Kokoro No Shiki escrita por Konohana


Capítulo 6
Capítulo 6 - Kako no Ken




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A tensão que estava presente no ar era tão grande que poderia ser cortada pela lamina de uma espada. E era exatamente isso que poderia acontecer a qualquer segundo.


No momento em que chegaram à casa de Nagihiko, todos foram recepcionados pela governanta, que disse que Seiji estava aguardando o sobrinho no dojo para treinarem. Aqueles que conheciam a tradição de dança da família Fujisaki, pensaram que veria uma bela apresentação de dança, mas estavam completamente enganados. Nagihiko havia pedido para que Baya guiasse a todos para dojo, enquanto trocaria de roupa.


Ao chegarem ao dojo se depararam com um homem que era incrivelmente parecido com a mãe da rainha. A diferença entre eles, era a mesma entre Nagihiko e Nadeshiko. O ar viril e imponente que os cercavam. Seiji tinha os mesmo cabelos e olhos de Momo, apenas sua expressão era mais firme e dura do que a da matriarca. Ele usava um quimono masculino, com a parte de cima branca e a de baixo preta. O que ninguém deixou de reparar, era a espada que repousava na cintura do homem.


– Desculpe a demora, ojiisama – falou Nagihiko, entrando no dojo e fazendo com que todos respirassem um pouco, mas voltassem a prender a respiração no momento em que o virão.


Nagihiko vestia um quimono masculino idêntico ao que Seiji usava e também carregava uma espada em sua cintura. Os cabelos longos presos com um elástico em um rabo-de-cavalo baixo, exatamente como o tio. Os dois se posicionaram um em frente ao outro, colocando as mãos sobre o punhal das espadas.


– Eles vão mesmo… - começou Kukai, mas não conseguiu continuar, pois no momento seguinte em que abriu a boca para falar, viu um flash de movimento.


Quando todos perceberam, Seiji já havia sacado a espada e atacado Nagi, que com um rápido movimento havia sacado a própria espada, bloqueando o ataque. Os dois se encaravam nos olhos, a tensão entre eles crescendo e fazendo com que seus pobres espectadores não conseguissem nem mesmo respirar.


– Está precisando demais o punhal! – repreendeu Seiji, fazendo um giro com o corpo, e atacando novamente, obrigando Nagihiko a girar o pulso para bloquear o ataque. – Giro o pulso direito, senão vai quebra-lo assim! – repreendeu novamente, voltando a acartar e sendo novamente bloqueado. – Você nunca vencerá se só defender! Ataque!


Nagihiko puxou o ar com forçar, para então se mover com um giro de corpo, iniciando ataques consecutivos, mas sendo bloqueado com facilidade pelo mais velho. A luta continuou até que Nagihiko escorregou dois centímetros a mais do que devia em um ataque, tento o pulso golpeado pelo punhal da espada de Seiji, forçando-o a largar a espada, para então sentir o frio da lâmina sendo pressionada em seu pescoço.


Todos na sala ofegaram com a cena e alguns juraram que Seiji mataria o menor, pois já havia esquecido completamente que aquilo era um simples treino.


– A espada de um homem, é o reflexo de seu coração Nagihiko – proferiu Seiji, sem abaixar a espada, mantendo a lâmina pressionada sobre o pescoço do sobrinho. – Sua espada tem medo. Um homem que carrega a história de nossa família, não pode ter uma espada que tem medo.


– Hai, ojiisama – afirmou Nagihiko, se mantendo parado enquanto escutava cada palavra.


Seiji suspirou e abaixou a espada, liberando o menor. Virou-se e com um movimento gracioso voltou a embainhá-la.


– Vá pedir desculpas a nossos ancestrais por seu medo – ordenou o homem, se virando e saindo do dojo.


Assim que Seiji saiu, todos puderam voltar a respirar, inclusive Nagihiko que desabou no chão.


– Ei, Nagihiko, você está bem? – indagou Kukai, que havia ficado realmente preocupado com a cena de há poucos instantes.


– Estou, não precisão de preocupar – afirmou, sentando-se corretamente e sorrindo para acalmar os guardiões. – Seiji-ojiisama sempre é muito exigente quando se trata do meu desempenho com o kenjustu.


– Demo… Yaya acha que isso é muito bobo – comentou a ruiva, colocando o dedo indicado sobre o lábio, como se pensasse no assunto. – Nagi não é samurai, por isso não precisa levar isso tão a sério. Yaya até achou perigoso.


– Concordo com a Yaya – comentou Amu, que ainda estava um pouco assustada. – Seu tio pareceu ser muito sério. Até mais do que a sua mãe.


Nagihiko sorriu ao escutar aquilo, virando seu olhar para Tadase que agora erguia o caderno que estava escrevendo, revelando seus pensamentos: “Você está bem?”.


– Daijoubu – afirmou, sorrindo para o loiro que lhe devolveu o sorriso de forma meiga e gentil. – E você está errada Yaya-chan, eu sou um samurai sim – afirmou, fazendo com que a boca de todos se abrissem em espanto.


