Accidentally In Love escrita por MissLerman


Capítulo 12
Capítulo 12 Não conseguimos


Notas iniciais do capítulo

Heeey sweeties. Bem, não respondi a maioria dos reviews porque o Nyah! não está querendo colaborar hoje, então depois que eu postar o capítulo eu respondo. Capítulo de hoje dedicado ao Well Zagrio que me mandou mais uma recomendação, a qual fez com que eu me sentisse a própria Atena u.u HEUHEUHEUHEU sem mais, lá vai mais um capítulo (:



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A voz áspera de Zeus ecoou em meus ouvidos. Meu peito estava apertado e eu não sabia o que fazer. Queria correr para minha casa e chorar rios de lágrimas. Minha antiga amiga estava mesmo morta? Pela péssima expressão de Zeus, sim. Eu falhei. Falhei com Thalia, falhei com Zeus e Hera. E principalmente, falhei com meu pai. O que ele diria se me visse agora? Eu era apenas uma garotinha assustada. Sabia desde o começo que precisaria ter sangue frio para trabalhar nesse ramo. Mas era minha amiga, era de Thalia que estávamos falando. Acho que não conseguiria sequer olhar para ela.

Percy me encarava com os olhos tristonhos, mas não tanto quanto os meus estavam. Ele provavelmente estava pensando o mesmo que eu. Que nós dois éramos uma piada. Não conseguimos terminar o único serviço que nos ofereceram. 

- Quem a encontrou? - perguntei, tentando, com todas as minhas forças, não chorar.

- Alguns agentes meus, ela estava... no rio do... Central Park... - Zeus disse e em seguida se virou e apoiou seus punhos cerrados sobre a mesa.

Apesar de não poder ver seu rosto, juraria que ele estava chorando. E eu não podia culpá-lo. Era sua filha. Apesar de tudo, Thalia continuava sendo sua filha. Trinquei meus dentes e esfreguei meus olhos. Estinguindo assim algumas lágrimas que pareciam querer cair. 

Por um momento, desejei nunca ter aceitado este trabalho. Hera devia ter contratado alguns detetives mais experiêntes, e não dois patetas em início de carreira. Quem sabe assim, Thalia ainda estivesse viva. Olhei para Percy e vi que ele se conscentrava no zíper de sua blusa. Mas conhecendo-o como eu o conheço, sabia que era apenas uma desculpa para não mostrar aos outros que ele estava chorando. Me senti péssima.

Fui até ele e segurei seu braço. Ele me olhou. Vi que seus belos olhos verdes, agora estavam vermelhos e completamente cheios de lágrimas. Percy não demonstrava, mas tinha tantos sentimentos quanto eu. 

Ele subiu sua mão e passou o polegar em meu rosto, limpando uma lágrima fujona. Sorri de leve e ele retribuiu. Naquele momento, não entendi porquê, mas não consegui tirar meus olhos dos seus. Eles me passavam confiança, segurança, e tantas outras coisas que não consigo nem explicar. Já não conseguia mais segurar minhas lágrimas, e as deixei simplesmente escorrer por meu rosto. Percy, vendo o quando eu havia ficado abalada, me abraçou. Fiquei aconchegada em seu peito. Chorava muito. Ainda não tinha contado a ele minha verdadeira ligação com Thalia, e nem sabia se devia. Isso faria com que eu me sentisse pior ainda.

- Meus rapazes foram buscar o... - Zeus disse nos interrompendo. Ele parecia estar muito mal, não conseguiu nem pronunciar "corpo" - Acho que é melhor vocês irem. Tenho que dar esta notícia para Hera, e... bem, acho que todos merecemos um pouco de sono.

Eu ainda me encontrava nos braços de Percy, por algum motivo não queria soltá-lo, não conseguia soltá-lo. Ele assentiu e continuou abraçado comigo. Mas eu sabia que não poderia ficar ali, parada, precisava fazer alguma coisa. Ainda era cedo, e eu provavelmente não dormiria nem por um minuto esta noite.

- Iremos buscar Thalia, Zeus. - eu disse, só então soltando Percy.

Ele pareceu um tanto desapontado quando me soltei, mas depois concordou comigo.

- Annie está certa, iremos com seus agentes. - ele disse colocando sua mão em meu ombro.

Zeus sorriu de uma maneira forçada. Ele provavelmente não queria buscar o... corpo, então seria melhor se Percy e eu fôssemos. Achei estranho ele confiar o corpo de sua filha a um bando de estranhos. Talvez não tão estranhos assim, mas se fosse eu em seu lugar, nunca faria isso. 

