Talking To A Moon escrita por Rach Heck


Capítulo 8
I'm Yours


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora para postar este capitulo. O Edmundo - meu caranguejo - morreu, dia 07/06/12, e desculpem, não estava com cabeça para escrever... Vamos ao capitulo, que dedico ao Crab Directioner. Espero que gostem. Ah, e para quem não entendeu o nome do capitulo, o Liam já fez cover desta música e enfim, é isso. Quando não forem músicas deles, serão covers que eles fizeram. Obrigada pela compreensão.



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– Alô? - Tentei fazer a minha melhor voz, ou, a unica que não era de choro. Minha mãe me encarava sorridente, as mãos ainda esticadas, como se eu ainda não tivesse pego o telefone.
– Garota, como você faz falta! - Minha tia exclamou. Sua voz parecia uma âncora, algo que me segurava ao meu lugar. Respirei fundo. As lágrimas subindo pela garganta.
– Também estou com saudades, tia.
– Hoje Charlotte disse sua primeira palavra... Ficamos felizes, mas tivemos um pouco de ciúmes. - Ela riu. - Na verdade, ela chamou por um nome... Mari... Conhece alguém com esse nome? - Sorri, sem pensar, sem esforços, eu simplesmente sorri. Uma alusão à voz de Lotte sussurrou em minha mente, o sotaque britânico pronunciando Mari, que provavelmente deveria ter sido algo como merri. Fiquei calada. Apenas sorrindo. - Semana que vem é o aniversário dela, e, bem, acho que é quase impossível não ter você aqui. Sua mãe disse que suas férias começam na próxima semana, mas a saudade aqui está demais, depois que Charlotte aprendeu a falar teu nome, não para mais de repetir. Acho que agora entendemos porque ela chorava olhando para as escadas... Então, que tal adiantarmos as suas férias? - Meu coração parou. Fechei os olhos e sussurrei para a Lua. Não existe nenhuma amiga como ela. - Vou interpretar esse teu silêncio como um sim, hein. - Ela gargalhou. - E como você sabe o quanto sua tia é louca, e sua mãe também não fica muito atrás, já estávamos planejando trazê-la para a festa, mas hoje foi a gota. Você vem amanhã. Espero que já esteja arrumando as malas enquanto fala comigo, e por isso está tão calada...
– Tia, eu... Eu não sei nem o que falar. - Sabia que quando falasse as lágrimas viriam, mas não me contive.
– Não precisa falar nada, só esteja naquele avião amanhã cedo. - Ouvi o que parecia Lotte chamando meu nome. - Sim, Char, é a Mari. Fale aqui com ela.
– Merrri? - A vozinha de Lotte fez meu sorriso se tornar quase humanamente impossível enquanto as lágrimas ainda desciam.
– Oi meu amor. - Disse, mas depois me lembrei que não deveria falar em português. - Eu também estou com saudades. Mas logo vou estar aí, ok?
– Merrri. - Ela riu.
– Mari? - Minha tia pegou o telefone de volta. - Pode passar para a sua mãe? Ainda temos que acertar algumas coisas. - Disse após eu assentir. Passei o telefone e esperei minha mãe sair e fechar a porta.

Os posters me encaravam, o que antes me fazia chorar, agora me prendia, me fazia querer rir, querer ficar ali encarando o sorriso dele.
– Não sei nem como agradecer. - Sussurrei após abrir a janela novamente. - É como se... Como se houvessem me dado uma segunda chance, e eu sei que você tem parte na culpa. - Sorri. O coração parecia estar se esvaziando da dor. - Vou arrumar as malas, não saia daí! - Exclamei. Como se a Lua fosse se mover.

O despertador que não tocava. Eu sei que minha mãe mandara eu ir dormir, mas acordei três horas antes de o despertador tocar, e desde então não consegui fechar os olhos. Era um misto de saudades, esperanças... Era como se houvesse vida novamente correndo em minhas veias.

Num piscar de olhos, e eu já havia desembarcado. Minha tia veio ao meu encontro, Lotte em seus braços, mas antes que pudesse raciocinar, o anjinho loiro estava com seus bracinhos em volta do meu pescoço, repetindo sorridente a única palavra que sabia. O meu nome. Ou apelido, como preferir.
– Meu Deus como senti saudades. – Disse, fungando o máximo que pude, sugando e sentindo todo o cheiro possível que meus pulmões suportavam.
– Acho que só sentiu saudades dela né. – A mulher de cabelos curtos e castanhos caramelados fez-se de ciumenta.
– Olha, não queria dizer isso, mas acho que você já descobriu né... – Rimos ao final da frase, enquanto Lotte me encarava doce. Provavelmente ela deve achar bonitinho quando falo em português, uma vez que todos a sua volta falam um idioma, e então chega uma menina estranha, e louca devo acrescentar, e fala engraçado. Não sei se ela já consegue distinguir idiomas. Vamos lá, eu gosto de crianças, não sou um manual de autoajuda para pais e babás de primeira viagem.

A casa estava escura e vazia. Pensei que iria encontrar Genevieve na sala, assistindo TV ou pintando as unhas. Mas não havia ninguém.
– Dá um aperto no peito, não? Não sei se vou suportar viver assim todos os dias... Por isso estou... – Minha tia suspirou e largou as chaves na mesinha de canto. – Vá desfazer suas malas, instale-se no seu quarto, que será todo seu por uma semana né. – Ela sorriu. – Até que a senhorita Fernanda, a bagunceira, venha. E depois, se puder, desça que eu gostaria muito de conversar com você. – A encarei confusa e Lotte se balançou em meu colo, mas Karla não demonstrou um sinal de que falaria mais nada. Tentei pegar o máximo de malas que consegui com uma mão, e subi. Pegaria as outras depois.

O anjinho loiro brincava com uma de minhas meias, e parecia realmente se divertir, pois balançava-se para frente e para trás, como se estivesse dançando.
– Ai Niall, nos deram outra chance, mas, será que desta vez vai dar certo? – Suspirei enquanto dobrava minhas roupas no armário.
– Merrri... – Lotte riu, e eu virei para encará-la. O peito estufado de orgulho. Sua primeira palavra havia sido Mari. Era a maior honra que eu já havia recebido. Sorri de volta, aqueles sorrisos bobos, como quando nos apaixonamos no maternal, e víamos o menininho que nos fazia suspirar, mas ali, eu sorria boba pois por um instante acreditei estar olhando para minha filha, e a esperança corroeu em meu peito, esperança de que ele entrasse pela porta e me desse um beijo, pegasse nossa filha nos braços e...
– Merrri. – Ela chamou novamente, fazendo meus olhos focarem no presente, na realidade, devo amargamente acrescentar.
– Acho que alguém gostou do meu chulé. – Disse levantando e sentando na cama. – Que nojinho senhorita Charlotte. – Fiz cócegas leves em seu abdômen, e ela gargalhava, aquela risada que eu tanto precisei, que tanto lembrei durante as noites nostálgicas. – A tia Karla deve estar nos esperando. – Agradeci mentalmente a mim mesma por lembrar de falar pelo menos essa frase em inglês. Era sempre assim quando estava com Lotte.

Peguei o anjinho loiro no colo e saí do quarto. Fiquei anotando mentalmente não surtar de curiosidade durante todo o tempo em que arrumei as minhas coisas, mas era impossível me controlar enquanto descia as escadas. Lotte sorria.


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