Amor e orgulho escrita por Karmen Bennett


Capítulo 12
Capítulo 12: A carta


Notas iniciais do capítulo

Como prometido! Aqui esta a continuação de ontem e um pouco mais. "♫Orgulhoso, eu não, me ajoelhei pra ter seu coração..." trecho da musica de Luan Santana, "As lembranças vão na mala". Vcs vão entender o pq! Nesse cap, a carta, uma conversa e uma visita. Boa leitura!



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Cara Sam, eu pensei muito antes de escrever essa carta. Se devia ou não te revelar planos tão imperfeitos e impossíveis quanto os meus. Resolvi te escrever frente aos últimos acontecimentos, que me chamaram a realidade. Ao contrario do que você pensa, não fiquei bravo com aquela fofoca que inventaram sobre a gente, não é de todo falsa. Parte do meu sucesso atual devo a você, que é e sempre será minha grande inspiração. Inteligente, corajosa e determinada. Mas aquela manchete me mostrou que eu na verdade sou um grande peso na sua vida.

Primeiro te magoei com a Carly, e depois deixei você ir embora brigada comigo. É verdade que naquela época e mesmo hoje tenho muitas duvidas quanto a seus sentimentos por mim, frente a sua frieza, mas ainda assim, sinto-me culpado por não ter lutado por você como devia. Mais culpado ainda por essa mágoa que você parece carregar em seu coração que te transformou em alguém frio e arrogante. Isso me faz querer você longe, pois olhar em seus olhos e ver o desprezo que você sente por mim me corta ao meio.

Contraditório não é? Eu mesmo ter plantado a semente que me repele de você? Mas creio que não tenha sido voluntariamente, no fundo acho que o ódio entre nós venceu no fim das contas. Sim, pois sempre tivemos uma relação de amor e ódio. Eu te amo, você me odeia, mas se sente confusa por eu ser o único “que te abraça mesmo quando to com raiva de você”. Acho que é isso, eu te deixo confusa, mas isso caba aqui, apenas permita-me lhe explicar algumas tolices que eu fiz por conta disso.

Quando terminamos, há anos atrás, você voltou a me tratar de maneira fria, e vivia entrando em copetição comigo, nunca entendi isso. Não vou negar que lhe admiro e muito por você sempre conseguir o que quer, mas por que tem sempre que ser passando por cima de mim? E por que você nunca demonstrou ciúmes quando eu fingi que voltava a me interessar pela Carly? Tudo o que eu queria era que você olhasse pra mim, mas não. Você ficou com aquele mauricinho no elevador onde disse me amar, eu chorei a noite toda depois que soube, e resolvi dar o troco. Voltava atrás cada vez que via seus cachos loiros projetados em minha frente, mas quando você conseguiu ser admitida em Harvard e eu não, senti que você estava determinada a me destruir. Entrei no jogo. Mais uma vez você se mostrou indiferente frente ao meu relacionamento com a Carly, e mais uma vez me senti flagelado, percebi que você não me amava. Só falava de sua admissão e fazia questão de jogar em minha cara, que era melhor que eu, aliás, até hoje, não é? Não entendo por que você me odeia tanto, vou morrer sem entender.

Ao contrario do que você pensa, eu nunca me senti mal com seu sucesso, ao contrario, comemoro todas as suas vitórias. Mas o problemas é que elas afastam você de mim, sua mania de competir comigo, faz você se comprazer com meu fracasso, não esqueça do acampamento de tecnologia que você arruinou. Talvez, se não fosse aquilo eu teria conseguido ser admitido em Harvard, mas eu não te passei aquilo na cara nunca mais. O que passou, passou, mas você gosta de mexer em feridas cicatrizadas pra se vitimizar o tempo todo, então como você vê, nós dois nos magoamos e por mais que você tente negar, é fato. A diferença é que meus erros foram por amor, os seus por ódio. Pra mim já esta suficientemente claro que você me odeia, sempre me odiou.

Ainda assim, eu prometi a mim mesmo que iria lutar por você, mas só quando eu chegasse no mesmo nível profissional que você. Até la, não lhe dirigiria mais uma única palavra. Bom, 10 anos se passaram e eu não consegui, e ainda por cima destruí nossa amizade. Acho que nunca conseguirei me nivelar a você. Depois de ver sua atuação naquela mesa de reunião, o respeito que você impõe aqueles homens, estou certo, de que você é melhor do que eu, sempre será. Até estaria disposto a viver com você passando isso em minha cara constantemente se tivesse certeza de que você me ama. De que não sou apenas um brinquedo em suas mãos. De que você me quer de noite e de dia.