Ele então se virou e voltou a encarar o porta-retrato com a foto de sua filha. Meu peito apertou ao ver aquela cena. Deveria ser extremamente doloroso perder alguém, principalmente uma filha. Lembro de quando fiquei sabendo que meu pai se foi, chorei por noites e noites. Tenho um vazio no peito, e sei que este nunca vai ser completado. Você pode trocar de amigos, de namorado, mas pai, este é pra sempre. Da mesma forma que não existe ex-mãe, não existe ex-pai. Eu quase que podia entender o quando Zeus estava sofrendo.

Fiz um sinal para Percy e saímos do laboratório. Saímos em silêncio, não havia nada para ser dito. Mas quando estávamos fora da velha casinha dos fundos, demos de cara com Hera. Ela usava um conjuntinho bege, que lhe caia muito bem. Vi que em seu pescoço, ela levava consigo, um pingente. Era uma enorme pedra verde, quase tão grande quanto o rubi que vimos dias atrás. 

- Hã... Olá meninos, viram meu marido por ai? - ela disse sorrindo.

Tentei sorrir da maneira mais amigável possível, mas não consegui.

- Ele está... na casa dos fundos. - Percy disse ao ver que eu não conseguiria falar nada. 

Ela nos olhou confusa, mas seguiu em direção à casinha. E nós dois fomos até o camaro de Percy. 

O caminho foi extremamente silêncioso. Acho que nenhum de nós estávamos lembrando do que acontecera noite passada. Tínhamos coisas melhores para nos preocupar. Durante o caminho, algumas lágrimas voltaram a tentar cair, mas eu sempre as impedia. "Seja forte" pensei. Eu teria de ser forte, assim como meu pai era. Apesar de ter visto tantas mortes, ele sempre se mantia firme. Eu tinha que seguir seu exemplo. Mesmo Thalia sendo minha amiga, eu não poderia desabar naquele momento.

E ainda teríamos a autópsia. Não sabia se Zeus ia querer que Grover a fizésse ou se ele preferiria levá-la a outro lugar. De qualquer forma, Percy e eu teríamos que assistí-la. Pelo menos para saber qual fora a causa da morte. A ideia de ver Thalia sendo aberta, não me agradou nem um pouco. 

Chegamos no Central Park e vimos que a área já estava toda interceptada pela perícia. Percy estacionou e nós descemos. Pude notar os vários olhares curiosos. Muitas pessoas em volta, todas pensando a mesma coisa: "Quem havia falecido?". Queria afastar todos dali, mas mantive minha compostura. Andamos até o homem que parecia ser o chefe. Ele nos examinou por um minuto e depois disse:

- Devem ser os detetives que Zeus contratou, certo?

Era um homem de meia-idade, moreno, com um óculos meio retangular. Assentimos.

- Meu nome é Dioniso, sou chefe do departamento de Investigação Criminal de Nova Iorque. Podem me chamar de sr. D. - dizendo isso, ele esticou sua mão.

Percy a apertou primeiro, depois foi a minha vez.

- Perseu Jackson, e esta é Annabeth Chase.

Notei que sr. D ficou surpreso ao escutar meu nome. Deduzi na mesma hora: meu sobrenome, claro. 

- Ah, sim. Bom, me acompanhem, por favor. Zeus nos deu o endereço para onde o corpo deve ser levado, você irão nos acompanhar? - Dioniso disse andando até um enorme furgão preto.

Meu coração quase parou quando pensei em quem poderia estar ali dentro.

- Sim, iremos até lá. - eu disse tentando passar segurança. Mas minha tentativa foi falha.

Só me acalmei por saber que Percy estava ao meu lado. Olhei para ele pelo canto do olho e vi que ele parecia calmo. Caminhei mais próxima a ele. Seria bom ter alguém para me segurar caso eu desmaiasse.

Dioníso abriu a porta do furgão e um cara moreno com colete preto escrito "Perícia Forense" nele e luvas saiu de dentro do mesmo.

- Este é meu filho, Pólux. Filho, estes são Peter Jonhson e Annie Bell Chase.

Assim que sr. D disse isso, arqueei a sobrancelha. Percy me encarava como quem diz "Por que ele não errou seu sobrenome?". Pensei em corrigí-lo, mas estávamos um tanto apressados, e queríamos ver o estado do... de Thalia logo.

- Prazer. - Pólux disse.

Ele então abriu a porta mais ainda e vi um corpo sem vida deitado sobre a maca. Minhas pernas enfraqueceram um pouco, e me movi lentamente até seu lado.

- Acabamos de encontrá-la. Devia estar embaixo d'água por um bom tempo. Ela está um tanto inxada o que quer dizer que está fora de ambiente seco a pelo menos três dias. - Pólux disse, mas eu não consegui prestar atenção em suas palavras.