Nagihiko se levantou e andou até a porta de trás do dojo, abrindo-a e revelando um jardim de pedras oriental. No centro do jardim, havia um pequeno santuário, onde a estatua de um dragão segurando uma esfera podia ser vista. Nagihiko seguiu pelo caminho de pedras que levava até o santuário, sendo seguido pelos amigos.


– Eto… Nagihiko, o que você quis dizer sobre ser um samurai? – indagou Kukai, realmente surpreso com aquilo.


– Minha família é descendente direta de duas famílias que lutaram na shinsengumi – explicou, enquanto parava diante do santuário, juntando as duas mãos e fechando os olhos, fazendo suas preces em silêncio.


Todos o olhavam com atenção. Tadase principalmente, pois mesmo sendo amigo de Nadeshiko por todos aqueles anos, não sabia sobre aquela história. Foi então que percebeu uma coisa, que ainda não havia percebido. Ele sabia quase tudo sobre o lado feminino de Nagihiko, mas não sabia nada sobre o lado masculino, ou sobre a família do garoto. Aquela compreensão fez com que um buraco de abrisse em seu peito. Era como descobrir-se como um traidor. Como podia falar que amava Nadeshiko, se nem ao menos a conhecia por completo?


– Meus ancestrais eram samurais honrosos – comentou Nagihiko, separando as mãos e encarando a estatua do deus dragão. – Dizem que sua honra era tanta, que o deus dragão se ergueu aos céus uma noite e decidiu conceder uma benção a minha família. E é por causa dessa benção que, desde aquele momento, todos da minha família dão a luz a gêmeos. A dama perfeita e o samurai honroso.


– Hmm… então é isso? Mas não é um pouco bobo a sua família continuar com essa tradição? – indagou Kukai, olhando para o garoto de cabelos compridos, achando aquela historia um pouco gozada. – Não estamos mais na época dos samurais e ninguém pode garantir que vão nascer gêmeos.


Nagihiko quase riu ao escutar aquilo. Sua família sempre teria gêmeos que dividiriam o mesmo corpo.


– Você está enganado Souma-kun – afirmou se virando com um sorriso que garantia a firmeza em suas palavras. – Minha família sempre ira gerar gêmeos.


~*~

Seiji observava através da janela, enquanto Nagihiko fazia sua visita ao santuário. Sorriu ao ver como a expressão dele estava calma.


– Seiji-sama – chamou Baya, aproximando-se do homem com um telefone em mãos. – Yamato-sama está no telefone e quer falar com okusama.


– Arigato Baya – agradeceu, estendendo a mão e pegando o telefone. – Você demorou para ligar dessa vez, anata – falou, deixando que sua voz saísse mais fina e suave.


Gomen kyandi¹– respondeu a voz masculina do pelo telefone. – Tive muito trabalho nesses dias. Estou com saudades de você e da Nadeshiko.


Seiji sorriu e olhou novamente pela janela, se encostando-se na parede.


– Nadeshiko-san está em um acampamento de dança – falou Seiji, podendo visualizar a expressão de Yamato. – Mas Nagihiko tirou férias da escola na Europa e veio nos visitar.


Por que você nunca me conta essas coisas antes que elas aconteçam? – indagou Yamato, fingindo irritação.


– Porque você é um pai coruja, que sempre se preocupa por coisas bobas – respondeu, não contendo uma risada. – Aproposito… eu também viajei e Seiji é que está aqui – completou, deixando que sua voz ficasse masculina novamente.


Houve um momento de silêncio, em que Seiji podia jurar que escutará o marido praguejar alguma coisa baixinho.


Você sempre gostou de me provocar, não é mesmo Seiji? – indagou Yamato, finalmente se manifestante. – Quando eu voltar, vou te mostrar o que acontece com quem me provoca.


– Estarei esperando ansioso anata – respondeu, deixando que um sorriso malicioso e ansioso adornasse seus lábios. - Só não me faça esperar demais. Sabe que diferente do meu lado feminino, eu não sou nenhum pouco paciente.


Vou me apreçar então. Wo ài ni¹– falou, antes de desligar.


Seiji suspirou e abaixou o telefone. Ergueu o olhar novamente para Nagihiko e imaginou se ele teria a mesma sorte que havia tido, ou se seria presenteado com a desilusão.


– Baya, eu ainda não se é uma benção, ou uma maldição o que foi dado a nossa família – comentou, sabendo que a governanta estava à suas costas.


– Essa veja governanta pensa que é uma benção, Seiji-sama – afirmou Baya, sorrindo para o homem que havia visto nascer e crescer. – Dar a vida a uma criança sempre foi uma benção dada apenas a mulheres, no entanto sua família é especial Seiji-sama.


Seiji sorriu e concordou em silêncio. Por mais difícil que fosse manter um segredo como aquele, e viver aquela vida dupla, ele ainda se sentia abençoado com as lembranças do nascimento de Nagihiko.


1 Wo ài ni significa eu te amo em chines ^^


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