino e Lily. Como um casal, de mãos dadas.

 -Eu disse pra disfarçar. Clove, desfaz essa cara de ódio.

 -E- eu... Cato, ela é muito nova!

 -Fala baixo... Quantos anos ela tem?

 -Ela tem 13... Não, ela fez 14, mês passado. Mas ainda é muito nova!

 -Clove, claro que não é. Se eu te conhecesse com 14...

 -Shiu, não interessa. Quem é o menino?

 -Ele treina com ela?

 -Treina com ela?! Na Estação, não é...?

 -Clove, para de encarar. Eu não devia ter te falado...

 -Ah, fez muito bem em me falar. Eu vi esse menino. Do lado dela na Aparição Pública. Mas eu achei que estava só do lado dela. Será que meu pai sabe disso?

  -Se não sabe você não vai falar. Não é? –ele diz, beijando meu pescoço.

 -Não sei disso não. Nem vem tentar me subornar, senhor. Que garotinha pilantra... Vem, Cato, vamos passar perto dela pra ela me apresentar o menino. –eu digo, andando até perto o suficiente da vista dela. Nossa, uma rebelião na minha porta e eu me preocupando com o namorado da minha irmã. Mas isso é sério, ela é muito nova.

 Ele tem cabelos meio arruivados e olhos azuis. Mais alto que ela.

 Cato me estende o braço e sussurra para eu ser mais discreta, mas isso nunca foi meu forte. Estamos só um pouco acima de Lily e “despretensiosamente” viro meu pescoço para trás e observo a sua expressão ao me ver.

 Sorrio para ela e me viro para  falar algo com Cato, como se para avisá-lo que a vi. Nós então voltamos.

 -O-oi Clove. Eu não sabia que já tinha acabado a Turnê... Você passou em casa? –ela diz, nervosa, soltando lentamente da mão do garoto.

 -Ah não, não acabou. Temos algum tempo então eu quis vim aqui. Mas então não vai me apresentar o seu...?

 -Meu amigo, Clove. –ela diz, suando.

 -Calma, a gente sabe que ele é seu namorado. –Cato fala.

 -Cato! –eu falo. Que idiotice a dele, perdi a moral.

 -O que foi? Você sabe, Clove.

 Eu reviro os olhos.

 -Então qual é seu nome, namorado da minha irmã? –eu falo.

 -Ian. Ian Solace (N/A: Não é parente do Will Solace, não, viu? Eu tava sem ideia para nomes ou sobrenomes, como sempre.) – Ele diz, um pouco constrangido.

 -Hum... olha infelizmente já está na hora de voltarmos para a casa do prefeito, mas depois nós conversamos, tá bom? –eu digo para eles.

 -Tá... –Lily fala, parecendo aliviada.

 Eu sorrio uma última vez e viro as costas para voltar para a casa do prefeito.

 -Clove, você deixou o menino constrangido. “Qual é o seu nome, namorado da minha irmã?”. –Cato diz, do meu lado, fazendo voz de falsete.

 -Eu não falo assim. E ... ela é muito nova! Eu sabia, sabia que tinha que ter ido com ela todos os dias para o treinamento! E o pior é que... –nem consigo completar a frase.

 -O que é o pior, baixinha?

 -Cato, nós vamos ter que fugir, não é?

 -Talvez, mas...

  -E se ela não quiser ir? E se quiser ficar pra rebelião por causa do garoto? Cato, toda minha família vai morrer! Ninguém vai querer deixar ela, nem eu! Estamos... –Minha garganta se aperta ao pensar em tudo isso e faz parecer que estou prestes a chorar. Mas eu não estou.

 -Clove... –ele me olha como se quisesse rir e me abraça, enquanto andamos pelas ruas quase vazias. – Clove, é só um namoro, uma besteirinha e...

 -Foi o que eu pensei quando você começou a dar em cima de mim! Eu estava segura que nunca ia me apaixonar, que poderia... sei lá! E olha só onde eu estou... E se engatar?

 Ele para de rir por um instante.

 -Olha aqui, baixinha. –eu olho para ele, meio relutante. Ele vai acabar me convencendo... –Clove, ela vai escutar você. Todo mundo te escuta. O que você disser que vai ser melhor para ela vai acreditar...

 -Cato, ela ainda mais marrenta que eu...

 -Esquece isso, temos tempo para conversar com ela.

 -E pressupondo que Snow não resolva nos matar antes disso.

 -Ele não vai. –Cato se inclina sobre mim e me beija.

 Desisto de tentar convencê-lo e andamos em silêncio até a casa do prefeito. Cato abre a porta e me deixa passar primeiro. Sorrio para ele e entro. O hall está uma loucura, as pessoas continuam correndo e falando alto.

 -Ah achei vocês! –Effie fala, vindo até nós. Estamos impecáveis, já estamos quase saindo.  

 -E essa correria toda é pra que? –eu pergunto, ela já saindo.

 -Por causa do jantar, querida! –ela grita entrando na cozinha do prefeito. Eu me sento em um dos sofás e jogo minha cabeça para trás. Escuto um barulho de saltos e sei que deveria me ajeitar para não levar bronca da Effie, mas não sinto vontade.

 E é só Katniss e Peeta.

 Eles ficam em pé, provavelmente esperando que um de nós se levante para eles sentarem. Cato levanta e se senta do meu lado no sofá, deixando o outro livre.

  - Então depois disso nunca mais vamos nos ver... –Peeta começa.