Me aproximei de Thalia e olhei para seu rosto sem vida. Ela estava pálida, e um pouco enrugada. Seus olhos azuis estavam sem foco. Vi que ela tinha marcas roxas em seu pescoço. O desgraçado que fez isso com ela iria pagar pelo que fez. 

Meu coração bateu forte, eu não sabia se estava tendo uma taquicardia ou era apenas a adrenalina. Senti as lágrimas escorrerem por meu rosto. Desta vez, não as impedi. Como eu pude deixar que isso acontecesse? Thalia tinha me ajudado tanto, e como eu agradeço? Falhando com ela. Não, eu não iria parar. Não até ver o assassino atrás das grades ou executado na cadeira elétrica. Perdi a única amiga que fora realmente leal a mim. Não mais contato com ela, isso era verdade, mas ela fora minha melhor amiga um dia. E amizades assim, não deveriam se perder por pequenos motivos. Mas a morte não era um pequeno motivo, infelizmente.

Minhas pernas estavam bambas. Eu ainda escarava o corpo de minha amiga. Pálida e completamente sem vida. Essa não seria a visão que eu levaria de Thalia pelo resto da vida. Eu sempre me lembraria dos momentos felizes que passamos juntas. 

Um frio repentino invadiu meu corpo. Senti minhas mãos formigarem e ficarem completamente gelada. Sabia o que vinha depois. Minha visão ficou turva e tudo escureceu.

- Annie! - escutei a voz de Percy e apaguei.

Quando retomei minha consciência, deduzi que não estava mais de pé. Senti que estava em algo como uma mesa. Era plana e fria. Desejei, por um momento, que tudo aquilo tivesse sido um sonho. Mas abri os olhos e vi que estava errada. Percy estava ao meu lado, ele segurava minha mão. Olhei em volta e vi que estava em uma maca. Provavelmente era outro furgão, porque estávamos apenas nós dois. Meus lábios tremiam, senti que não conseguiria falar. As lágrimas voltaram. Nem mesmo os pensamentos de meu pai me ajudaram naquele momento.

- Annie, você está bem? Quer dizer, num momento, você estava olhando para o corpo de Thalia, e de repente foi ficando branca e desmaiou. Os para-médicos checaram e parece que você teve uma queda de pressão.

Fiquei muito agradecida ao ver o quanto Percy se preocupava comigo. Segurei sua mão mais forte, mas isso não fez com que minhas lágrimas cessassem. Pelo contrário, acabei chorando mais ainda. Eu sabia que era melhor contar a ele.

- Percy... Thalia era minha amiga. Quando pegamos este caso... jurei para mim mesma que a encontraria e... eu falhei... Agora ela está... - Mal consegui completar minha frase.

Percy me olhava com ternura. Ele se sentou na maca e depois se deitou levemente sobre mim, me abraçando. O abracei também. E chorei tudo o que tinha guardado durante esses dias. Ele murmurava coisas como: "Vai ficar tudo bem" ou "Eu estou aqui". Isso fazia com que eu me sentisse protegida, de uma maneira que eu nunca senti em toda a minha vida. Eu tinha o melhor amigo do mundo. Apesar de não ter mais Thalia, sabia que Percy sempre estaria comigo. Ele sempre esteve, e sei que sempre vai estar.

Ficamos deitados na maca por tanto tempo que eu mal havia percebido que estava com fome. Meu estômago roncou alto. Percy se levantou e me ajudou a sentar. Senti uma leve tontura por um momento, mas logo passou. 

- Vamos almoçar? - ele disse.

Assenti. Mas antes queria ter certeza que o... que Thalia chegaria bem. Saímos do furgão e vi que o outro já tinha ido. Sr. D estava coletando algumas coisas ao lado de outros agentes. Deduzi que Pólux havia a levado até o necrotério.

- Zeus ligou enquanto você estava... desmaiada - Percy disse - Ele quer que nós o encontremos neste endereço amanhã cedo. - e então me entregou um papel. Devia estar escrito algum endereço ali, mas minha visão estava meio embaçada, e eu não consegui ler direito.

Apenas assenti e lhe devolvi o papel.

Conversamos com sr. D e ele disse que poderíamos ir, afinal Pólux já devia ter chegado até seu destino. Então, juntos, Percy e eu fomos almoçar. Mas eu sabia que comida alguma pararia em meu estômago depois do dia de hoje.


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Notas finais do capítulo

Muita raiva? Tadinha da Thalia, mas foi preciso, fazer o que. Preparem seus corações, talvez no próximo capítulo será o enterro. Até amanhã blueberries NHAC ;3