Chapter 8: Daydream

Eu estou ficando louco
Eu não quero sentimentos
Seus sentimentos

Rose Weasley acordou ofegante.

Olhou para os lados e viu as meninas se arrumando.

— Bom dia abelhinha! — exclamou Mackenzie contente se jogando na cama da melhor amiga. — Teve um pesadelo?

A ruiva respirava com dificuldade, ainda tentando assimilar tudo que havia acontecido.

Scorpius Malfoy era algo. Um demônio? Não, ele não era. Foi um pesadelo, só isso.

— Acho que sim — confirmou depois de se acalmar. — Que horas são?

— Hora de você tomar um banho rápido ou vai se atrasar.

Rose não esperou que Mackenzie dissesse mais alguma coisa, apenas saiu correndo para o banheiro.

Aquele foi o banho mais rápido de Rose. Ela mal se olhou no espelho, nem mesmo quando penteou o cabelo ou escovou os dentes.

Deixou os fios ruivos caírem em volta do ombro, provavelmente estava horrível contudo não havia achado o prendedor e não tinha tempo para procurá-lo.

— Eu não acredito que acordei tão em cima da hora — reclamou soltando um muxoxo.

— Tem certeza que era um pesadelo? — indagou Emily enquanto as meninas seguiam para a aula de feitiços com a Lufa-Lufa. — Talvez tenha sido algo mais quente...

— Quente? — Catherine Malfoy pareceu confusa. Rose não conseguia olhar para a garota sem lembrar do irmão dela. Cath era um amor, porém Rose não estava com vontade de lembrar da existência do Malfoy agora. — Quente como fogo? Então Rose sonhou com um incêndio. Mas isso também seria um pesadelo!

Todas as meninas viraram para encarar a Malfoy.

— O quê? — questionou assustada.

Mackenzie colocou um braço em volta do ombro da garota.

— Você é muito inocente, minha amiga — falou. Catherine encarava as garotas sem entender — Mas calma que depois de um tempo convivendo com Emliy isso vai acabar.

Emily revirou os olhos e socou Mackenzie de leve no baço.

***

Isabelle Morgenstern andou de um lado para o outro no corredor vazio. Ela estava nervosa. E havia matado aula, coisa que nunca fazia.

As chances do plano — se é que ela poderia chamar aquilo de plano — dar errado eram muitas. Talvez não tivesse nada naquele quarto, talvez alguma das meninas tenha esquecido algo e precise voltar.

Suspirou de alivio assim que viu Chris Turner se aproximar. Isabelle não deixou de notar que ele segurava vários pergaminhos na mão esquerda.

— Você conseguiu? — perguntou animada.

O Turner bufou, parecendo estar irritado e cansado.

— Tive que enganar minha ex para entrar no dormitório feminino — contou. — E eu odeio aquela garota.

— Tá, tá — a loira mexeu as mãos do ar, mostrando que aquilo não tinha importância. — O que encontrou?

— Um caderno.

— Você leu? — questionou a garota. Ela não queria outra pessoa se envolvendo naquilo.

— Está em francês — ele colocou os pergaminhos na direção da garota, mas sem entregá-lo. — Usei aquele feitiço para copiar e colar, gastei todos os meus pergaminhos.

Isabelle estendeu a mão para pegar, contudo Chris não deixou.

— Meu pagamento.

A loira revirou os olhos e o entregou um saco com galeões. O grifinório a entregou os pergaminhos.

— Você sabe... — começou — Foi muito difícil e trabalhoso conseguir isso...

A Morgenstern revirou os olhos.

— Eu não vou transar com você, Turner — disse antes de sair.

***

— Onde esteve? — Matthew Zabini indagou assim que a garota sentou do seu lado no almoço.

— O quê? — perguntou confusa, com um ar distraído.

— Você não estava em nenhuma aula da manhã, nem mesmo no café da manhã.

O Zabini parecia saber que ela havia aprontado. Isabelle odiava isso, ele sempre parecia saber de tudo.

— Estava na enfermaria — contou a mentira que já havia planejado. O moreno a encarou como se esperasse mais detalhes, Izzy deu os ombros. — Cólica.

Matthew pareceu acreditar. Os garotos nunca suspeitavam dessa.

A verdade é que Isabelle havia passado o resto da manhã na biblioteca lendo as copias do diário de Catherine Malfoy. Ela era fluente em francês e nada escrito ali era útil.

Catherine apenas contava sobre o seu dia a dia como qualquer garota adolescente, não tinha nada de especial escrito. Entretanto havia desenhado. Símbolos e mais símbolos sem sentido, além de alguns desenhos assustadores, Isabelle não conseguia entender como uma garota tão delicada como Catherine conseguia desenhar aquilo.

