O Fim Da Sinfonia escrita por Lyssia


Capítulo 2
Violão


Notas iniciais do capítulo

Muitas vezes usado apenas como complemento, porém um dos melhores instrumentos para se compor, com suas notas sinceras e simples, com apenas 6 cordas, que forma combinações inimagináveis para muitos.



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Violão

         “Lenka-nee-chan, tudo bem? Lenka... LENKA!” aqueles seus gritos desesperados continuaram ecoando em sua mente, várias e várias vezes, enquanto estava sentado em uma cadeira na sala de espera do hospital, junto a Meiko. Len e Rin haviam saído para buscar comida para os quatro.

         Rinto passou a mão pelos cabelos, fechando os olhos fortemente e respirando fundo. Ainda tremia, o peito doía horrivelmente, os olhos lacrimejavam. Nunca iria imaginar que, em um dia qualquer, enquanto voltavam da escola, Lenka iria começar a passar mal sem nenhum motivo aparente, desmaiando, a respiração da loira cada vez mais fraca. E, por sorte, a professora de matemática, Megurine Luka, vira o que acontecia, levando rapidamente Lenka para o hospital.

         - Fique calmo, Rinto, os médicos disseram que agora ela já está bem. – falou a morena, tia do loiro, preocupada. O mais novo ergueu a cabeça.

         - Então porque ainda não a tiraram desse lugar? – perguntou, baixo, hesitante, quase que com medo da resposta.

         - Precisam descobrir o que aconteceu com ela, eu já te disse... – resmungou Meiko, sentando-se ao lado dele. – Vamos, ela vai ficar bem.

         - E se algo acontecer com ela? – abaixou a cabeça de novo, apoiando os cotovelos nos joelhos, escondendo o rosto nas mãos. – E se a Lenka-nee-chan não voltar pra casa?

         - Não diga isso! Ela vai ficar bem! – se exaltou, balançando o sobrinho pelo ombro. – Por que está dizendo essas coisas? Ela estava tão mal assim? – o loiro ficou calado, esfregando o rosto, antes de deixar de escondê-lo.

         - Parecia que ia parar de respirar... – sussurrou em um fio de voz, fungando de leve. – Se não fosse a Megurine-sensei...

         - Rinto... – Meiko o abraçou, afagando os cabelos loiros e macios amavelmente. – Não pense assim. Os médicos vão descobrir o que aconteceu e vamos tratar seja lá o que a Lenka tiver. – levantou o rosto alheio, forçando suavemente o queixo para o alto.  – Já passou.

         - Não passou não, Meiko-san... – mordeu o lábio inferior, prendendo o choro. – É esse o problema.

         Ouviram os passos dos gêmeos menores voltando, virando-se para o final do corredor, antes que Meiko pudesse falar qualquer coisa. O loiro ligeiramente limpou as lágrimas, assumindo uma posição mais relaxada, antes que os irmãos mais novos conseguissem ver o suficiente para saber o que acontecia segundos atrás. A morena se separou do sobrinho, sentando-se na cadeira ao lado.

         - Desculpe a demora! – exclamou Rin, segurando quatro sanduiches. – Eu e Len nos perdemos, tivemos que perguntar para uma enfermeira e tudo! – contou, enquanto o irmão entregava uma lata de refrigerante para cada um.

         - Tem sanduiche de que ai? – perguntou Rinto, vendo Rin observar todos e depois estender um para ele.

         - Comprei todos de frango, era mais rápido. – explicou, dando uma para Meiko, outro ao irmão e pegando sua lata de refrigerante com ele.

         - Já ligou para papai e mamãe? – indagou o loiro mais novo, em tom sério. A tia assentiu, dando um profundo suspiro.

         - Eles disseram que eu devia avisá-los se piorasse, mas que não iam poder vir hoje. – disse, vendo os irmãos fazerem uma careta de desgosto.

         - Será que a Lenka-nee-san já acordou? – perguntou-se Len, sentando ao lado da tia. – Sente também, Rin. – falou, vendo-a negar com a cabeça. – Ficar de pé, nervosa, não vai ajudar nada.

