Regina acabara de deixar Henry em casa depois de tê-lo visto mais uma vez com Emma. Ela não aceitava a ideia de ver seu filho trocando-a. Isso a fazia sentir-se cada vez mais solitária.

Henry era tudo que ela tinha, já que tudo que tanto amava fora tirado dela antes da maldição. O problema era que agora estava parecendo que ele também seria separado dela e não tinha como evitar.

Uma tempestade tomou conta daquela noite em Storybrooke. Regina quase não conseguia ver direito o que vinha à sua frente enquanto dirigia até a delegacia. O frio estava invadindo cada canto, o que fez a prefeita colocar mais de um agasalho.

Caminhou pela delegacia esperando encontrar Emma para resolver alguns assuntos sobre Henry, mas ela não estava lá. Irritada com a possibilidade de ter tido uma viagem perdida, Regina decidiu esperar por mais alguns minutos, quando ouviu algo semelhante a um choro vindo do corredor.

Sem mais esperar, Regina foi ver de onde vinha aquele barulho, quando notou que havia alguém encolhido num canto. Então resolveu ir mais para perto ver quem era.

- Olá – disse, inclinando-se para tentar ver o rosto que estava escondido entre as pernas.

Foi então que Regina notou que se tratava de uma garota. Estava nos seus catorze anos, mais ou menos, tinha olhos castanhos cheios de lágrimas e cabelos negros. Ainda tremia bastante por causa do frio que estava fazendo, pois não vestia nenhum agasalho.

- O que está fazendo aqui? – perguntou, meio desconfiada, mas a garota nada disse. Continuou a fitar Regina com certo receio.

"Acho melhor voltar para casa" continuou. "A xerife não vai aparecer mais por aqui hoje" foi quando a garota balançou a cabeça sem parar, parecendo desesperada com a ideia de ir para casa.

Regina respirou fundo.

- Ok. Fique com isto aqui – e deu para ela um casaco que estava usando. A garota se enrolou no mesmo instante, tentando parar de tremer. Regina deu um pequeno sorriso e se levantou, começando a caminhar de volta para o seu carro quando a garota finalmente conseguiu falar.

- Obrigada – disse ela. Regina parou onde estava e virou-se, vendo desta vez um grande sorriso nos lábios da garota, o que a deixou com uma sensação meio estranha. Então apenas sorriu e saiu.

Na manhã seguinte Emma chega à delegacia apressada, a fim de poder encontrar Henry no café antes dele ir para a escola. Mas enquanto entrava, deparou com alguém deitado no chão, usando uma mochila como almofada.

- Ei – chamou, mas a garota nem se mexeu. Então Emma se abaixou e cutucou a garota até acordá-la. – O que você está fazendo?

Depois de alguns segundos se recompondo, ela finalmente respondeu.

- Me desculpe – disse, esfregando as mãos nos olhos. – Não tenho onde dormir.

Emma pareceu intrigada. Desde que chegara a cidade, não aparecera ninguém que não tivesse onde dormir. Seria ela mais uma "estranha" na cidade?

- Você é daqui? – perguntou. Precisava confirmar o que estava pensando.

A garota balançou a cabeça num sim.

- Tudo bem – disse Emma olhando par o relógio. – Que tal conversarmos no café? Acho que está com fome, não é? – a garota confirmou.

"Pode me dizer o seu nome?" perguntou, ajudando-a a se levantar. A garota pegou sua mochila e respondeu:

- Morgana. Meu nome é Morgana.

Chegaram ao café e Emma pagou um café da manhã para a garota, depois foi juntar-se a Henry numa mesa onde ele estava lendo o seu livro mais uma vez.

- Quem é aquela? – perguntou, parecendo curioso.

- Não faço ideia – respondeu Emma. – Não está no seu livro?

- Não – e continuou a olhar meio estranho para ela. – O que ela está fazendo com o casaco da minha mãe?

- Aquele casaco é da Regina?

- É – respondeu. – Ela estava usando ele ontem.

Morgana parecia estar bem mais disposta, agora conversando com Ruby. Mas algo que ela viu pareceu tê-la deixado aflita. Quando ela olhou para fora do café, correu desesperadamente para trás do balcão e se escondeu ali. Dois minutos depois uma mulher idosa entra no café.

- Com licença – disse ela. – Alguém viu a minha neta? Não a vejo desde ontem. Eu não sei o que fazer! – seus olhos estavam se enchendo de lágrimas.

Ruby olhou para baixo e em seguida respondeu:

- Eu tive a impressão de ter visto uma garota correndo para o lado de lá – apontou para a direita – hoje enquanto estávamos abrindo.

A mulher assentiu.

- Obrigada – então saiu imediatamente.

Emma saiu da mesa em que estava com Henry e foi até o balcão, desconfiada. Ruby fez uma careta, olhando para baixo.

- Por acaso ela estava procurando por você? – perguntou Emma, olhando para Morgana, ainda encolhida no chão. A garota assentiu com a cabeça. – Por que está fugindo da sua avó?

Morgana se levantou aos poucos e voltou para o banco onde estava sentada. Emma sentou-se ao lado dela esperando uma resposta.

- Você não faz ideia de como ela é – começou Morgana, olhando para o lado de fora, como se ela fosse voltar. – Ela é má. A pior pessoa que pode existir – Emma notou que já ouvira uma história assim antes, mas dessa vez deixou a garota prosseguir. – Ela não me ama. Nem um pouco.

- Garota, não fala isso – disse Emma, tentando consolá-la. – Talvez ela não seja assim como você pensa – mas sabia que estava falando da boca pra fora. Só não queria acreditar que era o mesmo caso de Henry.

- Claro que não – disse Morgana. – Ela é pior.