O Fim Da Sinfonia escrita por Lyssia


Capítulo 1
Piano


Notas iniciais do capítulo

O Piano. Com suas notas perfeitas, que podem transformar a mais simples das composições na mais delicada melodia.



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Piano

                Branco. Um interminável corredor em branco, com pessoas de azul claro e rostos pensos perambulando. Branco, tanto quanto a pele daquela jovem que saia de um dos quartos , com a ajuda de um garoto de chamativos cabelos azul-esverdeados. Branco, evoluído para um vermelho nos olhos dela, uma modificação causada pelo transparente das lágrimas que lhe escorriam pela bochecha. Aquela cor tão vazia e enganadora, diferente do preto, que mesmo que parecesse um nada infinito, era apenas a mistura de tudo.

                Para Kagamine Lenka, aquela era a sensação mais sufocante do mundo. A sensação de estar mergulhada em branco. E ela agradecia mentalmente por saber que estava indo embora.  Mesmo que fosse pelo pior dos motivos. Por isso chorava, enquanto sai daquele corredor e chegava à recepção do hospital, vendo seus irmãos mais novos, Rin e Len, olhando-a cheios de preocupação. Sua tia, Meiko, prontamente moveu-se, indo ajudá-la.

                Mas a pessoa que ela mais queria ver não estava lá.

                A morena a ajudou a ir até o carro, onde ficou no bando de trás, junto a Len, com a cabeça repousada em seu colo. Rin fora na frente, Meiko como motorista e o jovem de cabelos azuis, Mikuo, acenou, dizendo que continuaria no hospital por mais tempo. A irmão dele, Hatsune Miku, também tinha uma grave doença, seguia internada, mas ele sempre desviava alguns minutos seu caminho para conversar com Lenka.

                - Onde está o Rinto-nii-chan, Meiko-san? – perguntou a loira mais velha, baixinho, enquanto sentia Len lhe acariciar os cabelos. Meiko suspirou.

                - Desapareceu ontem de tarde. Me ligou pra dizer que não precisava me preocupar, mas desde então o celular está desligado... – Lenka se encolheu, angustiada. O carro ficou em silencio por alguns instantes, até Rin se pronunciar.

                - Não liga pra ele não, Lenka-chan! É só um babaca! – Len segurou com suavidade a cabeça de irmã mais velha, impedindo-a de se levantar para defender o gêmeo.

                - O que a Rin quer dizer é que ele só está com medo, mas com certeza vai voltar para te ver. - voltou a fazer aquele reconfortante afago na cabeça da garota. – Sabe que Rinto se importa muito com você.

                Lenka preferiu calar-se, não falar a verdade. A verdade que tinha sérias dúvidas disso.  Que fazia tempo desde a última vez que Rinto demonstrara isso. Fechou os olhos, decidida a adormecer. Os remédios a deixavam sonolenta. Embora se recuperasse aos poucos, a saúde continuava frágil, desde dois dias tinha uma febre fraca, que não chegava nem aos pés das que costumava ter. Estava saindo da internação por recomendação da psicóloga do hospital.

                “Lenka-nee-chan, está se sentindo bem? Lenka... LENKA!”

                Acordou assustada, com Len a sacudindo levemente pelo ombro, avisando que haviam chegado. Não pode evitar pensar que se Rinto estivesse ali, iria acordar já na cama. Ele costumava a mimar bastante, quando estava com uma simples gripe, ou não conseguira dormir direito. O contrário acontecia, com suas limitações, claro, mas Lenka fazia todo o possível para agradá-lo. Era algo que por mais que tentassem ou quisessem, Rin e Len nunca conseguiriam substituir. E bem sabiam disso.

                A loira de cabelos compridos foi até o quarto, na intenção de tomar um banho, tirar aquelas roupas impregnadas com o cheiro do hospital. Entrou no banheiro, colocando a banheira para encher. Retirou as roupas devagar, deixando-as escorregar pela pele pálida e abatida, soltando o rabo-de-cavalo para permitir que aquela cascata loira descesse pelas costas. Era como um anjo.

                Começou a banhar-se, com um meio sorriso. Sentia tanta, tanta saudade daquela casa, onde passara tantos bons momentos, onde sempre fora bem tratada e querida. Acabou demorando bem mais que o planejado, porém quando saiu, já se sentia limpa, mais leve, relaxada. Abriu o armário, pegando um leve vestido até o meio das coxas, de um azul-gelo suave, com uma faixa azul-marinho abaixo do peito. Não se preocupou em calçar nada, indo para a cozinha.

                A mesa estava posta, com vários de seus sushis favoritos e arroz. Se bem conhecia sua família, ou Len havia feito tudo ou era comprado em algum restaurante. Vindo de Meiko, achava difícil que ela realmente comprasse algo com o loiro para fazer. Então, depois de tanto, finalmente iria comer de novo da comida de Len, com toda sua família reunida. Ou quase toda.