         - Não consigo sentar e esperar numa situação dessas... – resmungou, cruzando os braços. Rinto pressionou os olhos com as mãos. – Tudo bem, nii-chan?

         - Tudo... – respondeu, dando um ofego. – Por que eles não nos trazem noticias?

         - É assim mesmo, eles devem estar fazendo os exames ainda. – falou Len, compreensivo. – Vocês dois precisam se acalmar.

         - Não dá! – exclamaram Rin e Rinto, ao mesmo tempo, encarando-se depois, com as sobrancelhas arqueadas.

         - Não consigo ficar tranquilo em uma situação dessas, Len! – reclamou a loira, com os punhos cerrados. – Estou preocupada!

         - Que dirá eu! A Lenka parecia mal quando eu trouce ela pra cá! – apoiou o mais velho, fazendo o menor suspirar. Meiko observou os três, perguntando-se porque parecia que Rinto deixara de tentar esconder como estava.

         - Com licença. – ouviram  um chamado educado, virando-se para encontrar com uma moça muito alta,  de cabelos loiros muito compridos, olhos azuis desmotivados, mas voz doce. – Vocês são a família de Kagamine Lenka?

         - Somos sim. – quem respondeu foi Meiko, que se levantou na mesma hora, entregando o lanche para o sobrinho mais novo. – Alguma noticia?

         - Sim. Kagamine-san está com anemia. Foi uma sorte o corpo dela ter mandando um sinal claro antes que evoluísse mais.  – começou, em tom calmo, não mostrando qualquer expressão diante do espanto dos familiares da paciente.

         - Então a Lenka-nee-chan vai ter que ficar internada? – perguntou Rin, quase desesperada. Len segurou a irmã pelos ombros.

         - Sim, por certo tempo. Mas não será muito, apenas vamos fortalecer um pouco o sangue dela com o soro e após isso, mandaremos a Kagamine-san de volta para casa, com algumas vitaminas. – informou, calma. – O psicólogo do hospital gostaria de falar com alguém que conheça bem a menina, ela tem a desconfiança que a Kagamine-san tenha algum distúrbio alimentar, já que está alguns quilos baixo do peso e a anemia é por falta de boa alimentação, e não genética.

         - Distúrbio... alimentar...? – sussurrou Len, sem acreditar, bem baixo, apertando um pouco mais os ombros da gêmea. – A Lenka-nee-san...?

         - Podemos falar com ela? – perguntou Rinto, apressado, fazendo a enfermeira o encarar com indiferença.

         - Ainda não, até decidirem quem falará com o psicólogo, sobre ela. – respondeu, olhando para a prancheta que levava em mãos, que até o momento passara despercebida pelos outros quatro. – Quem poderia ser?

         - Pode ser eu. – respondeu o loiro mais alto, suspirando.  – Sou Kagamine Rinto, o irmão gêmeo dela.

         - Ótimo. Venha comigo, por favor. – fez um sinal para que o garoto se aproximasse, virando-se para os outros, depois. – Esperem um pouco, por favor.

         Os dois loiros, um com cabelos mais vibrantes e a outra com cabelos muito claros, caminharam pelos corredores muito brancos do hospital, no mais completo silêncio, até pararem em frente a uma porta escrito em kanji, kanagama e inglês a mesma palavra. “Psicólogo”. A médica abriu a porta, deixando que Rinto visse uma sala pintada de bege, com um sofá marrom, de lado para a entrada, e uma poltrona em frente a este. Mais a frente, na direção da porta, uma cadeira estofada, de aparência confortável. No meio de tudo, uma pequena mesa baixa, de vidro.

         Sentado ao sofá, um garoto de cabelos verdes  e óculos na cabeça estava, com os olhos inchados, chorando amargamente. Virou-se, observando Rinto e a médica por alguns segundos, até fechar os olhos, passando a manga do casaco no rosto, para secá-lo. Um rapaz de cabelos azuis, assim como seus olhos, estava sentado ao lado do jovem de cabelos verdes, no sofá. Ele observou-os, encarando a loira por certo tempo, até levantar, estendendo a mão para o esverdeado.

