Talking To A Moon escrita por Rach Heck


Capítulo 14
I Want


Notas iniciais do capítulo

Um pequeno bônus do Steven para compensar esse tempo em que eu estive sem internet. E, como é um bônus, não tem muito a ver com a história, portanto, que tal reviews nos dois? No capitulo anterior e nesse bônus. Obrigada :3 xx



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– Eu quero ser modelo. – Impôs, equilibrando-se em um dos galhos da enorme árvore em que brincávamos, os longos cabelos castanho claros chicoteando ao vento.

Aquela era Anabelle Champoudry, tínhamos apenas oito anos, mas ela era a garota por quem eu era completamente apaixonado.

– Ainda está aqui? – Sua voz doce ecoou em meus ouvidos, despertando-me de minhas lembranças. Essa nostalgia constante está me enlouquecendo.
– Pra mim? Ah, não precisava. – Abri um sorriso, referindo-me ao café que ela trazia em mãos.
– Sai dessa vida seu modelinho de araque. – Gargalhou. Lembrou-me Mariana por alguns segundos. A mesma risada. Seria possível?
– Engraçado você aparecer, estava lembrando dos nossos tempos de criança.
– Apaga isso da memoria. Eu parecia uma vara pau.
– Ainda parece né. – Fiz uma careta, referindo-me ao seu corpo de modelo. Claro que era apenas uma ironia, seu corpo escultural faria qualquer mulher cair aos seus pés clamando por seu segredo.
– Lembra-se daquela árvore? – Ela riu. – Era árvore de que aquilo mesmo?
– Não faço a menor ideia... Acha que nossos nomes ainda estão cravados lá?
– Se não estiverem, algo muito mais importante está... – Referiu-se a algo que minha memoria fez questão de lembrar-se.

Chovia tanto que eu pensava que o céu estava desabando. Nossas roupas estavam encharcadas. Rezava para que não começassem os trovões. Sabe o que dizem sobre árvores...
– Acha que esse galho nos aguenta? – Gritava contra o vento forte e a chuva. Seu vestido completamente molhado, mostrando o corpo que a puberdade estava lhe presenteando. Não conseguia raciocinar, os lábios dela se moviam, molhados pelo temporal. Sabia que os arrepios que tomavam meu corpo não eram de todo pelo frio. – Digo, a chuva está muito forte e...

Eu a beijei. E nada do mundo fora do pequeno espaço de nossos corpos importou.

– Meu primeiro beijo. – Ela riu. Por um momento me pareceu que realmente se importara... Quis beijá-la novamente ali mesmo, oito anos depois.
– O meu também. – Sorri.
– Atrevidinho você hein, me beijar na nossa árvore em meio a um temporal horroroso? Aposto que tinha visto um filme e ficou com isso na cabeça. Como sempre eu fora a vitima. – Zombou.
– Por falar em filmes, acho que assisti um na semana passada... – Disse me aproximando, descartando qualquer distancia entre nós. Anabelle fazia isso comigo, me fazia esquecer as regras, a timidez.
– É? E como era o filme? – Ainda levava na brincadeira. Isso me irrita nela. Tudo é em tom de brincadeira. E eu não queria mais brincar.
– O garoto e a garota estavam sozinhos no trailer de roupas, após uma tarde maçante de fotos, ambos se gostavam desde a infância...
– Ah, muito clichê. – Tomou um gole do café que segurava.
– Calma, ainda não cheguei à melhor parte. – Peguei o café de suas mãos e o apoiei em cima da bancada onde se depositavam as maquiagens. – O vento lá fora rugia, e ambos sentiam necessidade um do outro. Ele cada vez mais perto, ela cada vez mais ansiava por isso. – O espaço entre nós era quase nulo. – Ele então passou um de seus braços pela cintura dela, puxando-a contra si. – Fiz como em minhas palavras. O coração martelando contra as costelas.
– E então? – Sussurrou. A voz quase anestesiada. Algo em meu coração vibrou. Será que ela...
– Opa, opa! – Carlito abriu a porta do trailer com um estrondo. – Não tirem a noite de hoje para tirarem a carência alheia, temos uma festa mais tarde. Vão para casa se arrumar, agora! – Exclamou. Anabelle pegou seu café novamente, e eu vesti minha jaqueta que se encontrava pendurada na cadeira.
– Como terminava o filme? – Sussurrou para mim ao sairmos do trailer, Carlito fechava a porta às nossas costas, um pouco afastado demais para nos ouvir.
– Eles se beijavam e se amavam por todo o trailer. – Sorri sem jeito. Ela gargalhou.
– Você fica vendo esses filmes de madrugada... – Disse ainda gargalhando. Senti minhas bochechas ruborizarem. Anabelle e sua vida no mundo da brincadeira.

A festa estava um saco. Na verdade, nunca fui bom nessas sociais. Meu sorriso forçado não dura mais que alguns minutos.
– Boa noite, o rapaz precisa de companhia? – Ela tinha os fios curtos presos num coque.
– Está conciliando os trabalhos?
– Tem que ser assim né, sustentar a vida de luxo. – Gargalhou. Visivelmente bêbada.
– Não acha que já bebeu demais, Belle? – Tentei tirar a taça de sua mão, completamente em vão.
– Me deixa. – Fez cara séria. – Ainda pensando no passado? – Sentou-se no banco ao lado do meu.
– Estava pensando na incrível coincidência de o olheiro que me descobriu como modelo ser da mesma agencia que a sua. – Apertei os olhos desconfiado. Ela riu.
– Apenas coincidências da vida. – Gargalhou, alto demais para alguém sóbrio. – Mas me diga, o que faria mesmo se não fosse modelo? – Inquiriu, como se não soubesse de cor.
– Seria veterinário... E estaria bem longe de você. – Tentei fingir que isso era algo bom.
– Viu, foi bom terem te descoberto. O que seria de você sem mim? Sabe que não passa um dia sem pensar nos meus olhos cor de avelã. – Me encarou soberba. Outra lembrança me atingiu. Afastei-a com um gole no drink em minhas mãos. Não gostava de lembrar do dia em que dissera sobre seus olhos. Meu celular vibrou.

Sorri ao pensar que fosse Mariana. Fazia um mês que não respondia minhas mensagens e minhas chamadas. Já estava preocupado. Era a operadora.

Onde estava aquela menina da risada doce?

Atrás de você, seu estúpido.

Não... Digo, a outra. Ou a mesma. Ou... Droga Steven, onde você foi se meter?


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