                - Foi você que fez, né? – perguntou para o irmão mais novo. O loiro assentiu, sorrindo. Lenka sentou-se à mesa, vendo Meiko se aproximar com uma jarra de suco e Rin vir atrás dela, com os copos.  – Não se preocupe, Len-chan, quando estiver boa, vou cozinhar no seu lugar por um booom tempo! – falou, em tom brincalhão.

                - EBAAA! Comida da Lenka-nee-chan! - gritou Rin, dando um soco no ar, para comemorar. – Sua comida está sendo desprezada, Meiko-san. – zombou, vendo a morena rir.

                - O que posso fazer se não herdei os dons culinários da família Kagamine? – todos a mesa riram, começando a se servir. – Mas não é como se eu cozinhasse mal, né, gente?

                - Claro que não!  - exclamou Lenka, erguendo a mão, para entrelaçar a da tia entre as suas. – Eu adoro sua comida, Meiko-san.

                - Não pode levar isso como elogio não, Meiko-san. – se meteu a loira menor, sorridente. – A Lenka-nee-chan tá acostumada com comida de hospital, qualquer comida é melhor!

                - Deixe pelo menos eu receber um elogio em paz, pestinha! – gritou Meiko, se fingindo de brava, começando a fazer um ataque de cócegas na loirinha, que se contorcia, batendo com os braços na mesa, enquanto ria. Lenka e Len se seguravam para não gargalhar, enquanto olhavam.

                Não havia como não sentir saudades daquilo. Só de ver aquela cena, Lenka sentia que podia viver por mais 300 anos.

                Então, o som da porta se abrindo fez-se ouvir, e logo um loiro com presilhas nos cabelos bagunçados entrou na cozinha, com a cabeça baixa. Os quatro sentados à mesa fizeram um momento de silêncio, encarando-se por certo tempo. Meiko, Len e Rin estavam definitivamente surpresos, não esperavam que Rinto voltasse para casa tão cedo. Ele havia parecido tão decido quando saira de casa, levando tantas roupas na mochila, que eles imaginaram que demoraria ao menos uma semana até que novamente entrasse por aquela porta,.

                - Lenka-chan... – sussurrou, hesitando. – Desculpe não ter ido te buscar. – falou, sem mudar o tom. A loira sorriu.

                - Tudo bem! Estava com saudades!  - disse, se levantando, abrindo os braços, à espera de um abraço, que logo veio, mesmo que Rinto ainda parecesse hesitar.

                - Sente ai, Rinto! – chamou Meiko, sorrindo para o garoto, que abaixou a cabeça, novamente, negando.

                - Não... eu vou pro quarto... amanhã conversamos, né, Lenka-chan? – sorriu fracamente para ela, que piscou, confusa.

                - Você está estranho... muito estranho... – murmurou a loira. O gêmeo apenas a abraçou de novo, aproximando a boca do ouvido dela.

                - Desculpa, Lenka-chan. Eu estava preocupado, de verdade. – falou, para apenas ela ouvir, se separando em seguida. – Vou indo pro quarto, Meiko-san, Rin-chan, Len. – avisou, sumindo pelo corredor logo em seguida.

                Entrou no quarto, trancando a porta, indo deixar a mochila em cima de uma cadeira de depois se jogando na cama, arrancando as presilhas. Sacou o celular do bolso do casaco, observando o menu, na dúvida entre mandar ou não uma mensagem. Hesitava por medo de levar uma bronca do próprio melhor amigo. Suspirou. Se não desse noticias, ia ter que encarar Gumiya na escola. E se fosse assim, a bronca seria dupla. E Piko, Teto e Miki ainda teriam que aguentar a crise do garoto, também. Resmungou alguma coisa, começando a digitar.

                “Estou fazendo de novo, Gumiya.” Apenas isso, para os dois, era mais do que suficiente para a situação ser totalmente explicada. Não se passou nem 4 minutos completos e o celular já tocava. Isso era um péssimo sinal. Para Rinto, claro.

                - QUER FAZER A LENKA FICAR TRISTE, RETARDADO?! – ouviu o berro enfurecido do outro lado da linha, fazendo uma careta, enquanto afastava o telefone do ouvido. – Não adiantou de nada o que conversamos? – perguntou em seguida, mais calmo.

                Ah, sim... o que conversaram... adiantara de uma forma que provavelmente o de cabelos verdes jamais entenderia. 


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Notas finais do capítulo

Sim, eu devia estar continuando minhas outras fics... mas não resisti XD"" prometo que vou continuar Story of Evil o mais rápido possível u.u, é que a ideia não vem, logo agora que a coisa tá esquentando... mas acho que ninguém se importa com isso, né? XD e Dear Diary, mesmo que provavelmente ninguém que está lendo isso tenha visto essa outra, eu só não postei porque meu cartão de memoria quebrou T-T vou ter que reescrever o capitulo, e isso me dá preguiça.
Bem, essa não é uma história complexa. Vai ter poucos capítulos, então não deve demorar para acabar.
Espero que não tenha escrito pras paredes...
Ja ne ^^~



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