Mas acho que isso é impossível. Acho que me tornei apenas um passatempo pra você. Não faz diferença dizer “eu te amo”, você não acredita. E se acredita, não se importa. Nem sei se algum dia se importou.

Eu não vou lhe importunar mais, não nos veremos mais. Volto pra Seattle no lançamento do meu jogo, daqui a três meses e depois volto para a França, onde viverei pra sempre.

Te deixo livre de mim. Do fundo do coração, Sam me desculpe por tudo, e espero que possamos ao menos manter uma relação cordial á distancia, já que é amiga da minha mãe. Alias, obrigada por tudo o que fez por ela, nunca saberei te agradecer o suficiente.

Até breve,

Freddie

Freddie relia aquela carta pela milésima vez àquela tarde. Já estava ali há varias semanas, sem contato algum com o pessoal de Seattle e as únicas noticias que tinham eram de seu assistente, acerca do projeto. Corria tudo bem, a diretora executiva estava no comando e não deixava a peteca cair.

Esquecera de mencionar na carta o email que recebera de Sam em nome da Apple. Ela agradecia formalmente pela aceitação do acordo e dizia que “todos da companhia lhe eram solidários frente as calunias levantadas a seu respeito”. Mais frieza, tudo o que ele mais amava. E esquecera de mencionar também o seu projeto. Poderia ter falado, ao menos parcialmente como fizera com Gibby. Mas achou melhor encerrar por ali.

Estava sentado no sofá da sala observando as milhares de fotos que possuía de Sam armazenada em seu computador, quando a maçaneta da porta girou.

Um homem alto, de 54 anos, de cabelos grisalhos e olhos castanhos, entrou pela porta da sala e sentou-se ao seu lado. Era irmão do pai de Freddie, que morrera doente aos 35 anos. Um homem xucro, sem estudo, mas com um grande coração. Cuidava da casa sobrinho e da cunhada quando eles estavam ausentes, e adorava quando os mesmos vinham visita-lo.

Ficou encarando a expressão triste de Freddie até que esse se voltou para ele.

–Oi, tio Malcolm. –Cumprimentou Freddie em tom entediado.

–Freddie meu filho, ainda aquela menina? –Perguntou com sua voz grave.

–Não, tio. –Ele fechou o notebook onde lia a carta e via as fotos. -Agora acabou, pra sempre.

–Nem você acredita nisso, não é?

–Como é?

–Fala nessa menina loira desde os 12 anos, primeiro dizia que odiava, depois que amava, depois que odiava de novo, e por ai vai. Isso não vai ter fim meu filho, pede logo a diaba em casamento.

Freddie riu.

–Não.-Ele soltou um riso triste. - Ela não me ama.

–Será? Então por que você ama tanto ela?

–Por que... –Ele hesitou confuso. Não encontrou uma resposta.

–Meu filho, vai por mim que sou velho e calejado. Mulher braba, tem que ser no cabresto. Pede a dita cuja em casamento, primeiro vai manso, com flores, poesias, depois tu doma ela. Faz logo três filho, ela já vai ta presa a você. E pronto. E outra, num deixa ela trabalhar não esse negocio de mulher trabalhando é ruim.

–Também acho. –Freddie segurava o riso como podia. -Mas tirar uma profissional como ela do mercado seria um crime.

–Eu não posso com essas modernices. Quem cuida das crianças, da casa, da comida?

–Tio você ta falando de uma esposa ou de uma empregada?

O velho coçou a cabeça impaciente e mirou o jovem nos olhos.

–Freddie, meu filho só posso te dizer uma coisa. Tem gente que vive uma vida inteira sem encontrar um amor de verdade. E quando encontra, troca por dinheiro, trabalho, e outras bobagens que depois a gente se da conta que não vale de nada. Faz isso não. Ela é solteira?

–É, mas....

–Pronto. Joga o orgulho fora, se ajoelha, corre atrás, se ela quiser trabalhar, deixa, essas moças moderna não tem jeito, mas eu te conheço Freddie. Orgulhoso como você é, não ficaria atrás dela desse jeito se ela não ligasse nem um pouquinho pra você.

