A gata laranja parecia querer entrar em uma briga. E isso era fato. O que Grace não sabia era se aquela “Liny” queria bater em Layla ou em Okky. Isso poderia mudar a ordem da história. Já que então, caso quisesse bater em seu gato, Grace provavelmente a mataria. E caso, quisesse bater na loira, a maga do ferro ajudaria. Por isso, a garota resolvera ficar quieta, tentando entender o que acontecera ali.

                E provavelmente, vocês devem estar se perguntando: Por que a Grace não esta desapontada com o fato de Okky estar morrendo de medo como uma menininha?

                Primeiro: “Desapontar” significaria fazer algo que outra pessoa não esperava. E Grace conhecendo seu gato, sabia que aquilo seria o que ele faria.

Segundo: Segundo, Okky era sim, muito corajoso. Mas não era corajoso quando sabia que a pessoa provavelmente não iria mata-lo. Em outras palavras, ele gostava de um drama.

                - Então! – gritava a gata laranja desesperada. – PORQUE VOCÊ ME ABANDONOU?!

                - Calma... – pedia Layla. – Liny, eu não te abandonei. Eu só achei que você não me deixaria vir para a guilda...

                - E não ia! – disse ela chorosa. – Esse lugar cheio de coisas nojentas, isso não é para você!

                - Ei! – reclamou Karov. – É uma guilda muito boa! E você não pode chegar aqui falando mal dela, gritando com uma membra como se fosse sua dona e ameaçando bater em um gato de estimação de um dos membros!

                - Gato de estimação de um dos membros?! – reclamou Okky. – Espera aí! Sou tão membro quanto você!

                - Não. Você é só um gato falante voador. – concordou Grace. – De todo o modo,  podem parar com o drama. Eu não tenho nada para fazer aqui. Vou pro meu quarto.

                - Espera aí! – gritou Karov. – Isso é um problema do nosso time. Você tem que ficar aqui para resolvê-lo.

                - Problema do time? – perguntou a maga do ferro confusa. – Para mim é um problema da Layla.

                - Bem, se ela sair da guilda, será um problema do time. – explica o loiro.

                Então, de repente, a loira do nada diz:

                - Não vou sair da guilda. – Depois se vira para Karov. – Não se preocupe, isso esta fora de cogitação. Liny... Eu a conheço desde que eu tinha dez anos e achei seu ovo preso em um galho de uma arvore perto de onde eu vivia. Ela... Há... Está sempre brava comigo. Mas não se preocupe, essa exceed é muito gente boa.

                - Layla... – parecia implorar a gata. – Por favor... Vamos voltar para a casa... Você não pode entrar para uma guilda de magos... Por favor...

                - Para de implorar. Não vou voltar. – falou a loira. – Vou ficar forte. Ganhar um poder. Virar a maga mais poderosa de todas. E então, vai dar tudo certo. Que tal ficar aqui? Os exceeds não podem ir à missão, mas...

                - Por enquanto. – intrometeu Grace.

                - O que? – perguntou Karov.

                A maga do ferro olhou para os dois lados procurando algum sinal do mestre. Não achou nenhum.

                - Estou montando um plano para levar Okky comigo na próxima missão. 

- Espero que seja melhor que o da mochila. – disse o gato revirando os olhos.

                - De todo o modo... – continuou Layla antes que Grace fosse falar qualquer coisa. – Tente entender Liny... Essa guilda é a melhor! Também... É a que dizem que meus pais foram parte dela. Essa é a minha oportunidade! Tem que ser! Não vou ter outra chance igual a essa!

                - Aff... – murmurou a gata laranja. – Tudo bem... Nós ficamos. Mas... – e voltou a chorar. – Da próxima vez que for fugir... – soluço – me chame pra ir com você!

                - Tudo bem. – disse a loira dando um sorriso forçado enquanto a gata se derrama aos prantos.

                E enquanto todos se emocionam com essa cena bonita, Grace nota Okky tentando sair de lá sorrateiro para um lado antes que Liny se lembre do motivo de estar naquela sala. A maga do ferro aproveita e o segue para sair da cena melosa e também ver se consegue alguma ideia para seu plano “Leve o exceed para a missão sem o mestre saber” “B”... O “A” fora o da mochila.

                Grace corria atrás dele e já ia gritar o nome do gato, quando o viu batendo contra alguma coisa que parecia estar escondido atrás de uma parede. Ela parou de andar na hora e se surpreendeu ao ver Okky caído no chão, ao lado de um garoto de cabelos compridos negros, que parecia ter levado o maior susto de toda sua vida.

                - Ai! – gritou o gato quando acabou caindo no chão e fazendo a pessoa espiã bater na parede e cair junto.

                - Ai! – reclamou o cara.

                Grace ajudou Okky a levantar e os dois olharam para a pessoa estranha.

                - Conhece? – perguntou a maga do ferro a ele.

                - Acho que sim... Não é aquele Rain?

                - O garoto do desenho? Era esse o nome dele?

                - Ai... – disse o tal Rain se levantando e olhando assustado para eles. - Hã...

                - Você estava espionando a gente? – perguntou Okky desconfiado.

                - Hã... Não! – gritou tentando consertar as coisas. – Claro que não! Estava observando o por do sol.

                - Não tem janela aqui. – fala Okky. – E não tem pôr do sol agora.

                - Porque estava espionando a gente? – perguntou Grace. – Você é um espião de outra guilda?! Bem, se quiser pode voltar para de onde veio porque nossa guilda esta tão ruim que um espião vai ser perda de tempo para vocês.

                - Não sou espião! – explicou o garoto.

