- Gabi, você está bem? – Kevin perguntou colocando a mão no meu ombro.

                - Ah, sim, literalmente, eu estou bem.

                - Você não esperava tudo aquilo...?

                - Sinceramente, eu não sei o que esperava... Mas eu sei que não esperava esse suspense de terror, parece que estou na serie Alcatraz.

                Kevin me abraçou por trás, beijou meu pescoço e murmurou no meu ouvido... Murmurou palavras que estava realmente precisando ouvi, palavras que me confortaram e me deu um pingo de esperanças.

                - Tudo vai ficar bem... – Ele disse – Você verá.

                - Assim espero – Murmurei.

                - O que você fará a respeito da... Clinica?

                - Eu não sei... Você acreditou no que ele disse?

                - Ele pareceu bem convincente. Por quê? Você não acreditou?

                - Eu não sei no que acredita.

                - O que o seu coração diz?

                - Sério? Meu coração? – Zombei – Você quer que eu ouça meu coração?

                - É – Ele respondeu inocentemente.

                - Esqueceu que meu coração é retardado? Você é a prova disso – Brinquei.

                - Há há há engraçadinha – Kevin disse sarcasticamente – Mas é serio, o que ele diz?

                - Meu coração está confuso também... Bem mais que o normal. Não posso mete-ló nessa confusão.

                Ficamos em silencio por quase três minutos observando os pássaros voarem pelo o céu negro com nuvens carregadas de chuvas.

                - Tirarei minhas próprias conclusões – Disse me soltando dos braços de Kevin e virando para olhar - ló – Cuide das coisas até eu volta.

                - Aonde você vai?

                - Falar com um velho amigo de Mauricio.

                Fui para meu carro e dirigi até o Doce Lar. Passei a viagem toda pensando na história que Catarina me disse, tentando raciocinar tudo que ele contou e tentando ligar os fatos.  Qualquer historia poderia ser verdadeira, a historia de Catarina ou do Dr. Gustavo, só que o Dr. Gustavo havia mentindo sobre o Catarina e talvez, estivesse mentido sobre tudo.

                A chuva começou a cair deixando a minha viagem mais perigosa. Por sorte cheguei rápido. O segurança – o mesmo da primeira vez que fui lá – abriu o portão resmungando sobre o tempo. Entrei no hospício, troquei alguns comprimentos com enfermeiros e observei os pacientes – todos os pacientes estavam com o mesmo comportamento, quietos, quietos demais, não pareciam ser loucos e sim, zumbis.

                Entrei na sala do Dr. Gustavo sem bate ou fazer cerimônias.

                Dr. Gustavo estava bufando de raiva. O escritório inteiro estava um caos, parecia que um furacão havia passado por lá. A televisão estava no noticiário, o repórter estava entrevistando o delegado – que eu havia conhecido quando Catarina “me atacou”  - falando sobre o sumiço de Catarina.

                - Senhorita Gabriella o que faz aqui? – Dr. Gustavo disse surpreso arrumando o cabelo que estava em pé – Eu não esperava a sua visita.

                - Ah... Desculpe-me... Eu deveria te avisado. Vejo como está ocupado, outro dia voltarei.

                Sai daquele lugar mais rápido possível.

                Entrei no meu carro e liguei para Kevin.

                - Gabi, está tudo bem? – Kevin perguntou preocupado.

                - Estou sim – Disse sorrindo – Catarina estava certo! Tudo que ele disse é verdade.

                - Como assim?

                - Quando eu chegar ai, explicarei tudo, está bem?

                - Ok, venha logo.

                - Ok, beijos.

                - Beijo.

                Desliguei o celular. Minutos depois, meu celular tocou.  Era o Dr. Gustavo. Hesitei um pouco, mas logo atendi.

                - Senhorita França?

                - Sim... – Disse roca.

                - A senhorita poderia voltar para clinica? Eu sei que a senhorita acabou de vim, mas termos assuntos importantes para resolver.

                - Er... Tem que ser agora?

                - Que tal ás 22 horas no Pub bar? É um bar de estrada perto da rua Principal.

                Bar de estranha?

                Nunca imaginei um Dr. em um bar de estrada. Com tantos lugares bons e casuais,  ótimos restaurantes, bares... Eu que estava aqui a pouco tempo, conhecia vários, então ele que estava aqui há anos deveria conhecer milhares... Então por que um bar de estrada?

                - Er... Está bem, te encontrarei lá.

                - Nós vemos mais tarde.

                - Ok.

                Desliguei o celular.

                Seria o momento perfeito para encurralar o Dr. Gustavo e perguntar por que ele mentiu. Para mostrar a ele que não sou tão boba assim, que agora sei a verdade e farei tudo para fazer... o melhor.