         - Vá comer alguma coisa, Gumiya, está muito tempo sem comer. Aproveite também e vá falar com a Gumi, ela deve estar se sentindo sozinha. – falou o psicólogo, calmamente, o garoto se levantou, fungando.

         - Claro... posso voltar mais tarde? – perguntou, hesitando, olhando com o canto dos olhos para Rinto.

         - Pode sim. Só preciso falar um pouco com esse menino. Você é o irmão da Kagamine Lenka, não é? – Rinto assentiu.

         - Tudo bem... então, tchau, Dr. Shion. – foi em direção a porta, fazendo os loiros abrirem espaço para que passasse, dobrando um corredor que levava ao refeitório.

         - Bem, sente-se... – o azulado fez um sinal com as mãos, indicando os móveis. – No lugar que preferir.  Rinto foi até a poltrona, sentando-se nesta, colocando as mãos no apoio. A médica fechou a porta, deixando os dois sozinhos.  – Seu nome é?

         - Rinto. Kagamine Rinto. – respondeu rápido, nervoso, o que não passou despercebido ao doutor, que pegou sobre a mesinha uma prancheta, anotando algo nesta.

         - Sou Shion Kaito, você pode me chamar de Dr. Shion ou Kaito, como preferir.  – deu um sorriso fraco para o loiro. – A Kagamine Lenka costumava fazer alguma aula como interpretação, teatro, música, dança, algo do tipo?

         - Ela... bem, faz Jazz e balé... – respondeu, remexendo-se na cadeira. Kaito anotou algo mais. – Lenka sempre gostou dessas coisas.

         - E ela tinha algum problema com peso, para emagrecer? – Rinto fechou os olhos, pensativo.

         - Só na época das apresentações. Mas isso é normal, não?

         - Hmmm... – mexeu a caneta sobre a folha. – Em certos casos, sim. – o mais novo franziu o cenho. – Ela já deixou de comer?

         - Não! A Meiko-san e o Len nunca deixam ninguém da casa pular refeições. – resmungou, incomodado. Não estava gostando do rumo daquela conversa.

         - Então ela já tentou? – o loiro assentiu lentamente. – Já deixou para comer mais tarde, em um horário que todos estavam vendo algo na televisão, jogando, ou essas coisas?

         - Sim... mas...

         - Você costuma a acompanhar para a aula de balé ou jazz? – quando a resposta aquela última pergunta foi negativa, Kaito soltou um longo suspiro. – Há grandes chances da sua irmã ter anorexia a algum tempo. Claro que também tenho que falar com ela, mas já ter a desconfiança e algumas informações ajudarão.

         - Mas... como ela ia manter isso em segredo de todos nós? Não é possível... – resmungou, de cabeça baixa.

         - Não é culpa de nenhum de vocês. Pode ter sido algum comentário da professora ou até de uma outra menina da aula ou da escola. Esse tipo de coisa acontece com frequência em meninas que fazem arte com o próprio corpo, dançando, atuando ou desfilando. Acontece até com meninos. – passou a folha da prancheta. – Obrigada, Kagamine-san. Agora, preciso ir falar com a sua irmã. Depois disso, acho que os médicos vão liberar vocês para vê-la.

         Os dois saíram da sala, com Kaito andando à frente. O homem subiu uma escada, para ir ao terceiro andar do prédio, onde estavam os quartos. Rinto, porém, seguiu para sala de espera, onde achou Meiko, Len e Rin, todos sentados, com expressões preocupadas. Aproximou-se deles, vendo os irmãos se levantarem para recebê-lo.

         - E então? Ela não tem nenhum distúrbio, tem? – praticamente gritou Rin, nervosamente. Rinto a olhou nos olhos por alguns segundos.