A Morgenstern quase havia desistido do diário, os símbolos e desenhos apareciam muito mais no final, no começo era como se ela tivesse apenas rabiscando coisas aleatórias para testar a pena.

A loira sorriu sem querer mostrar o quanto cansada e confusa estava.

Encheu seu prato de comida, não havia tomado seu café da manhã então estava faminta.

Deu uma olhada rápida pela mesa e viu Scorpius Malfoy com um olhar distante. Ela ainda não havia esquecido o jeito com que ele a tratou.

Todavia tinha algo no Malfoy que encantava a garota. Ela queria odiá-lo e poder desprezá-lo do mesmo jeito que ele havia feito, porém não conseguia.

Se Scorpius não precisava dela, ela iria fazer com que ele precisasse. Mas primeiro iria descobrir o que aqueles símbolos significavam.

***

Catherine sentiu que alguém a acompanhava em sua caminhada para a próxima aula.

— Oi — James Sirius Potter disse timidamente.

— Olá — a loira sorriu para ele, fazendo com que o garoto corasse.

— Quase nunca te vejo desacompanhada — comentou enquanto os dois desviavam dos outros alunos.

— Eu as perdi — Catherine pareceu envergonhada e James a encarou com uma sobrancelha arqueada. — Eu me distraio fácil.

O garoto riu.

— Não vou deixar você se perder de mim — ele sorriu de lado.

— Obrigada — agradeceu com sinceridade. A Malfoy odiava lugares grandes, se perdia sempre e se distraía com quase tudo. Sim, isso acontecia na sua própria casa.

— Qual é a sua próxima aula? — perguntou.

— Adivinhação.

— Você sabe o caminho?

— Não — a garota admitiu.

— Isso explica porque está no caminho errado — James soltou uma risada.

Catherine parou e o encarou mal humorada.

— Eu não acredito nisso! — exclamou. O Potter tinha que admitir que ela era fofa até irritada.

— Vem — disse seguindo em outra direção. — Vou de mostrar o caminho.

A loira teve que andar um pouco mais rápido para acompanhar os passos de James.

— Você não vai se atrasar para a sua aula? — indagou preocupada. Não queria causar problemas para o garoto.

— Não ligue para isso, sempre me atraso — disse dando os ombros.

Os dois seguiram em silencio por um tempo. A respiração de James estava descompassada, e suas mãos suavam.

— Catherine, eu queria... — ele começou, nervoso. A Malfoy parecia distraída com um quadro. — Você quer sair comigo?

Perguntou aquilo rápido, antes que perdesse a coragem.

Catherine pareceu não ter prestado atenção.

— O que disse?

James respirou fundo e não a encarou quando perguntou novamente:

— Você quer sair comigo?

A loira sorriu docemente.

— Claro.

O Potter a encarou feliz e surpreso ao mesmo tempo. Depois desviou o olhar para o caminho, sorrindo.

***

Rose Weasley queria chorar de felicidade quando deitou em sua cama.

Ela não deveria estar matando aula de adivinhação, contudo estava morrendo de cansaço, sentia que não havia dormido nada na noite passada. E adivinhação era inútil mesmo.

— Rose Weasley matando aula — Emily comentou deitando do lado da amiga. — Queria ter uma câmera para registrar esse momento.

A ruiva revirou os olhos.

— Eu preciso descansar — murmurou, e sem se importar se aquela era uma desculpa boa o suficiente. — Você deveria estar na aula. Qual é a sua desculpa?

— Essas aulas de tarde desgastam minha beleza — disse como se aquela fosse uma desculpa plausível para matar aula. Rose queria ver o que a professora tinha a dizer sobre aquilo. — Além de serem completamente inúteis. Escola é tão inútil.

— Não é não! — protestou a ruiva, parecendo estar ofendida com a confissão da amiga.

— Nerd.

A garota revirou os olhos e se sentou, mas antes empurrou a loira da cama.

— Vaca! — exclamou Emily quando caiu. Rose começou a rir.

Ela pegou o cabelo e fez um coque que deveria estar uma bagunça, porém sentia muito calor.

Emily riu junto com a Weasley, mas parou assim que olhou para a ruiva.

— Eu não acredito! — gritou animada. — Você vai ter que me contar quem é!

Rose a encarou visivelmente confusa.

— Quem é? — perguntou.

— Que deixou esse chupão no seu pescoço, oras! — respondeu como se fosse óbvio.

Em menos de um segundo Rose já havia se trancado no banheiro, ignorando as risadas e brincadeiras de Emily.

Ela olhou para o pescoço no espelho e quis gritar.

Aquilo não podia ser real.