Mas afinal, por que ele estava ali? Pelo que eu havia escutado, Luke tinha ido para Miami. Não sabia bem o que estava sentindo. Parte de mim estava morrendo raiva, querendo acabar com a raça dele ali mesmo. Mas tinha outra parte também, a parte que menos pensa, a parte que dizia que eu ainda sentia algo por ele. Essa parte, estava muito feliz. Eu não queria sofrer tudo de novo.

– O que faz aqui? - eu disse ainda com uma expressão séria.

O sorriso em seu rosto se desfez.

– Travis e Connor são meus irmãos por parte de pai. Eles me disseram que iriam dar uma festa, então pensei em dar uma passada aqui, talvez encontrasse alguém interessante. E felizmente encontrei. - Luke disse com aquele ar de conquistador barato.

Fiquei um tempo olhando para ele séria, até que Percy veio me tirar daquela enrascada.

– Annie, tudo bem aqui? - ele disse parando ao meu lado e encarando Luke.

– Sim, está. Hã, Percy, estou com sede, acho melhor nós entrármos. - eu disse lhe dando um cutucão. Ele entendeu imediatamente o que eu queria dizer.

Dei um último sorriso forçado para Luke e entrei na balada ao lado de Percy. Agora eu entendia o porque do nome "Olimpo", parecia que estávamos nas nuvens. O chão repleto de fumaça, as paredes e o teto branco, as colunas que eram perfeitas réplicas de colunas gregas... Tenho que admitir, aquele lugar era lindo.

A música estava bem alta, reconheci na hora qual música tocara. Titanium, do David Guetta com mais alguma cantora, a qual não lembro o nome.

Tinha muita gente dançando na pista, então não quis ir para lá. Percy e eu sentamos em um lugar afastado, onde a música não estava tão alta. Percebi que ele estava nervoso por algum motivo. Se esquivava, não desgrudava os olhos da porta... achei estranho.

– Aconteceu alguma coisa? - eu perguntei.

Ele me olhou surpreso, como se não soubesse que eu tinha reparado.

– Rachel disse que queria conversar comigo. Só não quero que ela me veja. - Percy disse e então pareceu que a mesa fosse a coisa mais interessante do mundo.

Rachel Elizabeth Dare, ex-namorada de Percy, minha antiga colega de escola. Ela era uma ruiva muito decidida e um tanto barulhenta. Percy e ela namoraram por mais de um ano, mas terminaram assim que ela decidiu ir para Londres. Sempre senti que Percy nunca gostou dela de verdade, apesar de ele sempre me dizer o contrário. Rachel foi uma das poucas garotas que eu pudia mesmo chamar de amiga, mas ela começou a me ignorar assim que começou a namorar Percy. Talvez ela só quisesse ele, mais nada.

Não que eu tenha ficado feliz quando eles terminaram, mas senti um grande alívio assim que fiquei sabendo. Meu amigo era um cara incrível, merecia alguém bem melhor do que Rachel.

– Quando ela voltou? - perguntei, tentando chamar sua atenção novamente.

– Não faz muito tempo. Ela me liga sempre, sabe, então disse que queria conversar comigo hoje assim que ficou sabendo que eu viria para cá.

"Ela me liga sempre" não gostei daquela frase. E eu não tinha sabido de nada disso, o que queria dizer que Percy não estava me contando tudo. O encarei séria, eu odiava quando ele fazia isso.

– Por que não me contou? - perguntei incrédula.

– Porque eu sabia que você ia agir desse jeito. E não trave o maxilar para mim, sabe que eu odeio isso. - ele disse fazendo bico.

– Eu não travo maxilar! - eu disse travando, involuntariamente, meus maxilar.

Percy riu e jogou uma das pétalas das flores em meu rosto. Dei risada e mal percebi que uma ruiva estava parada ao lado de nossa mesa.

– Hã... Será que eu poderia roubar o Percy por um minuto, Annabeth?

Me assustei ao escutar sua voz. Me virei e vi que Rachel não havia mudado muito, pelo menos não fisicamente. Ela usava um vestido vermelho um tanto curto, na minha opinião, mas que lhe caia muito bem.