         - O Sr. Shion acha que pode ter anorexia, mas só vai ter certeza depois que falar com ela.

         - Droga! – exclamou a loirinha, se jogando na cadeira. Meiko se levantou, parando em frente ao sobrinho mais velho.

         - Você não estava desconfiado, não é mesmo? – perguntou, séria. Rinto negou com a cabeça. – Ela realmente não te disse nada, disse, Rinto?

         - Não disse! Eu teria feito alguma coisa para convencê-la a parar se tivesse! – irritou-se, franzindo o cenho.

         - Calma! Não fale assim com ela, Rinto-nii-san, está apenas preocupada. – se meteu Len. – Não é hora para começarmos a brigar.

         - Isso mesmo! Por que estamos fazendo algo assim? A Lenka-nee-chan vai precisar de nós bem quando formos falar com ela! – completou Rin, de braços cruzados.

         - Certo... vamos nos controlar... – concordou Meiko, voltando a sentar-se. – Mas se ela tiver mesmo algum distúrbio, vamos ter uma conversa séria, Rinto.

         - Eu não tenho culpa. – disse entre dentes, virando a cara. – Não tinha como adivinhar, a Lenka nunca me disse nada!

         - Rinto... – sussurrou Len, como se pedisse para ele se calar. O mais velho olhou para o irmão, emburrado.

         - Vou dar uma volta. – resmungou, saindo de perto, sendo observado pelos irmãos. Pensava em ir para o jardim do hospital, porém uma leve dor no estômago lembrou-lhe que nem sequer havia comido algo. Colocou a mão no bolso do casaco, achando o dinheiro que sobrara do intervalo.

         Mudou de rumo, indo para o refeitório, onde poucas pessoas comiam. Comprou outro sanduiche, de frango, e uma latinha de refrigerante. Deu uma olhada ao redor, percebendo aquele cabelo verde, com um óculos preso, que vira na sala do Dr. Shion. Foi até lá, caminhando com pressa, temendo que o garoto se levantasse a qualquer momento.

         - Posso ficar aqui? – perguntou, assim que chegou á mesa, vendo o esverdeado olhá-lo por alguns segundos, antes de assentir. – Você é o garoto que estava na sala do psicólogo, não é? Está melhor?

         - Por que estaria? – respondeu seco, virando o rosto. Rinto crispou os lábios, pronto para começar a retrucar, porém foi interrompido antes que pudesse. – Sou Megpoid Gumiya. Qual o seu nome?

         - Kagamine Rinto. – falou a contragosto, dando um leve aceno com a cabeça. – Por que a pergunta? Estava todo irritado alguns segundos atrás.

         - Não estou de bom humor.

         - Pois eu também não.

         - Não te chamei aqui.

         - Hump! Todos que estão aqui passam por algo, sabia? A minha irmã está tomando soro, com anemia! – Rinto viu o outro ficar em silêncio, com o lábio inferior tremendo um pouco.

         - A minha está com câncer no pulmão. – o loiro prendeu a respiração, arregalando os olhos. – Em estado terminal.

         - Ah... desculpa... – coçou a nuca, sem graça. – Em não imaginei que fosse algo assim.

         - Tudo bem... – Gumiya colocou a mão trêmula na testa. – Rinto-kun. – chamou, baixo, fazendo o loiro se inclinar para ouvi-lo melhor. – Se tiver a chance de falar para a sua irmã o quanto está preocupado com ela... a ponto de ficar mal-humorado e enxerido desse jeito... fale antes que ela não possa te ouvir direito, ou responder, tá bom?

         - Claro... – e foi naquele dia que Rinto começou a conhecer aquele estranho medo. O medo de não conseguir dizer o que mais queria a sua tão amada irmã gêmea.


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Notas finais do capítulo

A história mudou totalmente de rumo Oo
Tenho que mudar a sinopse, agora...
Bem, bem, a partir dai, vai ser um "flashback" até chegar no tempo da Lenka voltando para casa ^^
Espero que não tenha incomodado muito a mudança XD""
Ja ne ^^~



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