–Bem lembrado. -Disse pedantemente. -Eu sou orgulho demais pra me ajoelhar aos pés de alguém.

O velho pôs a mão no ombro dele e se desfez do tom solidário passando a um sentencioso.

–Então, quando tu tiver velho e arrependido, você me diz se teu orgulho é tão boa companhia assim.

O homem levantou e se dirigiu até a porta. Virou-se antes de sair e disse ao sobrinho:

–E vamo levantando daí que o Jerônimo já pegou as iscas e a gente ta indo pescar!

A chácara era um lugar bonito e prazeroso. Havia uma cachoeira próxima, e um lago onde os moradores costumavam pescar. Os parentes moravam em casas bem proximas umas das outras. Freddie passava as tardes se divertindo com o tio e os primos pescando, cavalgando ou jogando conversa fora enquanto jogavam dominó ou baralho.

Apesar do pai ter morrido cedo, tinha mais contato com os parentes paternos. A família da mãe, eram pessoas paranoicas como ela, e só falavam de medicamentos e produtos antibacterianos. Em contrapartida, a família do pai era divertida e muito mais amorosa com ele. Quando criança, costumava visita-los nas férias, e sempre que podia ligava para todos.

Certa tarde, enquanto pescava, sua prima Kelly, uma menina de oito anos, morena como ele, o gritou da beira do lago:

–Freddie! Tem uma moça procurando por você! Ela ta la na sua porta!

Freddie achou que a prima havia se enganado. Tinha fama de mentirosa, e adorava pregar peças. Adorava ela, pois lhe lembrava Sam. Gritou um “eu já vou”, e permaneceu na pequena embarcação por mais algumas horas e retornou para casa as cinco.

Quando cruzou o portão, reconheceu o carro parado na porta e sobressaltou-se. Entrou em casa desesperado, mas não havia ninguém. Ela não poderia entrar com a porta fechada. Foi então que entrou em pânico. A prima deveria ter conduzido a visitante ao único lugar onde Sam não poderia ir. A casa dos avós, que era a mais próxima. Dois idosos, na forma mais respeitosa de se expressar inconvenientes e intrometidos a quem Freddie muito se queixava de Sam quando criança.

Temia pelo que eles pudessem dizer. Pôs a mão na cabeça, não sabia se ia até la ou se esperava alguém avisa-la sobre seu regresso. Pelo tempo que ela já estava la, o estrago já tinha sido grande. Tomou um banho e se vestiu apressadamente. Temia pelo que Sam tivesse ouvido de sua família. Qual Benson vivente ainda não tinha ouvido falar de Sam Puckett? Era a raposa no galinheiro.

Apressou-se e assim que chegou a casa da avó ouviu risos altos. O coração gelou. Hesitou.

–Freddie! -Era a prima de novo. Veio correndo em sua direção.

–O que esta fazendo aqui fora?

–Eu ia te chamar. Avisei a moça que você já tinha voltado, mas a vovó não deixou ela ir, mandou eu te chamar.

–Ah, não! –Freddie já beirava o desespero. -Kelly, o que a vovó ta falando com a moça?

A menina riu de maneira preocupante. Assim que a pequena ia responder uma senhora de idade avançada, mas com espírito adolescente apareceu da soleira da porta.

–Hei, Freddie já não disse que não é educado deixar as visitas esperando? Entre aqui agora antes que eu va ai e te traga arrastado.

Freddie aproximou-se com passos contidos. Cruzou a porta e se dirigiu ao quintal da casa. Viu sua visitante de costas rindo com seus parentes, todos sentados numa mesa. Muito preocupante. O tio Malcolm estava no meio.

A loira se virou. Se perguntou o que tinha ocorrido naquele espaço de tempo pra ela ter aquela expressão tão divertida.


Continua...


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Notas finais do capítulo

Nunca mais tinha usado o "continua..."Mas, e ai??? Por isso Freddie partiu.Aos pouquinhos, eles tão abrindo mão do orgulho, uma hora ele cai de vez e o amor vence!! No prx cap, bem não posso dizer pra não perder a graça mas adianto que vai ter comedia, drama e romance!! É isso até mais bjs e bye!! Esperando reviews!