 Aceno com a cabeça e volto a posição certa. Ele continua falando com a Katniss que jamais imaginaria que teria tanto contato com pessoas do 2 e tudo o mais. Aquele romancezinho enjoativo todo. Eu nunca mais vou ver eles, passamos tanto tempo juntos e eu ainda não me acostumei com isso. É muito nojento. Fora que o garoto está se declarando o tempo todo, dizendo que ama ela, que ela é linda, e ela fica só com aquela cara ridícula, com um sorrisinho idiota no rosto. Ela podia dar logo um fora nele e só aparecer para a Capital, porque longe disso eles não estão.

 -Vamos, já está na hora da Passeata. - Effie diz, já andando para a porta.

 Foi quase a mesma coisa do 12, mas daqui eu posso ver minha família e muita mais gente conhecida. E também andamos mais, claro. Passamos por todos os bairros do 2, passando perto da principal montanha mineira. (N/A : A Noz, sabe?)

 Nós voltamos para a casa do prefeito depois da Passeata e somos novamente arrumados para a noite no jantar. O nosso último.

 Organizamos a nossa procissão e descemos para a área gramada da casa do prefeito. Está mais bonita e mais arrumada que a do 12.  Cato dança com algumas garotas que vieram dos outros bairros, eu também acabo dançando e depois nós dois ficamos com ciúmes.

                                           ***

  Estamos na Estação de trem, nos despedindo. Effie não consegue se segurar e deixa as lágrimas caírem por seu rosto maquiado, porém sem causar nenhum dano. Alexander e as equipes a acompanham e derrubam duradouras lágrimas. Cinna apenas comenta o quão foi bom passar o tempo com a gente, mas é claro, isso foi por educação, porque nós só causamos problemas para a equipe. Como eu sempre faço, não me canso de causar problemas.

 Nós nos despedimos, abraçamos todos, menos Katniss e Peeta. Eu aperto a mão de Katniss e vejo uma coisa pouco esperada: Peeta abraçando Cato. A mesma conversinha do trem. Então Peeta sorri para mim e também me abraça. É estranho, mas talvez eu vá sentir falta deles. Não vai ter mais aquelas cenas ridículas para me fazer rir ou Haymitch bêbado, soltando piadinhas infames.

 Me separo de Peeta e então eles todos entram no trem. Acenamos por um tempo.

 -É, voltamos à nossa vida normal. –diz Layran.

 Oh, eu duvido disso...

Nos viramos e vamos embora, com nossas roupas de festa, andando pelas ruas escuras do Distrito 2 até a Vila dos Vitoriosos.

 -Até. –Enobaria diz, seca como sempre, quando chegamos na Vila. Logo Justin e Layran dão boa noite e sobram apenas Cato e eu. Nós ficamos um tempo abraçados e nos beijando até que resolvemos entrar.

 -Acho que você deixou seu irmão na minha casa... –eu brinco, com os braços em volta do seu pescoço.

 -Me lembro vagamente disso...

 Nós nos separamos e andamos em direção a minha casa. Encontramos todos sentados, ainda com as roupas que compareceram ao jantar.

 Assim que entramos, Lily arregala os olhos. Eu sorrio e sacudo a cabeça para ela, em uma forma de dizer que eu não vou contar. Não ainda.

 -Como são os outros distritos? –Harry nos pergunta, depois que todos já nos abraçaram.

 -São da mesma forma que mostram na TV. Feios. O 2 é o mais bonito. –eu respondo.

 -Acho que já está na hora de irmos. –Cato fala, se levantando.

 -Vou pegar as malas do Harry, então. –Catherine fala, se levantando e subindo correndo as escadas.

 Depois que ela volta, eu vou até a porta, acompanhá-los, dou um selinho em Cato e um abraço no Harry. Todos já foram deitar. Ótimo, apagaram tudo e me deixaram sozinha aqui para subir as escadas com o salto. Como se eu tivesse demorado na porta com os meninos.

 Lentamente, subo as escadas e vejo Bryan na janela do corredor, olhando para fora.

 -O que tem de tão bom para ser visto aí? –eu pergunto, empurrando ele e ficando do seu lado.

 -Nada. E então, como foi? –ele pergunta, sussurrando.

 -Péssimo. Snow não se convenceu.

 -Previsível.

 -Sou uma ótima atriz, a culpa é da Katniss.

 -Ele só queria brincar com vocês. Não ia se convencer de jeito nenhum, nem se você anunciasse uma gravidez. –ele então parece se lembrar de algo e se vira para mim com os olhos arregalados, me fazendo desviar o olhar da janela e encará-lo. –Você não está grávida. Não é?

 -Não! –Uma pergunta dessa à essa hora da noite...-Claro que não.

 -Então tá.

 -Bryan, eu vou me casar.

 Ele arregala os olhos.

 -Com quem? Clove disfarça pelo menos antes de anunciar para todo mundo que está traindo o Cato!

 -Eu vou me casar com o Cato, idiota.

 -Ah... Vai é? Porque?

 -Porque eu quero, ora. E também por causa de Snow.

 -Hum...

 -É, eu vou dormir. Boa noite.

 -Boa noite. Sonhe com o Fortão.

 -Idiota. –digo, entrando no meu quarto. Minha mãe o manteve arrumado. Entro no banheiro e saio apenas quando já estou absolutamente limpa de toda aquela maquiagem da Capital. Me deito e penso no que farei daqui para frente. Não existe mais Turnê para que eu diga que ainda há tempo. Tenho que conversar com todos e propor a ideia da fuga. Isso é algo que exige cuidados.

 Amanhã, sem dúvida tratarei disso. Mas só amanhã.


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Notas finais do capítulo

Pessoas gatas e fofas que me deixam Reviews sempre, deixem outro, pessoas lindas e preguiçosas que me deixam Reviews às vezes, deixem hoje, pessoas conhecidas como "leitores fantasmas", vocês existem, eu sei, e também sei quem são vocês... (Muua há há)deixem Reviews hoje, please... Tô carente...



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