Assenti e olhei para Percy, ele estava vermelho como um pimentão e em fuzilava com os olhos. Então se levantou e caminhou ao lado de Rachel.

Ela era minha amiga, mas por algum motivo não a queria com Percy. Eles não tem nada a ver, são completamente diferentes, nunca dariam certo. Percy é incrível, e ela não sabe nem o que é o Teorema de Linus Pauling. Mas, infelizmente, pólos iguais nunca se atraem. Esse era o meu medo.

Eu os observava conversar. Rachel sussurrava algo na orelha de Percy e ele sussurrava algo na orelha dela. Revirei os olhos e só então percebi quem estava sentado comigo.

– Não acho que ele vá trocar você por aquela ruiva. - Luke disse dando um gole em seu Whisky, pelo menos eu acho que era isso.

Senti meu rosto corar com o que ele acabara de dizer.

– Não, eu não... nós não... você entendeu errado... - eu disse tentando arrumar a má impressão que havia causado.

Luke apenas riu e deu mais um gole.

– Continua linda, Annie. - ele disse olhando em meus olhos.

Tive que me segurar para não sorrir. Não uma garota normal, mas mesmo assim gostava de ser elogiada de vez em quando. Fiquei meio constrangida, afinal Luke não tirara os olhos de mim nem por um minuto.

– Você também não mudou nada. - eu disse sentindo meu rosto corar mais ainda, se é que isso era possível.

– Vou encarar isso como um elogio. - ele disse e deu risada.

Eu ri também. Acabei ficando um tanto hipnotizada por causa de seus olhos. Era lindos, quase tão lindos quanto os de Percy. Luke estava perigosamente perto. Se estivesse em sã consciência, eu revidaria e lhe daria um belo tapa na cara, mas eu simplesmente não fiz nada, fiquei apenas parada, esperando. Ele estava cada vez mais perto, pude sentir sua respiração.

Estávamos num quase beijo, até que...

– Annabeth! - olhei rapidamente para o lado e vi Percy me encarando. Ele estava com uma expressão estranha. Estava com um ódio intenso nos olhos.

Não pudia culpá-lo. Ele viu de perto tudo o que eu sofri por me deixar levar pelas palavras de Luke, e estava prestes a fazer isso de novo.

– Grover ligou, disse que a análise ficou pronta. - ele disse secamente.

Então me dei conta da bobagem que estava prestes a fazer. Me levantei num pulo e dei um último olhar para Luke, ele parecia desapontado. Me virei para Percy, mas ele estava muito na frente, parecia extremamente bravo. Corri com um pouco de dificuldade e o encontrei do lado de fora me esperando.

– Percy... - eu disse chegando perto.

– Promete pra mim, Annie, promete que você não vai se envolver com ele de novo. - Percy disse chegando mais perto.

Eu tinha o melhor amigo do mundo. Sorri de canto para ele e o abracei. Acho que ele encarou isso como um sim. Não tinha palavras para explicar o que seu abraço me fazia sentir. Era quente e aconchegante, e eu simplesmente me sentia segura quando seus braços estavam em volta de mim. Fiquei feliz por tê-lo ao meu lado por tanto tempo.

Entramos no carro e seguimos até o laboratório de Grover. No caminho, senti que o clima estava um tanto pesado, e Percy também sentiu. Não o que deu nele, do nada começou:

- Do you hear me... I'm talking to you... Across the water... Across the deep blue ocean under the open sky. Oh my, baby I'm trying.

Dei risada e continuei focada na estrada.

- Annie, é a sua vez. - Percy disse me dando uma cutucada.

Tentei me manter quieta, mas não resisti e continuei.

- Boy I hear you in my dreams... I feel your whisper across the sea. I keep you with me in my heart, you make it easier when life gets hard...

Tínhamos muitas músicas que eram como se fossem nossos duetos oficiais, sempre cantávamos. Percy tocava violão, e muito bem, as vezes ele tocava para mim também. Ele havia tentado me ensinar ano passado, mas sou uma péssima aluna e ele um péssimo professor, então não deu certo. Continuamos rindo e cantando por todo o caminho.

Depois daquele momento, fomos até o laboratório, onde Grover nos apresentou algo realmente intrigante.