- Então porque estava escondido aqui... Espera! Já entendi! – disse Okky.

                - Entendeu? – perguntou Grace.

                - Entendeu?! – perguntou Rain.

                - Sim, obviamente, você estava aqui... Porque quer saber a receita do meu famoso leite com sabor de peixe! Mas não vou te dar!

                - Não quero sua receita! – gritou o mago, depois baixou a voz provavelmente lembrando que não queria ser reconhecido por mais ninguém. – O.k... Eu meio que estou observando alguém... Mas é para um trabalho meu... E...

                - Quem? Karov? – perguntou Okky morrendo de curiosidade.

                - Não! E antes que você pergunte, não é nenhum de vocês!

                - A Liny? – perguntou o gato de novo.

                - Não!

                - A Layla? – chutou Grace com uma cara de tedio absoluta... bem que eles podiam encontrar com um pintor... desenhistas são chatos... ( sem querer ofender os desenhistas leitores, vocês são demais! )

                - Como descobriram?!

                Grace queria responder “porque era a que sobrou Mané.” Mas quis aterroriza-lo mais um pouco.

                - Tenho meus modos. – disse. – Agora, me responda antes que eu descubra por mim mesma... Que tipo de trabalho é esse?

                Rain de repente parecia um tomate, depois uma pimenta, aí o fogo do cabelo da Layla... Depois quando parecia estar entrando em erupção, ele parou.

                - Não te interessa. – respondeu ele, mantendo a calma de repente. – E depois, você provavelmente vai descobrir sozinha, eu que não vou dizer. Se me derem licença, estou cansado, vou dormir.

                - Cansado de que? – perguntou a maga do ferro.

                - É verdade. – disse o gato. – Eu não cheguei a ver você durante todos esses dias. Onde você estava?

                Porém, o mago apenas revirou os olhos e sem responder, se retirou sem dizer mais nada.

                - Aff... – reclamou Grace. - Ele podia ter falado... Já estava ficando curiosa.

- Deixa para lá. – fala Okky. – Estou com sede, e esse cara deve ser apenas um espião, bem, não esta fazendo nada útil aqui nessa guilda. Já esta no fundo do túnel, não tem como nos empurrarem mais.

                - É verdade... – perguntou Grace. – Mas é estranho ouvir você falando assim, pensei que gostasse da guilda...

                - E gosto! Mas ouvi umas conversas do mestre nos últimos dias que estava aqui. Achei que você ia querer saber... Estamos com muito problema a ver com dinheiro. Parece que tiveram que fazer um milagre para trazer a Fairy Tail a esse ponto. Nos últimos anos, essa guilda, só não parou de existir por causa dos únicos membros que sobraram.

                - Hum... – murmurou a maga do ferro. – Nós temos mesmo que ficar aqui?

                - Tentei ver isso com o mestre. Ele disse que nos poderia nos obrigar a ficar aqui ...

                - Beleza! Vou pegar as malas e...

                - Espera! Ele disse que poderíamos ir, mas porque faríamos isso? Essa é a guilda da antiga Fairy Tail ... Tente entender... Somos a nova Fairy Tail... Estando aqui podemos fazer coisas mais úteis do que se não estivéssemos. Quero dizer... Olhe para nós. Antes estávamos dormindo debaixo de uma ponte. Sem nenhum lugar para ir, sem nada pra fazer. “Sobreviver” era o importante. Hoje, eu posso fazer o que mais gosto... Passar todos os dias relaxando e descansando feliz tomando meu leite de boa... Enquanto você pode sair em aventuras procurando tesouros e matando adversários. Isso é perfeito Grace! Porque devemos ir? Eu não quero. Você quer?

                Grace pensou sobre isso. Isso era verdade. Aqui ela tinha um objetivo... Talvez Okky tivesse razão no final das contas... Ficar não seria tão ruim assim...

                - Tudo bem. Por enquanto nós ficamos. Já que não temos nenhum lugar para ir... Mas tenho certeza que muita gente vai querer ir embora.

                - Eu não acho... Quero dizer... O garoto Simon parece ser um problema. E aquele Matt também. Aquela Rose não parece gostar de ficar em um time com o irmão e outro cara... Mas aquela May é divertida e não esta ligando para isso. Aquele cara do nome estranho também não. Rain pelo visto, parece querer ficar aqui para espionar a Layla... Sei lá o porquê...mas ele quer. E aquele Johan fica jogando basquete o dia inteiro, mas não acho que queira ir embora... Karov e Layla com certeza não querem ir. Acho que a única que quer ir de verdade é aquela Cornélia...

                - Como conhece tanto de todas essas pessoas?! – perguntou Grace surpresa com tanta explicação.

                - Fiquei uma semana praticamente aqui nesse lugar sem nada pra fazer. Você também ficaria conversando com bastante gente só para não morrer de tedio.

                - Ah... Mas aqui... Tem uma ideia para o plano “Leve seu exceed para a missão sem o mestre perceber” “B”?

                - Hã... Não.

                - Aff para você. Eu vou dormir. Vamos logo que o dia foi muito cansativo hoje.

                - Ah, e como foi à missão?

                - Chata... Quase não lutei com ninguém. E a mulher no final fugiu... Pergunto-me para onde ela teria ido... 

***

Naquela noite ninguém poderia imaginar o perigo que eles quase passaram... Longe dali, a mulher Tatian caminhava em uma floresta, procurando encontrar o caminho de casa, temendo o que aconteceria se chegasse sem dinheiro nenhum...

                - Papai... – murmurou cansada e suando. – Eu sou uma burra... Não sou?